História Caro outro eu -Jikook - Refúgio

 LEIAM AS NOTAS DO LEITOR GALERA, É IMPORTANTE

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— TOUCH MY BODY

— Mas que porra o Hoseok ‘tá fazendo?

— Sei lá se vira ai cara, é o seu namorado você que tem saber lidar.

 Estou seriamente começando a ponderar a idéia de internar esses dois. Nós estávamos no mercado, comprando toddynho, biscoitos e outras coisas que provavelmente nos farão morrer com a veia entupida de gordura mais tarde, Até que alguns capetas decidiram colocar músicas de girl groups pra tocar e parece que isso de alguma forma despertou o fogo do Hoseok, e por isso ele ‘tá rebolando a raba pelo mercado.

 Até pensei em fazê-lo parar antes que alguém viesse reclamar, mas deu preguiça então deixei esse trabalho para o Tae.

  Já faziam alguns dias depois do incidente no intervalo. Mais tarde descobri que a garota se chamava Jung Lee, e era a presidente do clube de teatro. Não que eu tenha me interessado ou algo do tipo, — até porque jogo no mesmo time que ela — mas é que a desgraçada derrubou meu suco de morango, então achei melhor gravar o nome dela, caso quisesse cobrar depois. E depois ela ainda me disse que era a tal prima do Seokjin, então eu fiquei com vontade de encher minha própria cara de tapas.

 Na moral, vamos ser tapado assim lá na puta que pariu.

 Fui retirado de meus devaneios, por conta de uma lata de leite condensado que rolou pelo chão até bater em meu pé. Olhei para o lado procurando de onde ela tinha vindo e vi um indivíduo caído no chão, rodeado por latas de leite condensado.

PUTA

QUE

PARIU

HOSEOK!

                                    (...)

— Ai meu corpo inteiro dói, e nem é do jeito que eu queria — Dramatizou Tae jogando-se em minha cama.

 Depois que o bendito derrubou a pilha de latas de leite condensado, o gerente do mercado ficou tão puto, mas tão puto que nos fez arrumar todo o estrago que o abençoado tinha feito. Maldito, um dia vou ficar rico e famoso e fecho aquela merda.

— Querido, quando for fazer uma cagada, trate de limpar a merda sozinho, obrigado — esbravejei à Hoseok, que revirou os olhos e retrucou

— ‘tá falando em merda, como está a sua vida amorosa Jungkook?

— Por que a gente não fala da minha saúde, já que é única coisa que ‘‘tá pelo menos decente.

— Ele ‘tá gostando do Jimin

Declarou Tae, esboçando mais um de seus sorrisos retangulares

— Oi? ‘tá dóido é? não gosto do Jimin não, jumento

— Uhum, e minha mãe é virgem

— É sério caralho, dá onde tu tirou isso?

— Kook, pra ser mais óbvio que você está sendo, é só ficar logo de quatro pra ele

— E quem disse que eu vou ser o passivo da relação?

— Ah, então você admite que quer ter uma relação com ele?

 E foi aí que o assunto sobre minha vida amorosa encerrou comigo corando feito uma menininha.

Talvez eu seja mesmo o passivo.

— Sabe, eu nos inscrevi no clube de teatro. — Comentou Hoseok, enchendo a boca de biscoitos, como quem não quer nada.

— VOCÊ O QUE?

Gritei cuspindo todo o refrigerante que estava bebendo e de canto, pude ver Taehyung fazendo uma careta de nojo.

— ‘Tá surdo viado? Eu disse que inscrevi você , eu e o Tae no clube de teatro — Respondeu o moreno, dando de ombros e pegando outro punhado de biscoitos de dentro do pacote. — E experimenta gritar de novo pra você ver a minha mão decolando na tua cara.

— Como que você faz isso sem a minha permissão?

— Como se a sua opinião importasse, e outra já falei com a sua mãe e ela disse que é uma ótima ideia, pra ver se tira esse espírito de bicho do mato que baixou em você e não saiu mais.

— Sem chance, não vou

Foi a vez de Taehyung intervir

— Ah e qual é o problema afinal?quem sabe isso não te encoraja a ir falar com o teu crush.

