Morinaga estava sentado no balcão do bar como geralmente fazia, mas naquela noite não bebia cerveja ou saquê, seu humor pedia um uísque. Não que fosse incomum passar o dia inteiro ajudando Souichi com tudo que ele precisasse e ao chegar em casa não ter nem mesmo um beijo em troca, mas a verdade é que a distância causada pelo novo emprego tornava seus encontros esporádicos, Morinaga esperava ao menos que todas as vezes que se encontrassem pudessem ter intimidade, o que já há mais de um ano nem sempre acontecia. .
E lá estava Morinaga sentado mais uma vez no Bar Gay Adamsite, enchendo os ouvidos de Hiroto com suas reclamações que para ele eram quase sem cabimento. Lembrava-se bem que há quatro semanas Morinaga estava ali naquele mesmo lugar constrangendo-o com uma narrativa detalhada da ultima transa. Aquele “anjo” definitivamente precisava controlar melhor o seu humor. Hiroto já não sabia se o amigo era bipolar ou apenas muito emotivo, fato é que não agüentava mais ouvir apenas “Senpai, isso. Senpai, aquilo”
- Você está exagerando Angel-kun, você parece louco falando dessa maneira. – Conseguiu evitar um bocejo de sono. Já passava de uma da manhã e o bar estava praticamente vazio.
- Louco? Eu??? Como você é cruel Hiroto-chan. Estou te contando que o Sanpai acaba de trancar a porta do quarto na minha cara, mais uma vez. E você diz que eu estou exagerando?
- Mas Angel-kun, da ultima vez, quando ele esteve em Hamamatsu, você me contou com detalhes como vocês tinham se entendido e tudo mais... – A animação de Morinaga ao contar sobre experimentar novas posições sexuais com seu Senpai era irritante.
- E justamente por causa disso eu criei muitas expectativas nessa vinda para Nagoya, até agora eu não consegui nem um beijinho... E amanhã eu preciso ir embora.
- Angel-Kun? – Tentou interrompê-lo, mas ele parecia nem ouvir.
- Além disso, a ultima vez foi muito especial e eu esperava que algo tivesse mudado no Senpai, você sabe disso. Agora é tão diferente de como era antes, ele fica tão quieto e muito mais disposto a colaborar... – Corou. – Eu não vejo a hora de ter ele por cima de novo, fazendo do jeito que eu gosto e.... – É, ele tinha começado de novo. “O caso dele é grave” pensava o amigo.
- Angel-kun!
- Souichi Tatsumi é incapaz de qualquer atitude espontânea de afeição ou potencialmente carinhosa. Ele nem mesmo sente ciúmes de mim. Isso só pode significar que ele não me ama! – Já estava alterado mais uma vez. – Quem ama sente ciúmes e consegue ao menos falar isso pra pessoa! Não é?! Não é???
- Morinaga! – Falou alto, finalmente conseguindo a atenção do amigo. – Já chega! Eu não vou mais aturar as suas besteira. Volte pra casa e diga essas coisas para o seu Senpai. – Caminhou um pouco e saiu de detrás do balcão.
- Como eu faria isso? Ele me bateria, sem dúvidas. – Hiroto já o puxava pelo braço para se levantar.
- Angel-kun é melhor você ir pra casa. Já está muito bêbado e o seu Senpai deve estar preocupado. – Colocou nele o casaco e deu um beijinho em seu rosto.
- Como se tivesse alguma chance...
- Tetsuhiro, eu tive uma idéia... - Exibiu um sorriso malicioso, que Morinaga não viu, por estar bêbado. – Vou tentar te ajudar de novo, e quem sabe eu não consigo me ajudar também.
- Hiroto-chan.. do que você está falando? – Falou desconfiado, já do lado de fora do bar.
- Não se preocupe, eu apenas vou te dar uma mãozinha, como eu tentei fazer com aquela garrafa de afrodisíaco há quase dois anos atrás. – Deu uma piscadela para o amigo.
- Meu Deus, Hiroto! Por favor, nunca mais faça algo assim novamente.
- Mas te ajudou não foi? Graças a mim você teve aquela oportunidade e se não fosse por isso você jamais teria coragem de mover um dedo sobre ele. – Deu mais um beijo no rosto de Morinaga. – Então, por favor, para de reclamar, me agradeça e me deixe em paz.
Morinaga voltou para casa preocupado com o que o amigo havia dito, tinha um pouco de medo do que ele poderia fazer, mas tinha que admitir que por mais malucas que fossem suas idéias, haviam dado certo na ultima vez. Chegou ao apartamento e a porta do quarto de Souichi estava fechada como quando ele havia saído, claro que ele não o estaria esperando ou preocupado por ele como Hiroto havia sugerido
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