1. Spirit Fanfics >
  2. Cartas para um criminoso - Itasaku >
  3. O que eu sinto

História Cartas para um criminoso - Itasaku - O que eu sinto


Escrita por: bakagura e mitsusara

Notas do Autor


Olá, bem-vindo a todos. Essa fanfic é uma parceria de duas pessoas que amam com todo coração Itasaku, @mitsusara e @bakagura. Esperamos que vocês possam apreciar toda a história. 💕

Vai ser uma jornada bem curta, com 14 capítulos, sendo o último um epílogo. Esperamos que fiquem com nós duas até lá. 🥰💗

Boa leitura.

Capítulo 1 - O que eu sinto


Fanfic / Fanfiction Cartas para um criminoso - Itasaku - O que eu sinto

CAPÍTULO UM 

O QUE EU SINTO 

Era primavera, uma das melhores épocas do ano para os civis da Vila Oculta da Folha.  

 Hanami, o festival em celebração ao desabrochar das flores de cerejeira estava se aproximando, e com ele veio a dúvida dos civis - o que vestir? quem vai ser o meu acompanhante? 

Sakura se lembrava das vezes em que esteve no hospital e conseguiu ver as pétalas deslizando pela janela, mas principalmente, ela se lembrava da vontade de estar junto a eles.

Mas ela nunca conseguiu. 

E ela sabia que nunca chegaria a conseguir.

Para alguns, a flor de cerejeira representava o amor. Para outros, ela simbolizava a efemeridade da vida, marcando a curta existência dos humana.

Por causa da sua condição, Sakura acostumou-se a escutar a lição que a vida é curta, e por isso ela deve aproveitar cada momento, cada segundo. Pois assim como a flor de cerejeira, todos estão destinados a florescer e eventualmente, cair

No momento em que nasceu, seus pais receberam uma trágica notícia. A sua tão esperada filha nasceu com a doença de Sakura, uma enfermidade degenerativa que ocorre com as pessoas que nascem com os cabelos rosas.

A doença gratidavemente começa a matar todas as células e compromete a capacidade do corpo de formar coágulos sanguíneos, fazendo os enfermos sangrarem facilmente. Os cabelos se tornavam lentamente brancos, e quando o último fio for descolorido, é o momento inevitável da sua morte. 

Os portadores da doença não viviam muito. Ela foi uma estranha exceção a regra, conseguindo chegar até os 17 anos.

 Dezessete anos cercada de hospitais e internações constantes, prolongando as dores de estar em um corpo fadado a cair. 

Sakura passou a escova entre os seus cabelos, observando fixamente a sua imagem no espelho. Alguma coisa havia mudado todos esses anos?

Ela estava sempre em uma cadeira de rodas para não ter o risco de se machucar. Seus quimonos eram sempre vermelho, o rosa se tornou um lembrete constante da sua própria enfermidade.

– Foi apenas você que mudou. – ela tocou os fios brancos entre os dedos. – Está quase cobrindo tudo...

Além da janela, duas crianças andavam pela rua movimenta, cada uma com uma flor de cerejeira de plástico. Não muito longe, havia um homem segurando margaridas, cheirando-as.

Sakura não lembrava exatamente quando aconteceu, mas começou a criar uma certa aversão ao festival. Do que valia observar aquelas flores? O que as faziam tão especiais? 

Sakura. Como o seu nome, como o nome da sua doença, como a cor do seu cabelo. Por mais que tentasse, não conseguiu ver a grandeza no evento.

Os seus sonhos foram arrancados dela desde o momento em que nasceu. E mesmo dezessete anos depois, levando uma vida cheia de monotonia e dores, ela não conseguiu deixar de ter um certo ressentimento por isso.

De repente, Sakura ouviu o som de algo batendo contra a sua janela. Ela virou a cabeça para cima, vendo um grande corvo pousando na escrivaninha. 

O sangue da pata pingou pela madeira, manchando os papéis solitários. O animal guinchou, mexendo as asas desconfortavelmente.

