História Can you see me? - clace - A chegada

Capitulo narrado por clary fray

Escuto um barulho estranho vindo do closet. Engulo em seco. Olho para a porta entreaberta e o escuro la dentro. Meu coração dispara com o medo. Me aproximo devagar e toco a maçaneta.

- Aaaah!!!! - grita Sebastian pulando de dentro do armário com os braços pra frente

- Aahhhh!!!!! - berro indo pra trás e caiu em cima de uma das caixas no chão, que julgo estar guardado meus livros. - Sebastian!! - grito com a mão no peito acelerado.

- Você sempre se assusta- ele cai no chão gargalhando.

- Sebs! Para de assustar sua irmã- diz meu pai do andar de baixo.

- Tá bom- ele limpa as lágrimas- você sempre cai nessa.

Ele sai do meu quarto rindo. Dou um suspiro sentando direito no chão. Olho ao redor as caixas espalhadas pelo quarto. Reviro os olhos para a bagunça familiar. Uma vida social inexistente é ótimo para uma adolescente de 17 anos.

Desde que tenho idade para me lembrar é a mesma coisa. Achamos uma casa e uma cidade diferente, nos mudamos, eu arrumo meu quarto, faço amigos na escola nova e meses depois mudamos.

Dessa vez meus pais se superaram. Em seis meses mudamos quatro vezes. Nem tive tempo de fazer amigos ou conhecer a vizinhança. Quando era criança Sebastian falava que eles eram assaltantes e estavam fugindo da polícia.

Chegamos a casa nova em uma cidade de fim de mundo no interior. Todo lugar que eu olho vejo árvores, plantas e florestas. Mudamos de estado para o lugar mais longe e isolado que eles encontraram. Dessa vez meu pai prometeu que iríamos bater o recorde e tentar ficar um ano mas sei que é mentira.

Eles encontraram uma casa de dois andares. Meu quarto fica no sótão com uma das paredes do teto inclinada. Um painel de vidro mostra o céu alaranjado e rosa com o por do sol que nunca vê antes. Dou um suspiro cansada e me sento em uma almofada.

Meu irmão mais velho gosta dessas mudanças. Desse modo pode pegar as meninas da cidade toda e depois desaparecer sem dar satisfações. Minha mãe, jocelyn,é doida com essa coisa de novos ares.

Luke é meu padrasto mas sempre o chamei de pai, desde meus 3 anos ele é meu pai. Ele é dedicado e amoroso com todos nós. Meu pai verdadeiro, morreu em um acidente de carro quando eu tinha dois anos.

Minha mãe disse que eu não estava com ele no acidente mas tenho minhas dúvidas. Tenho uma cicatriz em formato de lua em meu pulso direito e ela nunca soube explicar como aconteceu.

Dou um pulo quando escuto um barulho em uma das caixas. Me levanto no mesmo instante que uma criatura preta e peluda  pula lá de dentro.

- Shoyu!! - reclamo quando o gato vem em minha direção.

Shoyu é meu gato de estimação desde criança. Sim, shoyu, igual ao molho shoyu, eu mesma escolhi o nome. Ele sempre esteve por perto. Meu gato tem uma pelagem negra como a noite a não ser por uma mecha roxa, que Sebastian jura que não foi ele que pintou. Seus olhos são dourados e muito expressivos.

- Você sempre me assusta - sussurro quando ele esfrega a cabeça em minha mão. - Seu bobo. - sorrio o acariciando.

Vou terminando de guardar as coisas quando me lembro. Começo a procurar nas caixas mas sem sucesso.

- Droga! - falo. - Eu esqueci o seu potinho de ração na outra casa - falo para shoyu que esta se lambendo.

Desço as escadas ate o segundo andar e  só
Vejo Sebastian arrumando o quarto. Vou ate o primeiro andar onde encontro meus pais desembrulando a louça.

- Oi, querida - diz meu pai com um sorriso.

