1. Spirit Fanfics >
  2. Cartas para um Soldado >
  3. FASE 1: Parte de Mim

História Cartas para um Soldado - FASE 1: Parte de Mim


Escrita por: Pepper-chan

Notas do Autor


[PEPPER-CHAN]
OLÁ MEUS DOCINHOS DE COCÔ! (Sim, cocô)

Como vocês estão?????

Aqui estamos nós (com a maior cara de pau de quem não estão seguindo a ordem dos dias de postagem), trazendo mais um capítulo maravilhoso pra vocês, teremos agitação, PERSONAGENS NOVOS, e muitos babados...

Explicações e avisos nas notas finais!

❤️ OBS: Ryou é um cristal lapidado ❤️

DEGUSTEM!

Capítulo 11 - FASE 1: Parte de Mim


CARTAS PARA UM SOLDADO

 

CAPÍTULO 10 — PARTE DE MIM

 

 

Boston, Massachusetts. 

Segunda-feira.

 

 

Os dias se arrastavam na semana, e a neve também obrigava todos à desacelerar seus ritmos.

 

O canto das janelas estava branco de neve. A madeira úmida do lado de fora resistia firme ao inverno, mas o vento soprava cortante contra cada ser que passava naquela rua.

 

A senhora morena de bochechas rosadas e cabelos curtos, entregava um formulário para a garota preencher. Suas mãos delicadas seguraram firme o papel timbrado.

 

O despertar da empolgação lhe abraçava o estômago, e há tempos não sentia aquilo. Preencheu cada campo vazio da ficha de dados, e logo o devolveu para mulher debruçada na bancada.

 

A morena sorriu gentil e carimbou os documentos pessoais que foram entregues. No final, preparou um dossiê e pediu para a garota rubricar em cada folha.

 

— Seja muito bem-vinda, senhorita Haruno. É um prazer para a Universidade de Boston ter você integrando no nosso corpo de alunos, esperamos que você saia daqui como uma excelente profissional reconhecida. Bons estudos! — falou dando um breve aperto de mão na garota à sua frente.

 

— Obrigada, estou ansiosa para o começo das aulas. — Sakura sorriu singela.

 

— Ah! Foi ótimo ter lembrado disso, já ia me esquecendo de avisar. — a mulher pegou um folheto da mesa marrom atrás de si. — Estamos no começo do ano letivo e você deu sorte de conseguir entrar a tempo, mas por causa do inverno nossas aulas atrasarão uma semana. Ou seja, a turma só vai começar na semana que vem

 

— Tudo bem. Obrigada, diretora Hana Inuzuka. — a garota olhou o broche prata com o nome e sobrenome estampado, já tinha ouvido em algum lugar…

 

Sakura arrumou a bolsa preta em seu ombro voltando-se para a saída. 

 

Paredes em tons cinzas contrastando com móveis marrons, o piso de mármore branco visava que o local era extremamente limpo. E no final do corredor alguns troféus sobre prateleiras de madeira que estavam na parede. 

 

Queria ficar e conhecer seu novo ambiente estudantil, mas já estava quase na hora de alimentar Ryou novamente. Caminhou por toda aquela neve até chegar na rua onde morava. Agradeceu internamente pela Universidade não ficar tão distante da sua casa, iria facilitar muito a sua vida.

 

Abriu a porta da residência e viu o não-tão-pequeno bebê entretido com os desenhos na TV. Ele nem percebeu ela chegar, o que deu mais tempo de pegá-lo na surpresa.

 

Deu a volta e o segurou pelas costas, enchendo-o de beijos. A sua risadinha ecoou por todo ambiente fazendo Hinata pular assustada atrás do balcão da cozinha.

 

— Sakura? Que susto! Não sabia que você tinha chegado. — suspirou colocando uma das mãos sobre o peito, o coração batia acelerado.

 

— Cheguei, acabei de fazer minha matrícula e mais cedo consegui fazer a dele. — a Haruno ajeitou o garotinho na posição que ele estava antes, sentado no chão ao redor de várias almofadas. Hinata era tão protetora quanto ela, que era mãe.

 

— Sério? Nem acredito que você conseguiu vaga. — a morena limpou as mãos no pano de prato jogando-o no balcão logo em seguida, e foi em direção da Haruno.

 

— Sim, consegui. — ela sorriu tirando os documentos da bolsa mostrando para a amiga. — A creche que Tsunade me indicou estava lotada, mas eu dei uma choradinha e eles aceitaram essa mãe desesperada.

 

— Você é louca. — a Hyuuga riu. — Quero ver quando eles descobrirem quão pestinha ele é. — Hinata e Sakura olharam na mesma hora para Ryou. 

 

E ele não estava mais no lugar. 

 

Varreram a sala com os olhos e nada do pequeno. Sakura correu pelas escadas e Hinata saiu porta a fora, e nada. A morena procurou novamente pela sala, até embaixo do sofá! E a Haruno foi na área de serviço, procurou até dentro da máquina de lavar.

 

Até que a Hyuuga ouviu um barulho vindo do banheiro, e correu até o mesmo abrindo a porta.

 

Ryou do céu... — a morena falou desacreditada, logo Sakura se aproximou da porta parando ao lado da morena.

 

— Menino, o que aconteceu aqui? — Sakura perguntou observando o estado que se encontrava aquele banheiro.

 

Papel higiênico rasgado em pedaços jogados por todo chão, o moreno rindo do lado de um frasco de shampoo pela metade e espalhando com a mão o líquido que estava no chão.

