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História Capitu - Five


Escrita por: LMesquita e EngMonroe

Notas do Autor


Boa noite, monamoures!!!
Olha quem chegou depois de tanto tempo? Eu meixma!
Senti tantas saudades disso aqui!
Vamos de novo capítulo?
Espero que gostem! Boa leitura.

Capítulo 5 - Five


Fanfic / Fanfiction Capitu - Five

 

Amado. Era assim que eu me sentia! Meu coração transbordava gratidão pela vida, por tudo que me cercava, pelo ar fresco e puro daquele lugar que exalava paz e uma harmonia tamanha, o suficiente pra me equilibrar e renovar todas as minhas energias vitais. Eu era um apaixonado pela cidade grande, mas nada me conectava mais comigo mesmo do que a serenidade da natureza. E quando eu disse que me sentia amado, não era só pela linda família que eu tinha, mas principalmente pelo universo, por Deus. Toda vez que eu paro pra pensar e me dou conta de tudo que conquistei até hoje, dos sonhos que consegui realizar, dos planos que consegui concretizar e dos objetivos que atingi, tenho a absoluta certeza de que sou o homem mais sortudo de todo o mundo e não podia estar mais feliz do que agora.

Assim que voltei da minha caminhada matinal, pela pequena trilha que ligava o lago até minha casa, fui direto pro meu canto favorito daquele chalé. Era um cômodo pequeno, com uma bela vista para as árvores e o céu límpido. Algumas telas já finalizadas enfeitavam o espaço, outras faltavam algumas pinceladas aqui e ali, mas todas assinadas por mim com todo amor e alma.
Assim que adentrei a saleta, fiquei surpreso a me deparar com algo, ou melhor, alguém, que não fazia parte daquele meu mundinho particular que eu visitava de vez enquando.

Cabelos castanhos, pele de seda, dentes de pérola, olhos misteriosos e tão azulados quanto as águas do mar... 

Capitu.

 

"Sr. Wyler, me desculpe ter entrado aqui sem permissão, mas minha curiosidade foi maior do que eu e... me senti tão seduzida por essas pinturas incríveis..." Ela começou a se explicar. Estranho como não conseguia mais me concentrar em nada que vinha da sua boca, pois minha atenção não se desprendia daqueles olhos. "Sr. Wyler?"

"Sim?" Voltei ao chão novamente.

"O senhor sente-se bem?"

"...Sinto-me ótimo! Tive apenas mais um de meus repentinos devaneios, uma bobagem."

"Entendo." Seu sorriso forçado veio com um toque de timidez. "Eu vou ver se a Bel já saiu do banho. Com licença..."

"Capitu, espere!" Involuntariamente interrompi seus passos em direção a porta e nem eu mesmo sabia porque. Talvez queria observá-la um pouco mais, tentar acalmar a minha vontade de conhecê-la melhor e quem sabe decifrar o que seus olhos enigmáticos queriam dizer.

"Eu sei o que o senhor está pensando! Que fui muito mal educada em ter vindo até aqui, sem ter sido chamada. Não sou bisbilhoteira! Apenas fiquei encantada com essas belas obras de arte e não resisti. Tive que admirá-las​ mais de perto!"

"Como viu meus quadros? Essa sala fica fechada, quase abandonada nos fundos do chalé."

"Vi pela janela a pintura dessa mulher nua na parede, enquanto colhia algumas flores com a Sra. Wyler." Capitu voltou seus grandes olhos para a ninfa que eu havia pintado a tempos atrás e penetrou seu olhar fixamente para ela. "Fiquei do lado de fora admirando a beleza e sensualidade dela. É tão delicada, misteriosa e feminina, e ao mesmo tempo parece ser tão forte!..."

"Eu adoro essa tela! É a minha favorita de todas que já pintei até hoje." Agora seu olhos veio de encontro com os meus.

"Além de cuidar das pessoas e salvar vidas, o senhor tem mãos perfeitas para a arte!"

"É apenas um hobby. Para passar o tempo!" Era perceptível o quão tímido eu havia ficado.

"Sua alma é sensível e seu coração apaixonado." Nossos olhos se perderam um no outro, em silêncio depois de suas breves palavras. Um sorriso ingénuo surgiu nos pequenos lábios rosados de Capitu e sua atenção retornou aos meus quadros amadores, que até hoje, só agradavam a mim mesmo.

"Fico feliz que tenha gostado das minhas pinturas. Eu aposto todo meu amor nelas!"

"E muito bem investido! São realmente lindas!" "Sou amante da terceira arte também. Minha obra preferida é "A Maja nua", de Goya."

