História Caramelo - Capítulo 12

Thomas P.O.V

Estou ajudando com a mala de um aluno quando começa a chover, as gotas caem sobre meu suéter que as absorvem e está começando a ficar frio, termino com a mala do aluno e entro no ônibus, eu e Denny contamos os alunos e vemos que já estão todos ali, Denny já tem lugar e o aluno sentou ao seu lado, a única poltrona vaga é ao lado de S/n então vou até lá e ela olha para cima:

-"Oi professor." Ela diz tirando os fones.

-"Olá S/n posso me sentar?"

-"Claro."

Me sento e sinto um vento gelado vindo de uma abertura acima de nossas cabeças, peguei um pouco de chuva e meu cabelo e o suéter acabaram molhados, eu trouxe uma mochila mas não há casacos nela e nem nada que possa me esquentar então resolvo falar com S/n.

-"S/n pode desligar o ar por favor, eu estou um pouco molhado."

-"Claro." Ela diz olhando para mim e logo desliga o ar. -"Professor não está com frio?"

-"Estou mas nada que eu não possa suportar."

-"Tem certeza? Eu tenho um moletom aqui na mochila se quiser se cobrir por que sabe não vai servir."

-"Obrigada mas não precisa." Tenta disfarçar o frio mas o ônibus está bem gelado.

-"Está arrepiando de frio professor." Ela diz pegando um moletom amarelo na mochila e jogando em cima de meus braços cruzados.

-"Obrigada S/n, devolvo assim que estiver melhor." Olho para ela sorrindo.

Arrumo moletom por cima dos meus ombros e braços, o perfume de S/n é suave e dá pra sentir no moletom, não sei porque sinto me fuzilarem e olho para o lado, não entendi por que Denny olhava para mim ou talvez estivesse olhando para S/n, assim que eu o olho ele desvia o olhar.

Eu tenho uma boa relação com ele, mas não uma amizade, assim como ele sou bem novo para um professor mas nunca paramos para conversar sobre, eu tenho 24 porém sou alguns meses mais velho que ele, estudei na Inglaterra todo o colégio mas não foi muito pois assim como ele pulei muitas séries, temos quase a mesma formação acadêmica mas eu me especializei em história da arquitetura e também estudei literatura, minha paixão na verdade é a literatura assim como a de Denny é o desenho, sei que ele tem memória fotográfica e isso só nos torna mais parecidos pois eu também tenho, acho que nossa diferença é em como decidimos viver a vida e como fomos criados, eu trouxe muito da Inglaterra comigo, me apaixonei pelo estilo londrino e acabei sem perceber me tornando o que sou hoje.

Olho para o lado e vejo S/n olhando para a janela com os fones no ouvido, imagino o que ela está pensando pois está parecendo perdida, a literatura me deixou ligado a emoções e assim as vezes quando me concentro em alguém consigo adivinhar o que a pessoa está sentindo, resolvo não perguntar para não invadir o espaço dela.

O casaco me esquentou, olhando a chuva e sentido o cheiro e o calor do casaco vai me dando sono e nem percebo que cochilo.

S/n P.O.V.

Estou olhando a janela apenas ouvindo música e tentando espantar os pensamentos que trazem denny e aquela cena a minha mente, em um instante sinto algo em meu ombro, Thomas acabou tombando a cabeça, eu olho para ele e seus cabelos estão secando ficando mais claros, vejo uma mecha rebelde e penso se devo tentar colocá-la no lugar, tenho medo de o acordar mas mesmo assim tento.

Passo os dedos pela mecha e me vem uma sensação de queima, olho para o lado e denny está me encarando, sinceramente quero saber o que aconteceu pois deve ter uma explicação para aquilo, mas agora prefiro absorver tudo e quando eu me sentir melhor falo com ele.

Volto minha atenção para Thomas, um sono tão tranquilo que chega a dar inveja, seus cabelos caramelados e o maxilar perfeitamente desenhado, parece que tudo nesse homem orna e está em perfeita harmonia, por um momento penso "e se" mas rapidamente espanto o pensamento, não me permitirei sentir atração por ninguém até falar com Denny.

O caminho segue e mais ou menos com 1 hora de viagem olho o Thomas ainda em meu ombro, outra mecha rebelde e eu não consigo me conter para arrumar, assim que coloco a mão no cabelo ele acorda e segura minha mão:

-"O que foi?"