 

— Tem certeza que ele só tem um ano Sakura? — Hinata questionou, vendo Sakura pegar o dito cujo no meio daquela bagunça.

 

— Ryou, meu filho, não faça mais isso! — ela falou autoritária com o garotinho, que ainda ria com as mãozinhas cheias de shampoo.

 

O levou para a pia, lavando as mãos dele contra sua vontade, que logo começou a chorar manhoso enquanto Sakura ainda reclamava com o mesmo.

 

— Eu nunca vi algo assim, sério! — a Hyuuga falou segurando o pequeno nos braços para Sakura limpar o banheiro.

 

— A gente nem viu ele sumir, Hinata. Ele teletransportou! — a Haruno tentava entender como um ser humano tão pequeno conseguia fazer tanta bagunça daquela forma. 

 

 

 

[...]

 

 

 

Point of View  – Sakura Haruno.

 

Hoje era quinta-feira, eu me arrumava e Ryou ainda dormia.

 

Coloquei uma meia calça preta, uma saia lápis e uma camisa branca. Fiz uma maquiagem leve, calcei os saltos e peguei minha bolsa saindo do quarto.

 

Passei rapidamente pelo quarto de Hinata, e me despedi com um aceno de cabeça. A minha sorte era que ela ainda estava de férias, e por isso se ofereceu para ficar com Ryou hoje e amanhã, enquanto eu resolvia algumas coisas na clínica junto com Tsunade. 

 

Ah, eu tinha que agradecer muito a Hinata por todas às vezes que ela me ajudou com Ryou. Era realmente uma amiga que eu podia contar para tudo. Sem ela tenho certeza que não conseguiria fazer metade das coisas que eu faço hoje, por exemplo: trabalhar. Sempre que eu precisava sair ou cuidar de alguma coisa ela ficava com Ryou, sem sequer reclamar de algo.

 

Claro que teve algumas briguinhas...

 

Mas nós não éramos o tipo de amigas que ficam muito tempo brigadas ou sem se falar. A Hyuuga é como uma irmã para mim.

 

Assim como Ino tem se tornado a cada dia mais próxima. E agora com a chegada do filho Shisui, embora ela estivesse mais caseira, nós conversávamos muito mais do que antes. 

 

Lembro das vezes que ela me ligava desesperada porque o garotinho ficou doente ou tinha se machucado, e era engraçado porque eu já havia passado pela maioria das coisas que ela estava passando, e ver a agonia da minha amiga lembrava o meu próprio desespero.

 

Enquanto eu estava distraída com meus pensamentos nem me dei conta de quão longe estava do ponto de ônibus. Resolvi pedir um táxi e fiz sinal pro primeiro que passou na rua.

 

Não demorou muito para chegar nas clínicas Senju, mas assim que desci do carro um pressentimento estranho me passou pelo peito.

 

Resolvi ir na cafeteria próxima para buscar o café que eu comprava todos os dias, e em seguida fui ao encontro de Tsunade. Cumprimentei alguns colegas de trabalho que não via há meses, e segui para a sala administrativa.

 

Via o olhar de alguns médicos e doutoras que passavam por mim, e posso dizer que nem todos eram amigáveis. Aquilo era estranho demais.

 

Entrei no escritório, pousei o café na mesa e organizei algumas coisas que estavam fora do lugar. Papéis desordenados, lápis e canetas espalhados pela mesa... Geralmente ela era mais organizada do que eu, mas devia estar ocupada demais para se preocupar com a organização dessas besteiras.

 

— Bom dia, Sakura! — sua voz ecoou quando passava pela porta.

 

— Bom dia, Tsunade. — me virei em sua direção e fui surpreendida com um abraço apertado.

 

— Senti sua falta, menina. — ela me soltou e observou a mesa atrás de mim. — Oh! Meu café! Só você pra me deixar de bom humor pela manhã. — respondeu sentando na cadeira e bebericando do líquido quente. Eu ri com a cena, ela estava muito emocionada. 

 

Mais do que o normal.

 

— A senhora tá diferente hoje, aconteceu alguma coisa? — perguntei me sentando na outra cadeira de frente a mesa.

 

— Sim, mas não é nada que precise se preocupar. — ela voltou a dar outro gole no café. — Isso aqui tá muito bom! — ela suspirou pousando o copo na mesa. — Você está bem? Com quem Ryou ficou hoje?

 

— Sim, estou tranquila e animada para voltar logo. — não pude conter o sorriso, estava sendo péssimo ficar sem trabalhar. — Deixei Ryou com Hinata, acho que mais tarde Naruto deve chegar por lá, também.

 

— Hum... Naruto? Aquele loirinho que tá namorando com a Hyuuga? — ela me encarou curiosa.

 

— Sim. — respondi breve.

 

— Aquele rapaz faz o que da vida? Afinal, quase sempre eu o vejo lá. — questionou confusa;

 

— Ah, bem... Naruto ajuda o pai na empresa alguns dias da semana, o pai dele é dono da Uzumaki Technology's. — expliquei enquanto via ela arquear as sobrancelhas ainda mais surpresa.

 

— Aquele loirinho é filho de Minato Namikaze? — ela quase se engasgou falando.

 

— Sim.

 

— Hinata arrumou um partidão, hein. — ela riu.

 

— Sim, e eles parecem se gostar de verdade. — falei me levantando da cadeira. — Eu vou...

 

— Oh, espere! Nós precisamos conversar. — ela me interrompeu e logo voltei a me sentar.

 

— A senhora tinha me dito, achei que era só mais tarde… É sobre o quê? — perguntei curiosa.