"É raro hoje dia uma moça tão jovem como você se interessar por assuntos como estes."

"Ter um pouco de cultura não tem nenhum vínculo com a idade. Além do mais, não sou tão jovem assim como o senhor diz."

"Como não? 18 anos pra mim, que está quase na metade de um século, é ser muito jovem!" Capitu abriu um sorriso com minha ironia, que situava perfeitamente em constraste com seus traços angelicais.

"A idade não quer dizer nada! É apenas um número. As situações da vida é que faz a sua história. Posso ser jovem aparentemente, mas já passei por muita coisa. Conheci muitas pessoas, chorei, sorri, fui triste e feliz. Se juntar todas as minhas andanças por esse mundo, eu sou mais vivida que o senhor!" Seu modo de falar realmente não se igualava a sua aparência de menina. Aquilo me causava estranheza e muita curiosidade. Era o que mais eu sentia! Curiosidade por Capitu. "Pelo jeito o senhor também aprecia o nu artístico, assim como eu." Ela voltou ao assunto antecessor.

"Sim, bastante!"

"Suas pinturas são bem sensuais e cheias de paixão. Mas é claro que, como uma musa inspiradora como a Sra. Wyler, não podiam ser diferentes."

"A Amy é minha principal inspiração pra tudo que eu faço!"

"Isso é lindo!" Ela me fitou ainda sorrindo. "Vocês formam um casal perfeito! Igual aqueles dos filmes românticos."

"Obrigado! Mas nós temos sim nossos defeitos matrimoniais."

"Dúvido! Com uma mulher tão linda e incrível como ela, aposto que vocês fazem amor todos os dias." Senti minhas bochechas arderem depois de ouvi-la falar. Fiquei um pouco sem jeito, constrangido... era notável minha mudança de humor. "Desculpe, Sr. Wyler!" Capitu percebeu minha inquietação e reagiu da mesma forma. "Eu apenas fui sincera." Passei a mão no cabelo, ainda sentindo uma caloria pelo corpo e consegui deixar escapar um sorriso.

"Tudo bem! Não precisa se desculpar."
Alguns segundos permanecemos calados, num clima ainda estranho. Foi um pouco invasiva a pergunta da garota, mas compreendi que foi pura espontaneidade e inocência.

"O senhor veio até aqui, por que vai pintar um novo quadro?" Me questionou empolgada.
"Na verdade, não. Eu vim pra organizar alguns materiais. Faz algum tempo que eu não faço nada novo... Estou sem ideias, sem muita criatividade."

"A natureza viva dessa lugar, não te inspira?"

"Sim, mas não é o suficiente! Minha atenção precisa estar focada em algo na qual eu me sinta tão envolvido e apaixonado, que a imaginação flua sem nenhum esforço."

"Por que não pede pra Sra. Wyler posar pro senhor?"

"Já pedi uma vez e ela não aceitou."

"E por que não? Tenho certeza que seria a pintura mais bonita de todas essas. A dose de amor seria muito maior!" Achei graciosa suas palavras. "Deveria pedir mais uma vez. Talvez esteja perdendo a oportunidade de pintar a obra mais apaixonante da sua vida!" Ela sorriu e eu sorri de volta. "Agora vou indo nessa." Dado alguns passos, ela me fitou novamente. "Foi um prazer pros meus olhos admirar a sua arte, Sr. Wyler! Obrigada!"
Fiquei observando ela se distanciar, feito um idiota, sem saber o motivo da minha satisfação em ter tido aquela conversa.

 

 

Depois do jantar, as garotas foram direto pra cama e eu minha esposa ficamos tomando um bom vinho enquanto ouvíamos um pouco de Chopin. Ela descansava sua cabeça no meu peito, escorada, com os pés encolhidos no sofá e eu de pernas esticadas sobre a mesa de centro.

"Estou tão feliz que a Bel tenha feito uma boa amizade com aquela moça, Capitu. Ela é jovem ainda, mas é tão madura pra idade dela. É muito bom que nossa filha ande com pessoas assim, ao invés daquelas garotas cabeça de vento que ela costumava se enturmar!"

"Tenho a mesma opinião. Hoje nós tivemos uma conversa agradável sobre a terceira arte e confesso que fiquei impressionado!"

"A tarde nós também conversamos bastante e fiquei encantada pelo carinho dela pelos livros. Apesar de ter um gosto literário um tanto peculiar," Amy continuou achando graça. "achei bem interessante!"

"Seus poetas não foram do agrado dela?"

