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História Casada com um selvagem - Arco final: ataque dos sem-reinos parte 3


Escrita por: BlackCat69

Notas do Autor


Edição 2023
Spoilers na imagem do cap.

Capítulo 48 - Arco final: ataque dos sem-reinos parte 3


Fanfic / Fanfiction Casada com um selvagem - Arco final: ataque dos sem-reinos parte 3

Chegou o momento no qual Naruto se levantou, apertava a região entre os olhos fechados, usando o polegar e o indicador da mão direita.

Perdurou desse modo, durante meio minuto.

Andou para frente sem alçar a face, com movimentos lentos, levantou a cadeira e a posicionou atrás da mesa, suas mãos cingiram o encosto.

Minato queria dizer que sentia muito, mas provavelmente serviria apenas para irritar o Selvagem. Conteve-se silencioso, assim como Menma.

Naruto suspirou e sentou na cadeira, de lado à mesa, pedindo mais informações.

O príncipe passou o antebraço contra os olhos, limpando mais das gotículas a fluírem.

Minato abriu a boca para falar, mas foi interrompido pelo Uzumaki:

— Jura Menma? Não agirá como homem em momento nenhum? Seu pai falará tudo? Até por você? Não tem coragem... de falar comigo...

O Selvagem escutou um gemido rouco do irmão, seu olhar permanecia longe dele.

Os lábios do rei tremularam. E continuou falando:

— Mei desconfiava que Menma não mantivesse segredo para sempre a respeito da inocência de Sara. Primeiramente, Mei acreditava que você o puniria com a morte. Entretanto, quando ela soube que nosso filho voltou ao reino Namikaze, interpretou que você apenas o expulsou do exército Selvagem. Com isso, ela pensou que Menma se submeteria a conviver com ela novamente, mantendo em segredo sobre do que ela era capaz de fazer pelas minhas costas. E também, pensou que ele ajudaria a enganar Menma Segundo, apoiando as mentiras que ela contava para o menino. Afinal, com Menma sem mais ter pra onde ir, Mei entendeu que ele aceitaria tudo. Ela inventava que Kushina era uma bruxa, e que você, sendo filho de uma, tinha a mesma capacidade de enfeitiçar as pessoas. Menma Segundo acredita que deixei de amar a mãe dele por causa de bruxaria. E nesse momento, ele continua pensando que você e todas as pessoas que o apóiam estão enfeitiçadas. A notícia sobre a bruxa de Otsutsuki capaz de controlar mentes chegou em Namikaze, serviu para aumentar o medo de Menma Segundo por bruxaria. Eu o contei a verdade, falei para ele que tudo que Mei contou era mentira. Mas não adiantou, ele tem uma ligação muito forte com Mei. Bastou ele retornar a conviver com ela, e esqueceu o que falei.

Naruto pousou uma mão no joelho, espremendo-o.

Desgraçada.

Assim, se ele fizesse qualquer coisa contra a rainha, colaboraria para Menma Segundo temê-lo.

Puxando um fio de esperança, comentou:

— Ele... ele não parecia me temer...

— Ela pediu para ele se comportar, fingir que está tudo bem. Na certa, o prometeu que livraria todos do feitiço. Ela vive falando isso para ele, fala orgulhosa que livrou a mim e a Menma do feitiço. Ele a enxerga como uma salvadora, uma heroína.

Minato explicou.

A rainha realizara uma lavagem cerebral no pequeno príncipe.

O rei desgostado prosseguia:

— Quando eu soube a verdade, ordenei que ela fosse presa no nosso quarto, sob vigia. Eu não podia puni-la imediatamente, por causa de Menma Segundo. Primeiro eu deveria convencê-lo de que tudo o que ela contou para ele era mentira. E isso levaria tempo. 

Naruto rangeu os dentes.

Minato meneou o rosto, verbalizando-o:

— Eu deveria tê-la condenado à morte. Menma Segundo me odiaria, seria um preço caro, mas agora vejo que seria melhor. Menma e eu fomos pegos de surpresa pelos sem-reinos dentro do castelo. Fomos aprisionados no calabouço. E então Mei começou a engrandecer seu contrato com os sem-reinos, acolhendo mais deles. A cidade principal inteira foi dominada por eles, ela praticamente, entregou a cidade como pagamento para obter um exército de sem-reinos. Atualmente, deve ter mais sem-reino na cidade do que habitantes originários dela.

O arrependimento o consumia, pouparia tantas vidas se tivesse matado Mei.

Menma recebeu uma dolorosa pontada no coração, lembrando-se das expressividades sofridas das poucas pessoas avistadas quando a carruagem atravessava a rua principal da cidade de Namikaze.

Sujas, feridas, adoecidas e desnutridas.

Os olhos delas imploravam por ajuda, estendiam as mãos em direção da carruagem.

As fileiras da cavalaria Real impediam os cidadãos de alcançarem as janelas do transporte.

Mei não ligava para seu futuro, dominada pela obsessão, dispunha-se a obter sua vingança em troca de tudo. 

Minato continuava:

— Há algo a mais...

— Arf. — Naruto balançou a cabeça, esfregando a testa. — Claro que tem mais. — Soltou um ar cansado, contendo dor.

— Você tem uma prima, o nome dela é Karin Uzumaki. Ela estava morando em seu antigo lar, já que a fazenda estava abandonada, por estar desvinculada do reino Namikaze. 

— Prima... — Naruto sussurrou, sua exaustão mental e emocional o impediu de reagir com surpresa. 

— Foi Menma quem a conheceu primeiro, mas no primeiro encontro, ele não sabia que era uma Uzumaki. Ela se encontrou com ele e Menma Segundo. Menma Segundo se assustou quando a viu, porque Mei colocou na cabeça dele que mulheres ruivas, exceto ela própria, eram bruxas. Obviamente, ele pensou isso quando viu Sara, o ato de ela tentar levá-lo o traumatizou.

O maxilar de Naruto endureceu.

— Três dias depois de Mei dominar a situação, Karin foi encontrada e posta no calabouço, junto com a gente, foi quando nos apresentamos. Foi difícil explicá-la a situação, ela estava apavorada, porque de acordo com o que nos contou, Mei demonstrou claro desejo de torturá-la. E a cada dia no calabouço, Karin se desesperava achando que a qualquer momento Mei apareceria para cumprir o desejo perverso. Uma semana depois, conseguimos fugir durante a madrugada. Ainda não havia tantos sem-reinos na cidade principal. Menma optou em ficar no castelo, na esperança de levar Menma Segundo com a gente. Desentendemos-nos. Prossegui sozinho com sua prima, levei Karin para longe, saímos do reino sem montaria, o som do cavalgue atrairia sem-reinos, nos movemos pelas sombras. Chegamos a um cais onde entreguei minha coroa como pagamento para um barqueiro contornar com Karin pelo continente, até deixá-la mais próxima do feudo Hyuuga-Uzumaki. Eu segui meu caminho, indo pra bem longe do cais, pois caso eu fosse pego, não encontrariam Karin se explorassem ao redor. Fui recapturado dois dias depois, e recebi minha punição.