 

— Vou ser bem direta, eu estava pensando em tirar umas férias. O trabalho ultimamente tem me deixado muito cansada, tenho ficado até com dores. — ela explicou se encostando no apoio de sua cadeira.

 

— Ah, umas férias cairia muito bem pra senhora. — concordei lhe observando. — Algum problema de saúde, tia?

 

— Não, nada com o que se preocupar. — ela sorriu. — Quero deixar você tomando conta das coisas. Sei que é pedir muito já que você está voltando agora, mas Shizune vai ajudar. — ela falou de uma vez, e eu arregalei os olhos me perguntando se tinha ouvido direito.

 

— Tomar conta da clínica? — eu estava confusa.

 

— Sim, mas não se preocupe já deixei muitas coisas acertadas. — sorriu amarelo. — Separei dois médico responsáveis para lhe auxiliar com o que precisar. Passei para Shizune algumas coisas que ela precisará lhe lembrar, e você já aprendeu sobre os fornecedores e até conheceu alguns deles, então eu acho que você está pronta. Não se preocupe querida, é só um mês. — ela explicou enquanto eu estava petrificada na cadeira, tentando absorver tudo.

 

— Tia Tsunade, é realmente muita coisa, mas eu... eu acho que consigo. — falei finalmente assimilando tudo que ela havia explicado. 

 

— Ótimo, sairei na segunda-feira. — ela afirmou. — Então hoje eu vou explicar e ensinar tudo que você precisa saber. 

 

— Certo, mãos à obra. — disse batendo as mão vendo ela sorrir divertida. 

 

Passamos o dia inteiro na frente dos computadores e fazendo anotações. Estava extremamente cansada quando cheguei em casa e encarei Ryou sentado na cadeirinha alta ao lado de Naruto que tentava lhe dar um papa verde. 

 

Se fosse a papa que eu pensava, o loiro jamais teria sucesso. Ryou odiava legumes. E ele não tardou em meter a mãozinha no pequeno prato azul, fazendo voar papa na cara de Naruto.

 

— Ryou! — o repreendi de longe e ele logo encolheu os braços assustado. 

 

— Caramba garoto, você é fogo. — Naruto falou enquanto tentava limpar o rosto melado da gororoba verde. — Hina vem ver o que esse pestinha fez. — o Uzumaki chamou-a e a morena se inclinou por trás do balcão para ver a cena.

 

— Como ele fez isso? — ela perguntou num fio de voz, segurando a risada.

 

— Eu estava tentando fazer um avião, um simples aviãozinho. — ele falou indignado e eu tive de segurar o riso com sua irritação, precisava dar uma bronca no pequeno ser astuto que observava tudo quieto.

 

— Mamã!  — ele exclamou levantando os bracinhos ao me ver chegar, eu tinha mesmo que me controlar para não rir.

 

— Nada de mamã! O que você fez com o tio Naruto foi errado, com comida não se brinca entendeu? — falei fingindo estar brava enquanto um pequeno bico se formava em seu rosto. Os braços caíram ao seu lado e as lágrimas começaram a se formar em seus olhos. — Agora mamãe vai se sentar e Ryou vai comer toda papinha. — ele me encarava tristonho. A cena era de dar pena. 

 

— Não acredito que com você o pestinha come. — Naruto falou terminando de limpar o rosto e cortou um pedaço de torta para si. — Eu fiz cinco tipos de aviões e curvas diferentes, e em nenhuma ele comeu. 

 

— Você precisa ser um pouco mais paciente. — Hinata falou enquanto se sentava ao lado do loiro lhe dando um beijo na bochecha. — Mas obrigada por tentar. 

 

— O que eu não faço por você, né doçura? — ele abriu um sorriso gentil que fez minha amiga corar.

 

— Ei! Eu ainda tô aqui, gosto muito de vocês, mas sem vela por favor! — afirmei séria e eles riram.

 

O jantar nos rendeu boas risadas e algumas lágrimas de crocodilo vindo do pequeno Haruno, mas pelo menos ele comeu toda sua refeição.

 

Após o jantar, o Uzumaki sugeriu de ver um filme. O que resultou em Hinata e ele cochilando no sofá, e eu subindo as escadas com Ryou dormindo em meus braços. Coloquei-o no berço e voltei para sala desligando a TV, para subir novamente à meu quarto.

 

Logo ouvi os pombinhos se despedindo e o ronco do motor do carro de Naruto anunciava que ele ia embora. Esperei Hinata subir as escadas e entrar no quarto. 

 

Me levantei rápido na ponta dos pés e em silêncio fechei a porta do meu. Acendi a luz e busquei pelos papéis e caneta.

 

Tá! Tudo bem... eu havia feito uma promessa à Ino. Mas meu coração implorava para que eu escrevesse uma carta para ele novamente, já fazia tanto tempo que eu não escrevia...

 

1 ano e nove meses.

 

E embora tivesse rejeitado Ryou, eu acho que um dia ele vai se arrepender disso. Desde a viagem de Itachi para New York, eu não tinha notícias, aliás desde a partida dele eu não sabia mais de nada.

 

 

Flashback on

 

Ryou balançava os braços agitado vendo Itachi sair pelo portão de desembarque.

 

Ino se adiantou correndo em sua direção. Abraçou-o como um urso, pulando em cima do homem fardado e o enchendo de beijos pela face. Falou algo em seu ouvido e ele sorriu, em seguida se agachou e passou as mãos pelo ventre da Yamanaka falando algumas coisas que só eles poderiam ouvir.

