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História Casada com um selvagem - Arco II: Passado parte 2


Escrita por: BlackCat69

Capítulo 9 - Arco II: Passado parte 2


~NH~

5 de novembro

Quinta feira

~NH~

 

As velas do quarto se transformaram em ceras derretidas.

O clarear natural da manhã eliminou as sombras do recinto.

O vento adentrava o espaço. 

Naruto despertou lento, sua visão desfocada perdurou durante três segundos, ela se normalizou após uma sequencia de piscar.

As cortinas atadas em torno da cama, desagradou-o.

Afundou, pesadamente, as mãos sobre a macia superfície e bufou.

Havia sido claro à esposa que não queria mais usá-las.

Pensando na pequena mulher, ela logo apareceu em seu campo de vista.

Hinata afastara as cortinas, cessando diante o pé da cama.

Usava um vestido roxo, de mangas largas e o decote arredondado ressaltava a divisão de seus seios.

O líder Selvagem reparava em como a tonalidade escura do roxo destacava a pele branca e lisa da perolada.

A Uzumaki segurava um frasco acobreado, de forma arredondada. 

Ela cumprimentou o marido:

— Bom dia.

— Bom. — Naruto correspondeu. Por algum desconhecido motivo, sem jeito. — Por que as cortinas?

— Precisei repô-las. Acordei cedo com as batidas de minhas aias, elas vieram trocar a água da banheira, eu não podia permitir que elas entrassem, com sua nudez exposta. 

O Uzumaki compreendendo, esfregou atrás da cabeça, bocejando, e em seguida, perguntou-a:

— Elas não podem esperar que nos acordemos?

— Podem, mas como me acostumei a acordar cedo, elas vêm cedo.

— Disse que acordou com as batidas, então não estava as esperando.

— Me cansei muito na festa. Dificilmente me acordaria cedo hoje.

— Você se cansou só com a festa? — ele arqueou uma sobrancelha. 

— Com tudo, foi um dia cheio ontem. — Ela corou um pouco.

— Poderia ter me avisado, eu não arrancaria as cortinas daí.

— A gente pode continuar dormindo sem cortinas, eu as reponho quando acordar.

— Não, não quero que tenha esse trabalho atoa.

— Mas...

— Não precisa. — Ele foi enfático, e ela deixou pra lá.

Hinata abriu o frasco e de dentro dele despejou duas gotas vermelhas sobre a cama.

Depressa espalhou com os dedos e no fim restou uma pequena mancha escarlate.

Após assisti-la, ele estranhou:

— O que é isso?

— Tinta. — Respondeu ela, analisando a mancha. Empós dois minutos, sorriu. — Ficou bom. 

Naruto esfregou os olhos, seu raciocínio jazia meio lento, por causa do resquício de sono, porém sacou: o sangue de virgem.

O loiro reprovou o truque da mulher no mesmo instante. Protestou:

— Está ofendendo minha masculinidade, eu tirei muito mais que isso.

Hinata fechou o frasco, argumentando:

— Eu não posso colocar mais, a cor ficará muito escura, tornará óbvio que não é sangue de verdade.

Naruto bocejou outra vez e se ergueu da cama, nesse momento sua nudez captou o olhar da esposa.

De peito se acalorando, Hinata percebeu que levaria mais tempo a se acostumar, em compartilhar momentos pessoais com o marido.

Quando ele parou de bocejar, ela desceu a vista às próprias mãos, espremendo o frasco.

O Selvagem andara em direção à banheira, passou ao lado da esposa, sem olhá-la, pediu-a:

— Mostre o lençol verdadeiro.

A Uzumaki movimentou o rosto, assistindo as nádegas duras e grandes do homem, mordeu o lábio inferior, subiu seu olhar pelas costas largas e com linhas sensuais.

— Você me ouviu? — Naruto estranhou o silêncio, mas não se virou para fitá-la, segurou a borda da banheira com a mão esquerda, afundou o braço direito na água, provando a temperatura. Sorriu. Dali por diante, teria apenas banhos quentes.

Hinata sacudiu o rosto, volvendo-o à cama, mantendo seu olhar longe do belo traseiro do marido. Questionou-o:

— Desculpe?

— O lençol. O sangue de sua virgindade ficou no lençol do colchão da tenda, está entre minhas coisas. — Apontou ao espaço entre a lateral do arca banco e a parede. — Tratei de deixá-lo bem guardado.  

A pequena mulher observou o lugar apontado e se encaminhou para lá, dizendo-o:

— Bem... deveria avisar antes, acordei antes do nascer do sol, tive trabalho para conseguir tinta sem elevar suspeitas. — Abaixou-se, verificando as coisas do marido. Um barulho a fez travar as mãos, seu esposo mijava. Ao espiá-lo por cima do ombro, soube que ele mirava no buraco de escorrer água suja. — Posso pedir que coloquem um urinol no nosso quarto.

Ele sacudiu os ombros em sinal de “tanto faz”. E quando terminou, foi entrar na banheira.

A pequena mulher retornou a se concentrar na procura, encontrando o lençol, puxou-o para fora da sacola de pele animal, com esse movimento derrubou um saco de juta do qual saíram duas moedas a rolarem pelo piso até caírem planas.

Escutando o barulho das moedas, Naruto se lembrou de quando estavam na vila do rio e Hinata respondeu-o sobre ter visitado a "Casa do prazer" e ter pago Ayame, por conselhos íntimos.

— Antes de trazerem minhas coisas, senti falta de algumas moedas de ouro. — O líder Selvagem mencionou. — Foram com elas que pagou Ayame?

— Sim, se quiser que eu o pague de volta... — Hinata engatinhou pelo chão, indo catar as duas moedas “fugitivas”.

— Não, não é isso. — Com tudo o que ganhou, casando-se com a Senhora, seria o cúmulo da ingratidão cobrá-la aquelas moedas. — Apenas quis confirmar, não quero acusar nenhum de meus homens de deslealdade.

