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História Caos - Capitulo 01


Escrita por: Alaskaros

Notas do Autor


Boa noite, boa leitura, não esqueça de votar e nem de comentar.

Capítulo 3 - Capitulo 01


Encaro a casa à minha frente e quase me sinto tentada a aceitar o convite de Kiba para morar com ele em seu alojamento, não ligando para o fato de que seriam mais de doze horas atrás do volante.

Eu odeio dirigir.

O que soa ridículo, já que sou uma boa motorista.

Desistindo da ideia de ir até meu namorado — ou quase isso — , suspiro fundo. Descolando minha bunda da porta do carona, pego minha mala no banco dos passageiros e bato a porta do meu carro, indo na direção da casa do meu avô. O meu único laço sanguíneo agora, já que, há doze horas, eu havia aberto mão do meu pai.

Não dava mais para mim.

Hiashi atingiu o fundo do poço; mais um pouco, ele me levaria junto.

Pode parecer cruel abandoná-lo daquela forma, contudo, estava cansada das agressões físicas e psicológicas que sofria frequentemente na mão do homem que deveria me proteger.

Meu avô não era a minha opção, visto que tenho uma boa grana guardada e poderia me ajustar em qualquer casa pequena, em Kiri; porém, quando se é menor de idade e o pai não vale o pão que o diabo amassa, isso significa estar nas mãos do conselho, e Kurenai é uma pedra no sapato quando se trata de ajudar o próximo. Hizashi logo se tornou a pessoa mais responsável do planeta quando a assistente social — Kurenai, o meu carma — achou ele escondido nessa pocilga de cidade.

Mal sabendo ela que o velho nunca me aceitou, já que minha mãe (que, por um acaso, deu no pé com outro) abriu as pernas para o meu pai com quinze anos.

E daí veio o erro: eu.

Por um lado, me sinto satisfeita em saber que ele terá que me engolir, pelo menos, até o ano que vem.

Antes que eu possa subir pra varanda, sinto meu celular vibrar no bolso do meu jeans. O puxo, já encarando o nome da Kurenai na tela.

Solto minha bolsa e levo o aparelho até a orelha.

— Oi, Kurenai.

— Oi, Hinata, já chegou? — sua voz é estridente, porém baixa.

— Não faz dez minutos. — Suspirei.

— Graças a Deus. Estava ficando preocupada. Pensei que tinha se perdido — ela diz, com alívio na voz.

Revirei os olhos.

— Relaxa. Estamos no século vinte um, nada que um GPS não resolva — comentei.

Posso ver seus olhos revirando.

— Olha, Hinata, eu me preocupo com a sua segurança, então não me venha pedir para relaxar, porque eu não consigo quando o assunto é você. — Há uma pausa ali — Só liguei para saber se já havia chegado.

Suspiro.

Eu odeio quando ela faz isso. Quando me faz sentir um monstro por não ser grata a tudo que ela faz por mim.

— Desculpe-me. — Passo meus dedos sobre a testa — Eu estou bem, eu sei me virar. Atrasei duas horas, pois parei para comer alguma coisa e ir ao banheiro. Precisava esticar as pernas.

— Eu sei que sabe se virar, querida. Só quero seu bem, vai ser bom passar esse ano aí. No próximo ano você será uma garota livre.

Livre.

O peso dessa frase é quase uma tonelada.

Acho que nunca, de fato, fui uma garota livre. Não quando se é deixada para trás pela mãe e esquecida pelo pai. Apesar de sempre estar sozinha e me virar com tudo em relação a casa, eu nunca fui livre.

Acredito que ser sozinha não significa ser livre.

Muitas vezes, eu tentei ir embora. Pegar minhas coisas e só ir. Todavia, eu nunca consegui. No final das contas, me sentia em dívida com Hiashi, pois, ainda que tenha sido um verdadeiro monstro, era como se ele fosse a coisa mais próxima de amor que já senti.

Um amor sujo e cruel.

Entretanto, ele estava lá no final do dia.

Inspirei com força e voltei à realidade ao ouvir a voz de Kurenai na linha.

— É, eu serei livre — sussurrei.

— Tudo bem, então, querida. Irei ligar uma vez por semana para saber como anda as coisas por aí. Seu avô já está à sua espera. — Ela dá uma pausa — E, por favor, nada de brigarem.

— Vou tentar — murmurei.

— Beijos, querida, até semana que vem. — Kurenai se despediu, e eu guardei o celular, voltando a pegar minha bolsa e caminhar para minha nova casa.

Aproximando-me da entrada, não bato na porta, ela se abre sozinha e um homem alto, com cabelos grisalhos e longos, está em pé, me encarando.

A blusa havaiana me faz perguntar se ele errou de estação; mas, quando desço os olhos pelo seu corpo e vejo a bermuda tactel e os chinelos de dedos, tenho a absoluta certeza que foi eu quem errou de estação, pois está quase anoitecendo e, mesmo assim, sinto o suor criar uma fina camada na minha testa.

