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História Casada com um selvagem - Arco final: ataque dos sem-reinos parte 6


Escrita por: BlackCat69

Notas do Autor


Atualização de 2023
Spoilers na imagem do cap.

Capítulo 51 - Arco final: ataque dos sem-reinos parte 6


Fanfic / Fanfiction Casada com um selvagem - Arco final: ataque dos sem-reinos parte 6

 

— “Eu sinto muito Haku, sinto muito, por favor, não morra... não morra...

A jovem lady atravessava o salão de entrada, pensando em encontrar sua treinadora.

Que a Mitsashi não estivesse em um novo momento íntimo com Neji.

Antes de chegar à ala dos Hyuugas, travou, avistando uma figura alta, acobertada de vestes negras, segurando uma foice a gotejar sangue, a própria imagem da morte.

Pelas vestes compridas e a exposição unicamente dos olhos, ela reconheceu um sem-reino.

Em outra fração de segundo, a lady se volvia, rumando ao calabouço, o primeiro lugar a lhe chegar à mente.

Alcançando a entrada do corredor, olhou para trás, vendo que o sem-reino a seguia, porém ele não se apressava.

Ele andava com a certeza de que a alcançaria em breve.

Ninguém vigiava a entrada do calabouço, foi o melhor para a lady que arriscaria uma ideia.

Cruzou a entrada, apertando a saia do seu vestido, descendo os degraus, escutou o ressoar de batalha.

Shino enfrentava um sem-reino.

O Aburame assim que a viu, exclamou-a para regressar, mas ela não obedeceu.

Os prateados rotundos da lady repararam na armadura de Shino.

Na região que deveria proteger a parte inferior do torso, criaram-se orifícios pelos quais sangue escorria e formava pequenas poças pelo piso.

Shino foi pressionado contra a parede ao lado de uma cela, suas mãos e as do inimigo agarravam um bastão amadeirado cujas extremidades se constituíam de pontas metálicas.

A arma pertencia ao sem-reino.

O inimigo desarmara Shino e agora o Selvagem tentava fazer o mesmo com o oponente. 

A Hyuuga colocou a mão por dentro do vestido, através de uma abertura lateral camuflada.

Ela retirou sua pin.

Correu na direção do sem-reino, e enterrou a lâmina na nuca do inimigo.

O sangue respingou em sua face, mas não ligou.

Assim que o corpo do homem cedeu, deparou-se com a face pasma do Aburame a fitando.

— Está vindo outro! — ela avisou, retirando sua pin do morto.

Desviou-se dos dois homens e seguiu seu avanço ao fundo do corredor.

Shino escorregara sentando no chão.

Com uma mão sobre os buracos feitos na sua armadura, assistia o sem-reino morto a sua frente.

E três segundos posteriores, avistou outro inimigo descendo a escada.

Na frente da cela almejada, Hanabi encontrara a quietude do prisioneiro.

Kimimaro se manteve inalterado escutando o barulho da luta.

— Sinto muito pelo atraso. — Desculpou-se Hanabi, usando sua pin para destruir o cadeado da cela.

Adentrando o espaço, posicionou-se frontalmente ao prisioneiro e o fez posicionar as mãos para frente.

Veloz ela investiu vários golpes contra os elos férricos a interligarem os grilhões.

Ela perdia as esperanças.

Recordou-se de que as correntes foram feitas especialmente para Kimimaro.

O ferreiro Rock Lee não construiria uma corrente facilmente quebrada por uma pin.

Cansando, o prisioneiro a orientou:

— Enfie-a entre o último elo e o grilhão.

Estranhando-o, Hanabi o obedeceu.

Colocou a ponta da lâmina no local pedido.

— Não mova. — Ele falou, passando a mover seu punho.

Concentrando sua força, Kimimaro fez a lâmina destruir a região onde o elo férrico se prendia no grilhão do punho esquerdo.

E logo, repetiu o processo no grilhão do punho direito.

No lugar de romper o meio da corrente, bastou destruir o mecanismo que prendia as extremidades dela aos grilhões.

Hanabi se sentiu burra. No instante seguinte, seu pescoço foi envolvido, por uma das mãos ossudas do prisioneiro.

Ele podia estar fraco, mas sua força no presente era o suficiente para matar uma miúda como a Hyuuga.

Os pés dela, balançando no ar, elevavam-se sessenta centímetros do piso.

— Eu deveria ser liberto no mesmo dia que revelei minha história, mas você não regressou.

Mesmo a voz dele não saindo em tom de ameaça, a lady o temeu.

Ela notou os lábios rochosos e secos do adulto.

— Você não foi avisado? Seria libertado hoje... eu... eu estava até me preparando para me despedir de voc...

Começou a tossir, pois ele lhe apertou com mais força.

Deixando-a incapacitada de soltar uma sílaba, explicitamente, ele expunha desacreditar na jovem.

As pequenas mãos agarraram o punho de ossos ressaltados.

A lady se assustava em como um braço horrivelmente magro se mantinha forte daquele jeito.

Surpreendendo-a, ele a soltou.

Hanabi caiu de bunda no chão, massageou sua garganta, desentendida, sua visão acompanhou Kimimaro.

Ele aparou na mão, uma espada que teria partido as costas da lady ao meio, caso ele não a soltasse antes.

Sua mão apertara em torno da lâmina ignorando o sangue e a ardência do ferimento resultante. 

Sem soltar a lâmina, Kimimaro puxou-a com tudo para trás, fazendo o sem-reino ir de encontro ao seu corpo, desferiu-o uma cabeçada.

O sem-reino ficou desnorteado.

Na mão ferida, Kimimaro girou a espada, passando a agarrá-la não mais pela lâmina, e sim pelo cabo.

Com a espada, atravessou a cabeça do sem-reino.

Hanabi ofegante se arrastou pelo chão, e se apoiou no banco pedregoso para se levantar.

Mantendo-se de pé, ela admirou a impassibilidade do homem após o que aconteceu.

