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História Canto do Cisne - Cinderela Descalça


Escrita por: dfcrosas

Notas do Autor


Mais um capítulo pra ocês, meus amores. Eu andei meio confusa, sem saber muito bem o que fazer com a história... Mas acho que me decidi. Alguma ideia de quem é o estranho garoto? Sim, sim, ele mesmo. Nosso lindo.

As outras histórias vão vir devagarzinho, tá? Paciência comigo. Falow

Capítulo 2 - Cinderela Descalça


Fanfic / Fanfiction Canto do Cisne - Cinderela Descalça

Ruby e Ashley estavam falando de meninos. Elas estavam sempre falando de meninos, Alice percebia agora que era velha o suficiente para entender os assuntos das outras meninas. O único problema era que o número de meninos da idade delas na cidade era quase inexistente. Então sempre sobrava para Sean Herman, o desgraçado que tinha abandonado Ashley depois que ela ficara grávida dele. 

Ashley era uma garota bonita mas muito pobre. Ela morava com uma madrasta e duas meia-irmãs insuportáveis. Ah... Outra coisa sobre Ashley: ela estava grávida há anos. No entanto, ninguém parecia notar. Fazia só nove meses pra eles. Mas Alice tinha crescido assistindo a gravidez mais longa do universo. Alice e Ashley era meio parecidas: as duas eram baixinhas, tinham cachos loiros, olhos grandes e azuis e aquela carinha de boa moça. Mas nenhuma das duas eram consideradas boas moças: Ashley era a adolescente que ficara grávida e Alice era a adolescente que ficara louca.

Ruby era uma história completamente diferente. Alta, esbelta, linda. Cabelos pretos até a cintura finíssima. Olhos castanhos e lábios vermelhos e grossos que enlouqueciam qualquer um. Peitos firmes e pernas intermináveis. Ruby era engraçada, bem humorada e não ligava nem um pouco para o que as pessoas de Storybrooke achavam dela. Uma diva total.

Já era tarde; definitivamente mais tarde que o toque de recolher de Alice. Ainda assim, ela preferia enfrentar a ira de Regina mais tarde do que ir pra casa agora. Ficou recostada contra a parede, dividindo um refrigerante com as outras meninas, naquele tédio, naquela mesmice que era a vida em Storybrooke. 

E foi aí que as motos chegaram. Roncando, fazendo um barulhão pelas ruas escuras e vazias daquela madrugada. Os dois estranhos estavam vestidos da mesma forma: jaqueta de couro, jeans e luvas. Os dois eram altos, morenos e, o melhor de tudo, novos por aquelas partes. 

Os queixos das três meninas caíram.

Os rapazes foram se aproximando e um deles, o que tinha olhos azuis, disse: "Oi. Aqui é Storybrooke?"

As três meninas assentiram automaticamente, chocadas demais pra responder com palavras. 

"E onde podemos arrumar um quarto?" 

Ruby foi a primeira a se recuperar, como era de se esperar. "Uh... Vocês vão ficar por aqui?"

Os dois rapazes se entreolharam e o de olhos escuros respondeu: "Esse é o plano. Só precisamos encontrar alguma estadia."

"A Pensão da Vovó fica a duas quadras daqui," Ruby falou com uma certa malícia. Era onde ela morava e ela certamente tinha segundas intenções para com os estranhos. 

"Obrigada," o de olhos azuis disse. Os dois rapazes se viraram, prontos para ir embora quando alguma coisa tomou conta de Alice. 

Ela deu um passo pra frente e chamou: "Ei! Não pegamos os nomes de vocês."

O estranho de olhos escuros lhe deu um sorriso torto. "É porque não nos apresentamos." E eles foram embora sem mais nenhuma explicação. 

"Uau," Ruby largou. 

"Estranhos não vem pra Storybrooke," Alice resmungou. As outras duas meninas a olharam como se ela fosse louca. "Eu vou pra casa," Alice decidiu. Ela se despediu das amigas e seguiu para a mansão da prefeita, o caminho inteiro se perguntando o que a presença daqueles dois meninos significava. 

Claro que Regina estava de pé, esperando para lhe dar mijada. Mas esta noite, Alice mal ouviu as implicâncias da mãe. Sua mente estava muito distante. Ela foi mandada pro quarto e alegremente obedeceu. Se apoiou no parapeito da janela e olhou para a torre do relógio e, pela primeira vez em quinze anos, encontrou os ponteiros se movendo. 