— Entendi. — Mesmo que um homem roubasse uma moedinha, mesmo feita ela de bronze, sendo ela pertencente ao Rei ou Senhor, seria o suficiente para puni-lo por desonra. Hinata aprendeu que a lei também valia aos Selvagens. — Seu irmão me disse que nenhum Selvagem me proporia casamento, pois não desejam tomar o seu lugar, fizeram um juramento em sempre apoiar sua decisão.

— Está correto.

— Deveria confiar mais neles. — Ela enfiou as moedas no saco de juta e o guardou de volta ao interior da sacola.

O Uzumaki nada falou, não revelaria, que não desconfiava deles, e sim que tocou no assunto das moedas, na esperança, de Hinata falar algo sobre a conversa tida com Ayame. 

Crer que a esposa se proporcionar prazer sozinha foi uma das dicas da prostituta. 

Hinata organizava alguns pergaminhos que sem querer bagunçou dentro da sacola, por curiosidade abriu um deles, enxergou a assinatura de seu marido, a letra dele era feia.

Repreendeu-se, não perderia tempo xeretando.

Fechou a sacola, levantou-se, abraçando o lençol sujo com o sangue de verdade, andou em direção à janela, deteve-se antes de alcançá-la, pondo o tecido dobrado em cima da cadeira.

Permaneceu estática, observando a mancha.

Não deixava de se impressionar com o tamanho dela.

Sacudiu levemente o rosto e se encaminhou à cama.

Retirou o lençol da cama, dobrou-o em várias partes e o escondeu sob o colchão.

Naruto se encontrava pensativo, quando tivera ocasiões nas quais se banhara na presença de prostitutas, as mãos femininas dificilmente saíam de seu corpo.

Sua esposa não demonstrava tentação em ficar perto dele, mesmo ela tendo provado de maior prazer na última noite.

Tentando se concentrar no banho, ele pegou o sabão e o cheirou, perfume suave, reconhecia sendo parte do aroma de sua mulher.

Necessitava esfregá-lo nas mãos e por meio delas passá-lo na pele, pois se o fizesse diretamente na epiderme, as pontas de sementes presas no produto causariam desconforto.

Na noite anterior, em sua pressa de saciar seu desejo sexual, esfregara rápido e forte o sabão contra o corpo, arranhara a pele.

Hinata retornava a mexer nas coisas do marido e pegou todas as roupas dele.

Regressando à cama, duas peças caíram pelo caminho, jogou-as em cima do leito.

Afastou mais as cortinas.

Foi juntar as duas roupas caídas no piso, brevemente, lançou-as às outras encimadas na cama.

Estudando o visual das vestes, todas elas aparentavam muito tempo de uso. Enquanto as selecionava, avisou ao esposo:

— Não temos roupas no castelo para seu tamanho. Separarei algumas roupas suas para enviar à alfaiataria, o profissional trabalhará com suas medidas.

Ele concordou. Esfregando os cabelos, ensaboando-os, pediu-a:

— Deixe a calça preta, e a túnica laranja. 

— Tudo bem. — Hinata segurando uma calça, virou para trás, indo olhar o canto onde jaziam as coisas do Selvagem. Espremidas entre a sacola e a parede, as botas imensas de couro. — Você só tem um par de calçados?

— Três, se contar com peças de minha armadura, e a armadura que usei nos pés, no casamento.

— Estou contando apenas com calçados de couro. Enviarei seu par de botas ao sapateiro. Fique no quarto até que receba novas vestimentas e calçados.

— Quanto tempo levará?

— Algumas horas.

— Humpf. — Desagradou-se, fora de pretensão dele permanecer trancado no quarto durante horas. Interrogou-a: — Enquanto a você? O que fará até lá?

— Iniciarei a temporada de caçada aos veados, escolherei cavaleiros para me acompanhar.

— Você participa de caça?

— Assumindo o trono, sozinha, várias atividades masculinas couberam a mim. E a caç...

— Mas eu estou aqui, participarei. — Ele decidiu.

— Eles compreenderão sua ausência, explicarei que ainda não possui roupas adequadas para...

— Eles compreenderão que não me manterei escondido só porque não tenho roupas novas. Pensando melhor, tenho o que usar que seja considerado apropriado por vocês. Mande que procurem por Menma, ele tem o que preciso.

Hinata elevou uma das sobrancelhas, hesitou um instante, e a seguir, verbalizou-o:

— Tudo bem, mas ainda sim participarei da caça. A caça de veados é uma tradição sagrada ao meu clã, praticada sempre no último mês de outono. No momento sou a única pessoa de sangue Hyuuga a ocupar o trono, minha presença é importante. — Estudando as feições de seu marido, acreditou que ele não lhe entregava mais ouvidos, as mãos do loiro exploravam um dos potes. — Não abra esse, é meu produto de cabelo.

Naruto sentindo o odor estranho questionou:

— O que é isso?

— É uma pomada feita de gordura animal e ervas. — A pequena mulher se aproximou da banheira.

O marido devolveu o pote ao tamborete. Encaretado.

As mãos delicadas e macias da Uzumaki dedilharam os cabelos loiros.

Naruto fechou os olhos, o tato de sua esposa era delicado e despertava terna sensação.

Eram mãos ótimas para lhe acariciarem os cabelos enquanto dormisse.

A voz feminina o reabriu as pálpebras:

— Vou lhe providenciar muitas coisas, escova de dente, sabão, produto para seu tipo de cabelo e...

— Apenas escova e sabão. — Naruto a interrompeu e se levantou, saindo da banheira, falava: — Vamos para essa caçada.

— Sim... eu... quer saber, vou pessoalmente em busca de Menma. — A pequena mulher decidiu saindo do quarto. Caso prendesse sua visão no corpo do cônjuge não sairia dali tão cedo.

O Selvagem criou interrogações na face, foi-lhe perceptível certo nervosismo na esposa. 

 

~NH~

 

Hinata não encontrara Menma, mas se deparou com Iruka e ao dizê-lo qual sua intenção com o cunhado, Iruka ajudou-a a encontrar as coisas do irmão do líder Selvagem.