Os pratas esféricos miraram o sangue saindo da mão direita do ex monge, a coloração do liquido beirava ao preto de tão escuro.

— Como consegue se manter hábil... — Hanabi dizia impressionada. — Você é milagroso mesmo.

Kimimaro moveu seu tronco, pondo-se na direção da lady, avançou um passo.

A jovem recuou sentando no cantinho do banco.

— Só para que saiba, eu não poderia libertá-lo no mesmo dia que me contou sua história, porque meu cunhado resistiu em aceitar realizar a promessa que fiz a você. Quando finalmente ele aceitou, disse-me que o permitiria retornar a Takigakure, somente depois que enfraquecesse mais, ele queria se assegurar de que você não teria forças para ir atrás da nee-san.

— Temiam uma vingança. — Kimimaro compreendeu o temor.

— Pe-pelo visto... não adiantou... — A lady comentou nervosa.

— Está com medo?

— Claro. Mas, as terras estão sendo invadidas nesse momento, não tenho para onde correr, então melhor não me esquecer de libertá-lo.

— Pensa que com isso, eu irei protegê-la?

— Seria bom, mas não precisa fazer isso. Eu realmente queria convencê-lo a lutar a nosso favor, eu sou só mais uma pessoa com interesse em sua natureza. — Ela sorriu envergonhada. — Porém, é melhor você ir embora, você não merece continuar passando por isso, mesmo que existam pessoas que acreditam que sim. 

— E se eu a matasse, antes de partir? Sentiria arrependimento, por me libertar?

— Acho que você não ouviu que os inimigos estão invadindo.

— Você é uma lady, estaria sendo protegida. 

— Sim, eu deveria estar fugindo, mas preferi correr o risco vindo aqui, precisava libertá-lo. Ninguém vai ligar agora, com os inimigos chamando atenção, é a sua chance de deixar esse lugar. 

E com o silêncio a se seguir, Hanabi não suspeitava o que se passava pela neutralidade do homem.

Coçou a cabeça, pensando na história do prisioneiro, arriscou comentar:

— Mas sobre o que você me contou... se me permite dizer, a-acho que no fu-fundo você se envergonhou por sentir medo, e não por arrependimento.

O silêncio de Kimimaro a fez abaixar a cabeça, esperando a morte.

— Vergonha, medo.

Ele mencionou as palavras, pensativo, tentando lembrar se sabia diferenciar o significado de cada uma.

Hanabi curiosa ergueu o queixo, o homem observava o teto.

Ela mudou a direção de sua vista, localizou sua pin no piso.

E suspirou.

Se o inimigo chegara até a cela, significava que Shino foi morto.

Pesarosa, lembrara-se de Haku, e orou rapidamente, esperando que ele estivesse vivo.

— Prossiga. — Kimimaro se interessou pelo que ela tinha a dizê-lo.

Pasma, ela entreabriu a boca.

— Vamos. — Ele aumentou a voz, mas seu rosto permaneceu neutro.

Ela balançou a cabeça, afirmativa.

— Você sentiu medo quando foi enterrado vivo. Envergonhou-se disso, pois representava seu fracasso como monge. É o que penso.

— Nada muda o fato daquelas pessoas me deixarem tornar um Shisha no hogo.

— Dada a sua palavra, sempre respeitada, acha que elas iriam contradizê-lo?

Lentamente, ela saiu do banco e se abaixou, pegando sua pin.

De pé e de mãos fechadas em torno do cabo da arma, continuou falando-o:

— Você se desesperou, temia ser abandonado, foi o que o impulsionou a ser um Shisha no Hogo. Queria estar junto dos aldeões de algum modo, sempre os protegendo. Você era compreensível quanto ao modo de agir deles, se afeiçoou a todos.

Ele ressaltou:

— Quando eu não definia bem e mal como conceitos.

— É... mas esqueceu a lógica?

— Lógica.

— Se você que nasceu com um dom, teve sua fase de fraqueza, o que espera de nós? Meros mortais? Crescemos em constantes erros. Suportamos bem menos que sua capacidade de sobreviver a uma epidemia. Se você que é você, errou e se desesperou. Na luta pela sobrevivência aquelas pessoas dificilmente retribuiriam do jeito que você esperava.

— Não quis ser especial.

— Claro que não, ninguém escolhe o modo que quer vir ao mundo, mas você gostaria de ter exercido o seu dom sem a parte da veneração, queria ser visto como igual, apenas. Está óbvio para qualquer pessoa que escuta atentamente sua história.

— Óbvio. — Ele frisou.

Ela retornou a sentar no banco, sem deixar de fitar sua pin sujada de sangue.

— Ninguém lhe ensinou a se comportar nessas situações. O que fazer se sentir vergonha? Medo? Raiva? Arrependimento? Desespero? Uma pessoa que trancou durante anos tudo o que de ruim poderia sentir... uma hora poria tudo pra fora. Infelizmente, foi Danzou quem o encontrou nessa hora crucial. Você seguiria qualquer um que lhe estendesse a mão.

Ela esboçou um sorriso, e ergueu seu olhar ao homem.

Em seus pratas esféricos, um brilho entristecido, por não ser a pessoa que ele encontrara no momento que mais precisava.

Suas vidas se separavam por épocas e lugares diferentes.

E se encontraram em um contexto nada amigável.

— Para uma pessoa em profundo sofrimento, tudo que ela precisa é alguém para escutá-la. E Danzou Shimura lhe foi uma novidade. Ele seguia todo o oposto de seus ideais. E era isso que você almejou. Afastar-se de sua vida anterior, renovando-se. Danzou foi o primeiro a lhe consolar, ele lhe tratou como uma pessoa comum, não o venerando. Apenas enxergando o seu lado humano, e não milagreiro. Ao lado dele, você renunciaria sua vida de realizar boas ações, sem ser julgado. Porém, se retornasse ao templo do fogo...

— O ciclo reiniciaria. — Ele completou, voltando a fitar o teto.

