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História Carry You - Sterek - Como se você não lembrasse


Escrita por: Undlessly

Notas do Autor


Oieee
Alguém ainda lê fanfics Sterek esses dias?
Espero que sim.
Estou muito ansiosa pra compartilhar essa fic.
Deveria ser apenas uma one shot, mas como estava saindo mais longa do que eu esperava e ainda não cheguei nem na metade, achei melhor dividir por capítulos.
Assim sendo, não será uma história longa, no máximo cinco capítulos que serão postados à medida que for escrevendo.
Essa é minha primeira fanfic, então espero que gostem.
Podem comentar à vontade, dizer o que estão achando, dar sugestões, ou críticas para que eu possa melhorá-la e escrever de uma forma que seja agradável de ler.
Cada capítulo terá como título um trecho de uma música.
Bjos e até o próximo.

Capítulo 1 - Como se você não lembrasse


Como se pudesse esquecer
Foi apenas um momento
Foi apenas uma vida
Mas esta noite você é um estranho
Apenas uma silhueta

(Silhouette – Aquilo)

 

-Qual é, cara. Não acredito nisso. – Scott resmunga enquanto observa os raios cortando o céu, iluminando as nuvens escuras e carregadas acima deles, levantando os braços indignado por estar de moto enquanto está prestes a cair uma tempestade.

-Sinto muito, mas não quero tomar banho. Pelo menos não enquanto estiver nessa moto, muito menos a 65 km/h. vou congelar na certa. Derek me dá carona? – Isaac pede, já se aproximando do camaro preto e brilhante. - Aproveita que vai dar carona para o Stiles e leva a gente em casa. 

Por incrível que pareça, Stiles permanece calado, alheio à discussão travada entre seus amigos. Sua mente está distante demais para concentrar em qualquer coisa nesse momento, por isso apenas ri enquanto eles continuam falando como se não estivesse ali. Tudo o que ele poderia querer no momento era chegar em casa, tomar um bom banho quente, e dormir até a próxima década.

-Mas e minha moto? Vocês vão me abandonar sozinho no meio de uma tempestade? Se eu sofrer um acidente e morrer porque não tinha ninguém para me socorrer? Belos amigos vocês são. – Scott faz drama, esquecendo momentaneamente de sua natureza lupina e que por isso se recuperaria quase imediatamente de praticamente qualquer acidente que sofresse.

-Deixa de besteira. Você é um lobisomem, esqueceu? De qualquer forma, sua moto pode ficar aqui e você vai com a gente. Você pode voltar amanhã para pegar ela. - Derek decide interferir pela primeira vez antes que eles voltassem a discutir, evitando a atenção das pessoas que os observam enquanto saem apressadas tentando chegar em suas casas antes que o temporal desabe. 

Parecendo levemente sem graça, Scott concorda entrando no banco de trás junto com Isaac, deixando como única alternativa o banco da frente junto a Derek, onde Stiles se instala parecendo que sentou sobre pregos de tão desconfortável. Por mais que a relação entre eles tenha melhorado há algum tempo atrás, parece que qualquer progresso foi esquecido no curto período de seis meses em que Stiles precisou voltar para Nova York. Na verdade, estava pior que antes, já que eles mal conseguiam olhar um para o outro. Stiles podia perceber que estava sendo observado, mas sempre que levantava o olhar para retribuir, seu observador desviava, disfarçando e evitando qualquer tentativa de aproximação. 

Os jovens no banco de trás começam a falar de seus planos para a noite de jogos com uma familiaridade da qual Stiles sente que não faz mais parte. Não como antes. Parece que muita coisa mudou.

-Stiles, tem certeza que não quer dormir na minha casa também? Isaac e eu podemos te ensinar um jogo novo que descobrimos esses dias e você pode contar melhor para gente como está sendo trabalhar no FBI. – Scott pergunta, se enfiando entre os bancos para olhar para o amigo diretamente, tentando ver em seu rosto o que tem o deixado calado.