"Foram sim, mas... O que mais me chamou a atenção foi o interesse dela por romances assassinos e obsessivos. Acredita que ela vê beleza nisso? Achei um pouco esquisito e meio mórbido, mas gosto não se discute."
Achei aquilo engraçado também. Capitu parecia ser uma garota tão doce, que era inacreditável pensar que ela conseguia enxergar poesia em obras desse gênero.

"Quem a conhece e se depara com sua afeição ingénua e inocente, não imagina que ela goste de histórias assim."

"Não mesmo, por isso fiquei um tanto intrigada." Amy olhou no relógio e se levantou devagar. "Já está tarde e eu estou exausta! Vamos para cama? Amanhã levantamos cedo para voltar a Chicago."

"Pode ir descansar meu amor! Eu vou em seguida. Só irei tomar mais uma taça de vinho e ouvir mais uma música. Preciso estar bem relaxado, amanhã tenho plantão o dia todo."

"Está bem. Boa noite, querido!" Amy me deu um beijo e foi para os nossos aposentos.

"Boa noite e bons sonhos!"

 

 

 

 

 

 

 

 

Na madrugada, eu ainda estava acordado, meditando sozinho e tranquilo.

Ouvi vozes vindo da cozinha e fui espiar quem eram. Pela fresta da porta, vi minha filha e sua nova amiga papeando e devorando uma torta de limão. Elas não me viram e continuaram a sua conversa.

"Tudo que eu precisava! Um bom doce."

"Pena que engorda e dá um monte de espinhas, né?! Acho melhor eu comer só uma maçã mesmo."

"Não acredito que uma garota tão linda quanto você, se preocupa com uma bobagem dessas, Bel? Pare já com isso e coma! Essa torta está divina. Boa de mais pra não ser devorada." Capitu cortou um pedaço de torta e colocou no prato de minha sobrinha. "Acha mesmo que um pedacinho tão inovenssivo como esse, fará você explodir de gorda?" Ironizou.

"É, você tem razão. E ela parece tão apetitosa, né?!" Bel olhou para o seu prato, cheia de vontade de dar uma garfada na guloseima.

"Ela está saborosa!" Capitu levou mais um pedaço até a boca, fechou os olhos e suspirou de prazer. "Tão gostoso quanto fazer amor. Anda, experimenta logo." Bel pegou com o garfo um pouco do chantilly do doce e degustou. "Agora concorda comigo?"

"Sobre o que?"

"Sobre a torta, Bel."

"Não acho que se assemelha a fazer amor. Aliás, está um pouco doce demais!"

"E fazer amor não é doce? É o puro mel! Só de pensar já fico toda arrepiada, olha só." Gesticulou.

"Fico feliz que você tenha uma vida sexual feliz e ativa!" Capitu caiu na gargalhada. 

"E se eu te disser que fazem meses que eu não transo com ninguém?"

"Eu direi: bem vinda ao clube!" As duas sorriram uma para outra.

"Pensei que você e o Dany estivessem bem."

"Eu pensei a mesma coisa! Mas o Dany é um cara muito imaturo. Não tenho paciência com as infantilidades dele! Além do mais, ele só queria me levar pra cama pra depois sair contando vantagem para os amiguinhos podres dele!"

"Eu lamento que não tenha dado certo! Mas não vou mentir que fico feliz em saber disso. O Dany é um emprestavel que não merece nada mais que a solidão absoluta!"

"Capitu, mudando de assunto, mas mantendo o foco da nossa conversa... Acha mesmo que o Jake seja virgem?"

"Por que tá me perguntando isso? Ficou interessada, é?" A garota questionou sarcástica. 

"Não, claro que não! É apenas curiosidade."

"Sinceramente? Eu não sei, apesar de ter alguma certeza. Conheço o Jake desde o primário e ele sempre foi aquele garoto tímido, que falava muito pouco. Quando tínhamos doze anos, todos da nossa turma no colégio diziam que ele era gay, até o dia que ele me defendeu de um garoto que falava barbaridades da minha mãe, e como recompensa eu o agarrei e dei um beijo de língua na frente da escola toda!"

"Uau! É por isso que ele é apaixonando por você até hoje."

"Ele ficou tão assustado comigo depois, que passou  semanas sem ir a escola e na rua, abaixava a cabeça quando me via."

"Coitadinho, você deixou ele envergonhado!" Bel gargalhava.

"Não ria, Bel! Fiquei me sentindo uma pessoa horrível com isso. Jake é um rapaz muito legal, sensível e um dos melhores amigos que já tive."

"E por que nunca deu uma chance pra ele?"