Colocou seus braços pra fora da capa, exibindo suas manoplas.

Eram manoplas férricas.

Do estilo usado em batalha.

Naruto as observando percebeu que os dedos não se moviam.  

O Namikaze mais velho empurrou a manopla esquerda, revelando que faltava a mão.

Com o toco do braço esquerdo, empurrou a manopla da mão direita, revelando a ausência da outra mão.

Naruto lentamente afastou o traseiro da cadeira, fitando a condição do rei, de frente.

— Se Menma não está falando nada, não é porque está acovardado em dizer algo. — Minato avisou. — Mostre pra ele, filho.

O príncipe, pesaroso, abriu a boca, revelando sua língua encurtada, causando imenso temor ao Uzumaki.

Menma fechou a boca depois de dois segundos.

— Ele não conseguiu levar Menma Segundo, a proteção sobre o menino era muito grande. Ele perdeu a língua porque contou para Menma Segundo que você é pai dele, tentou convencê-lo disso, mas é óbvio que Mei conseguiu convencer Menma Segundo a não acreditar. No meu caso, perdi as mãos por salvar Karin.

— Como Menma Segundo reagiu? Como ele reagiu ao vê-los assim?!

Naruto perguntou, respirando com força. 

Só por se lembrar do comportamento educado e alegre do menino, já arriscava pensar que Mei mais uma vez convenceu ao pequeno de que aquilo foi necessário para deter algum feitiço.

— Ele ainda não sabe da nossa condição. Nos mantemos quietos. Falei que estamos doentes, que precisamos de alguns dias para recuperar energia. No caso de Menma, acrescentei que ele está com a garganta inflamada, assim permanecerá calado por algum tempo... ainda não sabemos por quanto tempo manteremos segredo.

Minato respondeu, desviando do que Naruto idealizou.

— E por que manter segredo? — Naruto engrossava a voz. — Precisam mostrar a ele do que Mei é capaz! Antes que ela o diga que vocês estavam sob bruxaria e de que foi necessário puni-los desse jeito!!!

— Tememos. Ele não acreditará em nós. Mei nos deixou claro que a qualquer momento, ela pode fazer Menma Segundo acreditar que nós voltamos a ser enfeitiçados. Então não fará diferença se o revelarmos agora. Ela consegue conduzir a mente dele em um estalar de dedos. Ela é capaz de convencê-lo de que foi necessário fazer isso conosco. — Minato soou choroso, mas se controlou, evitando perder o controle.

Naruto espremeu outra vez a região entre os olhos, dessa vez, durou metade de meio minuto e contornou a mesa, e segurou o queixo do príncipe.

Ordenou que Menma abrisse novamente a boca.

Menma obedeceu, fechando os olhos, sentindo-se inútil. 

O Uzumaki obteve outra vez a visão do estado da língua de Menma, a falta de um pedaço grande.

Naruto interrogou nervoso:

— Por que ela iria tão longe desse jeito? Sua mãe não é louca por você?! Por que ela o puniria a esse ponto?!

— Creio que ela perdeu o amor pelo Menma quando percebeu que ele não se comportaria mais como ela almejava. — Minato explicou. Observou os seus braços sem mãos. — Da mesma forma que perdeu o amor por mim, já não é mais por mim que ela está fazendo isso, é apenas vingança. Ela culpa Kushina e você, por nunca ter sido feliz, Naruto.

— E ela acha que eu fui feliz? Se ela visse o quanto eu penei nessa vida... ela sequer insistiria nessa vingança sem sentido! EU SEQUER LIGAVA PARA O QUE O SENHOR ACHAVA DE MIM!

— Mas ela ligava. E isso é o bastante pra ela. — Minato seriamente aconselhou: — Mate-a enquanto a tem no calabouço, não a subestime só porque ela está presa. Mei não seria tão descuidada em vir sem os sem-reinos, eu sei que eles estão em algum lugar.

Naruto se afastou de Menma, virou as costas para eles, apoiando as mãos na mesa, meio curvado.

— Será um preço alto Menma Segundo nos odiar, mas se não aproveitar a chance de derrotá-la, ela dominará a situação, e irá submetê-lo às vontades dela, com a falsa promessa de que um dia poderá fazer Menma Segundo gostar de você, de verdade. — Minato insistiu.

— GGRRR...

Naruto trincando os dentes ergueu a mão direita e com o lado do punho cerrado, desceu seu braço com tudo, causando uma profundidade na superfície da mesa.

 

 

~NH~

 

Naruto permaneceu sentado no corredor que conduzia à porta do calabouço.

Os guardas responsáveis a vigiar a entrada, realizavam o serviço pelo lado de dentro do calabouço, sob ordem do Uzumaki.

De pernas dobradas e separadas, Naruto descansava os braços nos joelhos.

De seus azuis, lentamente, lágrimas escorriam.

Passou os dedos contra as pálpebras.

Afastou a mão da face, ao retornar a descansar o braço no joelho, levantou-se nos dois segundos futuros, percebendo a entrada de um servo que reacendia as tochas do corredor.

Sinal de que anoitecia.

O Senhor andou até a entrada do calabouço, encarando a porta por demorado tempo, percebeu não estar preparado para confrontar a rainha.

Aliás, precisava fazer algo importante.

Usando o dorso do punho fechado bateu contra a porta férrica.

— Podem voltar a vigiar do lado de fora.

Naruto desfez sua ordem anterior e se volveu, andando para a saída do corredor.

O servo a acender as tochas, cessou sua atividade e se curvou ao Uzumaki que preso aos seus pensamentos, ignorou a presença do homem.

Antes que alcançasse a escada a conduzir para o andar de seu quarto, encontrou-se com o Asano.

Parando na frente de Haku, Naruto entreabriu os lábios, mas não pronunciou nada durante cinco segundos.

— Senhor? — o Asano estranhou.

— Perdão. — Naruto deu uma leve balançada no rosto, concentrando-se. — Em meu nome, peça novamente desculpas aos convidados de honra, me ausentarei do jantar.

— Sim, Senhor.

O Selvagem seguiu caminho e Haku observou as costas do Uzumaki.

Os ônix rotundos perceberam um pouco de lentidão no andar do Senhor.

Naruto imóvel na frente de seu quarto fitou a porta durante um minuto e segurou a maçaneta.