-"Nada só assustei por sentir algo."

Ele diz e solta minha mão, mas eu realmente não consigo ficar parada quando aquela mecha parece estar debochando da minha cara, acabo arrumando o cabelo dele, ele já está acordado e fica confuso:

-"Ué S/n, o que foi?"

-"Uma mecha de cabelo me provocando."

-"Rsrsrs entendi, pode deixar."

-"Ok."

-"Obrigada pelo "cobertor", mas a quanto tempo estamos andando?"

-"Deu uma hora agorinha."

-"Então ainda resta umas 2 horas."

-"Nossa tudo isso, acho que não tenho música para esse tempo e nem bateria."

-"Podemos conversar se quiser."

-"Sobre?"

-"Devemos ter algo em comum."

-"Sim, deve ter mas o que?"

-"Gosta de ler?"

-"Amo, mas ultimamente não leio tanto quanto eu queria."

-"Fiz literatura sabia."

-"Que legal eu pensei em cursar literatura mas sabe arquitetura me conquistou."

-"Entendo, para mim foi a literatura que me conquistou."

-"Eu não conseguiria eu acho, desistiria muito fácil."

-"Eu quase desisti mas não tive forças para largar."

-"Porque?"

-"Coisas da vida."

-"Entendo."

O fluxo da conversa se manteve pelo resto do caminho e foi tão fácil que parecia que já nos conhecíamos, se Denny não estivesse me fuzilando sem motivo, eu com certeza teria prestado mais atenção em Thomas.

••2hrs depois••

Chegando em um chalé enorme eu já sabia que Thomas tinha a mesma idade de Denny e para o meu espanto também tinha a memória fotográfica, mas para Thomas era diferente ele tinha o que chamava de palácio mental, ele me explicou que é uma técnica de organizar memórias, cada quarto é uma linha da memória e assim ele não fica bombardeado de coisas assim que resolve buscar algo.

Descemos do ônibus e eu já senti um ar frio, Thomas ainda ao meu lado percebeu e jogou o moletom por cima de meus ombros, e logo após foi ajudar os alunos junto à Denny.

Pegamos nossas malas e fomos para os quartos que para minha surpresa tinham muitos, e os alunos conseguiram se dividir em duplas, mas eu só conhecia Dongwoo e ele já tinha alguém, acabou sobrando um quarto somente para mim, por um lado achei bom pois gosto de privacidade.

Subi para o meu que ficava no segundo andar, chegando no quarto percebi que tinha uma cama grande, não parecia ser de solteiro estava mais para de viúvo, fiquei feliz ao ver que também tinha TV no quarto, observei o quarto e coloquei minha mala em um canto, olhei para um espelho que havia em outro canto então resolvi trocar de roupa, vesti uma calça jeans não muito rasgada e uma blusa de manga longa, achei que seria o suficiente então desci pois haviam falado que faríamos fogueira lá fora e logo depois o jantar.

Saindo do chalé já senti o vento gelado e também o peso do erro de não ter colocado moletom, mas a preguiça de subir escadas me venceu então resolvi ir assim mesmo, chegando na fogueira me sentei entre Dongwoo e Thomas, aprendi algumas músicas coreanas de fogueira e fizemos algumas brincadeiras, o frio realmente estava me incomodando e Thomas ao meu lado viu,  sem eu perceber ele tirou a jaqueta e apenas jogou por cima de meu ombros, dali ele contínuou como se nada tivesse acontecido mas uma pessoa percebeu, Denny ao lado de Thomas olhou para mim e me chamou apontando para o chalé, logo após ele disse a Thomas que iria buscar algo que esqueceu no quarto, e eu disse que iria ao banheiro logo em seguida.

Andando em direção ao chalé sentia uma aflição como se algo fosse explodir em cima de mim, entrando pela porta logo vi Denny em um canto próximo a escada, me aproximei e perguntei:

-"O que quer?"

-"Porque está tão próxima do Thomas?"

-"Porque estava tão próximo daquela garota?"

-"Ela era só uma amiga antiga."

-"Bom saber que você trata os amigos daquela maneira."

-"Não S/n, você entendeu errado e nem esperou eu me explicar pra já sair se jogando em cima de outro, mas tinha que ser o Thomas?"

