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História Camp Madame Robix - A Caverna


Escrita por: Tanilia

Notas do Autor


Demorei para escrever este capítulo devido às provas da faculdade. Porém voltarei a postar o mais rápido que puder. Também reduzirei as postagens, passando a ser menos por semana, mas não deixarei vocês na mão. Obrigado a todos que leram os capítulo anteriores e os que continuarão a ler. Pretendo fazer com que os deuses celtas tenham mais aparições. Também estou aceitando sugestões e temas cotidianos, apesar de já ter tudo (começo, meio e fim) planejado. Espero que gostem do capítulo. Boa leitura!

Capítulo 4 - A Caverna


A porta do quarto permanecia trancada.

Nada lhe tirava daquele lugar, nem mesmo as batidas insistentes da diretora Rosely.

Não pude entender o que me afirmaram logo mais cedo. É algum tipo de teste? Ela tentou não se exaltar. Respirou fundo e se deitou.

Creditou em escrever, não foi fácil levar todo o sentimento para uma folha; mas acabara preenchendo duas delas.

Acham que sou idiota? Foi demais para um dia.

Apesar das dúvidas, algumas coisas vieram à tona, como os acontecimentos do dia a dia — na qual Rosely mencionara.

Nada estava organizado, nem tampouco a mala que Rosely e Christian lhe deixaram ao lado da porta.

Ela se lembrou do amigo. Como ele pôde ser tão idiota? Se ela é realmente uma feiticeira, porque escondera dela por todo esse tempo?

Perguntou-se se alguém mais do orfanato sabia disso, ou era mágico.

Olhando o perfil de algumas pessoas ela duvidou dessa hipótese, principalmente quando se tratava de Rita e os imbecis dos amigos.

O tempo passava tão depressa, não deu conta que já era manhã, a aurora se aproximava no belo céu prateado. Não demorou muito para o céu ficar totalmente claro.

Na grade da janela um pássaro bicava no vidro. O estranho foi escutar o ritmo da batida que causava lenta e reconhecível; lembrava a música do baile.

Recolheu todo o pertence que era de interesse e colocou numa mochila de couro.

Estou certa disso? Não queria parecer covarde.

Desceu para o hall com os olhos atentos a qualquer movimento. Todos estavam dormindo. Ela aproveitou a oportunidade em sair daquele lugar. Traçou o velho caminho que levava para longe do orfanato. Na verdade desconhecia qualquer rota e trilhado. Apenas seguiu em frente sem olhar para trás, queria que esse fosse seu ultima lembrança daquele lugar.

Será que estou exagerando?

De qualquer maneira já estava decidido. O objetivo era ir o mais longe possível do orfanato. E se possível nunca mais voltar.

Mas esse sonho foi desconstruído assim que avistou a diretora Rosely alguns metros à frente.

Anne ficou paralisada, esperando que Rosely se aproximar.

— Acha que eu não saberia? — Discutiu Rosely. — Onde pensa que está indo?

Anne ficou em silêncio, não encontrou forças para justificar-se, apenas queria ir embora dali.

— Diga-me, Anne... — Insistiu Rosely. — Acha que fugir resolveria?

— Quero ser livre, não vou acreditar nessa bobagem. — Disse Anne. — Não voltarei para o orfanato.

Ela esperou alguma reação ou mandatos, porém a diretora nada fez em sua presença.

Ela aproveitou o momento em correr para o outro lado da trilha, mas o que a impedira era ainda pior que a diretora.

Um enorme e peludo lobo surgiu em sua frente, mostrando os afiados dentes caninos. Era um pouco maior que um lobo normal, seus olhos cintilavam na luz do sol, e a cada passo que dava — fazendo Anne recuar, vagarosamente — aparecia mais dele.

— Estamos tentando lhe proteger, Anne. — Disse Rosely. — O mundo está perigoso demais para você explorá-lo sem ter conhecido. Monstro o aguarda nas cidades, e grandes perigos acontecem com pessoas que não conhece esse vasto e malicioso planeta.

As palavras de Rosely tinham certa certeza. Anne reparou certo tremor na voz, como se aquilo a forçasse retornar para o acampamento; não obrigatoriamente, mas detalhadamente.

— Eu não posso voltar para aquele lugar. — Questionou ela. — Não voltarei.

Rosely chegou perto de Anne sem causar alvoroço, apenas colocou a mão no obro da jovem de jeito delicado.

— Ah, minha pequena. Eu não estou pedindo para que volte ao orfanato. — Disse numa voz calma e confortante. — Só peço que você conheça um pouco mais de sua linhagem. Que vá para o acampamento e fique segura.

Anne já não agüentava em ouvir sobre o acampamento. Um acampamento mágico? Imaginara um lugar como nos filmes de Harry Potter, repletos de bruxos voando com suas vassouras, enquanto outros treinavam feitiços com varinhas e fantasmas perambulando pelo lugar. O que esse acampamento tem de tão importante em sua vida, afinal?