Escutou o barulho vindo sob seus dedos da mão direita e ao abrir sua mão, a peça esférica da maçaneta se desfez em pedaços.

Aquele era o nível do seu nervosismo.

Destruiu a maçaneta, facilmente.

Ayla estando no quarto vizinho, escutou um barulho estranho, abriu a porta e colocou a cabeça pra fora do cômodo; e avistou a imagem do Selvagem. Curiosa, chamou-o:

— Senhor?

— Volte pra dentro. — Naruto ordenou, sem fitá-la. Empurrou a porta e adentrou em seu quarto.

Ayla observou os pedaços da maçaneta no piso, receosa recuou e fechou a porta.

Hinata de recém banho tomado dormia ao lado do filho, e do outro lado do bebê, Menma Segundo igualmente adormecia.

Naruto andou até parar ao lado da cama, e se ajoelhou no chão, cruzando os braços sobre o colchão descansou o queixo neles.

Seus azuis lacrimejantes expuseram novas lágrimas.

Fitava a face meiga do pequeno príncipe.

Delongou-se dois minutos naquele silencioso choro até resolver limpar as lágrimas e verificar algo.

Delicadamente, estendeu suas mãos e abriu a boca do menino, aproximou seu rosto da criança, procurando algo.

 

~NH~

 

Dentro do calabouço, o Senhor Uzumaki ordenou que a cela da prisioneira fosse aberta.

O guarda obedeceu, abriu a cela e rápido retornou ao seu posto, ao lado do colega de trabalho, temendo a aura obscura perceptível no Selvagem.

Dentro do espaço limitado, o loiro se despreocupou em fechar a cela.

O ambiente estava limpo demais para uma cela.

Devia ser coisa de sua esposa, considerou.

Uma pena, porque aquela rainha merecia um lugar sujo e fedido.

Se Hinata previsse que um dia a rainha estaria ali, atrás das grades, certamente suspenderia a ordem de limpar o calabouço. 

Mei dormia no assento pedregoso, deitada de lado, respirava calmamente.

O Senhor se aproximou dela, curvou-se capturando os cabelos ruivos, puxando-os para cima, suspendeu o corpo feminino.

— Mas que porra é essa?! — Mei acordou dolorida e desesperada. — Me solta, me solta!!!

Chutou o corpo do Selvagem, repetidamente.

E tentou arranhá-lo na face.

Naruto arremessou a cabeça dela contra a parede, e a agarrou pelo pescoço.

Espremeu a pele delicada da ruiva, facilmente, deixou-a sem ar.  

Vendo a agonia fluindo da rainha, ele pensou o quão veloz seria quebrar o pescoço dela, como se fazia com uma galinha.

À sorte da megera, o Selvagem não pretendia matá-la.

Não naquele momento.

O desejo de vê-la sofrer era maior.

Arremessou-a contra o chão.

Mei atordoada, aguardando a dor passar, concebia em sua mente que o marido revelara tudo ao bastardo.

O que não lhe foi previsível foi o bastardo chegar atacando-a.

Acreditou que ele não seria capaz, pois em breve Menma Segundo iria querer a presença dela, e ele não os manteria separados por muito tempo, caso contrário, o menino criaria aversão pelo Uzumaki.

A parte posterior de sua cabeça latejava, seu pescoço ganhou a marca da mão Selvagem.

Estabilizando seu ritmo respiratório, preparou-se para se erguer, apoiou-se com as mãos e depois com os joelhos.

De quatro, avistou os pés do Selvagem um palmo à frente.

Naruto questionou:

— Onde está Sara? 

A ruiva alçou a face e encontrou a frieza no rosto másculo.

Ela soou sussurrante, demonstrando desentendimento:

— Sara...

— SARA HAYAMI. A mulher cuja vida você desgraçou sua vaca imunda!!!

Ele bicudou o rosto da rainha, jogando-a rudemente para trás.

— RESPONDA! — avançara contra ela e pisoteara o centro do estômago da prisioneira, arrancando-a um grito longo. Quando ela retornou a fechar a boca, exigiu-a: — VAMOS FILHA DA PUTA! RESPOND...

— EU NÃO SEI! — a resposta gritante da rainha fez o Selvagem desistir do próximo pisoteio. — Nunca mais... ouvi... falar... dela... — Necessitava respirar direito.

— Está mentindo. — Acusou-a, fervoroso.

— Não estou! Ela teve muita sorte em conseguir voltar ao reino Namikaze e fugir. Mas depois disso, reforcei a segurança e nunca mais a vi.

A ruiva usou timbre manso, evitando soar afrontosa como quando conversava com o Selvagem nos portões, sem a presença dos convidados de honra.

O Uzumaki levantou Mei pelos cabelos, novamente.

E deu uma joelhada contra a cara dela, tendo a certeza de que incharia as feições femininas.

O rosto da Namikaze se transformara em um borrão avermelhado.

A ruiva gritou chorosa durante quase um minuto, sua voz proferiu um timbre enrouquecido.

— Se quer a verdade... — Mei começou dolorosa.

Naruto soltou os cabelos dela.

De volta ao chão, a ruiva sentou com as pernas de lado, espalmando as mãos no piso.

Os cabelos vermelhos caíam na frente de sua machucada face.

— Foi coisa da cabeça de Minato, só porque não presenciou o nascimento de nosso segundo filho. Confirmo que a ruiva que tentou capturar Menma Segundo era Sara, mas ela parecia enlouquecida. Talvez... penso eu que... talvez ela estivesse grávida de você, mas perdeu o bebê. E possivelmente culpa a mim, por causa da condição dela... então ela colocou na cabeça em ficar com meu filho.

Tendo se estendido um silêncio, Mei sorriu um pouquinho, sem desviar a sua visão do piso, achando que colocou o Selvagem para considerar.

E então, resolveu levantar seu rosto, porém mal chegou a fitar as pernas do loiro, pois recebeu um pisão fazendo seu rosto machucado dar de encontro ao chão. 

O Uzumaki se agachou e puxou os cabelos vermelhos, fazendo aquela inchada face fitá-lo, assustada.

Avisou-a:

— Menma Segundo carrega uma marca da família de Sara, do lado interno da bochecha direita dele, é uma mancha escura, quase um trevo de quatro folhas. Eu verifiquei antes de vir aqui, então se continuar insistindo que ele não é filho de Sara...

Deixou seu olhar intimidador bagunçar a imaginação da Namikaze.

Uma marca de nascença? Mei nunca percebeu.

Aquilo mudava tudo!

A duvida sobre a paternidade faria parte da tortura que a rainha pretendia acometer no bastardo.

Queria-o ver implorando, rastejando para alcançar a verdade.

