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História Cartas Para Dois - VIII - O cerco está se fechando.


Escrita por: EliTassi

Notas do Autor


Eu já falei qe td dia tem cap?
Pq td dia tem cap 💙
No máximo umas 19h eu posto.
Ah n ser qe o cap fique grande, mas aí eu pergunto pra vcs antes se preferem um dia sem ou em duas partes.

Capítulo 8 - VIII - O cerco está se fechando.


 

“Diego,
Para ser honesta, me incomoda quando você lê as cartas em voz alta, como se fossem apenas uma diversão para todos rirem. Eu fui sincera e você expôs para todos como se fosse apenas uma fã que não te conhece, como todas as outras. Eu não quis ser apenas mais uma diversão na sua lista, sendo assim, decidi ser mais prudente acabar com isso logo.”

 

“Baby, eu sinto muito mesmo. Quando li eu ainda não tinha ideia de que a carta vinha de dentro. Ou quando Allison tirou da minha mão. Você não é apenas mais uma fã. Eu nem ao menos considero você uma fã porque eu conheço você e você me conhece. Talvez também não sejamos amigos ainda, para ser bem sincero, mas acho que podemos mudar isso logo.
 O que você acha de nos afastarmos no sábado, no horário de jogos e brincadeiras, para que eu possa pedir desculpas pessoalmente? Então você vai ver que estou sendo sincero.
 Com carinho,
D.”

 

“Diego,
 Eu não creio que seja um bom momento para nos encontrarmos, ainda mais com nossos irmãos sabendo sobre as cartas.
 Eu já desculpei você. Sei que é sincero. Faz parte do seu bom coração que me conquistou antes que eu pudesse me dar conta de que a catástrofe estava vindo. Honestamente, eu me sinto estranha em escrever sobre como me sinto agora que você sabe quem eu sou. Creio que foi parte do motivo por eu ter decidido não responder antes. Não sei como Klaus faz parecer tão natural falar qualquer coisa que se passe pela cabeça dele e não se contorcer ao ouvir. Eu quis fugir toda vez que ouvia você lendo minhas próprias palavras e eu quero agora, enquanto escrevo isso e penso em você lendo.
 Fora isso, eu não sei o que lhe dizer. Acredito que minhas cartas vão ficar sem graça.
 Atenciosamente,”

 

“Hahahahahahaha
 Baby, quem diria que você tem senso de humor! ;)
 Aposto que se você pedir, Klaus lhe daria aulas sobre como ser estranho e sem vergonha. A gente pode até descobrir que, esse tempo todo, ele esteve rumorizado! Aposto que Allison também ajudaria você.
 Você não precisa falar, ou melhor, escrever enquanto se sente desconfortável com isso. Eu não me sinto menos entusiasmado quando vejo a carta, ou que você é uma boba por suas palavras. Acho muito bonita a forma como você soube se expressar e viu sutilezas que ninguém jamais tinha visto. É outro talento seu que eu não conhecia.
 Preciso dizer que amo quando você sorri. É como se meu dia tivesse se iluminado. Você não tem ideia do quão linda é.
 Vou pensar em você essa noite. Espero que também pense em mim.
 Com carinho,
 D.”

 

 Jesus, Diego conseguia ser mais clichê do que os seus elogios clichês. Pensava conforme lia a carta pela quarta vez, deitado na cama sorrindo como um idiota para um mísero pedaço de papel que tinha passado pelas mãos dele, sido gentilmente escrito pelos dedos mornos que lhe inquietavam só de imaginar.

 E era fácil ignorar o fato de que ele estava escrevendo para Vanya. Até mesmo os pronomes femininos que Cinco próprio usava já lhe escapavam, sendo empregados no automático. Quando revisava, depois de escrever, para ter certeza de que nada lhe fugira, mas eles já estavam lá.

 Por mais divertido que uma conversa descontraída pudesse ser, sentia a insegurança palpitar cada vez que buscava pela carta por quaisquer palavras que demonstrassem se ele poderia corresponder seus sentimentos ou estava lhe usando.