-"Não há nada entre mim e Thomas só pra você saber, mas eu sei o que vi e ela com certeza não era só amiga."

-"Eu fiquei com ela no passado, mas o que você viu não foi culpa minha eu não queria, já você e Thomas parecem estar bem próximos."

-"Deixa o Thomas fora disso, foi eu que vi você aos beijos com outra e eu acredito que você não quis mas jogar uma culpa em mim de algo que nem está acontecendo eu não entendo."

-"Está acontecendo sim, eu estou vendo S/n ele veio dormindo no teu ombro e você não podia se controlar para acariciar ele."

-"Olha eu não vou ficar ouvindo isso, não há nada entre mim e Thomas, mas eu vou pensar se haverá algo entre você e eu."

-"Ok mas pense antes de se jogar outro."

Eu apenas viro as costas e saio, a irritação se acumula dentro de mim e eu só quero ficar sozinha, saio do chalé e olho para os lados, vejo uma trilha e nem penso duas vezes e já me enfio nela, vou andando e xingando Denny em minha cabeça.

Thomas P.O.V

Estou na roda conversando com os alunos e guiando as conversas quando Denny volta, olho para o outro lado e percebo que S/n ainda não estava ali, resolvo perguntar a Denny:

-"S/n está demorando não?"

No momento que pergunto ele olha para o meu lado.

-"Achei que ela tinha voltado pra cá, vi ela saindo."

-"Mas ela não está aqui."

Denny P.O.V

Assim que vejo que S/n não voltou bate o desespero, apenas penso que ela resolveu fazer algo idiota, culpa minha é claro me deixei levar pelo ciúme, e ele ainda está aqui pois percebo a preocupação de Thomas.

Thomas P.O.V

Uma das alunas sumiu e é claro que tinha que ser S/n, não que tenha algo em S/n, pelo menos lutarei para não ter, mas no momento preciso acha-lá, me lembro que ela está com minha jaqueta e meu celular está lá, falo com denny:

-"Empresta seu telefone?"

-"Vai ligar para ela?" Não sei porque mas senti um tom diferente em sua voz.

-"Não, vou ligar para mim."

Ele entrega o telefone, eu disco mas como já esperado está dando fora de área, sinto gotas caindo sobre minha cabeça, resolvo olhar em volta e vejo uma pequena abertura entre as árvores, sem dizer nada só vou em direção e vejo uma trilha, sigo ela durante alguns minutos e a chuva fica cada vez mais forte, a preocupação inesperada com S/n me surpreende, nem sei por que estou assim, estou andando durante algum tempo e vejo ao pé de uma árvore S/n:

-"S/n?"

-"Thomas?"

-"Garota o que tinha na cabeça?" Percebo que falei de maneira muito informal e me assusto.

-"Eu só queria ficar sozinha e acabei torcendo o pé e caindo, não conseguia andar direito e começou a chover, desculpa."

-"Calma, ta tudo bem, sabia que tem gente que se preocupa com você, só não faz esse tipo de coisa novamente por favor." Mesmo no escuro da pra ver seu rosto corando.

-"Prometo nunca mais fazer."

-"Ok mas deixa eu ver seu tornozelo."

-"NÃO." Ela diz assustada 

-"Calma, só vou ver como está." Levanto a barra de seu calça e o vejo que esta um pouco inchado, resolvo levar ela no colo.

-"Olha vou te levar ok." Digo a pegando e ela joga a jaqueta por cima da minha cabeça como se eu já não estivesse molhado.

Sigo a trilha e consigo voltar, assim que entro no chalé ela diz:

-"Por favor só me leva pro meu quarto, não quero ter que explicar."

-"Ok."

Subo as escadas com ela e a levo para o quarto, no caminho lembro do rosto de Denny assim que entrei pela porta, algo está acontecendo e eu estou realmente curioso:

-"Sabe eu meio que te salvei hoje, então a senhorita me deve."

-"Sim professor, o que quer?"

-"O motivo do Denny me fuzilar toda vez que estou ao seu lado?"

-"Ah" ela cora -"é complicado."

-"Andar por uma trilha a noite na chuva atrás de você não foi nada fácil. "

Chegamos no quarto, entro e a coloco na cama.

-"Eu meio que me envolvi com ele."

Assim que ouço isso olho para ela.