Infelizmente, agora o bastardo possuía a certeza.

— Está blefando. — A rainha arriscou.

— Faremos o seguinte, a cada mentira sua ganhará uma hora de tortura. No meu exército, eu tenho homens excelentes que conhecem o limite do corpo humano. Bem, eles nunca torturaram uma mulher antes, então vou pedir para reduzirem a dose pela metade. No final da sessão de tortura, você terá seus ferimentos tratados, e quando estiver em boas condições novamente, será submetida a um novo processo de tortura, claro, isso se você não colaborar a respeito da localidade dos sem-reinos, sei que eles estão por perto.

Mei abriu a boca, quase sem voz.

Se antes acreditava que Naruto não a agrediria, quem dirá submetê-la a tortura.

Sobreviveria à tortura?

E se não resistisse?

Lutou para não expor seu desespero em considerar uma possibilidade de fracasso em sua vingança.

— Menma Segundo... ele não... o perdoará...

— Você não terá contato com ele, jamais permitirei que ele a veja nesse estado. Me sujeito a correr o risco de ser odiado por ele, mas não posso mais viver em uma realidade na qual você permaneça viva até o final desse ano. A única coisa que você poderá negociar comigo, será o modo como morrerá. Se colaborar com as informações, terá uma morte rápida.

A calma com a qual o Selvagem verbalizou causou muito mais medo na Namikaze do que se ele falasse de modo ameaçador.

Sereno, Naruto transparecia a certeza de sua decisão, não aberto para nenhum acordo além do que ele propôs.

Ele se levantou e virou as costas, andando para fora da cela, dizia-a:

— Graças ao testemunho do rei Minato, os convidados de honra concordaram com o tratamento ao qual estou lhe submetendo.

—  Eu... sou... uma rainha... — Trêmula, ela tentou lembrá-lo.

— Isso não faz diferença atrás das grades. Na cela, você tem o mesmo valor que um simples ladrão de galinha.

A seguir, ele chamou um dos guardas que se apressou em girar a imensa chave dentro da fechadura férrica.

Ele caminhou pelo corredor sendo seguido pelo guarda.

Mei de quatro se moveu pelo chão e agarrou as barras férricas, espremendo seu rosto ferido entre elas.

— É VOCÊ QUEM DEVERÁ NEGOCIAR COMIGO, BASTARDO. EU AINDA POSSO FAZER MENMA SEGUNDO GOSTAR DE VOCÊ. EU TENHO O PODER DE LIVRAR ELE DA MENTIRA QUE CONTEI. SOMENTE EU. SOU A ÚNICA CHAVE CAPAZ DE ABRIR OS OLHOS DELE. QUER MESMO JOGAR ESSA CHANCE FORA? — no final, cuspiu e percebeu que sua saliva saiu misturada a sangue.

Naruto não se iludiria, não cairia na falsa promessa, seria parte da diversão da rainha e não daria a ela nenhuma sensação de vitória.

 

~NH~

 

Sentado entre as coxas de Hinata, Menma Segundo segurava o bebê como se fosse o seu bem mais precioso.

Os braços da Senhora ajudavam os braços do pequeno príncipe.

Kurenai sentava na cadeira avizinhada à cama, seu olhar vigiava Mirai a sentar no colchão, de frente para Boruto.

A costureira chefe usava vestido cinza escuro, de mangas acampanadas, uma faixa amarronzada na cintura, da mesma cor que o manto acobertando seus ombros e costas.

Calçava sapatos de couro macio, internamente, revestiam-se de algodão.

Sua filha vestia túnica branca de mangas curtas e os pezinhos se cobriam com sapatinhos de pano marrom avelã.

Mirai de pernas abertas, afundava as mãos entre elas, jogando seu rosto pra frente, para perto do bebê, tentando abocanhar uma mãozinha de Boruto.

— Filha, não.

Kurenai falou se levantando da cadeira, alcançando Mirai.

Pegando-a no colo, balançou a cabeça em um imenso “não”.

Mirai imitou sua mãe, meneando a cabeça em negativa, mas ela desconhecia o que significava.

— Ela quer descontar as vezes que Boruto babou na mão dela. — Hinata comentou, divertida. Estendeu um dos braços. — Eu posso carregá-la desse lado.

— Tem certeza, Senhora? — Kurenai se preocupou.

— Absoluta, ela só quer ficar mais perto do Boruto.

A costureira chefe contornou o leito e repassou sua filha ao braço da ex Hyuuga.

— Vem cá meu amor. — Hinata falou, carinhosamente.

Mirai dividiu o colo da Senhora com o príncipe e o bebê.

A pequena se animou e se agitou; balançando suas mãos e pés.

Agarrou uma mecha loira de Menma Segundo.

O menino gemeu de dor.

A mão que Hinata mantinha em um braço do príncipe, moveu-se indo fazer Mirai soltar o cabelo do menino.

Mirai mesmo sendo proibida de segurar o cabelo do príncipe, continuou animada, rindo.

Gostava de estar perto de crianças.

A Uzumaki comentou:

— Ela é muito energética.

— Deu pra notar? — riu Kurenai. — Separei uma caixa cheia de tecidos que não uso mais, porém ela prefere brincar com os que eu uso para trabalhar.

A perolada riu.

A porta se abriu.

Era o Uzumaki.

No lugar da maçaneta existia um pino, algo para substituí-la temporariamente.

Devida à expressão frigida do Senhor, a costureira chefe se apressou em pegar sua filha de volta, despediu-se formalmente do casal Uzumaki.

Quando a Sarutobi passava pelo corredor, o choro de Mirai ecoava.

— Querido... aconteceu algo sério?

Hinata questionou receosa, a cara do seu marido a despertava medo, não à toa que Kurenai saiu às pressas do cômodo.

Naruto permaneceu observando aqueles três na cama.

Sua esposa.

E seus dois filhos.

 

Dois filhos.

 

— Querido? — a pequena mulher insistia para ele falar algo.  

Menma Segundo curioso observava o Senhor.

Boruto colocou a mão na boca, e ficou mastigando os dedinhos.

— Desculpe. — Falou o Uzumaki, seguindo caminho.

Andou para a cama onde sentou na borda.

A voz dele não saiu tão severa como a esposa imaginou.

Naruto se desfez de cada peça de sua armadura.

Deixou as manoplas por último, notou alguns fios ruivos grudados nelas.

Jogou-as no piso, junto das outras peças.

— Depois eu... arrumo. — Ele avisou, mantendo-se de costas para quem jazia na cama.

— Não se preocupe com isso, querido. — Hinata falara de forma suave.  

Menma Segundo apertou a boca, e arriscou perguntá-lo:

— Nii-chan, a conversa de adulto acabou?