-Ainda é estágio, Scott. Eu adoraria passar mais tempo com vocês, mas estou cansado e preciso ver meu pai. Ele deve estar me achando o pior filho do mundo por chegar e sair direto com vocês. – Fala, tentando aparentar bom humor, mas na verdade a última coisa quer é falar sobre o trabalho ou qualquer outra coisa que exija algum controle emocional, já que isso é algo que ele pode dizer que nunca teve. 

Scott e Isaac continuam conversando ininterruptamente durante todo o curto trajeto entre o boliche onde eles decidiram se encontrar e a casa do alfa. Descem do carro se despedindo rapidamente e entram em casa, deixando para trás um Stiles ainda mais envergonhado com um Derek silencioso, embora menos carrancudo do que ele lembrava.

-E então lobo mau... quer dizer que você não é tão malvado assim, hein? –  quando Derek volta a dirigir na direção da sua casa, Stiles tenta iniciar uma conversa na esperança de que esse clima estranho desapareça, ou pelo menos diminua. O mais velho revira os olhos, mas olha na sua direção com uma sobrancelha arqueada em dúvida. – O Isaac falou que voltou a morar com você no loft.

-Ah... Ele precisava de uma casa. E o apartamento estava praticamente vazio, já que estou morando sozinho. Não me custava nada.

Sem saber como continuar, Stiles fica quieto por mais um tempo, observando as pequenas gotas que molham o vidro da janela, onde ele apoia a cabeça enquanto tenta enxergar um pouco mais do que acontece lá fora. 

Como sempre, ele rapidamente fica impaciente com o silêncio, ainda mais sem saber o que poderia estar se passando pela cabeça do outro por ter sido obrigado a ir buscá-lo e agora deixá-lo em casa.

-E o Peter, onde se meteu? Ou a Cora? Se bem que do Peter ninguém vai sentir falta, não é? -  Quando Derek o olha, sua expressão está mais séria do que antes, fazendo-o perceber o erro. Com os olhos arregalados e assustados ele se adianta para corrigir-se. -Quer dizer, eu sei que ele é seu tio e tudo mais, mas ele já tentou nos matar várias vezes e…

Derek interrompe

- Sinceramente... eu não sei.  Cora me liga as vezes, mas ela nunca fica no mesmo lugar. Entrou em um pack do México, eles vivem viajando. O Peter... bem, a última vez que o vi foi quando fomos expulsos da cidade. Dar notícias não faz parte das prioridades dele. E não posso dizer que me importo muito, então... 

-Humm. Imagino que não.

E então tudo volta a ficar quieto. Ele não faz nenhum esforço para continuar a conversa, deixando que o barulho da chuva, que agora começou a cair com mais força, preencha o silêncio que os rodeia. Só voltam a falar quando uma repentina escuridão assustadora toma conta da rua. Todas as luzes se apagaram sincronizadamente, provavelmente foi um apagão por causa de algum raio.

O frio que parecia mais brando dentro do carro começa a se intensificar, fica cada vez mais sombrio agora que a única fonte de iluminação é a dos faróis do carro de Derek, mas até este começa a ficar estranho. Começa a ouvir um barulho estranho vindo da frente enquanto o automóvel perde a velocidade lentamente até parar completamente. Que clichê. Esse tipo de coisa só poderia acontecer com ele. Carros com problema em uma noite chuvosa e sombria. A única coisa que faltava era aparecer um assassino em série ou alguma espécie de monstro medonho que, venhamos e convenhamos, não seria tão impossível. Não em Beacon Hills.