— Que se foda o crush, aquele cuzão

— Para de ser assim cara — me repreendeu cruzando os braços e balançado a cabeça em sinal de negação — Ok Jungkook, vamos fazer assim, você só precisa ir na primeira aula, se não gostar pode sair.

— E se eu não quiser?

— Daí a gente te pega no pau, pra vê se tira um pouco desse cu doce.

 Na verdade admito que aulas de teatro não eram ao todo uma má ideia  , talvez elas pudessem me dar mais confiança, e eu não travasse toda vez que alguém viesse falar comigo.

 Talvez fosse a oportunidade perfeita pra perder a merda da timidez

Olhei novamente para meus amigos que me encaravam atentamente, à espera de uma resposta da minha parte.

 Fechei meus olhos, suspirando derrotado enquanto concordava com a cabeça.

                                  (...)

 Maldito seja o dia em que concordei com essa palhaçada de aulas de teatro.

 Sério, até á alguns segundos atrás eu ‘tava até animado pra começar, mas foi só entrar no auditório que a minha animação saiu correndo.

 Todos os alunos estavam sentados em círculo no palco, fazendo o que parecia ser uma espécie de apresentação e adivinha quem estava ali presente participando da rodinha?

 Isso mesmo, o inexpressivo, o diferentão e tals

 Ao ver Park Jimin ali em carne, osso e beleza, confesso que me deu vontade de sair correndo igual a minha animação.

 Mas eu me segurei afinal, sou um homem ou uma paçoca?

 Pois é, a resposta dessa pergunta veio no instante em que Jimin pôs seus olhos em mim pela primeira vez desde que eu entrará ali.

  Jeon Jungkook é oficialmente uma paçoca, senhoras e senhores.

 Como não queria chamar mais atenção, fui me deslocando em passos silenciosos em direção a rodinha.

 Porra me senti o James Bond

Contudo a minha vida de espião durou pouco, já que Tae ao me ver, berrou meu nome e saiu em disparada na minha direção. Nisso todas as almas vivas naquele lugar, desviaram sua atenção para mim e o pior foi que ninguém falou nada, então ficou aquele puta eco no ar.

— Kookie! Você veio — Exclamou Taehyung, me recebendo com aqueles típicos abraços de urso que espreme todos os órgãos do corpo.

Sinto que essa recepção calorosa é puramente teatro.

Nossa Tae, mal entrou pro teatro e já tá de parabéns como ator viu.

Falsiane.

                                    (...)

  Atores são estranhos.

Não digo isso por pura implicância, mas é que só fazia cinco minutos que eu estava participando e já não sabia dizer se estava numa aula de teatro ou num centro de macumba. O motivo de estar dizendo isso é por que a queridíssima Jung Lee, resolveu começar com uma atividade, que de acordo com ela, serviria pra “perder a vergonha inicial”, em outras palavras soltar a franga.

O resultado foi algo que gosto de chamar de ritual para a consagração do lorde das trevas.

 Em seguida, fizemos um exercício de mímica, que consistia em jogar vôlei só que sem a bola.

Pois é, não vou nem comentar.

E a última atividade da aula era encenar uma cena da peça que apresentaríamos no final do ano. Conforme o planejado, todos os alunos foram apresentando suas cenas, até que meu nome foi chamado para a apresentação.

 E ai minha bunda começou a suar

Fui subindo as escadas que ficavam na lateral do palco, e quando vi já estava no centro do palco. Meio relutante comecei a ditar minhas falas. Eu mantinha minha cabeça abaixada, encarando meus pés. Minha postura estava tão tensa que entregava minha timidez logo de cara, sem falar que já tinha perdido a conta de quantas vezes gaguejei.

Já no final da cena, minha voz era acompanhada de risadas baixas. Cerrei os punhos, engolindo em seco.

Ridículo

Patético

Estranho

A apresentação que eu esperava ser preenchida por aplausos, foi preenchida por risadas debochadas.

Eu estava sendo motivo de piada.

Desci as escadas, soltando uma risada forçada.

Mas na verdade eu queria chorar.

                                      (...)