 

Nii-chan.

 

A palavra trouxera amargura ao coração do Uzumaki.

— Por hoje sim. Amanhã, continuaremos.

O príncipe se animou, questionando-o:

— Eu poderei ver a okaa-san?

— Por enquanto, não. — Respondeu, contendo a dor. Desencorajado a fitá-lo. — Estará muito ocupada nos próximos dias, demorará para você revê-la...

O interior de Hinata se comprimia.

Menma Segundo abaixou a cabeça, fitando Boruto, mechas loiras caíram para frente, ocultando seu rosto entristecido. Buscava força, pensando:

— “Tenho que confiar na okaa-san.”

Separando os joelhos, Naruto colocou os cotovelos neles e se curvou abaixando a cabeça, escondendo-a entre as mãos.

Sabia que não encontraria uma boa expressão no rosto angelical de Menma Segundo.

Hinata prendeu o lábio inferior, sofrida. Mesmo desconhecendo o que se passava na mente do marido, pelo comportamento dele, seu coração acolhia a ideia de que era algo bem doloroso.

 

~NH~

 

Hinata não conseguia adormecer, precisava conversar com o marido, se isso não acontecesse se manteria acordada até o clarear do dia.

Naruto resolveu dormir no chão, enquanto Menma Segundo dividiu a cama com a Senhora.

Boruto adormecia em seu berço.

A pequena mulher se sentou na cama e nem olhou para o lençol e travesseiro postos no piso, pois percebeu de imediato a presença do marido sentado de frente para a janela.

Cuidadosamente, a pequena mulher deixou o leito.

Sem desviar sua vista do luar, Naruto percebeu a aproximação de sua esposa.

Quando os braços pequenos abraçaram seu pescoço, acariciou um deles, fechando suas pálpebras, agraciado.

Aquele doce contato diminuía um pouco do peso sustentado naquele dia.

Encontrava no abraço dela, um pouco de paz.

Empós alguns minutos, apenas naquele carinho, ele revelou:

— Menma Segundo é meu filho. 

A Uzumaki não desfez o abraço, mas suas pálpebras se espaçaram grandemente.

— Ele é filho de Sara. — Ele continuou. — O rei Minato me contou, eu não quis acreditar. Mas... lembrei de algo. Um dia, Sara compartilhou comigo sobre ter uma marca de nascença dentro da boca. Eu entrei no quarto, enquanto vocês dormiam, e verifiquei. Confirmei, estou sem dúvidas. Sou o pai de Menma Segundo.

Hinata recuou dois passos, perplexa.

Contornou o assento do marido, ajoelhou-se de frente pra ele.

Colocou-se entre os joelhos do homenzarrão, apoiando suas delicadas palmas nos músculos do peitoral dele.

Naruto a sorriu doce porque via o quanto sua esposa já estava sofrendo com a descoberta.

Os perolados se umedeciam.

Ele acariciou a face dela, e segurou o queixo pequeno.

Sua outra mão desceu pelas madeixas azuladas.

Ele a puxou para seu colo, surrando desculpas pra ela.

— Seu bobo... pare de se desculpar... — A pequena mulher murmurou de volta. — ... é você quem foi vítima daquela mulher... — Ela cobriu a face, impedindo-se de chorar alto. Soluços queriam rompê-la.

O loiro apenas manteve um pequeno sorriso, assistindo mais uma prova do quanto aquela pequena mulher o amava ao ponto de chorar pelo que ele sofreu.

Seria mais uma dor que ele enfrentaria, mas aquela situação seria diferente, porque existiam mais pessoas que amava ao seu lado.

 

~NH~

 

20 de outubro

Quarta feira

 

~NH~

 

 

As pessoas do feudo percebiam a movimentação das cavalarias.

Para qualquer direção que o habitante virava o rosto, avistaria um guarda.

Seja do próprio feudo ou algum guarda pertencente a um exército aliado.

Cavalarias também vistoriavam fora dos muros.

As aldeias, fazendas e a cidade de Amegakure recebiam proteção maior, por estarem mais distantes da cidade principal.

Viajantes passando pelos caminhos próximos das terras Hyuugas-Uzumaki eram abordados pelos cavaleiros.

Após serem verificados, os viajantes recebiam o alerta de que aquela era uma zona perigosa.

Assim, a notícia de que o território do Senhor Selvagem estava suscetível à guerra se espalhou pelo Continente dos Reinos, chegando ao Conselho Continental.

Os Senhores e reis os quais se uniram contra Kaguya, sofreram perdas demais na guerra, encontravam-se sem condições de enviarem um reforço para ajudar o Senhor Selvagem.

Os convidados de honra, mesmo em público, não ocultavam mais a preocupação que os consumia.

Compartilhavam as refeições em profundo silencio.

O clima mórbido se alastrava por conta de recentes sumiços de homens pertencentes a cada exército.

Simplesmente, sumiam de um segundo para outro.

Sem duvida de que se tratava dos sem-reinos atacando, restava descobrir de onde vinham, onde se ocultavam.

A presença de Iruka era a mais procurada, o único com o sexto sentido.

Quem jazia perto de Iruka estaria seguro.

Pelo visto, os inimigos sabiam da habilidade extra do Toshihiko/Umino, pois até o momento não fizeram nenhum ataque nas proximidades onde o homem se encontrava.

Quando Iruka era movido para alguma guarnição, os cavaleiros dela até se aliviavam.

Dentre os sumiços, Naruto perdera dois Selvagens, e ficava a maior parte do dia fora dos muros do castelo, tentando ajudar no que pudesse.

Sua concentração falhava algumas vezes, quando pensava no príncipe mais novo do reino Namikaze.

Menma Segundo a um tempo não sorria mais, uma vez que sentia muita falta da falsa mãe e temia que ela estivesse em perigo.

Ele se tornou um menino quieto, perdera toda a energia com a qual chegou inicialmente.

O Selvagem há três dias decidiu não se aproximar mais dele, uma vez que percebeu que sua presença tornava a criança mais travada.

Não dormia mais em seu quarto.

Naquela manhã de quarta feira, mais cedo, entrou de mansinho no cômodo, apenas para ver Menma Segundo, sua esposa e Boruto dormindo.

Ao menos Segundo obedecia Hinata e sempre preferia a companhia dela.

Um cavaleiro taki alcançou a montaria do Uzumaki, o loiro piscou forte, tentando se livrar de seus emocionais agitados.

— Minha majestade está solicitando uma reunião com os convidados de honra, Senhor.

O Selvagem arqueou uma sobrancelha, e assentiu.

Junto com o taki cavalgou ao castelo.