"Porque meu coração na bate forte quando estou com ele! Sinto afeto, um carinho muito especial, que não chega ser aquele amor ardente. Nós somos só bons amigos! Além do mais, eu quero uma paixão avassaladora de verdade na minha vida! Algo que me deixe louca de desejo e de muito amor puro! Preciso de um homem que me faça perder a cabeça, não só na cama. Quero alguém que cuide de mim e me ame desesperadamente!"

"Desculpa jogar água no seu castelo de areia, mas esse homem não existe, Capitu! Eles são todos iguais. Só querem nosso corpo, não nosso coração."

"Não é verdade! Eu ainda acredito que posso ser amada."

"Ok, se você acredita nisso, como sua amiga, irei te respeitar, apesar de achar isso uma bobagem!"

"Perdi o apetite! Vou voltar pra cama." Capitu desceu na bancada onde estava sentada e foi em direção a porta. Rapidamente voltei para sala e fiquei em silêncio para que elas não me notassem.

"Fala sério, Capitu! Vai ficar chateada comigo por eu ser sincera?"

"A sua falta de sensibilidade é irritante às vezes, sabia? O amor não é uma bobagem! Você tem um belo exemplo bem de baixo do seu nariz. Seus tios!"

"Meus tios são um caso raro de amor que deu certo. Eu só estou tentando ser franca com você, porque sei que ilusões só atrapalham a vida da gente."

"...boa noite, Bel!" Capitu subiu as escadas ainda furiosa.

"Céus, ela ficou irritada mesmo!" Bel falou a si mesma e subiu atrás da amiga.
Olhei da ponta da escada e comecei a rir silenciosamente daquela discussão boba.

 

 

 

 

 

 

Na volta para Chicago, fomos todos juntos no meu carro. Bel dormia tranquilamente, minha mulher ouvia uma música no seu iPhode, Capitu com um livro na mão, lia silenciosa, enquanto eu dirigia.

"Parece bem interessante esse livro que você está lendo. Está tão concentrada!" Disse.

"É um livro de poesias que pedi emprestado da Sra. Wyler."

"Amy adora poesias! Aposto que são uma mais romântica que a outra, acertei?"

"Acertou sim! Quer que eu recite uma pro senhor?"

"Claro! Será um prazer."

Então Capitu voltou algumas páginas do pequeno livro vermelho de poesias e começou a recitar uma das obras escrita. 

"Se duvidas que teu corpo
Possa estremecer comigo
E sentir o mesmo amplexo
carnal, desnuda-o inteiramente,
Deixa-o cair nos
meus braços,
E não me fales,
Não digas seja o
que for, porque o silêncio
das almas
Dá mais liberdade às coisas do amor.

 

Olhando fixamente para os meus olhos através do retrovisor, ela continua a recitar a poesia, como se cada vírgula já estivesse decorada na sua cabeça.
Meu mundo parou durante aquele instante. Eu era incapaz de não olhar para os olhos sedutores dela.

Deixando-me completamente louca,
Abrindo-me para ti a Flor dos meus Desejos...
Sou pura paixão, sou toda sua...
Beijo-te inteiro com sofreguidão,
Enquanto deixas-me totalmente nua.

Se o que vês no meu olhar
Ainda é pouco
Para te dar a certeza
Deste desejo sentido,
Pede-me a vida,
Leva-me tudo que eu tenha
– Se tanto for necessário
Para ser compreendida."

 

"EVAN, CUIDADO!!!" Amy gritou ao meu lado.
Olhei para frente e por um suspiro, quase não batemos bruscamente em um caminhão. Jesus! Aquilo poderia ser fatal! Pisei no freio no impulso da advertência de minha mulher e desviei o carro pro acostamento.
 

"Estão todas bem?" Questionei ainda assustado.  

"Estamos sim! Ainda bem que eu abri os olhos a tempo. Onde é que você estava com a cabeça, Evan? Podia ter causado um acidente terrível!"

"Sonhando acordado de novo, tio?"

"Me desculpem, por favor! Eu jamais me perdoaria se tivesse machucado vocês."

"Deixa eu assumir o volante, isso deve ser cansaço!" Sugeriu Amy.

Olhei mais uma vez para Capitu através do retrovisor e senti sua serenidade, como se nada tivesse acontecido.

"É, pode ser!" Respondi.
 

Ainda confuso, somente uma pergunta tomava conta da minha mente...
 

Meu Deus do céu, o que foi aquilo?


Notas Finais


Gostaram? Espero muito que sim!!!
Até a próxima e beijos de luz. <3


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