História Can You Hold Me - Imagine Spencer Reid - Encontro

Poucas semanas depois chegou o dia do primeiro encontro do jovem gênio e como combinamos, eu passei o dia todo em seu apartamento apenas distraindo sua mente da ideia de que as coisas dariam errado e respondendo a sua lista gigantesca de dúvidas a respeito do que fazer e falar quando estivesse a sós com JJ. Reid havia acabado de sair do banho com uma roupa leve e os cabelos pingando e me chamou para ajudar com a escolha de roupas, afirmando que como mulher eu saberia que estilo o sexo feminino apreciaria mais. Eu revirei os olhos quando o mais novo disse isso, expondo que cada pessoa tinha gostos extremamente diferentes e únicos, mas mesmo assim ele insistiu que minha opinião ainda seria melhor que sua própria escolha e por isso eu acabei concordando.

Adentrei seu quarto logo atrás dele e por ser a primeira vez que me encontrava ali, me vi analisando o local juntamente com seus gostos. Costumes de perfilador eram difíceis de largar no final das contas. O cômodo se assemelhava ao restante da casa no quesito organização e assim como a sala, expunha uma quantidade admirável de livros dos quais pude distinguir aquele que lhe dei de presente em uma das pilhas. Uma cama de casal se encontrava ao centro e um guarda roupa de tom escuro ficava próximo a janela, enquanto contrário a estes, encontrava-se a porta que ligaria o lugar ao banheiro.

- Eu pensei de talvez usar essa camisa, com a gravata e a calça. Acha que tudo bem ir de All Star? – Ele questionou abrindo o guarda-roupa e mostrando uma roupa parecida com outras que usara a trabalho e eu arqueei levemente a sobrancelha enquanto ele continuava falando – Eu li numa pesquisa que mulheres gostam de homens com gravata fina e mangas arregaçadas, porque dão uma ideia de "sou uma pessoa ocupada, mas na minha vida há espaço não só para o trabalho" e também que é interessante usar acessórios pequenos e chapéu ou gorro, então eu comprei isso e... – Tirou os itens que listara, mas que claramente não pareciam combinar com seu estilo e eu resolvi interrompê-lo.

- Reid, você fica lindo de gravata – Comecei chamando sua atenção – Mas o encontro de vocês é em um campo de futebol. Não precisa parecer tão formal num lugar desse. Uma roupa mais descontraída vai combinar melhor, tanto com o clima quanto com o que a JJ vai usar.

- Como você sabe que vai combinar com ela? – Ele questionou um tanto confuso.

- Digamos que... Eu sempre estou certa – Falei com um sorriso no rosto e ele me encarou cético.

- Sabe que precisa de mais que isso pra me convencer, não é?

- Sim, eu sei. JJ me mandou mensagem perguntando o que eu achava da roupa que ela escolheu – Dei de ombros enquanto passava suas roupas na tentativa de escolher a certa.

- Isso é bom. Saber com o que vou lidar me coloca um passo a frente – Ele comentou feliz, como se estivéssemos discutindo um caso e eu apenas revirei os olhos com sua linha de raciocínio.

- Você não vai ver a foto Reid.

- O que? Por que não?

- O objetivo do encontro é que ambos se surpreendam por ver o outro de uma forma diferente e nova. Essa parte do encanto seria perdida se você a visse antes, além do mais, você nem saberia disso se eu não tivesse falado.

- Tudo bem, eu entendi. O que eu uso então?

- Isso! – Falei pegando as peças que escolhi e as colocando sobre a cama. Era uma camisa branca simples de manga longa, mas com os punhos abertos, dando um ar despojado ao visual e que combinaria com o clima do local aberto, além de uma calça jeans preta. Exatamente o necessário pra espelhar sua própria personalidade, de alguém tranquilo, mas ao mesmo tempo intelectual e surpreendente, fora que ainda teriam um contraste formidável com seu cabelo.

- Eu... Você tem certeza?

- Absoluta. Na verdade, eu diria até que não vai chamar só a atenção da JJ. Se bem que a maioria das garotas que se interessam por futebol, teriam um tipo físico ideal um pouco diferente do seu – Comentei pensativa.

- JJ também?

- Reid, só por estar na UAC, a JJ já é bem diferente de qualquer outra garota que você conhecer – O tranquilizei.

- Tem razão. Eu até estudei sobre futebol pra falar com ela. Sabia que o futebol é o 4º esporte mais popular nos Estados Unidos sendo o esporte favorito de 7% dos americanos, atrás do Futebol Americano, do Basquete e do Baseball, nesta ordem? – Ele falou da mesma forma que explicava estatísticas ou algum fato histórico e eu não pude deixar de rir com seu jeito.

- Não, eu não sabia. Mas um ponto positivo é que ela já te conhece, então vai estar acostumada a te ouvir falar assim.

- Escuta, posso te fazer uma pergunta?

- Claro. Eu já respondi umas 50 nas últimas horas, o que seria uma a mais? – Brinquei com o tamanho do questionário que ele fez, mas o garoto parecia mais hesitante dessa vez.

- É que nós estamos nisso porque eu falei que a JJ é a única pessoa no mundo que me chama de Spence. Mas eu não entendo porque você nunca me chamou pelo primeiro nome. Morgan e Garcia me deram apelidos, o que combina com a personalidade extrovertida deles, mas apesar de as vezes usá-los também e passar bem mais tempo comigo do que qualquer outro membro da UAC, você nunca me chamou de Spencer - Ele explicou cuidadosamente seus pontos e eu não pude evitar de suspirar baixinho. É claro que ele notaria!