 

~NH~

 

Quando Naruto chegou à sala de reunião, todos os convidados de honra o esperavam.

Shibuki se levantou de sua cadeira e esperou o Uzumaki se acomodar em um lugar.

Assim feito, o Chiba iniciou:

— Eu sinto muito por incomodarem vocês a esta hora da manhã. Não estão sendo dias fáceis, todos já querem partir para seus lares, mas...

— Vá direto ao ponto, por favor. — O Selvagem tentou não soar rude.

Não somente para o Uzumaki, mas para os outros convidados de honra, foram noites mal dormidas.

Shibuki assentiu, informando:

— Enviei uma mensagem para Takigakure, pedi que escoltassem um prisioneiro meu para cá, interesso-me em negociar com ele.

— Negociar? Em uma situação dessas? — Dokku questionou.

— Não o interrompa, Senhor de Tonikamura, por favor. — Pediu Ashina.

Com seu olhar, Shibuki agradeceu Ashina, e continuou:

— O prisioneiro tem uma força monstruosa. Ele chegou ontem, aqui nas terras, quase no final da noite, e matou cinco sem-reinos antes de cruzar os portões da cidade.

Os olhos dos ouvintes ficaram mais abertos que o comum.

— Não interessa o que negociou com ele, o quero como meu segurança particular! — Dokku exigiu.

— Creio que o senhor Chiba não estará aberto para negociá-lo com nenhum de nós. — O rei Iwa comentou.

— Se o prisioneiro foi capaz de tal feito, precisamos dele. — Dokku ignorou o que o rei dissera, lançava um olhar concordante ao Chiba. — Não se sinta mal caso tenha negociado a liberdade dele, mesmo que o crime que ele cometeu seja grave.

— Se fosse um criminoso qualquer, eu sequer pediria que essa reunião acontecesse. — Shibuki avisou. — O nome do prisioneiro é Kimimaro, ex seguidor de Danzou Shimura.

Naruto exibiu seus dentes rangidos, cerrando os punhos e batendo-os contra a superfície da mesa.

Seus nervos esquentaram sua pele.

— Kimimaro matou vários takis, e as famílias deles me odeiam nesse momento, porque estou querendo a ajuda dele em troca de libertá-lo.

— O que faremos se ele se tornar um perigo para nós, caso vençamos essa situação contra sem-reinos? — Ashina perguntou.

— Ele é forte, muito forte. Mas contra vários exércitos, nem ele é capaz de resistir. Atacaremos com a quantidade de cavaleiros que sobrar. Claro, se ele não for embora. — Shibuki respondeu nervoso. Descrente de que aquele homem partiria facilmente.

— E se ele quiser fazer algo contra minha mulher? — Naruto interrogou, indignado. Levantou-se. — Se ele ainda lamenta a morte de Danzou, quererá vingança. Deve ser o maior seguidor do Shimura.

— Não permitiremos que ele veja nem a cor dela. Ele ainda não entrou na cidade principal, está aguardando do lado de fora, onde matou os sem-reinos. — Shibuki respondeu.

— Eu não demoro. — Naruto enraivecido saiu correndo pra fora da sala, não daria mole. Para proteger seus bens mais preciosos, seria o mais precavido possível.

 

~NH~

 

Kimimaro não entrara na cidade principal.

A guarnição taki a contorná-lo, não baixava a guarda, os cavaleiros dela alternavam em seus turnos para vigiar o prisioneiro.

Kimimaro não se encontrava em sua melhor forma.

Emagrecido, as marcas de sua clavícula e costelas se acentuavam.

Da cintura pra baixo, cobria-se com o que restou do hábito negro comumente utilizado pelos seguidores de Indra.

Seus pés descalços, seu rosto magro e cabelos mais longos, arrepiados.

Enquanto prisioneiro em taki, foi alimentado à força, o suficiente para sobreviver.

Sua aparência fragilizada não intimidava os takis, até eles testemunharem o que Kimimaro fizera com os sem-reinos.

O lugar do caminho onde o prisioneiro foi atacado, agora estava sendo alvo de verificação por mais de vinte grupos de dez guardas

O Senhor Selvagem, temporariamente, não autorizava a entrada de Kimimaro na cidade principal.

 

~NH~

 

O Selvagem retornou à reunião após deixar uma equipe vigiando o corredor no qual se situava o quarto onde Hinata, o bebê e Menma Segundo estavam.

Ela ficou confusa e queria que ele explicasse o motivo de tudo aquilo, mas ele a avisou que em outro momento a diria tudo.

Com a chegada da noite, a presença de Haku foi solicitada pelo Senhor na sala de reunião, o servo passou o dia na companhia de médicos examinando os cadáveres dos sem-reinos. 

— Um servo atuando como médico, o Conselho não gostará disso. — Um dos convidados mencionou.

— Foda-se o Conselho, nenhum membro dele está aqui, como sempre. — Naruto rebateu. — Em situação de ataque, o que um servo meu faz não é relevante para a lei. — Fitando o Asano, assentiu-o para que expusesse seu relato. 

Os membros da aliança se entreolharam, realmente, naquele instante não havia o porquê de se incomodarem com aquele fato tão pequeno. Aliás, souberam que o famoso médico Godaime, na verdade, era uma médica. Um servo exercendo a medicina era menos grave. 

Com as mãos atrás das costas, Haku relatou-os:

— Os mortos exibiam língua e olhos inchados, pele engrossada. Fluídos dos corpos exibiam coloração amarelada, uma substância nada comum ao organismo.

— Bem, desconhecemos o que há no território deles. — Comentou o rei de Iwagakure. — Do que será que se alimentam?

— Se a causa da força monstruosa deles for fonte alimentícia, estaremos perdidos. — Ashina comentou. — Mesmo se destruíssemos todas as fontes de alimento natural deles, um efeito causado por uma alimentação desde o nascimento, não sumiria da noite para o dia. 

— Não é uma substância ingerida. — Haku avisou. — É uma substância injetada, não identificada. Os médicos realizarão comparativos durante a semana, enquanto isso, eu prepararei um tranquilizante forte, tenho algumas anotações da Sra. Senju.

Expressões confusas se formaram na maioria dos rostos, e o Asano precisou lembrá-los que Tsunade Senju era o nome do famoso médico Godaime.

— Tranquilizante... — O rei iwa mencionou, desentendido.

— É algo desenvolvido pela Godaime. Diferente de um chá que ajuda a gente a se acalmar lentamente, o tranquilizante apaga o organismo humano em um instante. Constatamos que os sem-reinos possuem uma imensa resistência, bem mais que a comum, com certeza se dá por causa dessa substância. Somente uma dose forte pode pará-los. Para nós, uma dosagem forte nos mataria.