Olhou o caminho que a levaria para sei lá aonde chegasse. E virou a cabeça para os dois lados da floresta.

Qual era o meu caminho?

Rosely abriu espaço para ambos os lugares, e deu permissão para que os lobos também fizessem o mesmo.

— Você escolhe. Anne. — Disse a diretora. — O caminho que você seguir, iremos respeitar.

Não foi nada fácil. Rosely não se sentia incomodada com o tempo que Anne levava para escolher o caminho. Era uma decisão difícil, sabia ela.

Mas não podia esperar pela eternidade.

Anne andou alguns passos para a direita, próximo de Rosely. A diretora talvez pensasse que ela seguisse em frente, mas a jovem acabou segurando seu braço, finalmente escolhendo o que realmente queria.

— Leve-me a esse acampamento. — Disse Anne, baixinho. — Desculpe por isso.

Rosely abriu um sorriso, e acabou abraçando-a.

— Sei como está se sentindo.

Os lobos saltaram longe dali. Para onde eles foram; Anne não tinha certeza.

Rosely havia falado que eles eram na verdade adolescentes, sendo originalmente lobisomens — ou lycantropos, como mencionara.

As duas passaram pelo lago de águas cristalinas. Anne apertou ainda mais o braço da diretora enquanto caminhavam próximas. Em seguida pararam numa árvore de enorme largura. O que a impressionou foi uma estátua tamanho humana, aparentava ser um homem de chifres, usando apenas um manto que cobria a parte de baixo; deixando o peitoral à mostra.

— Quem é aquele? — Perguntou ela, apontando para a estátua.

— Cernunnos. — Reparou Rosely. — O deus dos bosques.

Deus dos bosques? Qualquer que seja ou quem seja aquela estátua, não era totalmente compreendido, já que até mesmo as escrituras no canto da árvore contavam histórias sem nexos. Anne entendia perfeitamente o que estava escrito, apenas não sabia o que aquilo significava.

Som de zumbido foi aumentando de acordo com os passos prolongados. Estavam chegando perto de algum tipo de túnel. Nada ali fazia sentido: As imagens na parede se moviam como sereias perambulando nos pedregulhos sob os pés e saltando para o teto. Desenhos de criaturas mitológicas; nem grega e nem romana. Ela não sabia identificá-los, apesar da certeza que já vira aquelas criaturas antes.

— Para onde estamos indo? — Os pés pareciam causar calos. — É muito longe?

Rosely riu.

— Sei que estar cansada, mas é preciso passar pelo túnel de Cernunnos. — Respondeu Rosely.

Ela tentou olhar para além do que conseguia enxergar. Nada além de penumbra.

— Qual propósito disso?

Todo aquele efeito mágico incomodava-a. Esperou alguma resposta da diretora, mas quando olhou para o lado; ela havia sumido.

Diretora? Diretora Rosely? Começou a se preocupar.

Deduzira que talvez Rosely tivesse voltado, e tentou fazer o mesmo. Mas encontrou uma passagem bloqueada por pedras empilhadas. O seu único caminho era seguir adiante, ou ficaria presa ali até decidir o que fazer.

Ao invés disso, ouviu outro som agudo. Dava a entender que era um tipo de melodia, e alguém estava próximo.

Anne estava nervosa.

— Quem está ai? — Gritou. — Apareça.

Não grite! Disse alguém através da penumbra.

Sua única opção era se aproximar, ou quem que esteja escondido faria o mesmo.

— Não se assuste. — Disse a figura.

Assim que chegou perto, viu um garoto que aparentava ter no máximo dez anos de idade. Ele segurava uma lira feita de madeira, com flores e videiras.

O cheiro era bom... Admitiu Anne.

Vestia um manto verde, pareciam grandes folhas costuradas umas nas outras. Sobre sua cabeça, florescia rosas brancas e amareladas; e isso o deixava mais belo a cada segundo. Seus olhos prateado deixava Anne loucamente concentrada na música, na lira, no garoto.

Onde eu realmente estava indo...? Não conseguia raciocinar, a música deixava-a inquieta.

O garoto sorria talvez se divertido com o jeito de Anne. Ele estava totalmente no controle. Mas assim que parou de tocar a lira, Anne voltou á tona.

— O que...? — Ela sacudiu a cabeça. — Oh, quem é você?

Ele apenas a observava.

Ela tentou escapar daquele lugar, mas o caminho de ida e volta estava bloqueada. Aquele maldito garotinho havia lhe encurralado.

— Isso é algum tipo de teste? — Perguntou ela.

— Teste? — Disse ele. — Acha que tenho cara de quem faz teste com campista?

Acho! Respondeu Anne.