— Ele deve estar de ressaca, quase sempre é o último a acordar, não é recomendável que o procure nessa situação. — Riu Iruka, andando ao lado da Senhora.

Atravessavam o campo frontal do castelo.

Hinata verificava o conteúdo da sacola, estranhou:

— Por que ele roubou essas roupas de luxo? Nenhum Selvagem as usa, a maioria mal se veste completamente.

— Ele não roubou. — Iruka assegurou. — São roupas antigas dele.

— Ele era da nobreza como você? — a perolada ressaltou os perolados.

Iruka se tornou receoso, a ex Hyuuga demonstrava desconhecer sobre a origem de Menma. 

Respondeu-a: 

— Sim... 

— Significa que Naruto também foi um nobre? — a Senhora cessou os pés diante a escada frontal à entrada do castelo. — É por isso que ele sabe escrever. Oh, por que ele e Menma deixaram a vida na nobreza?!

— Minha Senhora. — Iruka se curvou perante ela, nervoso. — Se Naruto-meishu não conversou do passado dele com a Senhora, por favor, evite me perguntar. Já foi errado de minha parte responder sobre o Sr. Menma. Não quero ter problemas com nenhum dos dois. 

— Hoh, sinto muito. Continuo grata a você, Sr. Iruka. — Aproveitando que Iruka se mantivera rigidamente curvado, ela o beijou na testa e foi embora.

Iruka ao endireitar a coluna, suspirou, passando a mão onde o delicado beijo foi depositado.

 

~NH~

 

A manhã de outono emanava agradável clima com suas brisas refrescantes.

O grupo de caça aguardava os cães farejarem.

O Senhor e Senhora se posicionavam dois metros à frente dos dezoito cavaleiros Hyuugas os quais formavam um quadrado.

Hinata permanecia usando seu vestido roxo.

Naruto usava túnica azul anil, por cima, um colete preto, o cinturão de fivela dourada, uma calça amarronzada em tonalidade escura e pesados calçados de couro.

À distância se notava que o material da vestimenta era de qualidade alta.

Quem não conhecesse o líder Selvagem, ao vê-lo de longe acreditaria que era um homem que sempre viveu na nobreza.

Um membro do clã cavalgou devagar parando ao lado da Senhora.

Naruto manteve a vista nos cães de caça, todavia sua audição se concentrava na esposa.

— Hinata-sama, caso sinta-se desconfortável, retorne ao castelo, não será falta de respeito com a tradição, nós compreenderemos.  

— Agradeço a preocupação, sir-Lian. Conseguirei participar da caça até o final. — A Uzumaki sorriu, apertando os dentes com força. — Farei uma parada de descanso, por que não assume minha parte na liderança? Depois alcanço vocês. — Estavam a duas horas na atividade, até o momento caçaram somente quatro veados.

Lian moveu sua face, mirando seus orbes pratas ao loiro. Condicionou:

— Se o nosso Senhor estiver de acordo.

Naruto deu de ombros, permitindo:

— Vá em frente, prefiro caçar ao estilo dos Selvagens. Escolha um de vocês para assumir minha parte, farei companhia a minha esposa.

No mesmo instante, a azulada amarrou a cara. Queria descansar da presença do marido também, pelo visto, não seria possível.

Lian acatara a ordem, formalmente.

Os cães de caça se distanciaram mais.

Em cinco minutos os Hyuugas partiram.

Hinata rápido fitou o sorriso a nascer em Naruto, mexeu as rédeas de sua montaria e ficou de costas ao Uzumaki, não suportando a diversão exalada pelo Selvagem.

O loiro se divertia com o modo aborrecido daquela mulher baixinha.

A raiva aflorada naquela figura tão delicada era engraçado.

A emoção instável da Uzumaki se dava pela reação das pessoas ao verem seu sangue virginal.

Foi algo que assustou tanto os servos do castelo, que em menos de uma hora após a exposição de seu sangue, soubera que pelas ruas da cidade principal das terras o povo obtivera conhecimento do fato.

“A Senhora gostaria de um chá pela manhã? Eu usarei ervas medicinais.”.

“Minha Senhora, gostaria que providenciasse um médico?”.

“Senhora, não gostaria de repousar o dia inteiro? Precisa de descanso.”.

“Hinata-sama, sente-se em condições de andar?”.

Até as crianças notaram a preocupação dos inúmeros adultos e queriam elas entender o porquê.

Udon lhe abraçara as pernas, implorando:

“Moegi me contou que todos estão falando do sangue da hime, por favor, diga onde o Selvagem machucou, ele precisa pagar pelo que fez a hime.”

A Uzumaki levou muito tempo para convencer o pequeno Udon de que estava tudo bem. Jurou que quando ele crescesse mais, entenderia.

Homens e mulheres pensavam que a Senhora sofrera imenso estrago nas partes íntimas.

No grupo de caça, o pensamento não se diferia, os cavaleiros se agoniavam em vê-la montando, pensavam que ela fingia não sentir dor.

Naruto há tempo não tinha tanta vontade de rir. As damas do castelo o cumprimentavam em distância maior que o esperado, esforçavam-se me não olhar na direção abaixo do ventre dele. 

Com muita força, Hinata apertou as rédeas e pensou:

— “Onde está Haku? Não o vi hoje de manhã... será que ele já soube do lençol?”.

O Asano acreditaria que ela não fingia, bastaria ele olhar nos olhos dela. 

Naruto retirou a alça do odre de seu corpo e o ofereceu à mulher, avisando-a:

— A água ainda está gelada.

— Humpf! Não estou com sede, o clima está bem fresco, obrigada. — Hinata empinou o nariz, sacudiu as rédeas, pretendendo retornar a se juntar ao grupo de caçadores.

O Selvagem repondo a alça do odre sorriu, perseguindo sua mulher.

Os dois cavalgavam sob a sombra das folhagens, os inúmeros espaços entre as folhas permitiam manchas de luz cair sobre o casal.