A pequena lady escutou passos no corredor, temendo que fossem mais sem-reinos, ergueu-se do banco, avisando ao prisioneiro:

— Você deve ir, os cavaleiros do feudo não o impedirão, estarão ocupados contra os inimigos.

Kimimaro a fitou.

— Lady Hanabi o que está fazendo?!

Shino apareceu na entrada da cela, apoiando uma mão em uma barra férrica da porta e a outra na região dos buracos da armadura.

Deixara um rastro de pingos de sangue.

— Está vivo... — Hanabi sussurrou, surpreendida.

— Me fingi de morto. — Shino revelou observando o cadáver ali no meio da cela. E preocupado com a presença do prisioneiro, exclamou-a: — Se afaste desse homem!

— Não interrompa nossa conversa.

Kimimaro pegou a espada e pensou em lançá-la ao Selvagem.  

Hanabi agarrou a cintura dele, abraçando-o firme, implorando para ele não matá-lo.

Kimimaro não precisou fazer nada, haja vista que nos segundos futuros uma flecha atravessou lateralmente a cabeça do Aburame, varando pelo ouvido.

Hanabi soltou o corpo do magro prisioneiro e tampou sua boca com as mãos.

— Não se mova.

Kimimaro falou para a lady, afastando-se dela, saiu da cela, não pisando no corpo do Aburame.

O ex prisioneiro saiu do campo de vista da lady.

Hanabi escutou apenas meio minuto de batalha, e logo o homem regressou à cela.

Mais sujo de sangue, ele se apresentou.

— Como acha que poderei viver bem?

Kimimaro perguntou, ignorando seu estado.

A lady emudecida tremulou os lábios.

— Responda.

Ele exigiu, aumentando a voz.

E ela se deu conta de que ele queria continuar a conversa de antes.

Assustada, ela buscou se concentrar e respondê-lo:

— Acredito que... será o melhor se aprender a lidar com suas emoções, você tem problemas para decifrá-las.

Ela procurou sua pin novamente, havia deixado-a cair antes de abraçar Kimimaro.

Segurando o objeto, reforçou sua resposta:

— Fuja, aproveite sua liberdade e viva como uma nova pessoa, recupere o tempo que lhe roubaram. Vivendo... entendendo seus próprios sentimentos... valerá a pena.

— Não. Eu quero fazer isso ao seu lado, e se não me adiantar de nada, eu lhe mato.

Um silêncio se estendeu, a lady demorou em assimilar as palavras do antigo seguidor do Shimura.

— Mas... mas... eu não tenho cert...

— Você disse que minha situação era óbvia, então quero que me ajude. — Kimimaro avançou um passo contra ela. — Mas já que não quer colaborar, você não me adiantará de nada... — Ele se preparava para atacá-la.

— Tudo bem! Tudo bem! — Hanabi gritara desesperada, evitando sua morte. — Mas... não há um prazo de tempo, isso pode demorar anos.

— Esperarei quanto tempo for preciso.

Ela assentiu de coração acelerado, e após considerar que recuperou parte de sua calma, curiosa o interrogou:

— Então... po-posso sair daqui?

— Irei com você, não deixarei que morra.

Hanabi arregalou os olhos, sorriu.

De modo inusitado conseguiu que aquele homem se tornasse seu segurança particular.

— Perdemos muito tempo aqui! Siga-me! — ela exclamou, saltando por cima do cadáver do sem-reino, querendo sair da cela.

O ex prisioneiro a alcançou, puxando-a para trás.

— Menina tola. Irei à frente, me diga o caminho.

 

~NH~

 

— Nos perdoe Menma-chan.

Pediu Hinata, acariciando os cabelos lisos e loiros do pequeno príncipe.

De coração confrangido, ela testemunhava a imobilidade da criança em seu colo.

Através de suas janelas peroladas, a azulada atirou seu ódio à imagem da rainha.

O tique nervoso dominou a monarca, perdeu a cor de sua pele para a palidez.

Aterrorizada, assimilando o que aconteceu, Mei evocou seu desespero:

— Amor! Desacredite neles, é o feitiço de novo, me obrigaram a falar essas coisas!

Caiu de joelhos no chão e em seguida, curvou-se, ficando de quatro.

Suportando a dor de seus pontos, engatinhou ao depósito.

O Senhor se interpôs entre a ruiva e o depósito de ferramentas.

— Saia da frente, bastardo! Quero abraçar meu filho!

— MEU FILHO. — O loiro a corrigiu, de veias grossas ressaltadas na testa.

A rainha se sentara de lado, e se inclinou para a direita, retornando a enxergar o menino.

O príncipe escondia o rosto no seio da Uzumaki.

Hinata abraçava o menino com todo seu amor e carinho.

Um abraço de querer protegê-lo de todos os malefícios do mundo.

— Vem com a mamãe! Vem com sua querida okaa-san, por favor. — A rainha implorava, abrindo seus braços.

Menma Segundo imóvel, incapaz de responder qualquer coisa.

O tique nervoso da ruiva piorou.

— AAAAahhhh!

A ruiva exclamara.

Assimilava tudo.

 

Foi tudo um plano.

 

O menino no jardim não era Menma Segundo.

A criança brincando com a serva foi uma situação proposital.

A rainha precisava acreditar que o menino estava longe daquela sala, assim, a ruiva conversaria abertamente com o Senhor, sem se preocupar em manter segredo, acreditando que não corria o risco de o menino ouvir. 

A serva limpando o depósito, também foi outra situação proposital.

O objetivo era a ruiva ver o interior do depósito sem ninguém, acreditar que aqueles tecidos amontoados eram apenas bagunça, mais reforço para a rainha acreditar que estaria a sós com Naruto. 

Mei se levantou e arrancou partes de seu vestido.

A piora de seu tique nervoso despertou uma sequencia de cambaleios.

Gritou outra vez: 

— AAAAaaaahhh!

Hinata encolheu os ombros, abaixando a cabeça.