 

O casal caminhou na nossa direção e o garoto logo pulou nos braços do tio, agarrando o pescoço.

 

Aquela cena era linda, mas Ino estava mais encantada do que eu, algumas lágrimas escorriam no canto dos olhos azuis. Ela devia estar imaginando como ele seria quando fosse pai…

 

Pai.

 

Pai...

 

Sasuke...

 

— Como foi a viagem, Itachi? — perguntei receosa. 

 

— Foi tranquilo. — ele falou e desviou o olhar para Ino. — Eles não vão poder nos visitar. Meu pai está cuidando da Academia como General Diretor.

 

— Tudo bem. — Ino assentiu com um sorriso tímido. Eu sabia que ela não queria que eles, Fugaku e Mikoto, estivessem por perto.

 

— Como eles reagiram quando você contou sobre a gravidez da Ino? — as palavras escaparam pelos lábios antes que eu pudesse pensar numa maneira melhor de sanar minha curiosidade…

 

— Reagiram bem, minha mãe só faltou pular de alegria, meu pai também ficou feliz... — ele falou a última frase como um sussurro.

 

— Que ótimo, não é? — falei calma. Não queria parecer irônica nem algo do tipo, porque eu realmente não estava sendo. Mas aquilo era no mínimo intrigante…

 

— Sakura, desculpe, eu não sei o que dizer... — o Uchiha me respondeu sem jeito, coçando a cabeça.

 

— Eu realmente fico feliz por vocês e pelo bebê, o resto não importa, Itachi. — falei dando de ombros enquanto ambos me encaravam.

 

— A propósito, Sakura... não envie mais cartas para o Sasuke, ele está na guerra. — Itachi sentenciou com a voz vacilante.

 

Quando eu iria lhe perguntar o porquê, ele disparou passando por mim e Ino, com Ryou em suas costas. E naquele momento eu percebi o óbvio. Itachi não teria coragem de me contar a verdade.

 

Mas Sasuke tinha rejeitado seu filho.

 

Flashback off

 

 

Mas aquilo não importava, eu iria contar como Ryou era uma criança incrível. Ele querendo ou não, ia ter que lidar com o fato de que tinha um filho.

 

Então eu fiz.

 

Coloquei no papel tudo que aconteceu desde que Ryou nasceu. Seu desenvolvimento rápido, como era inteligente, e como estava crescendo de forma incrível e saudável. Escrevi tudo que me lembrava e selei o papel colocando dentro do envelope endereçado.

 

Será que era o certo a se fazer?

 

Não!

 

Sakura, você certamente tá ficando louca, por que enviar mais uma carta se ele nunca respondeu nenhuma das anteriores? Se você mandar essa carta vai estar envergonhando a si mesma, indo atrás de uma atenção que nunca vai receber.

 

Isso! Enviar essa carta seria o meu atestado de trouxa.

 

Desisti da idéia, e resolvi guardar ela no fundo de uma das gavetas do guarda roupa.

 

 

 

[...]

 

 

 

Na sexta-feira acordei com um ânimo invejável.

 

Me levantei da cama, tomei um banho demorado, e corri para o armário. Escolhi um jeans branco, uma camisa preta de botões e um salto bege. Até que senti falta de me vestir assim.

 

Sequei meu cabelo loiro, o deixando ondulado. Estava pronta. 

 

Saí de casa correndo, mas não antes de dar uma olhada em Ryou que dormia tranquilo. Cheguei ao ponto e logo consegui pegar o ônibus no horário certo.

 

Fiz o mesmo trajeto como no dia anterior. Café para Tsunade, olhares feios, alguns sorrisos, e cumprimentos rápidos. Trabalho, hora do almoço, risadas, olhares feios e mais trabalho. Realmente segurar as pontas aquele mês seria complicado. Tia Tsunade administrava tudo tão bem.

 

Os fornecedores já sabiam que eu estaria na frente das negociações aquele mês. Alguns pacientes que me conheciam ficaram felizes em me ver voltar ao trabalho. E bem... os médicos não se importaram quando fui apresentada novamente, exceto alguns que cochicharam entre si dando risadinhas indiscretas.

 

É, eu ia ter que aguentar muita coisa. Nada mais justo de que ajudar uma pessoa que estendeu a mão quando eu precisei. Tsunade foi uma segunda mãe quando eu não tinha ninguém para cuidar de mim. Ligava quase todos os dias, falava sempre com meus pais contando as notícias, e sempre que eu precisava de algo, ela não tardava em se disponibilizar.

 

 

Embora eu tivesse passado por tudo que passei nesse tempo, posso dizer que Deus realmente colocou pessoas boas no meu caminho. Poucas pessoas, mas pessoas essenciais.

 

O final de semana passou calmamente, Ino e Itachi foram comigo e Ryou, ontem, até o parque. Naruto levou Hinata para um jantar familiar, onde eu e Ino ficamos horas tentando explicar para a Hyuuga que sapatilhas eram mais adequadas que tênis naquele momento, e ela só concordou quando o próprio Naruto apoiou a gente. Mas no fim, ela foi de tênis, por que segundo ela era mais confortável.

 

E hoje no domingo, nós seguimos nossa rotina exceto pelo fato de que eu precisei deixar tudo pronto para o dia seguinte. Roupas confortáveis para Ryou, fraldas, lanche e alguns remédios para alergia ou machucados eventuais.

 

Também separei minhas próprias coisas, e fui fazendo um check list mental. Roupa para o trabalho, bolsa com cadernos, canetas e um moletom caso faça frio. Estava tudo ok.