- Oi - falo um pouco de mau humor - onde fica o mercadinho mais proximo ?- pergunto

- No centro da cidade- fala

- Por quê ?- pergunta minha mãe se virando

- Preciso comprar um pote de ração novo pro shoyu. esqueci o outro com a mudança. - explico.

- Esta bem. - diz Luke. - Você anda quatro quarteirões  para a esquerda. - vira a rua e na outra calçada você já ve uma loja.

- Beleza  - respondo pegando minhas chaves em cima de uma caixa.

- Querida ?- ele chama. Me viro o olhando. - Sei que esta chateada com mais uma mudança mas vai ser diferente- ele promete.

- Esta bem. - falo sorrindo. Ele vem ate mim me dando um abraço.

- Te amo. - fala com carinho.

- Eu também te amo. - falo com um sorriso e me afasto indo ate a porta.

- Toma cuidado  - diz minha mãe.

Eu assinto saindo. Caminho seguindo as orientações dele e encontro o mercadinho. Compro um potinho roxo que tem orelhinhas de gato e o formato de uma cabeça felina com bigodinhos.

Quando saiu percebo ja estar escuro. Olho para baixo revirando os olhos vendo shoyu sentado me esperando sair. Ele esta sempre me seguindo por ai. Começamos a caminhar de volta a casa.

Quando passo por um pequeno beco. Meu coração dispara. Ele esta escuro e deserto. Parece cena da um filme de terror. Vou caminhando com precaução quando escuto uma agitação perto. Olho para cima pois parece vir do telhado.

- Ai !- reclamo quando sou empurrada para o muro.

Olho para a frente onde um loiro parece ter saido de um livro de romance. Ele usa roupas pretas e botas. Sua pele é pálida. Ele deve ter vindo correndo e não me viu no caminho esbarrando em mim. Ele olha ao redor confuso.

- Não me viu aqui ?!- reclamo passando a mão no ombro onde bati no muro.

- Você consegue me ver ?- ele parece perplexo.

- É lógico - falo - Mas você parece que não me viu

- Tem algo errado. - diz ele.

- Se chama miopia...Minha mãe é oftalmologista se quiser. - ele me encara com irritação.

Ele olha para um colar em seu pescoço com um anel e o chacoalha. Shoyu aparece ao meu lado e rosna para o estranho, seu pelo se levanta enquanto sibila para o estranho.

- Estão chegando. - fala ele olhando para trás.

- Quem ?- olho curiosa para a entrada do beco.

- Droga! - reclama ele. Ele me empurra na parede.

- Hei!!! - grito tentando o empurrar mas ele olha fixo em meus olhos.

- Você nunca me viu aqui - diz em uma voz firme e vejo suas pupilas dilatar. Sinto meu corpo se arrepia com uma sensação nova. É estranho mas é bom.

Pisco confusa quando olho atordoada vejo uma sombra sair do beco. Shoyu corre atrás da sombra e fico paralisada.

- Que merda foi essa ?- sussurro

Um barulho no alto me chama  a atenção e vejo uma sombra correndo pelo telhado. Balanço a cabeça confusa. Essa cidade é muito estranha. Me arrepio e fecho os olhos por um segundo.

Corro até O final do beco mas na rua vejo apenas um carro parado. Ele sumiu na rua. Para onde pode ter ido? Engulo em seco confusa. Que merda ele estava tentando fazer e por que estava fugindo?

As perguntas rodeiam minha cabeça. Caminho de volta a casa sem tirar da cabeça aquele loiro misterioso. Toda vez que imagino seu rosto meu corpo se arrepia em uma sensação estranha. Sem nem jantar me jogo na cama ainda bagunçada e fico com os pensamentos girando.

🦇🦇🦇

- Clary! vamos maninha - chama Sebastian do segundo andar.

- Ah não! - reclamo me virando- primeiro dia de aula.