-Droga! – Derek resmunga, saindo de dentro do carro e correndo em direção à noite chuvosa. Levanta o capô, analisando por um tempo o que pode ter acontecido ali. Não demora muito até que ele volte completamente molhado, com a roupa grudando no corpo e os cabelos caídos em sua testa. Pequenas gotas geladas caem em Stiles quando o lobo se inclina para pegar seu telefone, provavelmente ligando para o guincho. Ele sai do carro novamente, se dirigindo para a parte da frente enquanto gesticula com ferocidade. Por mais que Derek não seja um exemplo de simpatia, sempre foi um exemplo de controle; poucas vezes o garoto o viu tão impaciente. Ele volta para o carro, joga o celular em qualquer lugar e finalmente se dirige a Stiles.

-Caiu uma árvore em algum lugar. A estrada está interditada, ninguém consegue passar. Talvez o guincho só consiga chegar amanhã.

-Tudo bem. – Fala com o máximo de calma que consegue. - Não estamos longe de minha casa. Posso ir caminhando. 

Já abrindo a porta do carro, o jovem vira para falar com Derek novamente, ao mesmo tempo que o mais velho se inclina tentando segurá-lo pelo braço. Ambos falando ao mesmo tempo.

-Não pode ir sozinho. – Derek se adianta.

-Eu não pretendia. Não com você molhado desse jeito. Não pode fazer bem. Você vem pra casa comigo. Assim consigo algumas roupas para você.

Para sua surpresa, Derek concorda sem reclamar. Sem se encarar, começam a andar rapidamente pela rua. Está mais frio do que Stiles imaginava e seu casaco de pouco serve, agora que está completamente encharcado. Vez ou outra, olha para a figura ao seu lado, mantendo a atenção em seus cabelos molhados grudados em sua testa, a linha do maxilar travada, olhos apertados, fazendo uma ruga aparecer entre suas sobrancelhas. Sua expressão indecifrável não o intimida como antes, mas ainda assim, é de colocar medo em qualquer um que não saiba o quando ele pode ser doce quando quer.

Não é uma caminhada muito longa, graças aos céus! 

Quando chegaram, talvez 10 minutos depois, Stiles viu que a viatura não estava. Seu pai provavelmente ficou preso no trabalho.

-Bom... estou indo para casa. Até mais, Stiles. – Derek continua a caminhar, tentando evitar qualquer contato prolongado.

-Ei, nem pensar nisso. Volte aqui. Sua roupa está encharcada e sua casa fica longe daqui.

-Sou um lobo. Não fico doente, Stiles – Ele fala impaciente.

-Eu sei, mas meu pai não está. Você não pode me deixar aqui sozinho. Não sabendo o quanto detesto tempestades.

Derek o examina por um momento, talvez decidindo se deveria ou não fazer o que estava pedindo. Derek sabia há algum tempo que ele detesta ficar sozinho durante tempestades desde a morte de sua mãe, e mesmo que não tenha o mesmo pavor de antes, noites chuvosas ainda lhe trazem memórias desagradáveis o suficiente para causar pesadelos. Só quem já viu Stiles em meio a um desses pode dizer o quanto é angustiante e perturbador. 

Derek quase consegue negar, mas os olhos do mais novo rapidamente fazem com que mude de ideia. Não conseguiria deixá-lo sozinho. Já era um caso perdido.

-Não é uma boa ideia. – Fala, mas já se rendendo e voltando na direção da porta da casa do xerife.

-Eu sei - Stiles sussurrou apenas para si mesmo, mas sabe que o lobo conseguiu ouvir pela expressão que vê no rosto do maior quando abre a porta para que ele possa entrar.

                

A primeira coisa que Stiles faz é usar a lanterna de seu celular para conseguir chegar até o quarto. Tendo o lobo em seu encalço, ele luta para respirar calmamente quando começa a revirar as próprias coisas em busca de algo que possa servir no homem musculoso que Derek se tornou. Quando encontra, vira-se rapidamente e o entrega as roupas sem olhá-lo nos olhos.