 

Agora eu tinha que me concentrar em dormir, sem ansiar pelo dia seguinte. O que era praticamente impossível. Era como voltar e aguardar pelo primeiro dia de aula numa escola diferente. Gente nova, pessoas distintas e de todos os lugares…

 

 

Talvez eu faça amizades novas, ou talvez as pessoas me odeiem. Todas as possibilidades estão diante de mim. Mas eu precisava focar no essencial: minha formação como uma verdadeira profissional.

 

Não sei como acabei dormindo, mas acordei muito animada. Vi a hora no despertador e percebi o quão tarde estava, eu iria me atrasar para o primeiro dia.

 

Corri para o quarto de Ryou acordando o ser humano mais preguiçoso e mal-humorado da terra, que choramingava enquanto eu lhe dava banho. Vesti um macacão de lã azul, junto com um casaquinho verde escuro, calcei seus mini tênis contra sua vontade e o deixei pronto. Ele felizmente cochilou novamente, era a deixa para me arrumar.

 

Tomei uma ducha rápida e fiz minha higiene matinal. Coloquei um jeans preto, uma camisa social azul escuro e os sapatos acabei por escolher um par de scarpins pretos. Fiz uma maquiagem rápida, mas caprichei no delineado gatinho e no batom vermelho, afinal precisava durar o dia todo. 

 

Quando soltei o cabelo vi que as ondas ainda estavam presentes. Optei por prender num rabo de cavalo alto e estava pronta.

 

Peguei Ryou e nossas coisas e desci correndo pelas escadas. Para nossa salvação eu tinha deixado panquecas e uma mamadeira pronta ontem à noite.

 

Coloquei ele em sua cadeirinha alta e lhe dei a mamadeira enquanto eu tentava comer com a outra mão. Tinha sido difícil alimentá-lo, em grande parte porque seu mal humor e sono não me ajudaram, mas eu consegui.

 

Olhei novamente o relógio, e tive que correr contra o tempo. Coloquei a louça suja na pia, peguei meu garoto da cadeirinha, e saí porta a fora. O pequeno desacostumado com a correria encostou sua cabeça no meu ombro e voltou a dormir. Que menino dorminhoco!

 

 

Não tinha como ir andando naquelas condições, então liguei para um dos taxistas que já conhecia e ele chegou em poucos minutos na frente da minha casa.

 

Deixei Ryou na creche, e caramba! Me partiu o coração vê-lo chorar e me chamar desesperadamente. O coitado devia pensar que eu o abandonei, deveria estar pensando que eu o deixei sozinho com um monte de estranhos, o meu pequeno...

 

Infelizmente aquilo era preciso. Mas não pude conter as lágrimas que insistiram em cair.

 

— Primeiro dia do garotinho? — o taxista questionou quando eu voltei para o carro enxugando as lágrimas.

 

— Sim. — falei enquanto colocava o cinto de segurança.

 

— Ah não se preocupe, em quinze minutos ele vai esquecer que tem mãe. — ele respondeu sorrindo para mim pelo retrovisor. 

 

Na verdade, aquela frase tinha me dado um frio enorme na espinha. Engoli minha vontade de voltar lá e pegar meu filho, e seguimos viagem.

 

Entrei na clínica com certa pressa cumprimentando rapidamente alguns pacientes e funcionários, não queria que me vissem chegando atrasada no primeiro dia. Quando passei pelo corredor ouvi a conversa de dois médicos que cochichavam entre si.

 

— Hoje é o primeiro dia da privilegiada sobrinha de Tsunade, aposta quanto que ela vai aumentar o próprio salário? — o homem falou para a mulher que deu uma risada debochada.

 

Imbecis.

 

Ignorei aquilo e rumei para minha sala, fechando a porta com raiva. Shizune, que estava inclinada sobre a mesa de Tsunade, se assustou com o estrondo.

 

— Bom dia Sakura! Tá tudo bem? — ela perguntou enquanto eu me sentava.

 

— Bom dia Shizune. Está tudo ótimo. — respirei bem fundo para me acalmar. 

 

— Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou receosa.

 

— Só uns médicos fofoqueiros falando merda. — respondi rapidamente, organizando alguns documentos na minha mesa.

 

— Não dê ouvidos a eles. Se a senhora Tsunade soubesse das coisas que falam dela, já tinha demitido um terço deles. — suspirou se voltando para mim. — Hoje eu separei algumas coisas que você precisará fazer, tem também uma reunião com um fornecedor dos equipamentos cirúrgicos para exames. — ela explicou e colocou uma agenda preta sobre minha mesa.

 

— Muito obrigada. — agradeci sorrindo e Shizune saiu pela porta.

 

Comecei a trabalhar. Seguir cada uma das instruções que me passaram: enviei e-mails para alguns fornecedores, fiz umas cotações e pesquisas que seriam interessantes apresentar para a Tsunade, quando ela retornasse das férias. Organizei arquivos que estavam fora de ordem e segui o resto da minha nova rotina. Nem tempo para almoçar eu tive, afinal era muita demanda, e claro que meu estômago estava reclamando. 

 

Já eram 17h quando eu percebi que precisava buscar Ryou, dar seu jantar, deixá-lo com Hinata, me alimentar e correr para aula.

 

Busquei o não-tão-mal-humorado ser humano na creche, e corri praticamente deixando sua professora falando sozinha sobre como tinha sido seu primeiro dia. Eu realmente queria ouvir a mulher, mas não tinha tanto tempo…

 

O alimentei, troquei a fralda e quando olhei para o relógio na parede já eram 18h30. Não ia dar tempo de comer, enfiei uma maçã na bolsa e troquei os saltos por tênis all star pretos.