Seria como o veneno que punha em suas agulhas, mas absteve-se de comentar essa parte.

— E terá material suficiente para injetar em todos? — preocupado, Dokku perguntou.

— Em todos não, mas posso... colocar em agulhas e prendê-las em flechas, os arqueiros serão os mais aptos a atingirem os sem-reinos. — Haku respondeu.

— Que beleza. Atrairemos os sem-reinos para frente das muradas, os arqueiros utilizarão as seteiras.

Shibuki usou de um tom falsamente empolgado, apoiou o cotovelo na mesa e esfregou sua mão na testa, sofrendo dor de cabeça.

— Já conhecemos uma das localidades que os sem-reinos estão atacando. — Naruto se ergueu da cadeira. — Eles estavam mais longe do que esperávamos. Temos que ter cautela nessa situação. Eles devem estar separados em grupos, uns bem distantes dos outros, querem nos dividir, nos distrair. Enquanto alguns deles se aproximam da área de vistoria das cavalarias. — Expôs sua observação, espalmando as mãos na mesa, pretendendo finalizar a reunião. — Planejaremos estratégias de ataques, enquanto o preparo e o estudo da substância decorrem.

— Quanto à prisioneira, Senhor... — Dokku interveio. — Como anda a situação com a rainha?

Todos os olhares ficaram atentos à expressividade do Uzumaki que respondeu decidido: 

— Ela está podendo descansar nos últimos dias. Sob tortura, ela apenas grita e chora, e então fala palavras desconexas. Ela parece estar perdendo a razão, e eu a quero perfeitamente são, preciso que se recupere. E a partir daí, planejarei minha última conversa com ela.

 

~NH~

 

Na vinda da madrugada, Kimimaro sem resistir foi conduzido ao calabouço.

Desconhecia-se a intenção dele.

Naruto o avaliou em um treino, concluiu que ele não guardava força por muito tempo.

Temporariamente, o único modo de se manterem seguro de Kimimaro, seria se o alimentassem pouco, até a certeza de que ele colaboraria.

Mas o Selvagem achava aquilo difícil, não tiraria da cabeça que aquele devoto ao Shimura faria sem uma pesada cobrança.

 

~NH~

 

Manhã seguinte

 

~NH~

 

Menma realizava serviços no celeiro, queria fazer algo para se ocupar.

O Senhor Selvagem orientou o Namikaze a permanecer dentro dos muros do castelo.

Nenhum dos sumiços de cavaleiros ocorreu dentro das muradas do castelo, então o príncipe se despreocupava.

Não se escondia dos Selvagens.

Evitaria perder tempo tentando explicar o que lhe aconteceu, daria um trabalhão fazer aquilo, com sua nova condição. 

— Coloque as pilhas de palha ali no canto esquerdo, depois encha as bacias dos cavalos de ração.

Kosuke orientou, enquanto varria as folhas outonais trazidas pelo vento.

Passado algum tempo, terminada a varredura das folhas, o velho se retirara para buscar água pros bichos.

Enchendo as bacias de ração, Menma sentiu uma presença em suas costas.

Seguiu sua atividade normalmente, seja quem fosse, esperava que a pessoa decidisse ir embora.

— Oi Memma. 

O cumprimento travara o corpo do príncipe durante poucos segundos.

Devagar se virou segurando um saco de ração meio vazio.

Seus azuis pararam sobre o dono da bela voz reconhecível.

Haku recebeu o frágil olhar do loiro. Aquele homem grande e musculoso diante de seus brunos rotundos parecia o ser mais indefeso do mundo.

Menma em mansidão contemplara de perto a imagem de Haku.

O Asano falou:

— Eu sinto muito, pela sua nova condição.

O loiro assentiu em agradecimento.

Haku avançou contra o príncipe e o abraçou, consolando-o.

Menma lacrimejou.

O velho retornava, mas se deteve surpreso ao ver que o príncipe abraçava o servo do castelo.

Deu meia volta e se afastou, decidindo esperar mais algum tempo distante do celeiro.

Quando Haku e Menma se afastaram, fitaram-se por um minuto, e o servo fez menção de ajudar o príncipe com aquela tarefa, o loiro mesmo não achando que precisava de ajuda, aceitou, pela companhia do Asano.

 

~NH~

 

Inspirou uma vez.

— Peixe.

Duas vezes.

— Carne de porco.

Uma vez.

Aguardou quatro segundos e arriscou:

— Carneiro?

— Acertou todos.

Tenten confirmou animada, compartilhava a cama com Neji, sentada no colchão estreito, estendendo o braço, colocou a bandeja de fatias de carne, sobre o móvel vizinho.

Ansiosa, falou:

— Veremos se adivinha as bebidas. — Ao lado da bandeja, alcançou um dos copos compridos.

Antes deitado, Neji se sentou, apalpando os travesseiros, afundara a região inferior da coluna neles.

Ele usava apenas calça preta de fino tecido, enquanto a morena, um chemise ajustado.

Com sua mão direita, a Mitsashi segurou o queixo do Hyuuga, e sua mão esquerda conduziu o copo aos lábios masculinos.

Neji reteve o líquido na língua durante três segundos, e após engolir, concluiu:

— Uva... e maçã.

— Uma mistura. Na primeira tentativa, ficou muito bom hein. — Tenten falou, maravilhada. E pegou outro copo, ajudando-o a beber.

Depois de ingerir, o Hyuuga espremeu os lábios. Sua testa enrugando denotava o seu questionamento.

Com um pingo de incerteza, ele arriscou:

— Laranja... e amora.

— De novo! Ouvi falar uma vez que quando perdemos um sentido, os outros se apuram mais. Você se tornou a prova. — Ela verbalizou orgulhosa.

Neji buscou a mão da morena, cingira o copo com sua mão direita e o reaproximou do seu paladar.

Gostara da mistura.

O Hyuuga iniciava seu processo de se colocar no caminho positivo de sua nova condição.

Tenten encostou os dedos nas faixas do Hyuuga, verificando se jazia bem apertada atrás.

Devagarinho, ela arrastou as pontas dos dedos, até pousá-las onde deveriam estar os olhos dele.

Neji terminou de beber e estendeu o copo para a Mitsashi.

Espremeu os lábios, sugando o que restou do sabor da mistura de laranja e amora.

E revelou:

— Há um treino Hyuuga que nos prepara para lutarmos sem o uso da visão. Ando procurando um bom orientador do clã.

Tenten segurou o copo e observou o ex líder do clã se deitar novamente.

Seus acastanhados rotundos passearam pelos músculos do peito ao abdômen.

Todavia, ela não encheu seus pensamentos de desejo, seu semblante se entristeceu, percebia que Neji permanecia recusando a retirar a faixa na presença dela.