-Isso deve servir em você. Se não, você pode procurar alguma coisa em meu armário. Pode usar meu banheiro para tomar banho se quiser. Vou usar o banheiro do meu pai, então fique a vontade. Você vai dormir aqui, né? Espero que saiba disso. Não vou deixar você sair nessa chuva. Mesmo que eu saiba que você não fica doente. – Ele completa quando vê a expressão emburrada de Derek. - Nós precisamos conversar.

Stiles sai praticamente correndo. Ele estava congelando e não estava afim de pegar uma gripe, então toma um banho relaxante, apesar de gelado por causa da falta de energia, e se embrulha completamente. 

Porque esse tipo de coisa só acontecia com ele? Era incrível como mudava tão rapidamente de comportamento quando estava ao lado do Hale.

                       …

Derek já está completamente vestido e sentado na cama de Stiles. As mãos inquietas enquanto espera que o garoto termine seu próprio banho. Ele se sente completamente envergonhado no momento. O cheiro de Stiles está em todo lugar, como se ele nunca tivesse passado qualquer período de tempo afastado dali. Era desorientador. Não queria estar ali. Não devia estar ali. Mas ainda assim não conseguia fazer nenhum movimento para se afastar um centímetro que fosse de onde estava.

Ele consegue ouvir quando uma porta é aberta lentamente, como se para que não fizesse barulho, seguido de passos igualmente hesitantes pelo corredor. O coração disparado de Stiles sinaliza o nervosismo que sente, mesmo quando tenta disfarçar. O que - mesmo que não queira admitir - o faz rir sempre.

Derek aguarda enquanto o jovem coloca apenas a cabeça pela fresta da porta, como se estivesse receoso.

-Hey... então... é... Derek... você precisa de alguma coisa? Acho que ainda tem…

-Você disse que queria conversar. Aconteceu alguma coisa que queira me falar? - Derek interrompe o garoto, sabendo que se lhe der corda provavelmente vai enrolar a noite toda, mas ao mesmo tempo em que quer acabar logo com isso, está com medo do que pode surgir nessa conversa.

-Ah! Não é nada demais. –Stiles respondeu um pouco confuso - Na verdade eu só... não sei. Queria saber... um pouco... o que houve enquanto... enquanto estive fora. É isso. Eu…

Ele continua parado na porta. Até que Derek faz um sinal sugerindo que se aproxime. Stiles entrou fechando a porta atrás de si, mas ainda mantendo certa distância.

- Bom. Tudo bem. Mas acho que talvez a gente possa fazer isso amanhã. Está tarde, você deve estar cansado, acabou de chegar de Nova York e nem teve tempo de descansar... - Derek fala, já ficando de pé e caminhando em direção à porta.

-Espera aí. O que está fazendo?

-Eu? Indo para sala. Dormir. No sofá. – Embora seu corpo esteja inclinado em direção à saída, ele para, tentando entender o que, na sua fala, causou a indignação de Stiles.

-Não seja ridículo, Derek. Está cama cabe nós dois tranquilamente. Não existe necessidade de você ficar todo desconfortável lá embaixo sendo que há espaço mais que o suficiente. Aqui – A imagem de um Stiles com a mão na cintura enquanto gesticula, criando formas no ar com a outra é um pouco hilária, mas nada nesse momento o faria rir. Não com o nervosismo que se instalou considerando a possibilidade de dividir uma cama com Stiles. Outra vez.

-Eu não acho que seja uma boa ideia. – Ele fala, mesmo sabendo que seu corpo já se rendeu.

-Relaxe, sourwolf. Não vou invadir seu espaço. Eu poderia ir para o quarto do meu pai, mas não quero deixar ele no sofá caso consiga chegar em casa ainda esta noite.

Sem falar mais nada, Derek caminha lentamente em direção à cama, se sentindo profundamente envergonhado ao sentar na beirada na cama de Stiles enquanto espera que ele se acomode do outro lado.

Stiles deita de lado, observando-o atentamente com seus olhos enormes. Percebendo seu desconforto ele decide interferir.