 

E daí que eu tava parecendo uma adolescente misturada com perua de escritório? Não me importava.

 

Me despedi de Hinata brevemente e corri pela rua a fora. Não poderia me atrasar… e bom, a aula começava às 19h. Eu tinha apenas trinta minutos para correr por quatro quarteirões e chegar na sala de aula. 

 

E eu corri, com a bolsa batendo nas costas, os cadarços desamarrando, o cabelo grudando na nuca suada. Eu chegarei arrasando no primeiro dia de aula. Já conseguia imaginar todo mundo rindo da minha cara.

 

Olhei o relógio no pulso novamente, 18h55.

 

Acelerei com toda minha força. As pernas tremiam e a fraqueza já me abatia, eu precisava voltar a fazer exercícios físicos. Dobrei a esquina da última quadra e logo avistei a arquitetura gótica do lugar. As paredes escuras e os picos sobre o teto deixavam a universidade parecida com uma antiga igreja católica, se eu tivesse tempo poderia passar uma tarde inteira sentada observando esse lugar.

 

 

 

 

Passei pelos portões, puxei o papel da minha bolsa e corri em busca da sala 3112. Uma plaquinha cinza com letras brancas indicava setinhas com os números decimais de cada sala.

 

3112, a esquerda, primeiro andar. Eu ia ter que subir escadas? Droga, tudo bem. Subi quase voando pelas escadas e logo encontrei a tão esperada sala.

 

Eu devia bater?

 

Me coloquei na ponta dos pés para poder ver pelo quadrado transparente da porta e percebi o lugar repleto de pessoas, provavelmente não tinha mais lugar sobrando…

 

DROGA!

 

— Tá lotada? — uma voz soou por trás, me assustando. Não pude conter o pulo, meu coração disparou acelerado no peito.

 

— Desculpa. Não queria te assustar. — o rapaz de pele extremamente branco se aproximou me encarando.

 

Ele até que era bonito.

 

— Tudo bem, ér... tá sim! Acho que não tem lugar sobrando... — falei sem esperanças de entrar na sala.

 

— Que droga. — ele falou revirando os olhos, e voltou a me encarar. — Você é caloura?

 

— Sim, primeiro dia. — respondi, ele parecia ser legal.

 

— Ah, bom seja bem vinda. — ele suspirou escorando na parede ao lado da porta.

 

— Obrigada, mas... você não vai entrar? 

 

— Não, não tô afim de assistir aula sentado no chão ou em pé de novo. — ele falou enquanto deslizava até o chão.

 

— De novo? — ele era novato assim como eu?

 

— Sim, aconteceu hoje mais cedo. — explicou. — Sou calouro, mas em tempo integral. — ele me encarou esperando alguma reação, mas meus pensamentos voaram para a sala de aula onde provavelmente eu estava perdendo muito conteúdo. — Medicina e você? — fiquei em silêncio observando a porta — EI. Você cursa o quê? — sua voz me chamou atenção novamente.

 

— Ah desculpe, eu tô preocupada com a aula. Será que se fizermos silêncio dá pra ouvir o que o professor tá falando? — o questionei cruzando os braços.

 

— Sem chance, ele não usa microfone. — ele falou soltando uma gargalhada.

 

— Haha, que engraçado. — falei irritada, ele não poderia responder sério?

 

— Calma, relaxa! Senta aí, você já deve ter perdido uns 15 minutos, a gente entra na segunda aula. — ele tentou me acalmar.

 

— Segunda aula?

 

— É, daqui uns 45 minutos tem o segundo toque, onde a galera atrasada pode entrar... — eu o observei calmo e tranquilo, sentado relaxadamente no chão ao lado da porta. 

 

— Tudo bem, eu corri à toa. — me rendi, deslizando pela parede ao seu lado.

 

— Normal, todos nós corremos para chegar aqui a tempo. — ele balbuciou enquanto puxava o celular do bolso. 

 

— É, todavia eu costumo ser pontual com meus compromissos. — nesse momento ele virou as orbes negras e me encarou.

 

— Ok senhora pontual. Eu me chamo Sai, e você?

 

— Sakura. Haruno Sakura. — respondi vendo ele voltar a encarar o celular.

 

— Qual seu curso, Sakura? Tô perguntando pela terceira vez porque sou extremamente paciente e legal.

 

— Administração. E você? — perguntei curiosa.

 

— Eu falei uns cinco minutos atrás, medicina. — suspirou.

 

— Você fica o dia todo aqui não é? — olhei para ele esperando a resposta, e acabei por analisá-lo.

 

O cabelo preto como carvão, a pele pálida com olheiras roxas abaixo dos olhos inchados indicava que ele dormia pouco. As sobrancelhas arqueadas e os lábios pequenos e finos. Uma magreza misturada com alguns músculos cobertos por um moletom preto com cinza, calças escuras e sapatos como os meus. 

 

Ele era gótico?

 

— Sim, o dia todo, seis dias da semana. Folgo aos domingos, ou melhor a Universidade teve piedade e libertou os escravos, também conhecidos como estudantes de medicina, por pelo menos um dia da semana. — as palavras saíam da sua boca com tanta naturalidade como se ele já tivesse aquele discurso pronto há anos.

 

— Você decorou esse discurso ou inventou agora? — alfinetei e ele me encarou surpreso.

 

— Que grossa, após eu me abrir e contar minha vida pra você. — ele colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido e eu ri com a cena. — Olha só, a senhora pontual da administração sabe rir.