Menma Segundo espremia os olhos, apertando a Uzumaki com maior força.

Naruto avançou contra a monarca, tentando contê-la.

Mei recuara lançando pedaços de tecidos para todos os lados.

Expunha a nudez da cintura pra cima, exibiu sua barriga deformada com pontos de costura e marcas de queimadura.

O Uzumaki a perseguiu pela sala, ela fugia.

Ele impaciente saltou à mesa e deslizou pela superfície, cortando caminho e enfim capturando a ruiva.

Sacudindo-se, tentando se soltar do tato do loiro, a monarca escandalizava:

— OLHA O QUE FIZERAM COMIGO MENMAAAA! Torturaram-me para eu falar aquelas coisas! Eu prefiro morrer a ver você acreditando que eu sou uma pessoa má!

No momento no qual as energias da mulher se abeiravam ao esgotamento, as mãos do loiro se afrouxaram e a ruiva deslizou ao chão, caindo de peito.

As pequenas mãos do príncipe se apoiaram nos ombros de Hinata e devagar virou seu corpo de lado, observando a imagem da rainha.

Mudando seu olhar à perolada, reticente a perguntou:

— Me impedirá de ver minha okaa-san?

— Não amor. — De enternecido olhar e voz, ela respondeu: — Você pode vê-la. Se não conseguir aceitar a verdade, não vamos forçá-lo. — Carinhosamente, segurou o rosto da criança, pelos lados. — Não mentimos para você, se puder pensar com calma, agradeceríamos.

Vários dias anteriores, Naruto revelou seu plano para Hinata.

O casal decidiu para Menma Segundo revelar a verdade sobre Mei, inclusive, sobre a paternidade do Uzumaki.

Menma Segundo desde então assumiu um comportamento aquietado e seu olhar perdera o brilho jubiloso.

Não foi difícil convencê-lo a participar do plano, haja vista que independente do que os adultos faziam ou falavam o menino se apresentava inanimado.

— Está chorando. — Menma Segundo murmurou para a Uzumaki.

— Choro por você sofrer. — As duas lágrimas deslizaram no mesmo ritmo, uma de cada lado da face.

Ele limpou as lágrimas da Senhora, e se afastou dela.

Ele caminhou em direção da ruiva que desgostou de vê-lo tratar com carinho a perolada.

O Uzumaki se afastou cinco passos, dando mais espaço ao menino.

Menma Segundo o agradeceu em um curto sorriso, e se abaixou diante a monarca.

Mei sentou, sorrindo ao menino, seu tique nervoso diminuía.

O príncipe alcançou um pedaço de tecido, e o jogou sobre os ombros da rainha, cobrindo os seios dela.

Evitou olhar para a barriga dela, não suportaria ver as deformidades de perto.

— Eu sabia que você seria forte, meu amor. — A ruiva o abraçou. — Me enche de orgulho.

Menma Segundo fechou as pálpebras, apreciando aquele abraço.

E Naruto abaixou a cabeça, dolorido.

E Hinata lagrimou mais, lamentosa.

— Okaa-san, retire seus amigos das terras Hyuugas-Uzumaki.

O pedido da criança impressionou os adultos.  

— Por quê? — Mei perguntou assustada, recuando daquele abraço, segurando-o pelos ombros.

— Por que mesmo que o Senhor Naruto e a Senhora Hinata estejam enfeitiçados, eles não fazem mal a ninguém. E o Senhor Naruto batalhou contra o exército da bruxa de Otsu. A Senhora Hinata consola o Senhor Naruto. Ele dorme em outro quarto para não me incomodar. E ela vai atrás dele quando todo mundo está dormindo. Aí eu a vejo fazendo carinho nele. O Senhor Naruto perdeu muitos homens na guerra, homens que também eram amigos dele. Ele sente falta de todos, mas não gosta de ficar triste na frente dos outros.

O casal Uzumaki surpreso desconhecia que o príncipe passou a observá-los escondidamente. 

— Ele também chorou demais por minha causa, ele não gosta de saber que estou sofrendo. Assim como a Senhora Hinata, o Senhor Naruto é muito sensível, mas ele não gosta de chorar na frente de ninguém. — Menma Segundo continuou verbalizando tudo o que aprendeu sobre eles. E sorriu gentilmente, complementando: — E eu sou grato ao Senhor Naruto, por ele me salvar. Eu quase morri afogado, mas ele apareceu, ele estava lá por mim. Então não ligo se ele é filho de uma bruxa, se ele é capaz de enfeitiçar... não ligo, quero que ele continue do jeito que está, assim como a Senhora Hinata, eles serão excelentes pais para o Bolt.

— Bo... Bolt... — Mei sem piscar, sussurrou.

— O apelido de Boruto, okaa-san. Ele é um bebê lindo e será muito feliz.

Ele caminhou até parar na frente do Uzumaki, perguntou:

— Senhor Naruto, aceitaria um acordo de paz, se a okaa-san se retirasse das terras com o exército dela?

Hinata apertou as mãos, os lábios entreabertos.

Movimentando-se, cessou apenas quando se colocou ao lado do marido, repousando uma mão no braço dele.

Mesmo sabendo que enfrentaria a ira dos aliados, o Selvagem assentiu:

— Por você, qualquer coisa.

O menino se curvou em agradecimento.

E se reaproximou da rainha, dizendo-a gentilmente:

— Vamos embora, okaa-san.

Mei meneou o rosto, negando-se e interrogando:

— Não se enraivece pelo que fizeram ao meu corpo? Quer ir embora sem fazer justiça?

— É por isso que vamos embora, okaa-san. Não posso ficar perto deles sabendo que a machucaram, mas também... não quero que vocês briguem.

Mei degustou em ver o Uzumaki sofrendo uma nova perda, ainda que as feições másculas não exprimissem dor, adivinhava o quanto doía nele.

No final, o príncipe escolheu a ruiva.

E sequer chamava o bastardo de pai.