-Vamos lá, Derek. Pode ficar à vontade. Já dividi essa cama com Scott mais vezes do que consigo me lembrar. Não é nada demais. Anda logo. – Apesar do tom casual, Derek percebe que mesmo parecendo falar para ele, Stiles tenta convencer a si mesmo que dividir a cama com Derek não significaria nada. 

Então o mais velho finalmente deita, afastado ao máximo do adolescente. Cada um em uma extremidade, esforçando-se para não se deixarem levar pelo calor, pelo cheiro, pela proximidade. Pela saudade.

-Então...- Derek é o primeiro a começar – O que fez você voltar? Da última vez que nos falamos você estava tão feliz, construindo sua carreira…

-É. Eu estava sentindo falta daqui. Do meu pai, dos meus amigos... mesmo que não seja mais a mesma coisa, ainda é bom estar perto das pessoas que eu amo. – Apesar de estar sendo sincero, e Derek sabe que está, ele não está falando toda a verdade. 

-Mas quanto tempo pretende ficar? Não foi uma mudança permanente, já que eu sei que jamais abandonaria seu jipe em outra cidade, ainda mais sem ninguém para cuidar dele. 

-Eu nunca deixaria meu bebê abandonado! – Derek dá um sorriso de lado, satisfeito por ver que o mais jovem rapidamente se solta, se apoiando no colchão com o cotovelo enquanto faz uma expressão indignada. - A Malia está cuidando muito bem dele, obrigado.

Derek sente seu sorriso desaparecendo imediatamente.

- Então vocês voltaram? – O lobo tenta controlar o tom irritado, se esforçando para soar indiferente, e falha miseravelmente.

- O que?! Não! Não. Não voltamos não. Na verdade, é que ela estava com Peter e ela decidiu estudar na mesma faculdade que eu, então nos vemos... nos víamos... bastante... e ela se ofereceu quando eu disse que estava voltando pra cá, então... – Seu desconcerto o impede de terminar a frase coerentemente, por isso Derek decide livrá-lo de um constrangimento.

-É. Eu imagino.

Mas depois disso, um silêncio desconfortável se instala novamente. Isso o irrita profundamente. Percebe que Stiles não quer continuar a falar da sua vida depois que voltou da última “visita” a Beacon Hills, e Derek não quer exigir demais dele, com medo do que pode descobrir. Às vezes a ignorância pode ser uma benção. Mas ainda assim não conseguia deixar de remoer a mágoa. Stiles se afastou dele enquanto se encontrava regularmente com Malia. 

Não. Não pode dizer isso. Ele se afastou de Stiles enquanto a garota, mesmo com o fim do relacionamento, continuou sendo sua amiga. Essa conclusão o faz ficar ainda mais retraído em seu lugar, cada vez mais perto da beirada.

Depois de um tempo Stiles percebe que não consegue suportar o silêncio e decide arriscar um pouco. 

-E você? Alguma coisa que ainda não sei? Alguma notícia da Braeden? – Ele pergunta como quem não quer nada, sentindo seu coração acelerar novamente com a expectativa da resposta.

-Não sai de Beacon Hills desde a última vez, mas a Braeden voltou alguns meses atrás. – Ele escuta o coração de Stiles dar um pulo, mas continua tranquilamente, como se não tivesse percebido, para não deixá lo envergonhado. – Ela trouxe notícias. Nada relevante.

Ele ouve o suspiro, que imagina ser de alívio, de Stiles. Apesar de tudo, não quer criar ilusões em sua mente. Não sabendo como pode ser fácil se machucar novamente. 

-Bom. Que bom. É... Eu acho que devíamos dormir. Está tarde. – Stiles tenta se esquivar, quando percebe uma determinação fria nos olhos de Derek, temendo o que isso pode significar. 