 

— É, às vezes. — falei me apoiando sobre os joelhos. 

 

— Então, me fale sobre você, pontual. — vi ele abrindo um jogo no celular.

 

— Não, me fale de você. — perguntei, a verdade era que estava ficando no tédio, não tinha nada para fazer além de esperar, então a única opção era conversar com o desconhecido.

 

— O que quer saber? — me encarou.

 

— O que quiser contar. Estou entediada. — dei de ombros encarando o chão na minha frente.

 

— Bom, não vai se animar muito com minha história, mas... — ele explicou e tornou a falar. — Nasci aqui mesmo, terminei o ensino médio há dois anos. Lutei para que meus pais me deixassem fazer medicina, eles não queriam porque acham que eu vou passar muito tempo longe da família quando me formar e for atuar na área. Mas depois de muito insistir eu aqui estou. — ele falou tão rápido que eu precisei me concentrar para entender tudo, e apenas balancei a cabeça em sinal de que havia compreendido. — Sua vez.

 

— Família do interior, um filho. — foram as únicas palavras que consegui dizer quando pensei sobre quem eu era. Não tinha muito o que falar, e também não queria sair contando toda minha vida para um estranho.

 

— Filho? Você tem quantos anos? — me olhou curioso.

 

— Dezenove, logo logo vinte. — expliquei.

 

— Não parece ter um filho. — ele me olhou de cima a baixo, e eu senti minhas bochechas esquentarem.

 

— EI. — dei um tapa em seu ombro, foi automático.

 

— Ai, o que eu fiz? — ele perguntou se inclinando para longe e esfregando o ombro com a mão.

 

Quando pensei em responder, fomos surpreendidos com a porta da sala sendo aberta.

 

— Os atrasados podem passar. — a voz grave mostrou ser de um homem com cabelos brancos e terno cinza. — Não aguento mais ouvir vocês tagarelando no corredor. 

 

— Desculpe-me senhor, não vai acontecer novamente. — o garoto ao meu lado se levantou ajeitando a bolsa em suas costas.

 

— Você me disse isso hoje mais cedo senhor Sai. — o professor resmungou colocando a mão nas costas do rapaz e o empurrando rapidamente. — Vamos mocinha, entre logo. — ele encarou enquanto eu me levantava desajeitadamente.

 

Ao passar pela porta eu percebi que todos os alunos nos encaravam cochichando entre si. E pra piorar a situação eu tropecei no primeiro degrau onde ficavam a primeira fileira de cadeiras.

 

Parecendo uma lagartixa, os meus joelhos e mãos foram no chão para tentar me proteger da queda, mas de quebra bati o queixo na quina do segundo degrau.

 

Aquele definitivamente não era meu dia de sorte.

 

— Ei, você tá bem? — Sai desceu os degraus de onde estava e veio em minha direção me ajudando a levantar. — Tá doendo em algum lugar? — ele perguntou segurando meus braços enquanto eu apoiava meu peso na ponta dos pés. Ainda estava desnorteada, ele tinha me levantado muito rápido. — Seu queixo tá sangrando, melhor irmos pra enfermaria limpar isso. — falou tocando meu rosto.

 

— Não. Tudo bem, só quero me sentar e assistir a aula. — tirei sua mão do meu rosto, me soltando.

 

— Senhorita, não quero ninguém sangrando na minha aula. — a voz do professor voltou a soar outra vez.

 

— Eu não estou sangrando tanto assim. — falei passando a mão no queixo para olhar, tinha mais sangue do que eu esperava. Olhei novamente para o professor e sorri amarelo. 

 

— Para a enfermaria, agora. — sentenciou. — Acompanhe a moça, senhor Sai, antes que ela caia outra vez. — ele falou e todo o pessoal riu. — Sangue me deixa tonto. — respirando fundo, ele voltou-se ao quadro, mas os alunos ainda riam.

 

Parabéns, Sakura! É agora que além de atrasada você fica conhecida como Maria sangrenta.

 

Saímos da sala, e o meu colega me levou a enfermaria. Argumentei contra a enfermeira que insistia que meu machucado precisava de um ponto cirúrgico. Um ponto eu ia dar nela se ela me fizesse perder mais tempo de aula.

 

À contragosto Sai convenceu a mulher sair da sala dizendo que era veterano em medicina, e pediu curativos junto com algodão e álcool.

 

— Nunca achei que teria minha primeira paciente no primeiro dia de aula. — falou sorrindo.

 

— Ela queria me dar um ponto, dá pra acreditar? UM PONTO CIRÚRGICO! — eu ainda estava indignada com a mulher.

 

— Enfermeiros podem exagerar às vezes, mas você rasgou seu queixo. — ele falou segurando uma bola de algodão e a encharcando com álcool.

 

— O que é rasgar meu queixo pra você? Porque eu nem tô sentindo. — encarei o rapaz que me olhava com sorriso irônico no rosto.

 

— O sangue ainda está quente, mas você vai sentir agora. — ele rebateu maldoso, segurando firme meu maxilar e em seguida encostou delicadamente o algodão molhado. 

 

— Ei, ei, ei, isso tá doendo. — falei afastando sua mão, sentindo meu queixo queimar.

 

— Eu avisei. Deixe-me limpar logo. — ele insistiu, e eu o encarei com raiva, mas concordei.

 

— Acho que seu marido não iria gostar de te ver numa situação dessas, com um cara bonitão limpando seu rosto tão perto assim. — eu ri de sua afirmação, ele era tão convencido.