Suspirou baixo, e guardou o copo de volta ao móvel de apoio. E pediu:

— Me conte sobre esse treinamento.

— Antigamente, era um treinamento obrigatório. E o motivo não é nada agradável.

— É mesmo? Qual era o motivo?

Ela se interessou de verdade, esquecendo a tristeza, deitando ao lado dele, encimou uma mão no peito desnudo.

Neji contemplativo relatou:

— Na era em que grupos a servirem entidades macabras eram mais numerosos, existiam aqueles que caçavam Hyuugas para arrancarem os olhos e os servirem às suas entidades sombrias. Vários clãs foram extintos desse modo. Era uma era, bem das cavernas.

Assombrosa, Tenten cerrou os dentes, continuou o escutando:

— Por causa das poucas vítimas que sobreviviam sem seus olhos e retornavam ao clã, foi estabelecido o treinamento para elas. E com o tempo se tornou obrigatório todos receberem o treinamento, por precaução. Mas na era do meu avô, quando os grupos de rituais sombrios se tornaram inexistentes, assim erroneamente acreditamos, o treino foi perdendo a obrigatoriedade.

— Credo, por que servir uma entidade que se agrada com olhos humanos? — Tenten perguntou mais assombrada. E pensou no caso de Hanabi. —  Como servir uma entidade que requer sacrifícios humanos?

— Para eles faz sentido, possuem fé. Ou talvez só queiram entregar um sentido bonito à maldade que cometem. 

Abraçou-a pelo ombro, e sua outra mão pousou sobre a dela que permanecia em seu peito.

Os dois se estenderam em silêncio, tentando afastar o último assunto da cabeça.

Para ajudar, a Mitsashi buscou se sentar no colchão, perguntando-o:

— Quer que eu pegue a última bebida? 

O Hyuuga bufou, não queria que ela se afastasse, todavia sabia o quanto ela se empolgava em ajudá-lo naquele jogo de treinar seu olfato e paladar.

— Por favor. — Ele aceitou.

— Lá vou eu. Pronto?

— Sim. 

O Hyuuga entreabriu os lábios assim que sentiu os dedos da morena em seu queixo.

O sabor veio, mas não era de bebida alguma.

Todavia, era um gosto melhor que laranja e amora juntas.

Tratava-se do gosto da língua da habitante das ilhas de Konoha.

O beijo saiu prolongado.

Recuaram seus rostos, ofegantes e impactados pelo agarro de línguas.

— Uau! — Tenten passeou as mãos pelo corpo do Hyuuga. Jogou ousado convite: — Você gostaria? 

O cabeludo hesitou, pensou em avisar não ser uma boa ideia fazer aquilo durante o dia, no entanto, sua vontade o contradizia, sabia que acabaria aceitando, pulou o seu tempo de negação:

— Muito. 

Tenten contentada se retirou para se despir, mas seu braço foi agarrado.

— Deixe-me despi-la. — Ele pediu.

— Claro. — Ela permitiu, suavemente.

As mãos dele buscaram levantar a saia, a morena se sentou nas canelas e estendeu os braços ao alto.

O tecido fino arrastou contra a pele e engatou na parte da cabeça, o Hyuuga agiu cuidadoso, conseguiu deslizar a vestimenta até o final.

Ele cheirou o chemise antes de pô-lo na cama.

Nua, Tenten colocou a mão na calça de Neji, intencionando tirá-la e ele sorriu, ajudando-a, levantando suas pernas.

Pelados, abraçaram-se.

O Hyuuga levou suas mãos aos cabelos femininos, enquanto se beijavam.

Neji gostava de sentir o quanto cresceram.

Os polegares dele desceram, e brincaram com os mamilos femininos, adorando a sensação endurecida deles.

Tenten segurou os punhos do Hyuuga.

— Espere. — Ela teve uma atrevida ideia, retirando-se da cama, pegou um dos copos que ainda continha suco. — Tem um suco que você não experimentou.

Derramou um pouco no mamilo esquerdo, depois no direito, e desceu o líquido pelo seu corpo, molhando entre suas coxas.

O suco gelado tornara as regiões mais sensíveis. Devolveu o copo ao lugar de antes e retrocedeu à cama.

Encaixara-se nos quadris do Hyuuga, e ele a percebeu molhada, entendendo a intenção dela.

Neji abocanhou o mamilo direito, chupando-o, sorvendo o sabor do líquido.

Era um sabor agridoce, mas ele não se concentrou em adivinhar, focava-se em sentir o prazer daquele sabor contra a pele macia de sua hóspede de honra, de sua salvadora.

Da boca aberta de Tenten saía pesado ar, enquanto ela fechava os olhos e lançava a cabeça pra trás, afundando suas mãos na cabeleira comprida e lisa do parceiro.

Ela percebendo que ele descia a boca mais e mais, foi ficando de pé, permitindo que a língua máscula seguisse secando a trilha de suco pelo seu corpo. 

Neji se ajoelhando no colchão, teve uma perna da Mitsashi descansada no seu ombro direito.

Agarrou-a por trás da coxa e afundou sua língua na boceta onde o sabor da lubrificação natural se uniu à mistura de dois tipos de suco de fruta.

As mãos dela pressionavam a parte de trás da cabeça dele contra seu corpo, a língua lhe afundada a fazia pirar.

Em pouco tempo, Neji não sentiu mais o sabor do suco, imerso no gosto natural da morena, com a língua sacudiu as dobras vaginais, vez ou outra atirou a língua no caminho entre elas, afundando-a o máximo no canal vaginal e a arrastava pelas paredes umedecidas trazendo mais gozo à superfície íntima.

Repentinamente, para o desagrado da enlouquecida Mitsashi, o Hyuuga se deteve.

— O que há? — Tenten abriu os olhos, desesperada para ele continuar.

Neji afastou a mão da coxa da mulher. 

Tenten manteve sua perna sobre o ombro do Hyuuga.

— A porta.

Ele alertou.

A Mitsashi encaminhara a visão na direção da entrada.

— Não tem ninguém. — Ela agradou os cabelos dele. — Está fechada.

— Ouvi ela abrindo.

Tenten bufou, afastando sua perna do ombro do Hyuuga, ajoelhou-se na cama e depois se virou de costas pra ele, saindo do leito.

Catou seu chemise e pressionou-o contra o corpo, andando até a porta.

Verificando, descobriu que a porta se encontrava apenas encostada.

Um pouco incomodada, ela devagar abriu a porta e pusera a cabeça pra fora.

O corredor se encontrava vazio.

Recuando, resolveu fechar a porta.

— Como eu disse, não tem ninguém.

E assanhada retornou à cama.



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