Naruto esticou o braço e alcançou uma mecha azulada.

— Não entendo por que age nervosinha. — Como esperou, Hinata afastou sua mão. A tapinha que ela deu na mão dele nem de longe podia ser considerada uma agressão. — Você concordou em mostrar o lençol verdadeiro. 

— Você não me ajudou a convencê-los de que estou bem! 

— Eu falei com todas as letras que você está em perfeitas condições. — Argumentou tranquilo.

Hinata meneou a cabeça, sorrir falsamente.

Achava muita cara de pau do Selvagem! 

Contra argumentou:

— Falou com sua cara de gelo, nem se esforçou para usar uma voz suave, é claro que ninguém acreditou! Ninguém terá coragem em contradizê-lo!

A reação toda bravinha da lady provocara sorriso maior em Naruto, a fileira branca de dentes se destacava.

— Agora você sorrir à vontade, né. — Disse embravecida. Aumentou a velocidade cavalgando mais a frente do marido.

Ambos escutaram os ecos de latidos.

Iam à direção certa, em breve alcançariam o grupo de caça.

— A quem pertence essa parte? — Naruto observou ao redor.

— A minha irmã. É o bosque de Grou. Sem a proteção necessária, vários bandidos tomaram conta daqui. No momento, não são enormes ameaças, estão mais preocupados em roubar viajantes ou mercadores. Com o inverno próximo se aquietarão. 

— Começarei a limpeza por aqui. — Naruto decidiu, seria mais divertido que caçar veados.

— Eles darão trabalho, aconselho a se preocupar com esse assunto depois do inverno, é preferível nos concentrarmos na produção dos campos. Esses bandidos se habituaram tanto com o bosque que sempre sabem quando alguém sai dos portões da cidade de meu castelo ou de Ame. 

— Ame?

— É a pequena cidade que tem do outro lado do bosque. O nome completo é Amegakure. Nesse momento, eles estão nos esconderijos do bosque, talvez até nos espiando de longe nesse momento. Você precisará de meses para conseguir pegar um por um.

— Eles são donos do bosque, os Selvagens são donos da floresta. Resolverei esse assunto antes do inverno. — Naruto topou o desafio.

Uma folha caiu raspando a testa de Hinata e acabou se enfiando entre os seios.

Antes da lady ao menos erguer a mão para tirá-la, o loiro enfiara a mão dele entre as delicias macias e catou a folha, seus rotundos azulados, brilhando vitoriosos. 

Ela corou um pouquinho, tendo notado que o marido demorara a mão de propósito entre seus peitos.     

Naruto assoprara a folha, assistiu-a ser arrastada pela ventania. Perguntou:

— Tem outro assunto impertinente que queira mencionar?

Ele perguntou, admirando o balanço dos seios de sua esposa.

Ela, tentando ignorar para onde ele olhava, respondeu-o:

— O ferreiro Rock Lee, quando ele bebe demais acaba causando um desastre, da última vez pôs fogo no campo da aldeia sul. Mas...

— Um campo de produção? — ele a interrompeu.

— Sim. 

— E ainda não o condenou à forca? — o Selvagem perguntou indignado. 

— E-eu sequer pensei nisso! Ele é o melhor ferreiro de nossas terras, sempre paga pelo próprio estrago e quando não consegue pagar, realiza serviços de graça.

— Ele queimou um campo. — Naruto enfatizou. — Em um sistema que os campos são as maiores fontes de lucro, um ataque a um campo é punível de morte! 

— Os aldeões conseguiram salvar metade do campo, então não foi tudo perdido. 

— Uma metade. — O loiro repetiu. — Só porque salvaram uma metade, você achou suficiente que o culpado se safasse da punição?

— Ele pagou o estrago com wadoskin!

— Ele é rico?

— Seria, mas gasta tudo com as dívidas que cria. — Sorriu embaraçosa.

— Espero que não faça isso com todas as pessoas que causem problemas. Wadoskin não pode comprar disciplina.

— Por que não? Se elas tiverem um modo de reparar o mal que fizeram, acho admissível.

— Mas isso dará liberdade para que elas continuem se comportando de maneira errada.

— Rock Lee sofre um grave problema de bebida, ele não faz por querer.

— Então é melhor que ele resolva esse vício antes que eu o exponha publicamente sob tortura. — Naruto agravou a voz, despedindo-se de seu ar divertido.

— O decreto de meu pai aboliu qualquer tipo de punição pública.

— Derrubarei esse decreto.

— Precisará lidar com o Conselho dos Anciões, você compartilha seu poder de Senhorio com eles. 

— Mais essa ainda? Ainda não conheci nenhum deles.

Hinata parou o cavalgue, e seu marido fez o mesmo. Séria ela o observou, verbalizando:

— Eles chegarão em breve, acredito que nesse mês. O Conselho reside no mosteiro que está fora da jurisdição das Terras Hyuugas. Eu prec...

— Assim, como todos os mosteiros fora de feudos e reinos. — O loiro expressou seu conhecimento.

— Sim... espero não ofendê-lo... há coisas que acabo supondo que você não saiba...

— Não me ofendo, não há como você saber, o que eu sei ou não, continue.

Ela quase perguntou onde ele nasceu, entretanto, achou melhor não, era assunto para outro momento.

— Preciso prepará-lo para lidar com o Conselho. Se você e eles entrarem em um impasse, o resto do clã Hyuuga será convocado para uma votação, e mesmo que tenham Hyuugas gratos pelos Selvagens salvarem as terras, bem, falo com certeza que apoiarão o Conselho dos Anciões.

O Selvagem coligava a preocupação da esposa.

— Significa que sempre estarei abaixo deles.

— Infelizmente. Para conseguir o apoio dos Hyuugas em decisões importantes, necessitará do apego deles, e para eles cultivarem um sentimento ao seu respeito, próximo do que nutriam pelo meu pai, requererá no mínimo alguns anos.