(N/A: Coloque Stigma do v pra tocar enquanto lê essa parte)

A aula havia encerrado e todos os alunos já haviam se retirado do auditório, exceto eu.

Eu prometi à mim mesmo que não choraria por aquilo, mas estava sendo difícil de cumprir.Agarrei meus cabelos como se fosse arrancá-los da minha cabeça.

Mordi meus lábios com tanta força que eles sangraram, mas eu não me importava. A minha mente fazia questão de me atazanar

Ah, qual é Jungkook, eles riram como você esperava não é? Você já sabia que seria ridicularizado dessa forma não é?

Então porque você está triste?

Por que está com vontade de morrer?

 — Você está bem?

Levantei a cabeça e quase sofri um infarto quando vi quem estava me perguntando aquilo.

 Park Jimin me olhava atentamente com uma de suas sobrancelhas arqueada. Seus traços do rosto eram perfeitamente desenhados, e quando ele inclinou sua cabeça em minha direção, sua franja caiu sob seus olhos, destacando-os.

 Eu nunca havia visto alguém tão bonito daquele jeito.

 E nem me refiro tanto ao seu físico, mas sua áurea confiante, o calor que ele me transmitia apenas com sua presença, a tranqüilidade presente no olhar dele.

 Aquilo era lindo

 Jimin era alguém digno para rotular de “esculpido pelos anjos”, apesar de que ele não precisasse de rótulos, ou algo do tipo.

— A-ah sim, eu tô ótimo — Respondi ao ruivo, desviando o olhar para meus sapatos. Jimin apoiou o próprio queixo nas mãos.

— Hum, eu vejo.

— Mas o que você faz aqui? — Questionei soltando uma risada nervosa, enquanto bagunçava meus próprios cabelos de forma distraída.

A irritação na minha garganta era sinal de que o choro já estava por vir. Meus olhos lacrimejavam, porém minha cabeça abaixada impedia que ele visse.

Droga Jimin, só vá embora logo não quero chorar na sua frente.

— Eu só vim buscar o meu casaco — Respondeu me mostrando o casaco azul escuro que ele levava em uma das mãos. — Então eu já vou pra casa, até amanhã.

— Uhum, até.

 Acenei enquanto assistia o ruivo ir embora de costas. O som das porta se fechando, me fez suspirar profundamente em alívio e limpar os resquícios das lágrimas que se formavam em meus olhos. Enquanto meu corpo se afundava em uma das poltronas do auditório, minha mente mergulhava na minha própria insegurança.

 Eu nunca seria alguém tão confiante quanto Jimin.

— Tem certeza que você ‘tá realmente bem? — De súbito Jimin abriu novamente a porta do auditório, me perguntando num tom ofegante como se tivesse corrido de volta até ali.

 Nesse momento eu já não pensava em mais nada, me sentia no limite.

Levantei rapidamente do assento olhando para o garoto, enquanto cerrava meus próprios punhos com força. Meus olhos encheram-se d’água, e a expressão de Jimin preencheu-se de espanto.

E aí eu chorei

Chorei mesmo, feito um bebê, gritei nem ligando o que ele iria pensar. Aquilo era tão angustiante, tão sufocante.

Jimin, por sua vez, não disse nada, não me olhou com dó e nem me perguntou o motivo de estar chorando, apenas me encarou determinado e puxou-me pelo pulso e quando me dei conta estava abraçado ao seu corpo. A princípio fiquei estático com sua aproximação repentina, ele era a última pessoa que eu esperava fazer isso, porém depois retribuí o aperto, apoiando minha cabeça em seu ombro e molhando sua camiseta com minhas lágrimas.

 O silêncio do auditório foi preenchido pelo barulho alto dos meus soluços e também das batidinhas leves que Jimin dava em minhas costas. Seu abraço era tão aconchegante que era justamente o que eu precisava pra me acalmar.

O aperto do abraço dele tornou-se o meu refúgio, e perfume dele meu remédio

 O único lugar onde me senti seguro desde então foi ali, no quentinho do abraço dele, enquanto eu afundava meu nariz, pra sentir melhor o cheiro do ruivo.