 

“Diego,
Sim, eu tenho algumas habilidades que você desconhece. Creio que senso de humor não é uma delas, no entanto.
 Lembra quando o Klaus e a Allison fizeram uma aposta, ele perdeu e ela o rumorizou para só falar verdades e sinceridades pela semana toda? As vezes eu olho para ele, lembro disso e tenho vontade de morrer de tanta vergonha, mesmo assim, se comentasse aposto que Klaus riria de mim. De qualquer forma, eu dispenso ser rumorizada pela Allison.
 Eu realmente gostei de ouvir suas palavras, fez eu me sentir mais confortável, mas preciso saber se você sente algo por mim ou está só me mandando cartas porque está entediado e não tem uma de suas fãs por aqui.
 Por favor, seja sincero.
 Atenciosamente,”

 

“Baby! Como pode dizer que não tem senso de humor?! Eu estou tendo que morder meus dedos para não rir e acordar nossos irmãos com a imagem de você sendo rumorizada pela Allison para agir como o Klaus. Igualzinho ao Klaus.
 Eu não posso te dizer, ainda, que sinto exatamente do mesmo jeito que você se sente com relação a mim. Ainda me é novidade tudo isso, mas com certeza eu sinto que temos uma ligação especial e, para ser sincero, por mais que você me ache um idiota, eu sinto que temos isso há algum tempo. Você já sentiu isso também? Por favor, me diga que não é coisa da minha cabeça.
 De todos os nossos irmãos, você sempre me despertou maior interesse. Além do mais, você é incrível do seu próprio jeito, tão independente, além de inteligente, e eu sou acho que tenho sorte de seu coração ter me escolhido.
 Você acha que agora estaria mais disposta a nos ver?
 Pensei que poderíamos testar a química do nosso beijo...
 Me avise se eu estiver indo longe demais.
 Com carinho,
D.”

 

 Algumas das cartas lhe deixavam menos entusiasmado do que outras. Aquela, por exemplo, era uma delas. Começara a leitura sorrindo e terminara com a sensação familiar de um pranto baixinho preso em seu peito. Como se faltasse algo e o espaço vazio doesse.

 Ele sentia que tinha uma conexão com Vanya.

 E ela nem ao menos estava ciente daquilo. Não olhava suas cartas. Cinco ia ao quarto dela as pegar, intocáveis no mesmo local do chão. Ela o autorizara a entrar lá mesmo quando já estivesse adormecida. E Cinco entregava as de Diego, passando por baixo da porta, sempre com a desculpa pronta na ponta da língua de que estaria ajudando a irmã, caso alguém lhe pegasse no flagra.

 Depois daquela, no entanto, permanecera silencioso pelo resto da noite, com planos de usar a desculpa de que tinha caído no sono.

 

“Diego,
 É muito cedo para isso. Seria uma mentira se dissesse que já não sonhei acordada com esse momento, mas estamos cercados. Além do mais, eu prefiro esperar que você esteja um pouco mais certo de seu interesse. Como eu disse, não vou ser outra da sua lista.
 Aliás, eu não entendo o porquê de você criar uma ao invés de ter uma namorada escondida há algum tempo. Eu sei que é difícil para todos nós, especialmente para mim, mas com seus encontros e correspondência, poderia ter encontrado uma garota legal.
 Elas sabem que você é bonito e eu também. Seu sorriso me segue quando fecho os olhos. Seu olhar demonstra um carinho não só comigo, mas com todos nossos irmãos que sempre me deixou pensando como ele jamais poderia ser disfarçado, mesmo com as brigas e palavras afiadas. Duvido que engane qualquer um de nós.
 Mas o seu jeito de ser sempre tão gentil com crianças e velhos nas missões ainda é o que mais faz meu coração disparar. Quando trata uma vida animal tão importante quanto uma humana, ou quando se machuca e finge não doer porque pôs-se na linha de frente, mesmo não havendo a necessidade.
 Sua expressão de sério e badboy para as câmeras também mexe comigo. Tenho vontade de beijá-lo até que desmanche a pose de durão. Você não é durão, é um açúcar.
 Atenciosamente,”

 

 O açúcar do meu café, completara mentalmente com um sorriso apaixonado.