– Olá, amiguinho. – ela acariciou a cabeça dele, tentando acalmá-lo. – Eu vou tentar te ajudar, tudo bem? Infelizmente, não posso te levar a um veterinário, mas vou dar o meu melhor.

Ele bicou a sua mão suavemente, como se estivesse entendendo-a. Sakura abriu uma gaveta, pegou o gaze, o curativo e o algodão. 

Ela limpou o sangue e passou a substância no animal, o corvo deu alguns passos para trás - relaxando enquanto a Haruno limpavo-o. Sakura enrolou um curativo na pata. Ele balançou as asas para cima e para baixo, guinchando.

– Vou levar isso como um agradecimento.

O animal passou a cabeça contra a sua mão, como se estivesse concordando.

Sakura pensou que o corvo iria embora. No entanto, ele continuou na sua escrivaninha mesmo após a noite chegar, lhe observando com os seus pequenos olhos pretos. 

Hora ou outra, ele lhe bicava ou segui-a quando a Haruno iria pra outro cômodo. Mesmo quando a garota deixou a janela mais aberta, o animal não foi embora.

Talvez... Ele quisesse ficar com ela? 

Sakura sempre quis um animal de estimação. Mebuki nunca deixaria-a.

Da última vez que chegou perto de um animal, o gato lhe arranhou e ela acabou parando no hospital por hemorragia. Desde então, ela nunca mais pôde se aproximar de nenhum.

Até então.

– Vou considerar você como meu primeiro animal de estimação. Como eu deveria chamá-lo? – Sakura olhou fixamente para ele por vários segundos, pensando em um nome. – Já sei! Eu vou te chamar de Fushō. Fushō-chan

O corvo bateu as asas.

– Você gostou, Fushō-chan?

Ele guinchou.

Sakura sorriu, olhando o relógio. Os ponteiros marcavam 19:30. Faltavam poucos minutos para a sua mãe chegar da floricultura.

Ela sabia que não havia como o corvo permanecer na sua casa. Foi quase impossível sair da vista da sua mãe por algumas horas, Mebuki passaria horas reclamando se encontrasse o animal.

– Eu tenho uma notícia ruim para dar.

Sakura passou a mão pelas asas da ave, fazendo um caminho vagoroso para a pata não machucada.

 – Fushō-chan, você não pode ficar na minha casa.

Ele começou a bater as asas em chateação. Seu guincho parecia assustador e ele lhe bicou com um pouco de força.

Sakura estava começando a pensar que ele lhe entendia.

– Calma, calma. Você pode vir amanhã, tudo bem? Você é sempre bem-vindo aqui.

Fushō voou, pousando suavemente na sua cabeça, como se fosse contrariando as suas palavras. Sakura suspirou - até uma ideia pairar sobre a sua cabeça.

Ela pegou a ave na mão e colocou-a no seu colo. – Que tal assim? Todos os dias que você vir aqui, eu vou escrever uma carta e colocar no seu pé. Você terá que se livrar dela antes de vir novamente! 

Ele bateu as asas, saiu do seu colo e pousou na escrivaninha, onde bicou o lápis várias vezes. Sakura sorriu. – Que bom que chegamos em um consenso.

Sob os olhos atentos do corvo, a Haruno pegou um papel e um lápis. Sendo acostumada a escrever poesias desde que era uma criança, não havia nada de trabalhoso em escrever uma carta para colocar nos pés de um animal.

Mas ela queria que fosse especial.

Hoje é um dia especial. Eu consegui o meu primeiro animal de estimação, e mesmo que não seja o mais convencional e ele tenha que ir embora daqui a alguns minutos, estou realmente feliz em tê-lo. 
O nome dele é Fushō-chan. Ele deve ser o maior corvo que eu já conheci! Quiçá, tem o tamanho do meu braço! 
Ele é muito bonito e as suas penas são macias. Fushō-chan também é uma ave muito inteligente, qualquer um seria muito sortudo em tê-lo.
Ele está machucado, então se alguém encontrar essa carta, espero que tenha cuidado ao tocar em sua perna esquerda.
Eu espero que ele volte para minha casa amanhã, porquê é muito solitário ficar no quarto o dia todo. Eu não tenho nenhum amigo, então tê-lo do meu lado já é o bastante para fazer do meu dia melhor.
Fushō-chan ainda não sabe, mas eu tenho uma doença degenerativa que me fará morrer em breve, então não tenho muito tempo com ele. Mas espero que os nossos momentos juntos sejam felizes.
Ps: estou realmente muito animada por tê-lo! Espero que ele realmente venha amanhã também.
Com amor, Sakura