Seu sorriso fez Anne querer odiá-lo, mas de alguma maneira ela não conseguia sentir nem amargura e desespero.

— Deixe eu me apresentar: — Ele ficou de pé na rocha. — Meu nome é Oengus, o deus poético. Ou o deus da juventude, o deus do amor... Como preferir.

— Você é um deus? — Anne não sabia se ria ou começasse a correr entre a sala pedindo socorro.

— Ora, sim... — Respondeu com vaidade. — Quem acha que seria? Algum tipo de monstro?

— Ah, não. — Ela o olhou dos pés à cabeça. — É que você... É tão pequeno...

Ela ficou com medo do modo que falou, pois notara que nem mesmo Oengus tinha gostado do que acabara de ouvir.

— Ei, não se engane pela aparência. — Ele saltou para frente dela. — É como os humanos dizem: Amor não tem idade, certo?

Anne franziu a testa.

Estava certo que Anne se sentia incomodada em conversar com uma criança de 10 anos. Então resolveu mudar completamente a aparência, coberto pelas penumbras e fazendo-o ficar mais alto e maduro.

Anne ficou de queixo caído. De uma criança, Oengus se tornou um adolescente extremamente perfeito, de aparência bela e admirável. Seu cabelo mudou para o tom dourado, e as flores cresceram por toda parte da cabeça, como uma coroa. Agora usava uma túnica vermelha com detalhes em ouro. Em um dos braços, prendia um bracelete prateado; com pedras ao redor. A sua lira também havia mudado de madeira passou a ser de ouro puro; seu brilho percorria todo o ambiente.

— Melhor? — Apresentou-se o deus.

Anne estava de boquiaberta. Não imaginara que encontraria um deus de verdade. Mas ela não conseguiu entender uma coisa:

— Porque estou aqui?

Pela sua expressão, Oengus esperava algum cortejo. Ela reparou pelo desapontamento, mas não conseguia parar de pensar em sair daquele lugar.

— Para lhe conhecer é claro. — Ele sorriu, mas viu que não a impressionou e logo continuou. — E também para lhe dar isso...

Ele lhe mostrou um anel prateado. A aparência do objeto era como uma coroa de flores.

— Um anel?

Ele a entregou.

— Vou entender como um obrigado. — Respondeu Oengus.

Ela levantou o objeto para vê-lo melhor.

— Mas, para que serve? — Ela se virou novamente ao deus, porém ele também havia desaparecido. — Olá? Oengus?

A parede na sua frente começou a ruir dando passagem para Anne seguir adiante. Ela colocou o anel no bolso. Porque um deus do amor lhe daria um anel?

Imaginou Oengus pedindo-lhe em casamento. Apesar das circunstâncias, riu daquele pensamento ridículo.

Depois de ter andado alguns minutos, finalmente avistou uma luz no final do túnel. Ela comemorou em pensamento. Perguntou-se o que encontraria... Mais um deus para lhe atormentar?

Mas ao invés de um deus, encontrou um grupo de jovens e adultos. Estavam postos à frente de um pequeno lago. No outro lado havia um arco de quase três metros de altura, na verdade não dera para ver a parte de cima — nem mesmo o teto — pois estava escuro. A água reluzia o local, e deixava tudo bonito, até mesmo as grotescas paredes rochosas. Não consegui identificar ninguém; alguns estavam em grupo, era difícil se comunicar com qualquer um deles.

Olhou para a passagem que percorrera, mas já havia sido bloqueada. A única coisa que pensou foi em sentar em um canto e esperar algo acontecer.

Ela ficou todo instante encarando o anel. O desejo de colocá-lo no dedo foi ameaçador, pois não iria confiar em um desconhecido, principalmente em um que se diz deus do amor.

Então... O que realmente aquele anel faz? Ela não sabia, mas uma coisa ela tinha certeza: não ousaria confiar tão facilmente naquelas pessoas.

Anne estava concentrada demais olhando o objeto, até certo conhecido chamá-la com tom de surpresa:

— Anne? — Era Christian. — Graças aos deuses que lhe encontrei.

Ela ficou assustada, pois a expressão de Christian não foi à melhor. Ele a abraçou como se tivesse reencontrado depois de muito tempo.

— Como assim? — Ele a ajudou a se levantar. — Onde estamos?

— Na caverna. — Respondeu ele. — A diretora Rosely está a sua procura, ela ficou preocupada.

Tinha esquecido totalmente da diretora Rosely. Então se deu conta que estava sendo levada para a caverna, onde exatamente se encontrava. Descobriu que aquilo não foi plano da diretora, então se sentiu aliviada por não ter passado por coisa pior.

Anne e Christian se afastaram da multidão e foram ao encontro de Rosely, do outro lado do lago; próximo ao arco que todos se dirigiam. 


Notas Finais


{Continuação no próximo capítulo}


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