1. Spirit Fanfics >
  2. Cartas para um criminoso - Itasaku >
  3. Por você

História Cartas para um criminoso - Itasaku - Por você


Escrita por: bakagura e mitsusara

Notas do Autor


Olá novamente, pessoal. E bem-vindo a todos! Nós duas, @bakagura e @mitsusara agradecemos muito pelos comentários e apoio na história. Ficamos muito felizes ao ver a opinião dos leitores e principalmente, pelo apoio. É realmente muito gratificante.

Boa leitura e esperamos que possam apreciar o capítulo! ❤️

Capítulo 2 - Por você


Fanfic / Fanfiction Cartas para um criminoso - Itasaku - Por você

CAPÍTULO DOIS

POR VOCÊ

Sakura Haruno nunca teve alguém para trocar cartas. 

Na verdade, em toda a sua vida, ela sequer teve algum amigo para ouví-la. Os seus pais não tinham tempo para isso - ela também não costumava sair muito de casa.

Então, a Haruno teve que se contentar com folhas. O papel foi único que entendia como o seu corpo se sentia, o único que compreendia a infelicidade em sua mente - em sua alma.

As frases gradativamente se transformaram em poemas, os poemas em textos e ela se viu criando cartas todos os dias. Toda a sua escrivaninha estava repleta de papéis, que contava como ela se sentiu todos esses anos. 

A Haruno olhou para o pequeno bilhete novamente - ela não conseguiu parar de olhá-lo desde que chegou. A caligrafia era tão bonita que duvidava que fosse um homem que havia escrito. A letra do seu pai era quase ilegível, enquanto a maioria das letras das mulheres que ela já viu eram tão bonitas.

Então, Fushō tinha uma outra dona. Talvez, ela pudesse se tornar a sua amiga? Afinal, ambas compartilhavam do mesmo animal de estimação!

Sakura ficou encantada pela sua gentileza. As pessoas não costumavam compartilhar animais, então quem quer que seja esse alguém, deve possuir um coração amável. A Haruno queria saber mais sobre ela.

– Fushō-chan, o que eu deveria fazer? Essa pessoa parece ser tão... Gentil. – Sakura olhou para o papel em sua frente, traçando a folha. – Eu gostaria de conversar mais com ela. Ela também trocou o seu curativo, não foi?

A ave bateu as asas, guinchando enquanto bicava a sua perna perfeitamente enfaixada. 

– Ela deve realmente gostar de você. – Sakura cruzou as mãos, se decidindo. – Então eu terei que agradecê-la da melhor maneira possível! 

A garota alcançou o lápis e se concentrou na folha, sequer percebendo o corvo voando e pousando sobre uma gaveta aberta, onde havia uma quantidade expressiva de papéis.

Obrigada por me motivar, você é realmente uma pessoa amável. Deve ser uma ótima tutora para o Fushō-chan! Eu vou dar o meu melhor para cuidar dele, assim como você faz.
Como nós duas vamos compartilhar o Fushō, acho que seria apropriado se eu me apresentasse. 
O meu nome é Sakura Haruno, eu tenho 17 anos e gosto muito de escrever! Minha cor favorita é vermelho e meu sonho é ser uma ninja.
Eu aprecio muito a sua gentileza e gostaria de novamente, agradecê-la. E também, é um prazer conhecê-la!
Seria legal se pudéssemos continuar conversando... Isto é, se você quiser.  
Ps: Por favor, me diga tipos de comidas para eu alimentá-lo. Ele não come ratos, sim? 
Com amor, Sakura

A Haruno releu a carta uma vez e outra, se concentrando em encontrar algum erro. 

Ela não queria que essa pessoa pensasse que ela não tem capacidade de cuidar bem do animal. Afinal, Sakura estava disposta até em tocar nas agulhas, que eram proibidas pra ela, afim de fazer algumas roupinhas para vestí-lo.

A Haruno guardou o papel cuidadosamente em um envolope e pegou a sua xuxinha. No entanto, quando estava prestes a entregar a carta ao corvo, percebeu que o animal não estava mais em cima da sua escrivaninha.

 Ela franziu a testa, procurando-o.Sakura abaixou a cabeça, vendo a ave bicando os papéis da segunda gaveta da sua escrivaninha. 

Seu coração errou uma batida. Ela sentiu um nó em sua garganta. As cartas daquela parte, aquelas que ela havia escrito para os seus pais estavam quase que completamente destruídas.

– Fushō-chan! Por favor, pare. – ela implorou, sinalizando para o animal sair da gaveta. – Essas cartas são muito importantes pra mim! Não coma! 