Nós nos encaramos por um momento. Ele parece um pouco surpreso; quase chocado, contudo, não disse nada, muito menos eu.

Não houve algo formal, como: "oi, tudo bem?", ou "que bom que chegou". Éramos verdadeiros estranhos. 

Apesar de saber da sua existência, nunca fomos, de fato, apresentados. Minha mãe, antes de fugir, dizia que ele a expulsou de casa assim que soube da sua gravidez e que, desde então — naquela época —, nunca mais o tinha visto.

Passamos mais algum tempo nos encarando, até que o vi separar os lábios.

— Você é a cara da sua mãe — comenta, devagar.

Minha sobrancelha se ergue em questionamento e me pergunto se aquilo foi um elogio ou um insulto.

Todavia, não me importo.

— É, tanto faz. — Suspiro. — Onde é o meu quarto? — pergunto, dando um passo para dentro da casa ao notar que ele havia dado um passo para o lado, me dando passagem.

— Segundo andar, terceira porta. — É tudo o que ele diz.

Eu assinto, arrastando meus olhos pelo cômodo.

A sala é composta por dois sofás de couro, na cor vinho. A tevê pende na parede cinza e há uma pequena estante repleta de porta-retratos. A escada que dá acesso ao segundo andar é à minha esquerda e tem um corredor à nossa frente que, se eu me inclinar um pouco para o lado, tenho certeza que dá na cozinha.

Tudo parece estar em perfeita ordem; o cheiro é algo próximo ao de lavanda.

Tento não comparar com a minha antiga casa, mas é quase impossível.

Não é álcool misturado com urina.

— Quando Kurenai disse que viria, eu dei uma grana para a vizinha dar um jeito na casa — meu avô diz, atrás de mim, sem jeito.

Não me viro para respondê-lo, apenas assinto e começo a caminhar na direção da escada, deixando-o para trás.

Quando alcanço o segundo andar, ouço a tevê ser ligada e ele me perguntar se estou com fome.

— Não, irei dormir um pouco. Obrigada.

Ele não responde, então entendo que concordou, já que não fez mais perguntas.

Vou na direção da terceira porta e constato que as outras são: seu quarto e o banheiro. A porta está entreaberta e a empurro suavemente. Primeiro, coloco a cabeça e depois o corpo. As paredes são beges e o quarto é composto por uma cama de casal, que fica no canto da parede; ao meu lado está o guarda-roupa branco. Há um tapete roxo veludo no chão e uma mesinha do outro lado do quarto.

Como na sala, o cheiro que paira no ar é de lavanda e os lençóis são tão brancos quanto o cabelo de Hizashi.

Fecho a porta atrás de mim e jogo minha mala em cima da cama, abrindo-a.

Encaro meu relógio de pulso e vejo que ainda é cedo, não passa das sete da noite. No entanto, estou com sono. Quero tomar um banho e deitar.

E é o que faço.

Guardo minhas roupas e pego o essencial para um bom banho.

Enquanto deixo o cansaço da viagem escorrer pelo meu corpo e ir direto para o ralo do box, me pergunto se meu pai está bem.

É inevitável não pensar nele. Neste horário, em casa, em Kiri, eu estaria na cozinha fazendo a janta, rezando para ele não chegar bêbado ou drogado — pelo menos, não o suficiente para me bater até desmaiar.

Encaro a cicatriz no meu ombro, sua última lembrança, a última vez que ele me marcou.

Sou dispensada de meus devaneios quando ouço batidas na porta.

— Hinata.

— O que foi? — pergunto, colocando a cabeça para fora do box.

— Estou indo no Ichiraku comprar nossa janta, vai querer mais alguma coisa?

Instantaneamente, lembro-me que havia esquecido de trazer minha escova de dentes e absorventes, já que usei semana passada o que havia sobrado do mês anterior.

— Sim. Uma escova de dentes e absorventes — praticamente grito, passando a voz por cima da água que cai do chuveiro.

Há um minuto de silêncio até que eu ouço sua voz.

— Eu não sei comprar isso, menina. — reviro os olhos — Não dá pra pedir uma coisa fácil, não? — indaga.

Eu bufo.

— Só a escova de dentes, então.

Outra pausa.

— Certo. Daqui a pouco eu volto.

Volto para debaixo do chuveiro e acelero meu banho.

(...)

Não sei em que momento acabei adormecendo, mas sou acordada com o barulho de música alta.

Encaro o despertador em cima da mesinha e vejo que passa da meia-noite.

Minha janela está aberta, lembro-me de ter ignorado meu cérebro dizendo para fechá-la antes de deitar. O som excruciante da música corta todo meu quarto e sou obrigada a ir até a janela para ver que merda está acontecendo para o som ridiculamente alto.

