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História Caos - Capítulo 04


Escrita por: Alaskaros

Notas do Autor


Boa noite, boa leitura

Capítulo 6 - Capítulo 04


Fanfic / Fanfiction Caos - Capítulo 04

É um domingo qualquer e isso significa que estou indo para a casa do meu pai, como faço toda semana, mais precisamente, toda quarta e domingo, como hoje. 


Estou subindo os degraus da casa quando noto as várias cartas no chão, próximas à porta. As pego e giro a maçaneta, entrando na casa que um dia eu chamei de lar. Tudo está uma completa bagunça — não que eu esperasse o contrário disso. 


É sempre a mesma coisa toda vez que venho. Até mesmo me pego pensando se não é a mesma bagunça da semana passada. 


Meu pai está no sofá, sentado de forma desleixada; a tevê está ligada no canal de jogos e ele possui uma garrafa de cerveja em mãos, apoiado no braço do sofá. 


Suspiro pesado, parando próximo a porta de entrada. 


— Oi, pai. — Minha voz o faz virar a cabeça e os olhos azuis me encararam. — Isso estava na varanda. — Suspendo as cartas 


Ele não diz nada, apenas acena e volta a atenção para a tevê. 


Como sempre, ele parece não ligar para nada, incluindo minha presença, e eu já não me importo mais, apenas venho para fazer companhia ao Menma e dar uma geral na casa. Poderia pagar alguém para limpá-la, mas, com tudo que venho pagando na outra casa, as coisas têm ficado um pouco apertadas para o meu lado. 


A única que ainda consigo pagar é Sara. Ela toma conta de Menma durante a semana enquanto meu pai sai para beber, já que mal vai para o emprego que, por algum milagre, ainda possui. 


Jogo as cartas em cima da mesinha e vou para o andar de cima, onde sei que Menma está. Eu o encontro no meu antigo quarto, jogado na cama enquanto tem o controle do joystick em mãos; os óculos pendem em seu rosto e, devido ao calor que faz no domingo, ele não usa camisa. Os cabelos negros estão na altura dos ombros. 


Meu irmão tem quatorze anos, mas com o porte físico de um adolencente de dezesseis. Seu tronco é largo e está criando músculos, devido a fazer parte do time de futebol da sua escola. O que me faz entender que meu irmão caçula está crescendo e meu pai está perdendo isso, porque prefere 'afundar' a cara no álcool do que ser um homem de verdade para o filho mais novo. 


— E aí, pestinha. — Me aproximo, jogando-me na cama que um dia foi minha. 


— Ah. Oi, Naru — ele diz sem me encarar. — Bati seu recorde — meu irmão comenta com um sorriso nos lábios. 


— Duvido. — Implico. 


— Veja por si só. — Pausa o jogo e vira o tronco, me dando o joystick para que eu possa conferir. — Vai ter que dizer que sou incrível, seu otário. 


— Passou quantas noites acordado para me alcançar? — Pergunto apenas para irritá-lo, porque, afinal, eu sou o mais velho. É quase o meu dever ser um pé no saco.  


Ele está há quase um mês tentando bater meu recorde, desde que apostamos no mês passado; perdeu feio e disse que ia ter uma revanche. Sei que está até hoje esperando por isso, o problema é que as aulas começaram e eu quase não tenho tempo para ficar com ele, visto que não posso levá-lo para casa. Nunca esperei tanto por um aniversário. Assim que eu fizer dezoito anos, posso levar Menma para morar comigo, tirando ele de uma vez dessa casa. 


Sou adulto o suficiente para pagar contas, mas não sou adulto legalmente para ter a guarda do meu irmão. 


A justiça é uma cadela. 


— Uma noite, seu imbecil. — Sua voz me faz piscar. 


— Me engana que eu gosto. Depois do almoço, vamos ter aquela revanche. Você vai ter que dizer que eu sou o melhor — digo, me erguendo da cama e bagunçando seus fios. 


— E, se você perder, terá que beijar minha bunda, otário. 


Eu reviro os olhos. 


— Vou arrumar a casa, vê se arruma seu quarto. — Começo a caminhar para fora do quarto, mas, antes que eu chegue na porta, Menma me chama. 


— Naruto. 


— Sim. — Me viro para ele. 


Os olhos azuis saem da tevê e vem para mim. 