No entanto, a proposta de Menma Segundo continuava desagradando à rainha que se ergueu.

Não teria condições de retornar a reinar. Praticamente, o reino Namikaze está vendido aos sem-reinos.  

— Filho... não teme que eles iniciem alguma guerra? Tenho certeza que meu exército está com a vantagem no momento e...

— Não, okaa-san. Vamos embora. Se os enfeitiçados atacarem, o Continente dos Reinos inteiro se envolverá contra eles. — Menma Segundo argumentou. — E se a maioria do continente estiver enfeitiçada, então não há motivo para lutarmos contra, só iremos perder. 

O Selvagem sorriu, orgulhando-se.

Mesmo que lhe doesse o lado que Menma Segundo escolhia, sentia algo de bom pela criança.

E o melhor, o pequeno colocou a rainha em um beco sem saída.

Notando o sorriso do bastardo, a ruiva enfureceu-se interiormente.

Tentando domar sua cólera, ela questionou ao menino:

— E se perdermos nossas vidas por essa decisão?

O príncipe se emudeceu em um longo minuto, antes de ter certeza do que a responderia, esticou meigo sorriso:

— Eu... estarei feliz em morrer ao lado da okaa-san.

O coração de Hinata se comprimiu, enquanto as pálpebras do Selvagem se fecharam, em lamento.

Menma Segundo segurou a mão da ruiva.

— Vamos, okaa-san. — Ele disse, tranquilo.

A Namikaze puxou seu braço com força, recuando cinco passos.

Não partiria de modo algum.

— Okaa-san? — Menma Segundo se preocupou, estendeu sua mão, aguardando que ela a segurasse. — Temos que ir, okaa-san.

— Não... você pode voltar sozinho...

Ela sorriu ao dizê-lo, nervosa.

Menma Segundo acentuou sua estranheza. 

— Okaa-san?

Todos escutaram um barulho vindo do jardim.

No gramado, um grande buraco surgia e dele homens saltavam.

O primeiro a invadir a sala, avistou a ruiva e analisou a aparência dela.

Mei sorriu, aliviada.

— Chegou bem na hora. — Ela falou.

Quando o sem-reino se aproximou dela, perguntou-a:

— Elo nosso, está... seguro?

— Sim, continua firme. — Mei o respondeu, e moveu sua face, pousando-a na direção do Senhor.

O Selvagem se preparou com sua espada.

— Okaa-san... — O menino abaixou a mão.

— Menma querido, o amei o quanto pude. Agradeço muito por você ser meu filho. Cheguei muito longe, não abrirei mão dos meus objetivos. Sabe, é engraçado, você tem sangue Uzumaki, mas comparado ao meu marido e ao meu filho, foi o único que me escolheu no final de tudo. Mas não é o suficiente. Você ainda demonstra condescendência a esses dois.

Seu olhar perverso mirou a face da perolada, e depois a do marido dela.

— Acho que sei qual o problema, o único modo de alcançar um elo materno perfeito, seria se eu parisse uma menina. Minha ligação sempre foi mais forte com a minha mãe.

Menma Segundo de coração acelerado a interrogou:

— Okaa-san? O que está dizendo... okaa-san?

Hayate adentrou a sala pretendendo avisar ao Senhor sobre o ataque dos sem-reinos, mas ao se deparar com o cenário, soube ser tarde demais.

Menma Segundo estático, foi carregado pela Uzumaki.

O Senhor ordenou que Hayate fugisse com Hinata e o menino.

— Naruto! — sem soltar o príncipe, a Senhora gritou chorosa, enquanto era puxada por Hayate.

O loiro escutou o chamado preocupado da esposa. Mas sequer poderia olhar pra trás, defendeu o primeiro ataque de um sem-reino.

 

~NH~

 

— Vestido horrível, mas é melhor do que ficar nua.

Mei falou, passando as mãos pelo tecido.

Aos seus pés, uma serva degolada.

— Sinta-se lisonjeada por uma rainha usar sua roupa de servidão.

Mei falou-a, virando as costas ao cadáver e se afastando.

Seguindo a Namikaze, um sem-reino cuidava da retaguarda da ruiva.

Mei regressou à sala de reunião.

Chegando à porta, desagradou-se pelo que testemunhou.

Três sem-reinos mortos.

Um estirado na mesa e outros dois, no chão. 

Mais três enfrentavam o Selvagem em uma luta que os azuis da ruiva se incapacitavam de acompanhar.

Os movimentos velozes se tornavam riscos no ar.

A rainha se explodiu aos berros:

— Ainda não o detiveram?! Como ele pôde matar três de vocês?! Eram seis contra um! Aproveitem a vantagem de ainda estarem em maior número! Demônio! Por que tanta dificuldade? Acertem as pernas dele!

Naruto se via cada vez mais encurralado, a cada defesa realizava uma recuada.  

Usava sua espada e uma cimitarra do último sem-reino que matou.

Suas costas encostaram-se à parede.

Sua espada bloqueou o ataque vindo da direita.

A lâmina do Selvagem pressionara contra as duas pequenas cimitarras do sem-reino. 

O inimigo vindo pela esquerda exerceu força contra a cimitarra segurada por Naruto.

O próximo sem-reino agiria e o Uzumaki ainda media força contra os outros dois.

Percebendo a situação sem saída do Senhor, a rainha sorriu.

O sem-reino a cuidar da segurança dela, velozmente, pegou o corpo da mulher e a jogara sobre seu ombro direito, assustando-a.

Revoltando-se, Mei escandalizou:

— O que pensa que está fazendo seu imbecil? Solte-me! Largue-me, eu quero ver esse bastardo ser capturado!

O homem ignorara os socos dela nas costas, a força da Namikaze nem cócegas fazia nele.

Ele atravessou a sala, rumando ao jardim.

— Eu o quero vivo, me tragam o bastardo vivo!  

Mei gritou, debatendo-se no ombro do sem-reino.

O terceiro inimigo puxara uma corda, cuja extremidade possuía a forma para enlaçar o pescoço de alguém.