Na manhã seguinte, enquanto se arrumava para ir pra escola, ouviu o barulho de uma moto parando na frente da sua casa. Alice correu de volta pra janela. Lá estava ele, o estranho de olhos escuros, olhando diretamente pra ela. Alice saiu correndo do quarto, pelo corredor, escada abaixo, passou pelo hall de entrada e saiu pela porta da frente exigindo saber o que ele estava fazendo ali. 

Ele desceu da moto, lentamente, como se não tivesse com o que se preocupar, tirou uma chave-de-fenda do bolso, se ajoelhou no asfalto e começou a mexer numa parte mais abaixo do seu meio de transporte. "Ei, loirinha. Estou consertando a minha moto," disse. 

"Mas não estava," ela discutiu. "Você estava me cuidando."

Ele ergueu uma sobrancelha. "Alguém tem um alto senso de importância."

Alice sentiu as bochechas ficarem vermelhas. "Cala a boca. E não foi isso que eu quis dizer. O que você está fazendo em Storybrooke?" 

"Só estou visitando," ele disse convincentemente, mas evitou olhar pra ela. 

"O que é isso?" Alice apontou para uma maleta de madeira que ele tinha amarrada na parte traseira da moto. 

"Uma caixa."

"E o que tem dentro da caixa?" ela perguntou rangendo os dentes. Alguma coisa na atitude daquele garoto a irritava por demais. Ele era cheio de confiança, tinha aqueles cabelos pretos bagunçados e aquele sorrisinho debochado.  

"Algo que eu e o meu amigo precisamos para executar o que viemos fazer aqui," ele disse se levantando e colocando o capacete.  

"Achei que estivessem apenas visitando."

"Não significa que não tenhamos coisas pra fazer." Ele voltou a montar na moto no momento em que Regina veio saindo pela porta de casa. Ela chamou o nome de Alice. "É melhor você ir pra escola," o cara disse naquele tom paternalista. "Fique preparada." 

O tom de aviso fez Alice sentir um arrepio e ela se encontrou sem saber o que dizer. Quando Regina acalçou a filha, o cara já tinha sumido. "Quem era aquele?" ela perguntou num tom de voz estranho. Alice deu de ombros. "Mas ele estava falando contigo."

"E ele não me disse o nome. Qual o problema?" 

Regina olhou para o horizonte. "Não sei. Existe algo familiar nele."

"Hmmm. Vai ver ele foi uma das vítimas no teu caminho de destruição, mãe," ela zombou.

Os olhos de Regina se focaram na filha. "Fique longe dele, Alice."

"Por que eu faria isso?"

"Vai fazer isso porque eu mandei." E a prefeita saiu marchando. 

Alice, Ruby e Ashley estavam tomando café-da-manhã na Pensão da Vovó, como faziam todos os dias antes da escola. Ashley estava um tanto cabisbaixa, o que não era seu jeito usual. "Tive contrações na noite passada," ela explicou, "e o médico falou que o bebê pode nascer a qualquer momento."

Alice não entendia muito sobre bebês, mas achou que Ashley estava um tanto triste demais com a notícia. Sabia que não devia ser fácil lidar com uma gravidez na adolescência, mas sua mente juvenil achava que um bebê sempre trazia grandes alegrias. "Ah, mas isso é bom, não é?" falou. "Você finalmente vai conhecê-lo. Ou conhecê-la." E ela deu um sorriso encorajador para a amiga. 

Aquilo teve um efeito totalmente contrário ao que Alice esperava. Os olhos azuis de Ashley se encheram de lágrimas e ela prendeu a respiração tentando não soluçar. Ruby passou um braço ao redor dos ombros dela. "O que foi? Não chore."

"É que..." Ashley engoliu em seco. "Quando o bebê chegar... Todos me julgam incapaz de criá-lo. Ou criá-la. Ninguém acha que sou capaz de nada."

Alice sabia muito bem como aquilo era. Ninguém a achava capaz de nada também. 

"Talvez tenham razão..." Ashley soltou um suspiro tão pesado que quase chacoalhou a mesa toda. 

"Não!" Alice exclamou de repente. "Eles que se danem, Ash! Todo mundo adora palpitar na vida dos outros, especialmente neste fim de mundo. Mas eles que se danem. No fim das contas, você tem que fazer o que achar melhor. A escolha é tua. Minha mãe sempre diz que... Ela sempre diz que as pessoas sempre vão querer ditar quem somos. E que temos que reagir e mostrar que estão errados." Não era do feitio de Alice citar Regina para suas amigas, mas pela primeira vez ela reconheceu a esperteza da mulher que a havia criado. 