Em pé, próximo ao parapeito da janela do outro lado da rua, eu vejo a casa de dois andares com luzes acesas e uma quantidade de pessoas considerável no jardim da casa ao lado, rindo e conversando enquanto seguram copos vermelhos entre os dedos.

A música pulsante vem de dentro da casa, e ninguém parece se importar com os vizinhos.

Suspiro pesado e fecho a janela, ainda ouço a música, contudo, está mais no fundo.

Meu estômago ronca e me lembro do meu avô indo buscar nossa janta, mas não me lembro de tê-lo visto chegar. Saio do quarto e vou em direção à escada. Vendo sua porta fechada, eu constato que o velho deve estar dormindo.

Dou de ombros e vou para o primeiro andar.

Sentada no balcão da cozinha, eu devoro uma tigela do que parece ser a melhor sopa do universo, não ligando para o fato de estar derramando o caldo na minha blusa de dormir.

Deus, isso é uma delícia.

Alguns segundos depois, ouço passos atrás de mim.

Viro meu tronco e encaro meu avô em pé, na porta da cozinha, coçando os olhos.

Sua roupa de dormir consiste em uma calça de flanela cinza e uma blusa de manga branca, com uma carta de baralho no centro. Ele tem chinelos de dedos e os cabelos estão soltos, caindo sobre os ombros.

Hizashi, apesar da idade, tem o corpo alto e forte, os ombros são largos e posso dizer que tem músculos no braço. Ainda que tenha uma barriga saliente, ele tem mais músculos do que gordura; a postura é rígida e o maxilar, quadrado.

É um velhote maneiro.

— Insônia? — pergunta, quebrando o silêncio.

Eu nego.

— Temos um vizinho festeiro, huh? — digo, me referindo à música. — Fiquei com fome. — Ergo a sopa.

Hizashi assente e vai até a geladeira, abrindo-a e pegando uma jarra de água.

— Não adianta denunciar, Naruto é… — ele pausa, parecendo pensativo — complicado — sopra.

— E tem um péssimo gosto pra música. — digo, levando o hashi até os lábios. — Hum, onde você comprou isso? — Aponto para a sopa — Deus, é tão boooom.

Deito minha cabeça para o lado, suspirando prazerosa.

— Não fale de boca cheia, menina. — Ele me encara sério, mas logo seu semblante suaviza. — Comprei no ichiraku, um restaurante próximo daqui, é realmente bom. — Ele dá de ombros. — Amanhã eu te levo pra conhecer a cidade, temos que te matricular em Konoha de qualquer jeito.

Ele suspira.

— Tudo bem.

Foi tudo o que consegui dizer.

Meu avô encarou o lado de fora da janela, que pendia em cima da pia, dando uma bela vista da casa vizinha onde ocorria a bagunça do vizinho festeiro.

Ele ficou em silêncio por um tempo.

— Esses jovens só ouvem porcaria — resmungou, ainda de costas pra mim. — Na minha época, essas coisas eram proibidas. — Fez uma pausa — o mundo de hoje em dia está uma bagunça.

Negou levemente com a cabeça.

— Eu até gostaria, se ele não tivesse um gosto tão ruim para músicas — me opus. — Isso nem é música de verdade, parece mais uma agressão à população.

Hizashi assentiu em silêncio.

Termino minha sopa em silêncio e vou à pia para lavar a louça que sujei, enquanto Hizashi permanece parado, encarando o lado de fora da janela.

— Teremos um longo dia pela frente, é melhor ir dormir — ele diz, girando sobre os calcanhares e saindo da cozinha.

Seco minhas mãos e o sigo pela escada.

Antes que ele pudesse entrar em seu quarto, eu o chamo.

— Vovô. — a palavra sai quase familiarizada.

E eu ignoro como ela soou bem, saindo dos meus lábios.

Seu corpo para próximo à porta, os olhos vem até mim e, por um momento, ficamos em silêncio.

— Obrigado por me deixar ficar.

Embora ele tenha sido quase obrigado a me receber em sua casa, poderia muito bem dizer que não me queria, como fez ao saber que eu estava para vir ao mundo. Entretanto, não fez. Ele simplesmente aceitou.

— Será um longo ano, huh? — eu assinto. — Boa noite, Hinata.

— Boa noite, vovô.

Ele empurra a porta e me dá uma última olhada, apertando os lábios um no outro.

Fecho a porta atrás de mim e, antes de me deitar, sussurro:

— Será um longo ano.

 


Notas Finais


CAPITULO BETADO POR @CELARES

Primeiro capitulo entregue, estava ansiosa, a verdade é que ainda estou. É algo fora do meu normal, apesar de não ser um bicho de sete cabeças, pra mim é diferente.

Espero que gostem, e entendam que essa obra não é minha prioridade, SDUD, que é, so que no momento me encontro em fora de orbita com ela(apesar de está fazendo os capitulos) mas não desistem de mim, ela terá final, doa a quem doer.

Não sei quando será o proximo capitulo, só que sera logo kkkk.

beijos, com amor, alaskaros.


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