-Olha, Stiles. Eu sei que as coisas ficaram um pouco confusas entre nós uma vez. Eu sei que deveria ter feito mais esforço naquele tempo. Não sei o que aconteceu nesses últimos seis meses e nem quero saber, a não ser que queira me contar. Entrar para o FBI era seu sonho e eu não tenho o direito de tentar interferir nisso, mas ainda agora eu continuo com medo de que você volte pra Nova York e a gente perca contato novamente, por mais que não tenha o direito de exigir nada de você. Eu não quero que isso aconteça de novo. Eu posso ser só seu amigo se você quiser. Ou posso nunca mais te procurar se você quiser. O que eu quero dizer é que... eu só quero que saiba que eu senti sua falta. Muito.

Sem saber continuar e tentando controlar a emoção que poucas vezes ele havia deixado escapar, Derek respirou fundo, esperando alguma reação do rapaz à sua frente, mas ele não falava nada. Apenas levanta sua mão e calmamente faz um carinho suave, somente com a ponta dos dedos, acarinhando a mão de Derek como há muito tempo não fazia. 

O silêncio, junto com a sensação de conforto trazida pela mão de Stiles na sua, o faz ficar sonolento.

Com isso ele sabe que está tudo bem. Derek está perdoado. Perdoado por ter se afastado. Por não ter se esforçado nem um pouco para manter o contato quando Stiles decidiu voltar para Nova York para continuar sua formação. 

-Não sei quanto tempo. Não sei quando vou voltar, nem se vou voltar. Eu fui suspenso, sabe. – Stiles sussurrou, deixando Derek confuso. Mas ele continua a falar – Naquele dia, quando eu te encontrei naquele galpão e acabou acontecendo aquilo tudo, a confusão, o tiroteio... enfim. Depois que você conseguiu fugir e eu me recuperei o suficiente para voltar, eu procurei provas de que você era inocente. Eu sabia que você era inocente e tinha que provar isso. Quando consegui o suficiente eu contei para o meu supervisor. Graças a meu ótimo poder de convencimento eu não fui expulso. Ainda. Eles estão avaliando meu caso. Eu seria preso como seu cúmplice por ter te deixado escapar, ou melhor... por ter ido junto com você. Mas eu fui suspenso. Por isso eu voltei pra Beacon Hills. Eu não conseguiria ficar lá sem poder fazer nada. 

Derek sabia que deveria haver algum motivo além da saudade para ter feito Stiles vir de tão longe. Só não imaginava que teria sido tão grave, ou que teria sido sua culpa. O sentimento de culpa tomava conta de seu corpo no momento. Nunca passou pela sua mente que ajudá-lo requereria um preço tão alto de Stiles.

-Eu sinto muito. – É a única coisa que consegue dizer. Um lamento verdadeiro pela tristeza que sente irradiar do garoto nesse momento. Ignorando todos os avisos que emergem da sua própria mente, Derek se aproxima um pouco mais, colocando um dos braços embaixo da cabeça de Stiles, como um travesseiro, enquanto o outro envolve a cintura, repousando a mão nas costas dele, fazendo um carinho leve, e sente o garoto relaxar aos poucos, se aconchegando mais perto do seu corpo.

-Tá tudo bem. De verdade. Eu escolhi fazer isso. – Eles mergulham em um silêncio tomado pelo sono, até Stiles voltar a falar aleatoriamente, em um estado de semiconsciência. – Eu fiquei magoado, sabe. Por você ter sumido. Eu sabia que não era nada demais. Não tínhamos nada, como poderia? Eu tinha acabado de terminar com Malia, você e Braeden...bem. Não sei como vocês estavam, se ainda estavam juntos ou não. Eu só queria ficar com você. Queria muito. Mas talvez você não quisesse nada além de alguns beijos, sei lá. Para satisfazer a curiosidade. 