Ruby sorriu. "Ela tem razão. Você quer que te vejam diferente? Obrigue-os, Ash. Mostre pra eles quem você é."

Ashley encarou as próprias mãos durante os minutos seguintes. Quando ergueu os olhos, sua expressão escondia algo que Alice não conseguiu decifrar. Como se ela estivesse escondendo alguma coisa. "Você se pergunta... Você se pergunta quem são teus pais de verdade?" seu tom de voz era baixinho como se ela temesse a reação da amiga. 

Mas Alice estava acostumada com esse tipo de pergunta. Recebia o tempo todo, principalmente do dr. Hopper. "O termo é pais biológicos," ela corrigiu meio que automaticamente. "A minha mãe, por mais chata que seja, é de verdade."

"Claro. Foi mal, Alice. Não foi isso que eu quis dizer," Ashley se desculpou rapidamente. "É só que... Bem, se eu der este bebê como todos esperam que eu faça... Não quero que ele ou ela fique se perguntando quem eu sou ou... Ou porque eu não quis... ou não pude..."

"Ele vai se perguntar," Alice a assegurou. "Não importa o que aconteça. Ele pode ter a melhor vida na Terra e ainda assim vai se perguntar porquê você o deu. Não é um julgamento," ela acrescentou vendo a expressão horrorizada de Ashley. "É apenas um fato. A pergunta está sempre lá, no fundo da minha mente."

Alice notou que aquela fora a coisa errada a dizer. Ashley pareceu ficar ainda mais infeliz. Ruby resolveu mudar de assunto e começou a contar sobre suas desventuras. Ashley até que sorriu um pouquinho depois disso. Mas a mente de Alice permaneceu naquele tópico triste. Dr. Hopper já havia entrado neste assunto: será que Alice queria mesmo conhecer seus pais biológicos? Até ali, Alice nunca tivera aquele desejo, apenas um pouco de curiosidade. Mas agora...

Naquela noite, Alice resolveu falar com Regina sobre o assunto. Ela esperou a mãe sentar-se para jantar e então disse: "Você sabe quem são os meus pais biológicos?" Alice tinha a vaga impressão de que já havia feito essa pergunta antes, mas não conseguia lembrar-se de qual fora a resposta. 

O rosto de Regina imediatamente tornou-se amargo. "Não. Foi uma adoção fechada. Sem interações entre as duas partes." E ela enfiou uma porção de macarrão na boca como que para ter uma desculpa para não falar. 

Alice teve que respirar fundo e se preparar mentalmente por vários segundos antes da fazer sua próxima pergunta. "Você... Você me ajudaria a encontrá-los?" 

Regina largou o garfo dramaticamente. "Por que você está fazendo isso hoje?"

"Foi só uma pergunta," Alice se apressou em falar. "Estou curiosa. Não é nada demais. Gostaria de saber quem eles são-"

"Eles são as pessoas que te abandonaram. Que diferença fará saber seus nomes? Eu sou tua mãe. Nada nunca vai mudar isso."

"Eu sei. Só estou dizendo que talvez fosse bom pra mim-"

"Por que você não deixa que eu decido o que é bom pra você?" Regina cortou asperamente e pôs-se de pé. "Não estou mais com fome. Vou me deitar. Aconselho você a fazer o mesmo." 

Ashley não apareceu na escola no outro dia. Nem no trabalho. Ninguém a viu o dia inteiro. Alice ficou tão preocupada que acabou indo na casa da amiga, mas sua madrasta falou que não havia fazia algumas horas. Aparentemente, ela tinha feito uma mala e ido embora. 

Tentando digerir aquilo, Alice foi descendo a rua e deu de cara com a última pessoa que esperava encontrar naquela praça alegre de Storybrooke. O sr. Gold. O que dizer sobre ele? O cara era bizarro. Tinha uma cara de lagartixa maligna, daquelas que sabe tudo sobre você e não tem medo de atirar pedras na sua direção. Todo mundo tinha medo dele. E o pior de tudo: ele era o dono da cidade. Talvez tivesse mais poder em Storybrooke do que a própria prefeita. 

"Tenho uma proposta a fazer, srta. Mills," ele foi logo dizendo ao vê-la. "Preciso de ajuda para encontrar tua amiguinha, a srta. Boyd."

Aquilo ia além de estranho. Além de Ashley ter sumido, ainda tinha o sr. Gold atrás dela? O que ele poderia querer?