— Podemos comer no Ichiraku? 


— Claro, mas arruma seu quarto. — É tudo o que digo antes de tirar minha jaqueta e começar a arrumar a bagunça da casa. 


Passo toda manhã de domingo tentando ajeitar o lugar, começando pelo segundo andar e indo para o primeiro. A sorte é que a casa é pequena. Apesar de serem dois andares, são apenas três quartos e o banheiro, colocando junto o pequeno corredor e a escada. O primeiro andar é apenas a sala e a cozinha, que são separadas por um balcão. Boa parte do lixo vem do quarto de Minato: latas e garrafas de bebidas vazias — até mesmo algumas com sobras. Ignorando os resmungos de Minato, jogo todas as garrafas de bebidas novas fora, até mesmo as que estão na geladeira, elas ocupam a maior parte do interior dela. 


Enquanto tento organizar tudo na sala, resolvo abrir as cartas que peguei algumas horas atrás na frente de casa. Assim que abro todas, as duas últimas me chamam atenção e eu sinto um arrepio na nuca assim que as ergo para ler melhor as letras miúdas. 


Contas. 


Contas acumuladas e atrasadas.


— O que significa isso, pai? — Indago, erguendo as folhas. — Por que tem um aviso de atraso na conta? 


Minato tira os olhos da tevê e leva o olhar para os papéis em minhas mãos. 


Ele demora um momento para abrir a boca. 


— É que as coisas estão meio apertadas. 


Eu pisco. 


— E o seu trabalho na marcenaria? 


Minato coça a nuca como um tique nervoso. 


— Não tem dado muito cliente e Hiruzen está para fechar as portas. 


— E na oficina? — Pergunto, quase desesperado. 


— Fui demitido — declara. 


— O quê? Por quê? — Minha voz saiu estridente. 


Me pergunto como ainda estou surpreso com isso. 


Ele desvia o olhar dos meus.


— Eu cheguei alguns dias atrasados e… 


— Claro que chegou. — Eu o corto.


Meus olhos caem para minhas mãos com as duas contas atrasadas, contas essas que levariam todo o dinheiro que tenho guardado para a faculdade.


E cá está o motivo que me levou a sair de casa. Eu estava cansado de sempre segurar as pontas do meu pai. Sempre pagando as coisas que era obrigação dele pagar, enquanto ele torrava o que ganhava, com bebidas e jogos. Meu dinheiro para a faculdade ia para as contas de casa, a compra de casa, tudo o que tinha sempre ia para as coisas de casa. 


Apesar de nunca termos dinheiro, nunca passei e deixei Menma passar fome, sempre conseguia dinheiro para, pelo menos, a comida do mês. Me virava como podia e cheguei até mesmo a pegar dinheiro do meu pai escondido, enquanto ele estava dormindo de tanto beber, para juntar e pagar algumas dívidas, como conta de luz, gás e água.


Quando a situação amenizou e ele demonstrou uma melhora depois do seu primeiro coma alcoólico, eu saí de casa. Não dava mais para ficar com ele, um de nós iríamos parar na cadeia se continuasse debaixo do mesmo teto. Moro sozinho desde que fiz dezoito anos, sempre com a intenção de levar Menma comigo, mas a guarda ainda era de Minato, já que ele estava em dois empregos e conseguia manter a casa e meu irmão bem estabilizados. Foi assim no primeiro ano, mas, depois que Menma fez dez anos, completando dez anos que minha mãe havia morrido, a depressão veio e dessa vez ficou; junto a ela, o vício também acabou fazendo moradia. 


Desde então, Minato têm se entregado aos vícios. 


Eu já não luto mais para ajudá-lo, perdi boa parte da minha vida cuidando de Menma (não que eu me arrependa, faria tudo de novo, só não perderia mais do meu tempo tentando ajudá-lo). Não há uma lembrança minha onde fomos uma família feliz. Ele não era um pai ruim; só não era bom. 


Eu me agarro ao Menma e ao tempo que passo com ele. São os únicos momentos em que me vejo meramente feliz. 


(...)


A campainha da porta do restaurante do Ichiraku toca, anunciando nossa entrada. Apesar de ser domingo, o restaurante está com um número consideravelmente alto de pessoas. É meio-dia quando chegamos, o horário perfeito para um rámen, mesmo no calor. 