Ele não chegou a arremessá-la na direção do Senhor, haja vista que uma espada foi atirada na direção do sem-reino.

Ainda segurando a corda, o sem-reino com a outra mão aparou a espada, circundando seus dedos em torno da lâmina, e o sangue logo fluía.

Na porta, um taki, ele preparava outra espada para arremessar.

Mais takis apareceram.

Os sem-reinos se atentaram à quantidade de inimigos que se acumulava na sala.

Aproveitando a pequena distração dos oponentes, o Uzumaki se abaixou, ergueu as pernas do inimigo da esquerda e arremessara o corpo dele pra cima do outro sem-reino.

O terceiro inimigo em fuga, ao tentar saltar ao buraco no jardim, teve uma espada atravessando seu torso.

Ele caiu na grama poucos centímetros na frente do buraco e agonizou até seu último suspiro.

Takis continuavam entrando, a sala ficou quase lotada inteiramente, e um grupo deles se dirigiu ao jardim e outro grupo paralisava a dupla inimiga perto do Uzumaki.

Shibuki se fez visível ao Selvagem, saiu do meio da multidão de guardas.

Desesperado o Chiba procurava por Hanabi.

Avistando o Senhor, reteve seus pensamentos.

O Uzumaki, massageando o espaço entre o ombro e o pescoço, agradeceu-o:

— Obrigado pelo reforço.

Shibuki assentiu, ocultando seu constrangimento, sequer sabia que o Senhor estaria naquela sala.

— Os outros aliados sabem da situação? — Naruto perguntou.

— Sim, e o exército de cada um está se mobilizando contra os sem-reinos. 

O Selvagem se aliviou, perguntou-o:

— Viu Hinata? 

— A levaram? — o Chiba se alarmou.

— Ela saiu levando Menma Segundo, um Selvagem está acompanhando-os.

Acalmando-se, Shibuki verbalizou:

— Nesse caso, eles ficarão bem. Estou espalhando o máximo de takis pelo castelo, logo serão encontrados e receberão reforço.

— Grato.

Naruto agradeceu novamente, livrando-se de sua armadura que após a luta recente se tornou pedaços incômodos de ferro.

Deixou a parte superior do torso exposta, se recordando do bom e velho hábito Selvagem.

Compartilhou uma informação importante:

— Nem todos os sem-reinos são poderosos como imaginávamos.

— Não? 

— Quando estão em grupo, o mais forte deles se oculta. Um dos menos fortes se manifesta mais, o objetivo é nos fazer pensar que é ele o maior problema.

— Enquanto isso o mais forte deles fica no aguardo para atacar. — Shibuki depressa compreendeu.

O Chiba se virou ao taki parado atrás de si, e ordenou-o que espalhasse sobre a estratégia dos sem-reinos aos outros membros do exército.

Naruto juntara a cimitarra que havia usado durante a recente batalha.

Mostrou para Shibuki:

— Veja esse símbolo.

No cabo da cimitarra, desenhava-se uma ampulheta.

O Chiba reconheceu e verbalizou:

— É o símbolo de Suna. Mas não é surpresa, ao sul do continente há um pedaço de montanhas fazendo fronteira com o deserto, não? O povo além das montanhas rouba armas de qualquer um próximo de onde estiverem.

— Mas eu soube que as pessoas de Suna evitam se aproximar da fronteira. — Naruto seriamente destacou: — De qualquer fronteira.

O rei repensou antes de falar:

— Ah isso é verdade, as coisas são bem rígidas por lá. Uma pessoa comum precisa ter permissão para se apr.... — Emudecendo-se, concluiu que a obtenção de uma arma de Suna aconteceu de outro modo. Entendeu o que o loiro insinuava na expressividade facial. — Por que Suna ajudaria os sem-reinos? Por que Suna se interessaria em ajudar Mei?

— Talvez não seja Mei, necessariamente, que Suna queira ajudar. Sendo mais preciso, Suna sequer deve saber o que está acontecendo agora. O povo além das montanhas já havia conseguido essas armas há muito tempo. — Reconhecia quando uma espada ou um escudo era manuseado durante anos. — Bem, eu vou atrás da megera, deixemos esse assunto para outro dia. — Naruto largou a cimitarra, usaria apenas sua espada. — Se puder se encarregar de encontrar Hinata e...

— Farei isso. — Shibuki aceitou apressadamente. — Aproveitarei para encontrar a lady Hanabi.

O loiro exibiu um meio sorriso, passou pela porta.

O rei correu até o marco da saída, colocando a cabeça pra fora da sala, pediu:

— Coloque ao menos uma armadura nova.

— Eles não me matarão, Mei me quer vivo. Ela quer ter o prazer de me torturar e me ver morrer.

— E vai atrás dela sabendo disso? Sabe que ela não estará desprotegida.

O Selvagem sem parar de andar, estando mais longe, não respondeu.

Shibuki suspirou, percebeu que os dois sem-reinos ainda viviam.

Antes de sair da sala, lembrou aos seus homens:

— Não estamos fazendo prisioneiros.

Após a partida do monarca, dois takis sacaram suas espadas e cada um atravessou a garganta de um sem-reino. 

~NH~

 

Kurenai adentrada no armário segurava Boruto e Mirai em seu colo.

Mirai se agitava gostando de brincar com os tecidos da mãe.

Boruto se agitava porque desgostava do ambiente escuro e apertado.

O som de batalhas acontecidas no corredor atingia a audição da mulher, gelando-lhe a pele, sua mente se prendia em oração, pedindo que os inimigos fossem derrotados.

As batalhas se findaram após dez minutos, fora do armário, o silêncio se estabeleceu.

Boruto soltava longo gemido, denunciando que choraria alto e forte a qualquer instante.

A costureira chefe ofereceu o peito, o bebê rejeitou virando o rosto, em direção oposta a do mamilo.

Boruto chorou escandaloso o que incomodou Mirai, ela rompeu em choradeira, na mesma intensidade que o Uzumaki.