Seu tom magoado produz em Derek uma vontade urgente de se explicar. Mas ele não sabe o que poderia explicar. Não quando nem mesmo consegue organizar devidamente tudo o que está sentindo no momento com Stiles tão próximo e falando com ele tão abertamente, pelo menos agora que está prestes a dormir, sem o impedimento do desconforto que os rodeia desde cedo. 

-Você nunca foi só um beijo, nem muito menos só curiosidade, Stiles. Eu também gostava de você. Eu gosto de você. Só não estava preparado para um relacionamento à distância. Não sei se estava preparado para qualquer tipo de relacionamento. Deveríamos ter conversado sobre isso. Podemos resolver isso agora. Temos tempo. Eu só... - Estranhando a quietude, Derek olha para baixo, só para constatar que Stiles dormia tranquilamente, a boca levemente aberta a centímetros da pele descoberta de seu pescoço o fazia arrepiar ao sentir a respiração quente do garoto. Era tudo o que ele poderia ter no momento. Então dá um beijo na testa do garoto, enquanto se permite dormir, esperando que no dia seguinte eles possam ter uma chance de conversar; esperando que tenha uma chance para consertar tudo novamente. Dessa vez ele só não está disposto a desistir.

                        …

-Você acha que foi uma boa ideia deixar eles sozinhos? – Pergunta Scott. Desde cedo haviam combinado que tentariam dar algum tempo sozinhos para Stiles e Derek, por isso marcaram uma noite de jogos só dos garotos, e como desculpa de que precisava de carona, Isaac conseguiu arrastar Derek junto. Só que deixando os dois sozinhos na volta, quando decidiu dormir na casa do amigo. 

-Pelo menos durante o boliche eles estavam se dando bem. Relaxa. Eles não vão se matar. – Isaac fala enquanto se joga na cama, exausto. Mas apesar dessa confiança Scott não consegue tirar da cabeça que tinha feito algo de errado. Percebendo essa inquietação, o loiro continua. – Olha, não sabemos o que aconteceu. Pode não ser nada demais. Talvez tenha sido algum desentendimento simples. Derek pode ter falado mal do carro do Stiles, ou mexido na coleção de quadrinho dele, vai saber. Mas eles precisam se resolver. Esse clima estranho já está me incomodando. Todo mundo sabe que tem alguma coisa rolando entre eles já faz tempo. Eles só precisam de um tempo. Vai ficar tudo bem. Agora desligue essa lanterna que eu quero dormir. Péssima hora pra faltar energia. Bem no meio de uma partida no videogame. Tenho certeza que só aconteceu isso porque eu estava ganhando.

Isaac se cobre enquanto o moreno desliga a lanterna, balançando a cabeça em sinal de rendição, e caminha em direção à própria cama. 

-Mas e se só piorar? – Scott não consegue se livrar daquela sensação ruim do fundo da mente. 

Isaac solta um suspiro exasperado enquanto se apoia no cotovelo para olhar diretamente para o alfa enquanto fala com ele. 

- Scott... vai dormir. 

                        …

Já está quase amanhecendo, mas só há pouco parou de chover, facilitando seu trabalho. Seus olhos vigiam atentamente, varrendo toda a extensão do quarto do garoto de olhos dourados, mas o que surpreende na verdade é a sua companhia. Tem que se manter a uma distância em que não possa ser percebida ao mesmo tempo em que consiga ver e ouvir, já que o lobisomem continuou no quarto a noite inteira, dormindo tranquilamente. Tudo que precisa saber agora é que tipo de relação eles mantêm, embora lhe pareça óbvio pelo abraço em que continuaram mesmo depois de tanto tempo. 

Ouve um carro se aproximando e se esconde ainda mais nas sombras, tendo tudo o que precisa por enquanto. A chuva ajudaria a lavar seu cheiro. Agora só precisa descobrir a rotina deles. Guardar todos os seus passos e esperar para que possa agir na hora certa.

 


Notas Finais


Insta: undlessly


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