Além disso ele tinha razão, eu sempre o chamei de Reid, tanto em casos oficiais onde a formalidade era bem-vinda, quanto em seu apartamento assistindo uma simples série. Não importava a situação, eu nunca usava seu primeiro nome e sendo um perfilador, era óbvio que notaria esse comportamento um tanto diferente.

- Achei que o combinado entre nós era não perfilarmos uns aos outros - Desviei do assunto, levantando o ponto de acordo entre os membros da equipe, que na verdade nunca era seguido, mas o mais novo apenas mudou o apoio dos pés e colocara as mãos no bolso da calça de moletom.

- Eu só quero saber o porquê – O rapaz não tinha o costume de pedir nada, provavelmente por conta da criação que teve e da convivência sempre com figuras mais velhas enquanto estudava, por isso e pelo fato de ser mais novo, eu sempre tinha dificuldades em lhe negar algo.

- Você é um ótimo amigo Reid e eu sei que guarda muito bem segredos, mas isso não é algo que eu queira que você saiba. Pelo menos não agora. Você não entenderia e serviria apenas para te confundir e talvez até... Magoar – Mordi o lábio inferior em um certo nervosismo – Nem todos os medos são racionais, mesmo para as mentes mais brilhantes.

Ele aceitou minha resposta e respeitou meu espaço, eu só não imaginava que um dia, aquela frase faria tanto sentido para o jovem.

[...]

Faziam 4 horas desde que Spencer saiu para seu encontro e eu permaneci ali no apartamento aguardando seu retorno enquanto colocava em dia minha leitura na infinidade de livros que ele possuía, já que tornou-se um costume pegar alguns dos vários exemplares de sua “biblioteca pessoal” como distração. Inicialmente eu pretendia voltar ao meu próprio apartamento e arrumar algumas coisas aproveitando o dia de folga, mas Reid pediu que eu ficasse para avaliar seu encontro assim que voltasse.

Sorri com a lembrança de cutuca-lo dizendo que caso as coisas esquentassem entre os dois, ele deveria me mandar uma mensagem para sair do lugar e dar a eles privacidade. Provocação essa que foi respondida com um par de bochechas coradas e um leve gaguejar dizendo que eles não fariam isso.

Mas o detalhe é que assim que o mais novo saiu de casa me deixando sozinha, uma sensação estranha atravessou meu peito e se instalou na base do estômago. Não era medo nem preocupação, porque eu conhecia bem essas duas sensações, era mais como um sentimento ruim ao imaginar Spencer em um encontro, o que na verdade nem me fazia sentido visto que fui a pessoa que mais incentivou a ideia. Era algo estranho e por vezes cheguei a sentir um nó na garganta antes de suspirar e resolver afogar essas ideias, mesmo sem saber exatamente do que tratavam. Por isso quando ele retornou as 10 da noite, depois que me vi entretida em sua cozinha, além de músicas e séries, a sensação estranha havia diminuído, apesar de ainda existir bem lá no fundo.

- E aí, como foi? – Perguntei erguendo levemente a cabeça do sofá e dando pause no episódio de Sherlock que assistia.

O gênio suspirou levemente e se deixou cair no outro canto do sofá, ocupando a posição que estávamos acostumados. Um de cada lado do móvel tendo visão tanto da TV, quanto um do outro e a julgar por sua expressão, as coisas não haviam corrido tão bem conforme o planejado.

- Ninguém me acertou com uma bola e eu não derramei nada nela – Falou com um sorrisinho e eu ri de sua declaração.

- Me parece uma boa. Então por que essa carinha?

- Nosso encontro foi legal e apesar de ainda não gostar de futebol, foi divertido e ela gostou bastante. Depois nós saímos e fomos jantar. Até conversamos sobre coisas que não tinham nada a ver com o trabalho, mas...

- Mas? – Incentivei-o a continuar

- Eu acho que a JJ não gosta de mim dessa forma. Eu analisei o comportamento dela durante todo o encontro e apesar de parecer confortável com a minha presença, ela parecia me olhar mais como amigo do que como namorado.

- Acha que ela não tem sentimentos românticos por você então?

- Exatamente isso – Ele balançou a cabeça em concordância e fechou os olhos.

- Você gosta dela?

- Eu... Hm... Não tenho certeza. Eu a acho atraente e gosto da forma como ela sorri, além disso as vezes eu sinto vontade de ter a atenção dela, mesmo sem um motivo válido. Também fico meio nervoso perto dela. Não exatamente como antes de invadir a casa de um Descon, mas algo parecido.

- Você gosta dela então! - Conclui.

- Bom, são apenas sentimentos platônicos então não faz muita diferença – Deu de ombros, mas era visível que no fundo ele se sentia meio magoado.

- Não se preocupe com isso. Um dia você vai amar alguém que moverá o céu e a Terra por você – Respondi acariciando seu joelho e o mesmo abriu os olhos.

- É fisicamente impossível que alguém faça isso - Franziu as sobrancelhas.

- Você ficaria surpreso com o que o amor faz com as pessoas.

"Se não amas a pessoa certa, não estás no caminho errado; apenas o seu amor ainda não foi encontrado."

Desconhecido