O Selvagem se conservou um minuto silencioso, não destravou sua face severa.

Não temia o tal Conselho, e pouco se importava se os Hyuugas se apegariam a ele ou não. Determinava-se:

— Não preciso de ajuda. Estarei pronto para entrar em conflito, e se o Conselho não aceitar minhas decisões a ponto de conseguir minha expulsão das terras, levarei você comigo.

Hinata entreabriu a boca, esbugalhando os olhos, entalou a garganta inicialmente.

Conquistando sua concentração, verbalizou-o:

— Você assinou um contrato no qual diz proteger meu povo e as terras da melhor maneira possível!

Naruto esclareceu:

— Sim, e a melhor maneira para pessoas problemáticas se comportarem é expondo o que de ruim pode acontecer com elas. Assim protejo a população dela mesma. E claro, evitarei incidentes como um campo queimado.

— Eu discordo.

— Discorde à vontade, minha palavra final é a que contará.

— Infelizmente! — gritou ela, iniciando uma galopada, deixara o marido para trás.

O Selvagem inexplicavelmente se excitou.

Também galopou, e Spirit logo alcançou a montaria da esposa.

Visualizavam os caçadores rodeando algo, porém o loiro tomando as rédeas da Uzumaki mudou a direção de ambas as montarias.

Introduziram-se em uma região mais escura da floresta.

Hinata se assustando com a postura rígida do Selvagem, foi tomada por um medo e vitimada por uma lembrança preocupante:

 

--***--

— Você não... me baterá?

— Bater em mulher não me passa pela cabeça, são criaturas frágeis e enjoadas demais. Ainda mais em uma ratinha como você.

— Humpf! Bem, sendo assim, deveria ter dito antes.  — Fazendo bico, virou-se de lado cruzando os braços. — E eu com medo de ti, pelo visto não é tão ogro, ainda bem.

— Não fique tão segura, confesso que umas palmadas no seu traseiro começam a me atentar.  Tá merecendo uma lição.

— Vo... você! — Hinata moveu os braços pra trás do corpo, encarou o loiro. — Era aí que pensava em me dar palmadas quando pediu no contrato! Afinal você quer ou não me bater?

— Me teste para descobrir. — Naruto jogou a dúvida e se encaminhou à porta. — Vamos indo.

--***--

 

— “Ele vai me castigar...”.   

Os cavalos pararam.

Naruto desmontara e depois seguiu ao cavalo da esposa petrificada de susto. Ele agarrou a fina cintura e desceu-a.

— Eu sint... — Hinata tivera suas desculpas interrompidas pelo beijo avassalador recebido.

O Selvagem se curvava todo para beijá-la sem tirá-la do chão.

Porém, após um tempo, levantou-a em seus braços, apertando aquele pequeno corpo.

Confusa, ela ainda levou tempo para entender o que ocorria.

O beijo dele era assustador, parecia que ele queria engoli-la.

Ela tentou até empurrar a boca dele usando a própria língua, mas se tornou em vão.

O beijo da mesma forma repentina com a qual iniciou também se findou.

A perolada sentiu todo o corpo esquentado, o coração naquele ritmo anormal, em uma velocidade acima do comum.

No segundo seguinte, a pequena mulher era deitada sobre a grama.

Naruto se deitou ao lado da mulher, de lado também sobre a grama, afrouxava o cinturão enquanto observava o ofegar de sua esposa, o movimento do busto dela o seduzia.

—O que é tudo isso? —Hinata perguntou, a voz rouca. Sua região entre as pernas começou a arder. 

— Você é minha esposa. — Também rouco, sugado de desejo. Seu pau doía. 

— Sim... nos casamos duas vezes, não há mais dúvidas... — Os orbes azulados tão próximos dos seus, conseguia ela identificar todo o desejo inflamado neles.

De pinto para fora, as calças abaixadas, Naruto recomeçou o beijo desenfreado, apalpando os seios por cima do vestido.

Sua outra mão levantava a saia, seus dedos assim que encontraram a peça íntima feminina, puxaram com força.

Hinata sentiu o tecido romper sobre a pele, sequer tivera vontade de reclamar, o beijo esfomeado do esposo a deixava zonza.

Que sabor viciante!

A ex Hyuuga achava tão erótico, como a boca imensa dele ocupava a dela.

A língua dele quase não dava espaço, para ela mover a dela.

No próximo momento, no qual as bocas se afastaram, e enquanto ele posicionava os quadris entre suas pernas, foi que teve tempo de criar a noção de que seu marido queria transar ali.

Seu ofegar sequer terminou e sua boca foi retomada pela boca descontrolada do loiro.

Tentando buscar raciocínio, a azulada decidiu que da próxima vez que suas bocas se desgrudassem, alertaria sobre o perigo de se agarrarem no mato, crer que o loiro não estivesse raciocinando direito, por causa do desejo inflamado. 

Por sorte, a libido das mulheres era bem menor que a dos homens, e assim, sobrava tempo de elas ponderarem.

Mera esperança!

A azulada não teve o tempo que queria para alertá-lo.

Naruto sequer parou de beijá-la, tendo levantado toda a saia da esposa, ele conseguiu encaixar seus quadris entre as coxas extremamente sexys.

A penetração se iniciou de modo brusco, com o pau latejando e engrossado de veias.

O Uzumaki queria consumir sua esposa integralmente.

Hinata se descobriu molhada e não entendia como se excitara.

No perdurar das penetradas, que em meio ao prazer e susto, uma lembrança atingiu-lhe.

 

--***--

— Eu preciso confirmar algo. — Ayame puxara o decote arredondado de Hinata. — O medo os atinge de montão. — Referiu-se aos mamilos que se destacavam na faixa de algodão que os tapavam.

— Ham?! — a ex-Hyuuga passou pra trás pondo as mãos sobre o busto.

— Hahaha isso é perfeito, se aproveite desse medo para excitá-la. Não há como evitar dor na primeira vez, tem mulheres que não sentem nada, outras sentem muito, mas é de cada uma, não é algo que se possa controlar. Então use o que tiver disponível para o seu propósito.