 

— Você é meio iludido né? — falei e ele sorriu novamente. — E para sua informação, eu não sou casada.

 

— Sério? Uau, uma mulher solteira e forte, que cria seu filho sozinha. Eu gosto disso. —  e o sorriso idiota não saia do seu rosto.

 

— Mas eu não te disse que era solteira, muito menos que criava meu filho sozinha. — o encarei enquanto ele terminava de limpar o sangue.

 

— Então não é verdade? — ele questionou se virando para pegar o band-aid.

 

— Ok desisto. Termina logo isso, eu preciso ir pra aula. — fui vencida pelo cansaço, e o moreno voltou para mim colocando o curativo em meu machucado.

 

— Pronto, novinha em folha. — ele ainda segurava meu maxilar, me encarando nos olhos.

 

Seus olhos eram escuros como os de alguém que eu um dia conheci. Um arrepio correu minha espinha me alertando para sair logo dali. Situações como essas eram perigosas demais para minha saúde mental.

 

— Então, a... aula. — me levantei o afastando, segurei minha bolsa e caminhei até a porta.

 

— Me espere, pacientes só podem receber alta depois que o médico autoriza. — ele disse sorrindo e ajeitando a mochila em suas costas.

 

O resto da noite foi calmo.

 

Quando voltamos para a aula, nos receberam com aplausos irônicos, e apenas ignoramos correndo para sentar no fundo da sala.

 

Sai era uma pessoa fácil de fazer amizade, extremamente gentil. Era meio tagarela as vezes, mas bem legal. Fiz amizade com mais duas pessoas. Kiba, o filho da diretora Inuzuka e também com uma garota chamada Tenten. Eles foram bem receptivos e engraçados.

 

Kiba não parecia se importar tanto com o fato de sua mãe ser a diretora, ele era bem centrado e desligado das coisas supérfluas. Suas bochechas vermelhas e a pele bronzeada indicavam que ele certamente era fã de praia, talvez um surfista ou algo do tipo. Depois descobri que Kiba cursava oceanografia, o que confirmaram minhas suspeitas sobre seus hobbies.

 

Já Tenten estudava medicina com Sai, mas diferente dele, ela estava estudando para ser médica militar. Tinha os estudos pagos pela academia do Pentágono e era a única em seu quartel que tinha sido escolhida para estudar medicina fora.

 

Eles eram pessoas legais, e por algum milagre estávamos todos juntos naquele horário, mesmo sendo cursos diferentes, nós tínhamos algumas cadeiras que eram obrigatórias. No caso matemática avançada e tecnológica era importante demais para todos nós.

 

Após saímos da aula, nos separamos, cada um seguiu seu destino.

 

Kiba seguiu para o estacionamento à espera da Diretora, Tenten seguiu junto com outras garotas em direção ao dormitório feminino do campus, e Sai me acompanhou até o portão, e logo foi na direção oposta de Tenten, afinal ele também estava fazendo sua estadia na universidade.

 

E eu fui para casa.

 

Exausta pelo dia cansativo, e cheio de coisas, cheguei em casa por volta das 23h. As luzes apagadas indicavam que Hinata e Ryou já tinham ido dormir. Fui para cozinha e acabei fazendo um misto quente antes de subir para meu quarto.

 

Passei pelo quarto ao lado do meu e avistei Ryou dormindo tranquilamente em seu berço com suas bochechas coradas. Vi que os fios pretos estavam cada vez maiores e começaram a tocar nas sobrancelhas. Alisei suas costas num carinho saudoso, o meu menino estava crescendo rápido demais. Depositei um beijo na sua cabeça sentindo seu cheirinho de bebê, e resolvi ir para meu quarto.

 

Acabei adormecendo com a roupa do corpo, estava cansada demais para fazer qualquer coisa. Mas acordei no meio da noite com um choro baixinho. Fui correndo à o outro quarto e vi quão desesperado ele chorava enquanto dormia. Estava tendo um pesadelo.

 

Crianças daquela idade tinham pesadelo?

 

Esfreguei sua barriguinha e seu rosto, e ele acordou de imediato me pedindo colo. O agarrei e ninei até que dormisse de novo. Mas quando ele sentia que eu o colocaria no berço, acordava. Então voltei com ele pro meu quarto e assim dormimos. 

 

Ryou agarrado no meu pescoço e meus braços ao seu redor protegendo-o de qualquer mal.

 

 

 

 


Notas Finais


[FINDMARYLIN]
Boa noite meus amores!

RYOU VOCÊ QUER O MUNDO ? EU TE DOU COISA FOFAAAAA

Primeiramente vamos aos esclarecimentos:

Nós pedimos para que vcs se preparassem para muitas emoções, entretanto o capitulo ficou enorme com +10 mil palavras. Então decidimos dividir em 2 pra não ficar tão cansativo. Logo logo postaremos a outra parte.

Agora vamos a realidade...

OUÇO GRITOS DE DESESPERO?

Alguém imaginava o tanto de coisa que a nossa Haruno viveria?

Massssss, a gente quer saber a opinião de vocês em relação a este personagem novo que chegou na vida da nossa AINDA LOIRA Sakura...

Não nos matem, sim ela ainda é loira, mas tem um motivo e a parte seguinte explicará muita coisa.

NÃO ESQUECEMOS DO SASUKE!!!

Falamos que ele aparecia nesse próximo cap, mas pelo corte o nosso Uchiha só dá as caras na parte 2! (Mas não fiquem tão animadas rs)

Enfim babys, vocês serão recompensadas!

Beijinhos da Mari e Ray ❤❤❤❤❤


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...