Sakura dobrou a carta cuidadosamente, amarrando o papel no pé direito da ave com uma xuxinha.

– Essa é a nossa despedida, Fushō-chan. Eu espero que você possa encontrar o caminho até minha casa amanhã. 

O animal passou alguns segundos lhe encarando - até que ele bicou a sua mão e começou a voar para longe, deixando uma pena negra para trás. 

Quase no mesmo segundo, Sakura ouviu o barulho da porta se abrindo e os passos apressados pela escada. Não demorou muito para.a sua porta ser aberta.

– Sakura, você está bem? Como está se sentindo? – os olhos de Mebuki transbordavam de preocupação. – Não está mais com dor de cabeça, está? 

A garota sorriu. – Estou ótima, mãe. 

Uma mentira. O seu corpo continuava no perpétuo estado fraco, os seus fios de cabelo caiam com o menor movimento.

Ela não queria arrancar todas as esperanças da sua mãe de que ela conseguiria sobreviver. Mesmo que no fundo, os três soubessem da realidade, seus pais preferiam ignorar.

– Você parece muito pálida, você conseguiu comer? Tomou todos os remédios na hora certa? Tem certeza que está se sentindo bem?

– Eu estou bem mãe, realmente. Também tomei os remédios na hora certa. Eu nunca mais vomitei, lembra? – ela sorriu. – Não se preocupe comigo. A floricultura é logo abaixo da nossa casa, se acontecesse alguma coisa, eu gritaria.

– Mesmo assim, não posso deixar de me preocupar. Eu estou indo fazer a comida para o seu pai, está bem? Não se esqueça de tomar o seu remédio.

Sakura acenou com a cabeça. Ela observou Mebuki sair do quarto. Cada parte do corpo da mulher gritava cansaço.

A Haruno se sentiu como um peso.

 Mais principalmente, Sakura se sentiu culpada. Culpada por fazer seus pais passarem por isso. Culpada por fazê-los trabalhar incansavelmente para ela sobreviver.

Quando o ponteiro bateu oito horas, a Haruno tomou o seu remédio e deslizou para a cama. Seu corpo, extremamente cansado, logo se entregou ao sono. 


Sakura sentiu algo pontudo cutucando a sua bochecha. Na névoa do sono, ela passou a mão pela sua pele, até sentir sentir penas lhe cutucando. A garota abriu os olhos.

Sakura foi recebida por duas pequenas esferas escuras.

– Fushō-chan! – a garota o abraçou, beijando a cabeça do animal várias vezes. Ele guinchou, emitindo uma mistura de descontentemento e animação. – Hm... Mas o que você está fazendo aqui? Já é outro dia?

A ave se afastou dos seus braços e pousou no seu colo, onde mostrou a sua pata direita. Um pequeno bilhete estava amarrado nele com a sua xuxinha! 

Sakura arregalou os olhos. De todas as coisas que ela esperava se o animal conseguisse voltar, ter alguém respondendo a sua carta era a última delas. Parecia tão surreal que ela pensou em se beliscar para ver se estava sonhando.

 Ansiosa, Sakura retirou cuidadosamente o papel da perna do Fushō.

Ainda que o corvo pertença a mim, eu acredito que não há problemas em você tê-lo como animal de estimação. 
Todos nós enfrentamos problemas. Alguns maiores do que os outros. Seja forte. Espero que você possa aproveitar os seus últimos momentos com o "Fushō-chan".
Cuide bem dele.

Notas Finais


Muito obrigada por lerem, e até o próximo capítulo. 🥰💕


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...