Não importa o clima ou dia, sempre é uma ótima hora para um rámen, principalmente se for o extra, tal qual Menma e eu sempre pedimos quando viemos aqui. 


Seguimos para a mesa do fundo e não demora muito para sermos atendidos; a garçonete anota os pedidos e se vai. Menma mantém os olhos no celular enquanto eu passo os meus pelo lugar. 


Está tudo como sempre esteve, tirando o cheiro de tinta nova e mesas a mais que o normal. O lugar todo me faz lembrar de quando vinha aqui com Sasuke e Sakura. Não me lembro de vir sozinho, sempre sentamos nessa mesa, é praticamente nossa. Posso ver nossos nomes cravados com estilete na madeira da mesa. 


Naruto; Sakura; Sasuke. 


Nem mesmo o tio do rámen quis trocá-la.


A imagem do passado me faz abrir um pequeno sorriso. 


— Olha, que gata. — A voz do Menma me faz tirar os olhos do centro do restaurante e encará-lo.


Seu rosto está virado para a entrada do restaurante e é questão de segundos até que eu a vejo entrar, ao lado de Hizashi. 


Hinata Hyuuga, minha vizinha. 


A garota sorri para uma garçonete que passa por ela e os dois começam a caminhar, fazendo o mesmo trajeto que fiz com Menma. Quando seus olhos cruzam com os meus, vejo surpresa nas íris cinzas que ela carrega e não demora muito, elas logo caem sobre Menma. 


Assim que Hizashi o vê, o sorriso cresce em seus lábios e ele vem à nossa mesa. 


A garota também se aproxima. 


— Olha só, se não é o pequeno Menma — o velho diz com entusiasmo e Menma transfere seus olhos da garota para o meu vizinho. — Você cresceu! Na última que te vi, você estava desse tamanho. — O Hyuuga faz um gesto com as mãos, indicando a altura de Menma no ano passado. 


— Olá, senhor Hyuuga — meu irmão o cumprimenta com um sorriso nos lábios, e eu posso jurar que suas bochechas estão vermelhas. 


Quase me pergunto o motivo, mas os olhos de Menma estão novamente na garota calada ao lado do avô. 


— Como vai? — Hizashi pergunta. 


— Bem, e o senhor? 


— Estou bem. — Hizashi faz uma pausa, colocando a mão no ombro da garota que, como eu, observa os dois conversarem. — Essa aqui é minha neta, Hinata. 


— Ei, Hinata, me chamo Menma e esse aqui é meu irmão, Naruto — Menma diz com um sorriso maior que a boca pode sustentar e, apesar de já conhecê-la, não fomos devidamente apresentados.


— Oi, Menma, é um prazer — ela responde, deixando um sorriso quebrar seus lábios. — Eu estudo com seu irmão e também somos vizinhos — ela comenta, deixando os olhos escorregarem de Menma para mim, que, como ela, também trás as íris para o meu rosto. 


— Sério? — Sua pergunta está na minha direção. 


 — É sim. Somos colegas de classe e vizinhos. 


— Que legal. — Os olhos do meu irmão vão para os dois em pé. — Querem se juntar a nós? Tudo bem se eles ficarem com a gente, Naru? — Seus olhos voltam para mim novamente, em um pedido silencioso de “por favor”. 


Semicerro os olhos na direção do meu irmão e reprimo o sorriso que quer sair quando entendo sua intenção. 


— Claro, se eles não se importarem. — Dou o braço a torcer, apesar de sentir que é uma má ideia. 


Hizashi se vira para a neta. 


— Tudo bem, Hina? — Ele indaga e ela assente. 


— Se não for incomodo, por mim, tudo bem. — Ela dá de ombros, como se não ligasse para o lugar que vai sentar. 


Menma e eu nos ajeitamos no estofado e os dois se sentaram: Hizashi do meu lado e Hinata ao lado de Menma. 


— Então, o que pediram? — Hizashi pergunta. 


Rámen extra — meu irmão responde com um sorriso prazeroso nos lábios. 


— Humm… esse virou o favorito da Hinata — O Hyuuga comenta, ao meu lado. 


— Em kiri não tinha essas coisas. — Ela entra na conversa. 


— Você mora em Kiri? — Meu irmão pergunta, virando seu rosto para ela. 


— Morava. Agora moro com meu avô. 


— Está gostando da cidade? 