Sakura não poderia se curvar. Mesmo que ela pudesse andar ou até mesmo se mover fora da cadeira de rodas, seu corpo doía tanto que era como se houvesse algo lhe esmagando.

Tão ruim quanto ver as cartas sendo rasgadas, era ter que passar pela tortura de se mover minimamente fora da cadeira de rodas. 

– Fusho-chan! Não está me ouvindo? 

Por causa do tom da voz da garota, o animal parou. Seus pequenos olhos pretos lhe observaram por alguns segundos, ônix contra verde. 

Parecendo culpado, ele voou, pegando a carta com o pé e deslizando janela a fora, quase batendo em um homem enquanto voava pelas ruas movimentadas de Konoha. 

Sakura queria gritar para ele voltar, mas só pôde observá-lo voar para longe. Seu coração caiu, a ansiedade envolvendo-a ao pensar que poderia ter magoado o animal.

Todos esses anos, a Haruno cultivou cartas para seus pais lerem após a sua morte. 

Elas foram divididas em três partes, a primeira gaveta, aquelas que foram feitas especificamente sobre os seus sentimentos, a segunda que era sobre a sua relação com seus os pais, e a última, sobre as boas lembranças.

A primeira gaveta estava cheia de papéis, e se não fosse tão grande e bem arrumada, Sakura duvidava que pudesse caber tantas cartas. A segunda não tinha uma quantidade tão expressiva quanto a primeira, mas era de longe a mais importante. 

A terceira não tinha mais do que dez papéis, mas ela estava sempre relendo-as pra relembrar os seus poucos momentos de felicidade.

Ela suspirou, olhando para a janela, esperando ansiosamente o momento em que o animal pudesse voltar. Ela odiaria perder a sua única fonte de felicidade dos últimos dias.

Quiçá, nos últimos anos.

Sakura desviou o olhar para a gaveta, pretendendo arrumá-la. No entanto, a sua mão parou, congelando quando a sua garganta começou subitamente a coçar. 

Ardeu. Tão fortemente, fazendo-a ter uma crise de tosse. O seu estômago começou a se revirar, uma dor se instalou por todo o seu abdômen, fazendo-na se curvar.

O som do estalo dos seus ossos adentrou seus ouvidos, a sensação de vertigem começando a dominá-la. 

Não, não de novo, por favor, não.

Ela queria gritar. Pedir para que parasse. Implorar para que pudesse sentir qualquer coisa, menos aquilo. Mas suas preces nunca foram ouvidas.

Ela sentiu o familiar gosto metálico começando a se empurrar para cima. A garota mexeu nas rodas e parou na frente do cesto, onde finalmente o sangue se empurrou para fora da sua boca. 

Sakura vomitou, e quando parou, sentiu suas forças indo embora. Ela ficou lá, parada, gotículas de sangue deslizando pela sua boca. Ela se sentiu aérea. Como se tivesse morrido há muito tempo. Talvez tivesse.

Em que momento havia se acostumado com aquilo? 

O despertador começou a tocar, avisando que estava na hora do seu remédio. No mesmo instante, ela ouviu a voz da sua mãe ecoando pelo corredor, avisando-na para se levantar. 

 Sakura desviou a atenção do sangue e começou a deslizar até sua caixinha de remédios. Ela sentiu as lágrimas começarem a se acumular nos seus olhos, mas não se moveu para limpá-las.

Ela passou na frente do espelho, sequer olhando seu reflexo para notar que a quantidade de fios branco aumentou ainda mais.



A vários quilômetros de Konoha, um corvo pousou suavemente sobre o ombro de um homem. A carta que estava em seu pé deslizou para as mãos do destinário, que segurou-a enquanto o animal cabisbaixo guinchava.

Itachi observou o seu corvo.

– O que aconteceu? 

O animal ficou em silêncio - batendo as asas em desânimo.

Itachi voltou seus olhos para a carta, que caprichosamente foi colocada em um envelope vermelho. Ele a abriu, lendo rapidamente a resposta da garota. 

Por ser um criminoso internacionalmente procurado, o Uchiha estava sempre desconfiado. Foi por que desde o momento em que recebeu a primeira carta da garota, ele fez uma pesquisa sobre ela.

Itachi decidiu deixar o animal nas mãos dela quando viu os arquivos - era apenas uma civil. Alguém que assim como ele, não tinha muito tempo pela frente. 

E talvez fosse por esse motivo que o Uchiha decidiu respondê-la. Mesmo que não conhecesse-o, mesmo que nunca tivesse visto-o, aquela garota entendia-o como ninguém.