— E-eu não tô entendendo... tenho que ficar assustada?

— Não necessariamente, mas já que está. — Ayame dar de ombros. — Quem sabe ajude para lubrificá-la, não sei se você ficou molhada aí embaixo.

--***--

 

Seu marido desfazia o beijo várias vezes para abaixar a cabeça e morder os seios por cima do vestido, em determinado momento, ele puxou o decote com os dentes, colocando um seio para fora, deliciou-se com o mamilo esquerdo.

Hinata apoiou as mãos nos ombros do esposo, de seus lábios os gemidos saíam agudos cada vez que a glande alcançava o seu fundo.

As mãos femininas se mudaram para as costas largas, afundaram as unhas nas costas do cônjuge, sorte a dele que usava colete, caso não, as unhas rasgariam o tecido da túnica. 

Os olhos da Senhora, entreabertos, viram de ponta cabeça as montarias de platéia.

— “Kami, me ajuda, faça esse homem gozar logo!”.

Ela suplicou desesperada, seu corpo se afundava em prazer, ao tempo que sua mente se preocupava com o risco de serem flagrados.

Suas preces foram escutadas.

Naruto urrou vitorioso ao liberar seu jato de esperma com a cabeça do pênis pressionada contra o final do caminho apertado e úmido da esposa.

Amoleceu seus braços e depois soltou as pernas femininas, moles elas ficaram abertas.  

Hinata ofegante sentira que faltara pouco para atingir seu clímax.

Naquele momento não ligava se teve o prazer completo ou não.

Aliviava-se em saber que acabou.

Observava as folhas das árvores e um pouco do azul do céu.

Nos cabelos azulados espalhados, grudavam-se algumas folhas secas.

O Selvagem achara terrivelmente excitante vê-la exposta daquela forma: pernas abertas exibindo entre elas o brilho do prazer, um dos seios pra fora, a boca semi-aberta.

Escutava os cães, o grupo de caça se mantinha perto. Evitando cair na tentação de comer a esposa de novo, resolveu ajudá-la a se recompor.

Naruto puxou as calças e apertou seu cinturão, rápido abaixou-se e escondeu o seio para trás do vestido, desceu a saia do mesmo.

Levantou sua mulher do chão e foi passando sua mão grande nos cabelos azulados, livrando-os das folhas e até de um finíssimo galho seco.

De calma recuperada, Hinata vociferou:

— Assim não, Naruto! Se quer o meu corpo ao menos seja decente e tire minhas roupas primeiro!

— Como desejar. — Ele fez menção de estender a mão na direção do decote dela.

Hinata recuou para trás, gritando:

— Não agora!

— Não falei sério. — Naruto recolheu o braço. — Por que está tão irritada? Foi por que não fiz você gozar?

— Não é por isso não! — teria sido bom, em seu íntimo admitiu. Todavia, continuava aliviada que terminara antes de serem pegos. — Se quiser meu corpo, tenha-me durante as noites, e não copulando no meio do mato!

O sorriso amistoso dele só a enfureceu.

— Acha mesmo que vou esperar até o cair da noite para te ter? É melhor que se conforme, eu a possuirei quando eu tiver vontade.

Perplexa sentia a sinceridade dele tocá-la na alma.

— Por acaso morrerá se não me ter antes da noite?

— Não, mas não queria testar meu humor quando eu estiver faminto de desejo. — Abriu e fechou os dedos das mãos caídas pelos lados do torso. — Quero seu corpo no momento que meu pau endurecer, e não me importo de expulsar quem estiver perto.

Hinata prendeu o ar durante um segundo, em perplexidade por ver a sinceridade fluída do homem. Questionou-o:

— E-em qualquer lugar?

Naruto avaliou o ambiente em volta. Respondeu-a:

— Sim, em qualquer lugar.

— Então não sairei mais com você, seu... — Ficou sem fala.

— Selvagem? — o brilho nos azuis era de orgulho.

Vermelha de raiva e vergonha, Hinata deu as costas pra ele e tentou montar no seu cavalo, o constrangimento a atrapalhava, seus pés não conseguiam encaixar no equipamento de montaria.

Com muito prazer Naruto empurrou a bunda dela para ajudá-la a montar.

Sem atrever-se a olhá-lo, a lady partiu e ainda adivinhava que o marido sorria enquanto ela o deixava para trás.

Na direção que Hinata seguiu, indicava que ela retornaria ao castelo.

O Selvagem acariciou a cabeça de Spirit, um sorriso lhe nasceu, sua diversão foi recuperada.

Olhou ao solo e localizou a calcinha rasgada.

Moveu-se para juntar a peça e a aspirou, o cheiro de sua esposa o inebriava.

 

~NH~

 

Hinata abandonou o bosque atravessando a clareira despreocupada se os caçadores tiveram sucesso com os veados.

No presente era impossível se importar com a tradição dos Hyuugas.

Galopava furiosamente dominada pela revolta surgida do comportamento do loiro grandalhão. 

Maldito Selvagem! Um ogro! 

Colocara sua montaria no celeiro, o senhor responsável pelo local cochilava.

Observando em volta, Hinata decidiu sair pelos fundos do celeiro, dali contornaria o castelo, ficaria atrás da construção onde não estaria ninguém.

Ao chegar, como esperava, o espaço jazia deserto.

Ali perto escorria a água suja de todos os quartos daquele lado do castelo.

Sentara-se com respiração aprofundada.

Ninguém a procuraria ali.

Teria um tempo sozinha.

A agitação interior continuava, entretanto, não era mais a ira que Naruto despertou-lhe, e sim seu corpo chamando para ser agradado.

Ainda podia sentir a pegada Selvagem pelo corpo. 

— “O-o que ele fez comigo...”.

Puxando e dobrando a saia do vestido, punha o tecido acima da cintura e levara a mão ao pequenino "botão", um toque leve nele desencadeava uma reação forte expressada no trincar dos dentes e o semicerrar dos olhos.