— Bom, não é o que mostrava no panfleto, mas sim, estou gostando, apesar de não conhecer muito ainda — ela o responde com toda atenção e não parece se esforçar, as palavras apenas deixam sua boca como se estivesse conversando com um adulto. 


Hizashi e eu apenas observamos. 


Menma assente para sua resposta e consigo ver um brilho cintilar em seus olhos, quase como se estivesse fascinado. 


— Aquele panfleto é pura ladainha, mas a cidade não é tão chata, tem até um shopping —  Menma comenta, fazendo um sorriso surgir em seus lábios. 


— Foi lá que ela se perdeu semana passada — Hizashi diz de repente. 


— O que eu disse sobre não contar para ninguém? — Sua pergunta é mais uma repreensão. 


Hizashi não diz nada, apenas dá de ombros, parecendo se divertir em constranger a neta, e volta a comentar sobre como a garota se perdeu no shopping. 


— Ela me ligou quase chorando. — Um sorriso maldoso pende em seus lábios. 


— Eu não estava chorando, apenas cansada de andar em círculos! — Ela enfatiza, revirando os olhos, e Menma ri.


— Tudo isso porque queria ir em uma livraria, sendo que tem uma bem do lado da locadora. 


— Não tinha "Stephen King" naquela. 


Menma rapidamente vira o rosto para ela, com entusiasmo. 


— Você gosta dele? 


— É o meu escritor favorito. 


— Sério? É o meu e do Naruto também. 


Pela primeira vez, seu olhar vem na minha direção, é rápido, até ela voltar os olhos para Menma. 


Eles embarcam em uma conversa sobre livros. 


— Como estão as coisas? — Hizashi pergunta. 


— Bem. 


Ele nota a mentira e me faz levar os olhos na sua direção. 


— Péssimas. — Começo com a voz baixa, não quero Menma prestando atenção no assunto. — Ele está devendo. Devendo muito — conclui com pesar. 


Eu conto para Hizashi sobre meu pai. O meu vizinho faz parte da minha vida desde pequeno. Devo muito ao cara sentado ao meu lado e nunca saberei como agradecer. 


O Hyuuga é amigo do meu pai. Apesar de terem um bom tempo desde a última vez que eu os vi juntos, ele sempre esteve nas nossas vidas. No começo, ele ajudou meu pai, sempre indo lá em casa, conversando com ele e me ajudando com Menma. No entanto, depois, como eu, Hizashi cansou de tentar ajudar alguém que não queria ser ajudado. 


Hizashi pagou as dívidas de Minato com um cara barra pesada e muitas das vezes me chamou para trabalhar com ele, apenas no intuito de me dar dinheiro, sabendo ele que jamais aceitaria um tostão vindo dele — ppelo menos, não depois do que ele fez por nós. 


Devo muito a Hizashi. 


— Sabe que, se precisar, é só falar, né? — Ele profere e eu assinto. 


A comida chega e todos nós agradecemos. Hizashi, Menma e Hinata embarcam em uma conversa banal e eu apenas observo meu irmão sorrindo a todo momento. Quando vem a sobremesa, Menma e Hinata estão jogando no celular (jogo de tiro, se não me engano) e eles apostaram na sobremesa. 


Estão tão concentrados, que me pergunto se eles esqueceram que estão em um restaurante. 


— Menma, meu celular vai descarregar — ela avisa, ainda com os olhos na tela do aparelho, e Menma gargalha. 


— Hum, acho que vou ganhar uma sobremesa sem ter que te matar. — Ele se vangloria. 


— Isso não vale. Eu disse que estava sem bateria — rebate. 


— Huh, o benzinho vai chorar? — Meu irmão debocha. 


— Eu vou te matar, virou questão de honra. — Hinata enfatiza e Menma dá um sorriso maléfico. 


Eu deixo um sorriso escapar ao ver que estão se dando bem. 


Ela nem parece a garota raivosa de ontem. 

 

— Já contou para ela? — Pergunto para Hizashi.


Ele sabe exatamente do que estou falando. 


— Não. 


— Sabe que precisa contar, não sabe?


Ele assente e consigo ver a tristeza em seu rosto. 


— Quando ela souber, vai me odiar. 








Notas Finais


Desculpe a demora.

Capítulo betado por @celars_

Até mais.

Com amor, Alaskaros


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