Como se lendo a mente de Alice, o cara falou: "Ela levou algo valioso que me pertence."

"Uh..." Alice tentou se afastar dele. "Por que você não fala com o xerife?"

"Porque..." ele hesitou um pouco. "Tua amiga está confusa e grávida. Deve estar sozinha e assustada. Não quero estragar a vida dela, só recuperar o que é meu."

Alice congelou. Aquilo ficava cada vez mais curioso. "O que você está procurando?"

"A vantagem de não ir até o xerife é a discrição, srta. Mills. Digamos apenas que é um objeto precioso. Você é amiga da srta. Boyd. Encontre-a. Convença-a de me devolver o que é meu e não irei prestar queixas. Entenda, ela me machucou fisicamente. Pode acabar com grandes problemas."

"Quando foi isso?"

"Ontem a noite. Ela invadiu a minha loja e me atacou. Estava muito tensa, perturbada, falando em mudar de vida. Não imagino porque agiu dessa maneira. Srta. Mills, por favor, me ajude a encontrá-la. Vocês são boas amigas. Não é possível que tenha mencionado alguma coisa pra você? Que ia a algum lugar? Alguma coisa do tipo?"

"Não," Alice respondeu. "Ela não me disse nada. Mas vou procurá-la. Pode deixar comigo, sr. Gold."

Ele finalmente sorriu o que, infelizmente, não o tornava menos bizarro. "Ótimo. Mande minhas lembranças para tua mãe. E boa sorte."

Ele saiu andando e Alice se dirigiu ao primeiro lugar que pode pensar. A casa de Sean. Por sorte foi ele quem atendeu a porta. "Alice!" exclamou surpreso. "O que está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa?"

"Na verdade, sim. A Ashley sumiu. E está encrencada. Achei que talvez pudesse vir falar contigo-"

"Meu filho não tem mais nada a ver com aquela garota," o sr. Herman falou lá de dentro da casa. Ele veio parar atrás do filho e colocou uma mão no ombro de Sean. "Sinto muito pelos problemas dela, mas não podemos ajudá-la."

Alice fez uma careta. Realmente não gostava daquele velho. Ele era a razão de Sean ter terminado com Ashley. Bem, ele e a falta de coragem do rapaz. 

"Pai..." Sean começou. "Talvez devêssemos ajudá-la a procurar."

"Seria uma perda de tempo," o outro rebateu. 

"Se quiser me ajudar, eu apreciaria," Alice disse, se dirigindo somente ao guri. "Se é o que quer fazer. Tome tuas próprias decisões. Se Ashley for embora assim sem mais nem menos, ficará muito enrascada."

"Ela quer... Ela vai ficar com o bebê?" ele perguntou, um brilho estranho passando por seus olhos. 

"Sim."

"Sean." O pai firmou o aperto no ombro do filho. "Pra dentro. Agora."

Após um segundo de hesitação, Sean fez o que o pai mandava. Alice precisou se esforçar para não revirar os olhos. Meninos eram tão fracos...

O sr. Herman a encarou, cruzando os braços por cima do peito. 

"Eu diria se soubesse onde ela está, srta. Mills. Você sabe que sim. Foi bem complicado pra mim conseguir aquele acordo pra ela."

Isso atiçou a curiosidade de Alice. "Acordo? Que acordo?"

"Você não sabe?" ele franziu o cenho. "Ela concordou em dar a criança. E será bem paga por isso."

"Ela vendeu o bebê?" Alice quase cuspiu as palavras de tão surpresa que ficou. 

"Você faz parecer horrível. Achei alguém que vai encontrar um bom lar para aquela criança."

"Quem é você para julgar se Ashley não é capaz disso?" Alice se revoltou. 

"É só olhar pra ela. Uma adolescente!" ele falou com desdém. "Nunca demonstrou ser responsável. E foi por isso que acabou grávida. Como ela poderia ser uma mãe?"

"Não é preciso muito para ser uma mãe."

"Você diz isso porque não é uma ainda, srta. Mills. E em termos de mães, você teve uma muito boa, que pode lhe dar tudo que sempre quis. Eu achei quem pagará muito bem a ela, alguém que deixará todos felizes."

De repente, tudo tornou-se incrivelmente claro na mente de Alice. "O sr. Gold," ela adivinhou. Agora sim entendia os problemas de Ashley. E como ela estava encrencada! Um acordo com o sr. Gold. E agora queria enganá-lo? Quando ninguém nunca fora capaz de romper um trato com ele?