Seu delicado ponto estava muito sensível, como desconfiou.

— “Essa não, esqueci de juntar minha calcinha...

Não tinha forças para se levantar, torceria para Naruto se lembrar de esconder a peça íntima.

O calor em sua especial região esquentava.

— “Ele me despertou tanto desejo...”.

O sexo no mato a acendera inteirinha.  

Desceu dois dedos à abertura pulsante, os dedos longos e finos foram pra cima dos lábios sensíveis.

Velozes, os dedos circularmente massageavam e afundavam no aperto vaginal, de alternado modo.

Num momento ela trocou de mão, continuava se masturbando, enquanto levara a outra mão na altura de seus perolados.

Esfregou o polegar no indicador e no médio, separou-os um pouco, observando o líquido pegajoso formar uma linha interligando as digitais.

Lubrificada e latejante!

Troca de mão outra vez, enquanto uma agarrava desesperadamente o mato ao lado do quadril, a outra mão circulava os clitóris e o bumbum remexia ao sentir a sensibilidade deles.

— “Kami-sama! Perdão! Saciar-me atrás do castelo... eu sei que é vergonhoso mas...”.

Revoltava-se tanto com o marido por tê-la comido no mato e agora fazia o mesmo, era de se envergonhar.

Ao fechar as pálpebras sua fértil imaginação impetrava Naruto invadindo o corpo dela, idealizava o cenário da floresta em torno dos dois pelados, só a natureza servindo de testemunha.

Para a infelicidade, num segundo toda a fantasia se desfez e uma cruel realidade se concretizou.

O som do cavalo congelou os músculos da lady que separou as pálpebras de imediato.

Kakashi montado a sete passos dela, petrificava-se ao flagrar tamanha cena.

— Kami! — gritou Hinata, em estado de choque. — Vá embora, por favor!

— Minha Senhora! Sinto muito! — desculpou-se Kakashi, movendo sua montaria, pondo-a de costas à pequena e envergonhada mulher. Explicara-se, nervoso: — Eu cheguei aqui pretendendo conversar, não imaginava... peço perdão.

A Uzumaki se levantou, passando a mão, repetidamente, sobre o vestido, certificando-se de que a saia estaria totalmente abaixada. Com vontade de chorar, verbalizou-o:

— Não adiantará eu implorar para você manter segredo do meu marido.

— Está com sorte, minha Senhora. O que pretendo conversar precisa ser mantido em segredo entre nós dois.

Hinata arregalou os olhos.

— Sério? Mas... mas... — Balbuciou. Elevou voz: — A lealdade ao líder Selvagem...

— Eu sei. Tenho um motivo que os outros Selvagens não têm. Para me fazer guardar segredo de Naruto-meishu, é algo com extrema importância. Estive esperando um momento no qual pudesse conversar a sós com a Senhora. A vi de longe atravessar a clareira, e resolvi segui-la... —Não completou porque ambos viram no que deu.

Kakashi acabou encontrando o pior momento de todos.

— Que desastre. — A Uzumaki cobriu o rosto com as mãos, humilhada, constrangida, morta de vergonha.

— Eu posso me virar? 

— Não! Seja o que tenha para me dizer, fale de costas para mim, estou sem força para fitá-lo. — Hinata respondeu chorosa, abaixando as mãos, e conservou o olhar lacrimoso ao gramado.

O Selvagem compreendia.

— Minha Senhora, quando Naruto-meishu torturou Toneri por você, me veio à esperança de que você é a mulher que será amada por ele. Não é por qualquer uma que ele despertaria a fúria.

— Que? Por que isso lhe é importante?

— Porque... — Ele retirou um bolo de cartas de dentro de uma bolsa presa ao lado direito do quadril, as cartas de papiro se prendiam por várias voltas de barbante. — Preciso entregar essas cartas para a mulher que habitará o coração de Naruto-meishu.

Ele se virava para entregar as cartas à perolada, mas a Senhora não permitiu:

— Se mantenha de costas! Jogue-as no chão, eu as pegarei. 

Ele permanecia segurando a rédea com uma mão, a outra lançou o bolo de cartas contra o solo.

— De quem são essas cartas? — perguntou a Uzumaki, avançando três passos e se abaixou para juntá-las.

— São de meu pai. Ele teve uma relação próxima com Naruto-meishu.

— Seu pai? — Hinata retirou o barbante das cartas.

— Naruto-meishu e a mãe dele sofreram na miséria, e meu pai os ajudava sempre que podia.

— Sakumo Hatake... — A pequena mulher leu a assinatura de uma das cartas.

— Esse era o nome dele. Meu pai era apaixonado pela mãe de Naruto-meishu, Kushina Uzumaki. Ela era concubina do rei Namikaze, a rainha Mei Namikaze achava que não podia ter filho, mas acabou engravidando e logo Kushina foi enviada de volta para casa.

Hinata abaixou as cartas, fitando as costas do Selvagem, dizendo:

— Namikaze? É um dos reinos do extremo leste do continente.

Um dos mais distantes das terras Hyuugas.

Seu pai sequer tivera contato com tal reino.

Talvez Hiashi chegou a conhecer o monarca Namikaze, em alguma reunião, no coração do Continente dos reinos, onde reis e Senhores, de todo o Continente se reuniam para assuntos de extrema importância.

Mas se Hiashi conheceu, nunca se interessou em formar alguma aliança próxima com o reino Namikaze. 

— Bem, estou interessada em ouvi-lo mais, meu marido sabe escrever, e por ser o filho de um rei, agora entendo, o porquê de Menma guardar roupas da nobreza.

— Como a Senhora soube que Menma guardava roupas da nobreza?

— Meu marido me informou que o irmão tinha roupas apropriadas, para participar da caça. 

— Ah... então a roupa que Naruto-meishu usava hoje não foi providenciada pela Senhora.

— Não, ele não quis ficar no quarto esperando que chegassem as vestes que providenciei, ele quis as roupas apropriadas que estavam sob posse do irmão. 