 Com o passar dos dias, as cartas foram tornando-se cada vez mais frequentes e com horários menos específicos. Tornara-se parte da sua rotina se teletransportar para o quarto de Vanya cada momento possível, fosse nos pequenos intervalos ou no meio da madrugada, ávido por encontrar uma carta, mesmo que em muitas vezes se decepcionasse.

 Também aprendera a reconhecer os sinais de que Diego estava indo passar o papel pela porta, sempre cuidadoso para que nenhum irmão visse. Outra coisa que aprendera a observar – e amar – era a expressão compenetrada seguida de sorrisos radiantes quando encontrava Diego na biblioteca, lendo ou escrevendo alguma corta enquanto fingia estudar. Cinco gostava do lugar atrás da prateleira próxima da mesa, por onde podia assisti-lo na brecha entre livros, sem ser pego observando.

 Era fácil acreditar que as suas palavras faziam diferença. Ele amava elas, não a imagem de Vanya. Isto, no entanto, não o eximia da culpa frequente que emergia de tempos em tempos e lhe causava um mal estar tal qual o nervosismo.

 Estava enganando ele. Dizia admirar a bondade, mas estava se aproveitando da inocência e ignorância de Diego.

 Isso fazia de si uma pessoa ruim...?

 Bom, Cinco se considerava uma pessoa meio ruim (todo mundo era meio ruim, mas a sua balança pesava mais para o lado negativo): não queria ser herói, detestava as missões, não queria salvar vidas, mas, sim, cuidar da sua própria vida. Era egoísta, grosseiro e narcisista até um certo ponto. Acreditava mesmo que era melhor do que todos seus irmãos, ao menos em nível intelectual. Não tinha como ser mais forte do que Luther, por exemplo, ou mais influente do que Allison.

 Tal linha de raciocínio lhe trouxera uma lembrança agridoce: Reginald tinha lhe dito, na frente de todos, que era o mais inteligente e esperto. Luther o mais forte e melhor líder, por saber seguir a lei. Allison a mais influente e popular. Klaus o com maior potencial em seus poderes. Ben o mais temível e melhor em controlar seus poderes.

 E todos sabiam que Vanya era melhor com o Violino ou outros instrumentos musicais, mesmo ele não tendo dito.

 Reginald também não trouxera elogios para Diego. Era uma forma de diminuí-lo após ter se saído muito mal em uma prova de química, ao que lembrava, quando “até Klaus conseguiu passar” – embora todos soubessem que ele recebera cola de seus amigos fantasmas. Ao que tudo indicava, o próprio Paracelso poderia ter soprado as respostas.

 Aquela lembrança sempre lhe machucava. Fazia anos já. Eles tinham o quê? Quinze? Talvez, mas todos sabiam que o velho não tinha mudado de ideia. Ele nunca mudava.

 Afugentara tal lembrança e voltara a reler a última carta de Diego. Estava agradecido, elogiava sua inteligência mais uma vez e lhe convidava mais uma vez para que se vissem. Porque ele queria sentir algo mais próximo, poder vê-la e sentir sua pele, mesmo se fosse apenas um abraço.

 Mordera o lábio, pensativo. Os pedidos dele por uma oportunidade para estarem mais próximos eram cada vez mais frequentes. Estava ficando sem desculpas quando se notava, mesmo Diego, o quanto a relação avançava por intermédio das cartas.

 Erguera o olhar para o irmão por detrás da prateleira mais uma vez, no intuito de conferir se ele estava prestes a terminar a carta (estava na vez dele), no entanto, encontrara apenas um lugar vazio na mesa.

 - Cinco!

 Levara um susto tão grande que acabara pulando no espaço sem querer, indo parar no seu quarto. Quando se dera conta do ocorrido, pulara de volta para seu lugar atrás da prateleira.

 - Desculpe – Vanya pedira com os grandes olhos inocentes. Em mãos, ela tinha um papel dobrado. – Achei que não pudesse ir buscar, então eu trouxe.

 - Obrigado.

 Vanya sentara-se ao seu lado.