A porta do quarto foi aberta, bruscamente.

Kurenai tremeu toda, e fechou as pálpebras.

Seus pensamentos aumentaram a oração.

De forma bruta, as portas do armário foram abertas.

Empalidecida, a costureira chefe demorou a abrir as pálpebras.

Como nada aconteceu, a Sarutobi ousou revelar seus orbes de tom escarlate.  

Deparou-se com a imagem da lady Hyuuga limpando as lágrimas do rosto.

Hanabi se recompôs e se curvou, pegando seu sobrinho no colo.

Recuou, dando espaço para a costureira chefe sair do armário.

Recebendo o carinho da tia, Boruto aos poucos diminuiu o choro até ficar apenas em um gemido irritado.

A ausência do choro de Boruto devolveu à calma gradualmente para Mirai.

A Sarutobi permanecida no interior do móvel abraçou sua filha com todo seu amor materno e a encheu de beijos, feliz por aquele momento não ter sido o último das duas.

Hanabi cheirava e beijava seu sobrinho, Boruto começou a sorrir.

Os sorrisos também retornavam à pequena Mirai.

Kurenai saindo do armário enfim, empalideceu avistando aquele homem magro e alto na porta.

O rosto do ex prisioneiro se focava na lady.

Kimimaro se desinteressava em observar o lugar onde estava ou por onde passava.

Notando o medo engrandecido na costureira chefe, a Hyuuga avisou:

— Ele está comigo. Ele matou os inimigos que estavam no corredor.

Kurenai surpresa, abriu a boca um pouco, levou três segundos elaborando sua dúvida até soltá-la:

— O que aconteceu com os guardas?

Antes, um grupo vigiava do lado de fora, reforçando a segurança do herdeiro.

Foi tudo muito rápido, Kurenai brincava com os bebês na cama quando os sons de batalha se iniciaram.

Não pensou em outra coisa, a não ser se esconder com os pequenos.

Dando umas balançadinhas no bebê em seu colo, a lady respondeu:

— Um deles morreu, os outros estão feridos, mas ficarão bem.

Com um brilho de pesar, pela vida do guarda perdida, Kurenai não deixou de se curvar, agradecendo sua lady.

— Não precisa fazer isso. — A jovem falou, sem jeito.

Kurenai fitou o prisioneiro, pensou em agradecê-lo também, todavia ele sequer a olhava.

Questionou:

— Há mais perigo, lady Hanabi?

— Não sei dizer, talvez a cidade principal esteja sob ataque. — Volvendo-se em direção à porta, acrescentou: — Vamos andando, a melhor opção é irmos ao subterrâneo.

— Claro, o abrigo. — Kurenai se lembrou, criando boas esperanças, seguiu sua lady.

— Não usaremos o abrigo, fugiremos do castelo pelas passagens secretas. — Passou ao lado de Kimimaro.

— Mas lá há suprimentos e...

Hanabi parando de andar e se voltando à costureira chefe, antecipou sua explicativa:

— Os inimigos criaram várias passagens sob a terra, desconhecemos onde eles surgirão. Ficar muito tempo no subterrâneo não é a melhor decisão.

— Kami... — Amedrontada, o coração de Kurenai disparou fora do ritmo natural. — Te... tenho que avisar meu marido.

— Ele ficará bem, nossa prioridade é sair do castelo.

Lagrimando, a Sarutobi recuou um passo.

Sua filha dava palminhas em sua bochecha.

— Se ele chegar ao quarto vai achar que eu e Mirai morremos... não quero causar essa dor a ele... não quero...

— Ele não pensará isso. — Hanabi se reaproximou da mulher, deteve-se a um passo dela. — Os inimigos estão deixando corpos por onde passam, não estão fazendo reféns. Se ele chegar ao quarto e não ver as duas, saberá avaliar o cenário e entenderá que não foram pegas.

Os bebês se entreolharam e sorriram, queriam brincar juntos novamente.

— Seu marido está trabalhando na torre de mensagens, correto? — a Hyuuga questionou, intencionando confortá-la mais.

A mulher assentiu, confirmando.

— Durante uma guerra, a torre de mensagens é um dos lugares mais protegidos para se priorizar a comunicação com aliados. — Hanabi assegurava outra vez: — Ele ficará bem.

Convencida pela argumentação da lady, a Sarutobi balançou a cabeça, em positividade, mostrando que não resistiria mais, salvaria a si e sua filha.

As duas, com as crianças, retiraram-se do quarto.

Evitaram observar os corpos inimigos pelo caminho.

Kimimaro tranquilamente as seguia.

 

~NH~

 

A armadura dos cavaleiros de Iwagakure ressaltava regiões pontiagudas, como as espaldeiras e os escarpes.

Os coxotes e o peitoral se listravam de preto.

As cores amarelo-bronzeado e preto predominavam no equipamento de proteção, em referência às abelhas.

Qualquer arma do exército a conter uma extremidade afiada, assumia a forma de um ferrão abelhoso.

Os cavaleiros do feudo de Tonikamura, pertencente ao Senhor Dokku, trajavam armaduras pretas e existia um salpicado branco, no peitoral e no topo do elmo, referenciando-se a uma noite estrelada.

As terras de Dokku se situavam em uma profundeza de solo, praticamente, um imenso buraco circular.

Escadas muito estreitas e longas se construíam aos montes, saindo de várias regiões do feudo, interligavam-se a superfície.

Em Tonikamura era muito escuro, mesmo de dia.

O único momento no qual a claridade assumia maior espaço era quando o sol estava bem acima das terras.

De forma pejorativa havia quem se referia a alguém de Tonikamura como “Ele veio daquele buraco” ou de “toupeira”.

As armas dos tonis, nome abreviado dos cavaleiros, eram tão favoráveis para combate, como também para escalada.

Da cor da grama se revestia as armaduras dos homens de Kusagakure, o reino de Mui Terasoma.