Alice voltou correndo até a Pensão da Vovó a procura de Ruby. Encontrou-a de imediato servindo algumas mesas. 

"Por que ninguém me disse que Ashley vendeu o bebê?" 

"Shhh!" Ruby fez, puxando Alice para um canto. "Você não pode sair por aí gritando essas coisas."

"Você sabia! Ela contou pra ti e pra mim não?"

Ruby fez uma careta. "Olha, Alice, não foi nada pessoal. É só que... bem, você é a filha da prefeita. E também, com toda essa história de você ser adotada, ela não queria que você a julgasse."

"Eu nunca a julgaria!" Alice protestou. "Estou tentando ajudá-la. Ruby, você tem ideia do que... Ela não pode lidar com o Gold sozinha."

Ruby suspirou. "Tá. Ela foi embora, tá bem? Disse que ia tentar desaparecer em Boston. Foi por tua causa, Alice. Tudo aquilo que você disse pra ela ontem? Ela quer ficar com o bebê agora."

"Faz quanto tempo que ela foi?"

"Algumas horas. Sei lá. Mas se ela acha que é melhor assim, quem somos nós-"

"Não!" Alice cortou. "Ela não pode sair da cidade. Ninguém pode. Coisas ruins acontecem com quem tenta. Temos que detê-la antes que se machuque."

Ruby encarou Alice como se ela fosse louca mas pegou as chaves do seu carro e correu. Dirigiu rapidamente, muito acima do limite permitido. Quando chegaram nos limites da cidade, avistaram o carro de Ashley meio que caído pra fora da estrada. 

"Eu disse!" Alice gritou. "Coisas ruins acontecem!" 

Ruby freou. Alice quase se jogou pra fora do carro. Ashley estava na grama, um tanto afastada da estranha, e gemia como se estivesse com muita dor.

"Meu bebê," ela segurou a barriga de maneira protetora. "Está nascendo."

Alice e Ruby quase arrastaram a amiga pra dentro do carro. Aquela barrigona pesava uma tonelada! No caminho de volta, Ashley foi gritando, gemendo, chorando.

"Não posso voltar pra lá! Meninas, por favor, me levem pra Boston!"

"Não há tempo!" Ruby gritou. 

"Não posso voltar! Ele vai pegar meu bebê!"

"Não, não vai!" Alice retrucou. "Mas você precisa ter certeza, Ash. Se decidir ficar com ele, não terá volta. É pra sempre."

"Sim!" O rosto de Ashley ficou sério. "Eu quero o meu bebê."

E assim foi decidido. 

Ashley deu a luz a uma menina saudável de 2,7 kg. Ruby ficou ao seu lado enquanto Alice foi buscar uma água pra ela. Infelizmente, deu de cara com o sr. Gold no corredor do hospital. 

"Por que você não me contou que estava atrás do bebê dela?" Alice acusou cheia de ódio contra aquele homem. 

"Você conhece a tua amiga," ele meio que deu de ombros. "Sabe da vida dura que tem. Com toda a certeza, srta. Mills, a situação deve fazer sentido pra você. Você sabe muito bem da sorte que crianças adotadas podem ter."

Alice sentiu seu sangue latejando sem seus ouvidos. Era um cara de pau mesmo! Alice ficou tentada a chutar-lhe a bengala e vê-lo despencar no chão. "Você não ficará com a criança. Não é tua."

"Temos um trato e meus tratos são cumpridos," ele falou, agora de maneira ameaçadora. "Ou terei que envolver a polícia e o bebê terminará num orfanato. Tá aí uma experiência que você nunca teve, graças à sorte, srta. Mills."

Alice engoliu em seco. Não gostava do tom dele. Não gostava de nada nele. 

"Então faça um acordo comigo," ofereceu. Não soube de onde que lhe vinha coragem, Alice apenas a sentia e as palavras foram saindo de sua boca. "Ashley pode ficar com a filha. Farei o que você quiser."

Por algum motivo, Gold pareceu muito interessado naquilo. Seus olhos aumentaram de tamanho e ele esboçou um sorriso tão genuíno que mal parecia ser a mesma pessoa. Era como se Alice fosse alguém muito valioso, como se pudesse realizar grandes atos para aquele homem. Ele via grandes possibilidades nela. 

"Fechado," ele disse. 

Alice sentiu um arrepio percorrer seu corpo e se perguntou se havia cometido um grande erro. 



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