 Cinco mal abrira a carta e, ao passar os olhos pelo final, encontrara o que supusera estar ali:

 

“E se fugirmos à meia-noite? Isso não soa legal? O pai nunca confere o sótão. Depois que Pogo fizer a ronda da madrugada teremos algumas horas disponíveis. Os outros estarão dormindo e, mesmo se acordarem, não vão até lá. Caso o improvável aconteça, sempre podemos levar um livro junto e usar a desculpa que você ficou com pena das minhas notas terríveis.
 Será que assim você ficaria mais confortável?
 Por favor, me deixe ver você de verdade. Não precisa ter receio. Meu coração também vai estar agitado. Eu jamais vou fazer algo que você não queira.
 Com carinho,
D.”

 

 Deixara um suspiro exausto lhe escapar. Diego se dera ao trabalho de elaborar um plano. Seu cansaço, no entanto, dera espaço a um sorriso ao pensar que, enquanto observava aquelas expressões compenetradas e sorrisos leves, Diego estivera pensando em como seria um encontro. Mesmo ciente de que era uma fantasia, gostava de pensar que ele lhe imaginava lá.

 - O que foi? – Vanya quisera saber.

 - Ele não para de insistir em nos encontrarmos – desabafara, embora a irmã já tivesse o escutado tratar do mesmo assunto.

 - Bom... Eu acho que deveriam.

 - Como, Vanya? – retrucara, exasperado, controlando-se para não erguer a voz de um sussurro desapercebido – Mandar você no meu lugar por cinco minutos e depois se separam?

 - Não...

 - E se ele tentar beijar você? – continuara sua linha de raciocínio, sendo prontamente interrompido pela garota:

 - Não! Eu digo para você ir.

 Aquela ideia lhe trouxera um arrepio frio cujo qual nenhum inimigo da Umbrella era capaz de lhe causar. Sua vontade de não ir em missão era baseada em seu desejo por acabar com aquele heroísmo forçado, não por algum receio instintivo. O receio (que poderia ser chamado de outra forma, mas Cinco não usaria a tal palavra) vinha quando imaginava caminhar em um cômodo vazio da mansão, parar na frente de Diego, ver a confusão nos olhos dele e a decepção, a rejeição...

 - Não sou eu quem ele quer ver – respondera em amargura.

 - Assim ele descobriria e você teria uma chance de explicar o mal-entendido em privado. Eu sei que o Diego jamais contaria para os outros.

 - O que não impediria ele de me desprezar e me humilhar. Ele quer uma garota, Vanya. Eu não posso dar isso para ele.

 - Ele quer as suas palavras! – ela insistira, quase exasperada. – Seus sentimentos e o seu coração. Ele disse que nunca pensou em mim dessa forma antes. É quem você é que está fazendo ele pensar de outro jeito.

 Mordera a parte interna de suas bochechas para não retrucar com um “ele sempre achou que vocês tinham uma conexão especial”. Sua língua era rápida em disparar réplicas, mesmo que as ouvir pudesse lhe custar caro.

 - Eu preciso de mais tempo – proferira, por fim, deixando seu caderno de lado para passar a mão pelo próprio cabelo. – Até que ele esteja tão imerso que não possa recuar.

 - E se ir longe demais acabar magoando ele? – a sugestão dela lhe trouxera um novo frio na barriga com aquela mesma imagem de decepção nos olhos castanhos que tanto amava. – Ele também pode achar que você não quer se aproximar e acabar desanimando. Você precisa ver ele, Cinco...! Você quer.

 Mal tivera tempo de abrir a boca e argumentar que, embora quisesse, aquilo estava fora de questão, quando fora interrompido por um susto ainda maior do que o de Vanya:

 - Eu tenho um plano.

 O medo lhe levara para dentro do próprio quarto. Praguejara consigo mesmo, tanto pelo susto quanto pela situação, então escondera sua carta embaixo das cobertas e pulara de volta para a biblioteca.

 Onde Klaus lhe encarava com um sorriso maníaco de orelha a orelha.

 

 


Notas Finais


Quem gostou dessa aparição surpresa no final vai deixar um comentário!

Sabem quando a gente faz "booo!" e parece qe a alma deixa o corpo da pessoa por um momento? Então, nessa linha de raciocínio, eu sempre qis fazer é o Cinco levando uns sustos e pulando no espaço sem qerer kkkkkk


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