O seu impulso valeu a pena ao terminar de ler as palavras gentis da garota. Ele nunca foi tão bem tratado desde muito tempo atrás. Quanto tempo faz desde que alguém tentou se aproximar dele?

Itachi sabia que a civil estava lhe tratando daquela maneira porquê não o conhecia. Se em algum momento Sakura descobrisse a verdade, pararia de tentar qualquer aproximação com ele.

No entanto, mesmo consciente disso, o Uchiha sentiu aquele impulso aumentando - dizendo-o para escrever uma resposta.

– Por que a carinha de felicidade? 

A espada de Kisame raspou pela árvore de carvalho, chamando a atenção do rapaz. Itachi guardou a carta em seu bolso, ignorando a pergunta do espadachim.

– Estou indo para um lugar. – o Uchiha avisou, caminhando para longe. – Irei voltar antes da nossa próxima missão.

– Está indo ver as flores de cerejeira? – Kisame sorriu. – Soube que estão prestes a desabrochar.

O Uchiha sumiu sem lhe dar uma resposta.

O corvo começou a voar pelos céus.



Ao longo dos anos, Sakura foi obrigada a se acostumar com os sintomas da sua doença. Mesmo que fosse doloroso e desgastante, eu tenho que aguentar, repetia a si mesma.

Não por ela ou pelos seus sonhos inatingíveis, mas pelos seus pais, que precisavam desesperadamente vê-la bem. Nada na sua vida valia tanto quanto eles.

Então, mesmo com o corpo dolorido, Sakura limpou o cesto manchado de sangue e jogou as provas no vaso sanitário. Ela se banhou com a ajuda da sua mãe e colocou um sorriso em seu rosto, assim como ontem, ante-ontem e todos esses anos.

Ela se forçou a comer. Disse repetidas vezes que estava bem, e novamente, se viu no seu quarto olhando a janela, esperando ansiosamente um certo animal se aproximar. 

Enquanto observava as ruas movimentadas, ela costumava criar histórias sobre as pessoas que passavam. E em suas fantasias momentâneas, elas teriam algo que Sakura possivelmente não se daria o luxo de ter, um final feliz, como um conto de fadas.

De repente, Sakura sentiu algo pousando sobre a sua cabeça. Ela olhou para cima, contemplando um corvo com a perna enfaixada.

– Fushō-chan... – ela murmurou, sua voz fraca. A garota garrou o animal em seus braços, abraçando-o. – Eu sinto muito por hoje mais cedo.

A ave bateu a cabeça contra o queixo dela, pedindo para ser libertado. E quando ele finalmente se desvencilhou, Sakura sentiu sua bochecha sendo bicada.

– Então, estou desculpada? – ela sorriu, olhando para a perna do animal. – O que você tem pra mim? 

Um bilhete branco caiu em seu colo. O animal pousou suavemente sobre o seu ombro, tal como ela, curioso sobre o conteúdo. 

O corvo é um animal onívoro. Ele comerá tudo que você der. 
Parece que ele gostou de você. Normalmente, ele não se aproxima de ninguém.
Não fique se apresentando a um estranho.

Sakura corou, escondendo o rosto nas mãos. Suas bochechas arderam pela advertência, por ter descoberto no último minuto que havia mandado cartas para um homem!

O animal começou a guinchar em um som alto. Se não fosse tão improvável, Sakura quase pensaria que ele estava rindo dela.

– Por que você não disse que a sua "dona" era um homem?

Ele simplesmente bateu as asas, continuando a guinchar.

 A garota deslizou até sua escrivaninha. Ela nunca trocou muitas palavras com homens. E se ele não gostasse dela? O que garotas falavam para homens?

Eu sinto que você não é uma pessoa ruim, então não vejo problemas em me apresentar. Somos amigos de cartas agora, não é? 
O Fushō-chan é um animal tão doce! Espero que você possa gostar de mim como ele está aprendendo a gostar.
Sobre a comida do Fushō-chan, ele também come papel? Ele comeu alguns hoje cedo, estou preocupada que ele tenha uma má indigestão.
Ps: Como ele consegue entender as coisas que eu falo?
Com amor, Sakura

Satisfeita ao não perceber nenhum erro, Sakura olhou para o corvo em seu colo. Ela acariciou as penas do animal, sorrindo ao sentí-lo se encostar na sua cabeça. 

– Talvez seja o começo de uma amizade, Fushō-chan. 

O corvo se aninhou em seu pescoço, guinchando suavemente. 


Notas Finais


Até o próximo capítulo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...