Cor escolhida simbolizando as vastas regiões campestres a predominarem no solo de Kusagakure.

As únicas partes excluídas do verde eram as lâminas das armas.

Uma arma característica dos kusas eram os chicotes a lembrarem visualmente cipós. 

Os cavaleiros das terras Uzushi, feudo do Senhor Ashina, usavam armadura de cor única: o vermelho.

A cor se dava pelo minério mais famoso que se extraía no território: o berílio.

Minério quase totalmente presente na composição dos utensílios de Uzushi.

E a arma característica dos Uzus era uma marreta e derivados dela.

 

~NH~

 

Na ala do castelo dedicada aos membros do clã, a Mitsashi e o Hyuuga utilizavam a sala de treino.

Os dois treinavam juntos até o momento em que Neji escutou algo estranho vindo de fora.

A Mitsashi séria confiava nos sentidos do Hyuuga.

Não demorou muito para receberem a visita de inimigos.

Introduziram-se em uma longa batalha.

Atualmente, Tenten em cima das costas de um inimigo, segurava um bastão amadeirado, pressionando-o horizontalmente contra a garganta do homem.

Do nariz da Mitsashi escorria sangue, e o humor dela piorava por conta daquilo.

Doía quando o ar passava pelas suas narinas.

Ininterruptamente, o sem-reino agoniado arranhava os braços femininos, tentando fazê-la soltar o bastão.

Ele rasgara as mangas da túnica que ela usava, suas unhas alcançando a pele feminina arranhavam, ininterruptamente, os membros superiores da morena.

Linhas de sangue escorriam e pingavam.

O Hyuuga concentrado nos sons de ataques do inimigo se desviava facilmente.

No perdurar de dois segundos, Tenten olhou para a luta de Neji, mesmo sendo uma gota de tempo foi o bastante para ela comparar os movimentos dele aos de uma elegante dança.

Neji quanto mais fazia o oponente perder tempo, mais identificava o ritmo respiratório do mesmo. 

O inimigo se utilizava de um par de lanças médias, e as cruzavas pra frente sempre quando investia.

Repentinamente, um grito da Mitsashi desconsertou o Hyuuga.

O oponente de Neji aproveitou a chance, perfurando a região torácica do Hyuuga.

O estilo do sem-reino era enfiar as lâminas cruzadas no corpo e ainda dentro dele, descruzá-las.

Assim causaria uma terrível abertura no ferimento.

Agindo rápido, Neji recuou antes que o sem-reino descruzasse as lanças em seu interior. 

O grito de Tenten recomeçara.

O Hyuuga se ajoelhou em uma perna, e no piso espalmou uma mão.

Sua outra mão pousou sobre seu ferimento.

O sem-reino partiu pra cima aproveitando a vulnerabilidade do adversário.

Entretanto, mostrar-se fragilizado foi uma tática de Neji.

Ele jogou a região superior do corpo para trás, e com o apoio de seus braços contra o chão pudera levantar as pernas, e chutou as lanças do sem-reino.

Escutou o barulho delas caindo.

Sem se erguer, fez seus pés trabalharem em uma sequencia de chutes contra o inimigo, durante sua investida conseguiu se levantar, e passou a somar socos.

Com vários giros, tornou-se um furacão de golpes diversos.

Escutou o sem-reino bater contra uma parede, e encerrou seus ataques quando atingiu especificamente o pescoço do homem.

E ao escutá-lo cair, certificou-se da morte dele, quebrando o pescoço.

Os pensamentos do Hyuuga logo correram para a Mitsashi e desesperado se afastou do morto, procurando por ela.

Não tendo mais nenhum som de batalha, o temor de Neji nascia.

Localizou uma respiração.

O desespero começava a perturbá-lo, se fosse dominado por ele, não conseguiria organizar seus sentidos.

Dando-se a calma, pensou com clareza.

Se existisse um inimigo vivo e em boas condições já teria sido atacado.

Aproximou-se da respiração, sem baixar a guarda, somente por precaução.

Mas bastou se agachar para reconhecer o ritmo respiratório da Mitsashi.

Abrandado, ele alcançou o rosto dela, as pontas de seus dedos roçaram de leve.  

Verificou que ela respirava sem interrupção, apenas se utilizava de um ritmo calmo, o ritmo não dava sinais de instabilidade.

Acreditou que ela se apagara de cansaço, após vencer a luta.

Ele a acarinhou por mais alguns segundos.

Cada traço do rosto dela, ele ainda conseguia desenhar na mente.

Desabou ao lado da morena, deitando de costas contra o piso, colocando sua mão em seu tórax, o incomodo do ferimento aumentou.

Revelando-se acordada, Tenten de pálpebras cerradas, disse-o:

— Desculpe... respiro devagar porque... dói quando sugo o ar...

— Não precisa se desculpar. — A mão dele encontrou a dela. — Está mais ferida onde?

— Nos meus braços, estão arranhados e sang...

As pálpebras da morena se abriram no início da resposta e antes de concluí-la sua visão se deteve na deformidade do rosto masculino.

— O que há? — ele perguntou, preocupado.

Neji despercebia estar sem a faixa.

A mão dela exerceu mais força sobre a dele.

— Nada. — Ela respondeu. E notando onde a outra mão dele segurava, preocupou-se. — Você está sangrando.

— São apenas dois pontos, mas não são profundos. — Neji esclareceu, rapidamente. — Recuei antes que ele aprofundasse e rasgasse o ferimento.

Notaram que os sons de batalhas fora da sala de treino se ausentavam.

Os dois torceram para não serem os sem-reinos os vitoriosos.

Precisavam descansar.

Permaneceram com as mãos unidas.

Tetsu, Riichi e Hoheto adentraram o espaço, suados e sujos de sangue inimigo.

— São Hyuugas.

Tenten falou aliviada, sorriu e retornou a fechar os olhos, ela se daria ao luxo de descansar um pouquinho antes de querer saber de mais detalhes sobre o que ocorria.



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