— Estou entendendo seu raciocínio, a Senhora acredita que Naruto e Menma pertenceram a nobreza.

Silenciosa, Hinata arregalou os olhos, e colocou uma mão sobre a boca.

Após afastar os dedos dos lábios, seguiu outro raciocínio:

— Kami! Eles não são filhos da mesma mãe?!

— Exato, Kushina Uzumaki é mãe de Naruto, um bastardo. E Menma é filho de Mei Namikaze, o herdeiro do trono.

— Menma nunca me contou o sobrenome. — Hinata mencionou.  

— Ele se apresenta apenas com o primeiro, as pessoas acreditam que o segundo nome seja Uzumaki, por causa do irmão. Acredito que ele não goste do sobrenome, ou apenas não quer que as pessoas reconheçam o sobrenome Namikaze. Ele nunca falou de sua vida como príncipe, então não sei ao certo. É possível que seja pelos dois motivos.

— Então ele deve ter problema com os pais... — Hinata murmurou, para o cunhado largar a vida de príncipe e viver como um Selvagem, a convivência com os progenitores não era saudável.

— Não seria surpresa se fosse isso. Mei Namikaze era, e suspeito que ainda seja uma mulher que se orgulha da beleza que sustenta. Ela acreditava que era a única ruiva do reino. Mas quando soube que a concubina do marido era também uma ruiva exuberante, os ciúmes começaram, eles pioraram quando o rei Minato demonstrou apego pela concubina. Quando Mei conseguiu engravidar, imagino que ela se aliviou em despachar a concubina, mas o que ela não sabia, era que Kushina foi embora do castelo gerando a semente do rei.

Hinata abraçou as cartas contra o peito.

— Kushina morava em uma das fazendas do reino, as fazendas recebiam subsídios durante os intensos invernos, mas a rainha logo tratou de cortar os que iriam para a fazenda Uzumaki. As pessoas que trabalhavam na fazenda saíram aos poucos e só restou Kushina grávida. Meu pai a conhecia desde criança, e apaixonado por ela, resolveu ajudá-la, mas de modo secreto. A rainha sob hipótese alguma poderia descobrir que Minato tinha outro filho.

O coração da pequena mulher se comprimia, imaginando a dificuldade que o marido enfrentara.

— Naruto-meishu cresceu até os dez anos sem sair da casa na fazenda.

A mãe dele enlouqueceu, chegando a maltratá-lo várias vezes.

A Uzumaki repreendeu gemido doloroso.

— Meu pai tinha uma família para criar, ele morava com os meus avôs e minha mãe, nasci três anos depois de Naruto, meu nascimento tornou as idas à fazenda mais difícil. Não conseguia levar alimentos em abundância para Kushina e Naruto-meishu. Mas o pouco que ele levou, manteve vivo Naruto-meishu. Lamentavelmente, para Kushina foi insuficiente.

A história arrancara de Hinata o constrangimento de momentos atrás, estava ela completamente entregue ao assunto. A dor a consumia ao conhecer a vivência fria do esposo.

— Meu pai levou Naruto ao castelo, decidiu apresentar o menino ao rei e a rainha.

Pasma, a Uzumaki questionaria:

— Mas... mas...

— Eu sei o que está sentindo, também achei contraditório quando eu soube. Acontece que meu pai conseguiu ser o alfaiate da realeza, se comunicava pessoalmente com o rei e a rainha. Observando-a de perto, ele soube que Mei mantinha um papel de boa esposa aos olhos de Minato. Ela se comportava como a mulher mais carinhosa e amável do mundo. Tendo ela que segurar essa imagem de santa, meu pai confiou que ela não se atreveria a fazer algum mal a Naruto.

— Ele estava errado? — o coração dela se acelerava.

— Em partes. Ela realmente não se atreveu, até assegurou que Naruto-meishu fosse educado por um letrado. Ela apenas não queria que ele morasse sob o mesmo teto que o filho dela. Não há muros separando a cidade principal, do castelo Namikaze, mas existe um muro que separa a cidade principal, da não principal, essa segunda, é a que menos recebe investimentos, mas para um bastardo, a rainha já achava de bom tamanho, Naruto viver na cidade mais pobre, contanto que recebesse alimento e uma cama para dormir. 

— E quanto ao rei?

— Ele compreendeu a esposa, assumir publicamente um filho bastardo seria muita vergonha para ela depois de parir o herdeiro do trono. Com ele sabendo que Naruto ficaria seguro e seria educado, bastou-o.

Hinata meneou o rosto em protesto, uma criança necessitava de amor. Maiormente, depois da vivência como a do Uzumaki.

— Naruto-meishu e Menma tendo quase a mesma idade, iniciaram o treinamento na cavalaria, no mesmo ano. Naruto-meishu se destacava em todas as atividades, era o melhor. E ao ser conhecido como o bastardo do rei, foi uma humilhação para Mei saber que o príncipe não se saía melhor que o filho da concubina. Quando Naruto-meishu começou a realizar missões, a rainha usava de sua autoridade para ingressá-lo nas piores, sem o conhecimento do rei.

— E seu pai não arriscou revelar para o rei?

— Ele tinha vontade, mas mesmo que o rei soubesse nada se alteraria. Mudar as missões de Naruto-meishu legalmente não era nenhum problema. A população achava merecido que o bastardo as recebesse. Naruto era excluído socialmente, apesar do bom desempenho no treino.

A Uzumaki tomou cuidado para não rasgar o papiro. Seus dedos tremiam. Revolta, ódio, tristeza, amargura. Em seu imo as emoções se conflitavam, achando injusta uma vida chegar ao mundo, rejeitada por quase todos.

— Minato sofreu muito quando soube da morte de Kushina, e tinha orgulho de saber que o filho bastardo se saía bem como aprendiz de cavaleiro. Sabendo que demonstrar essas emoções enciumava a esposa, ele tentava escondê-las, às vezes era difícil. Ele nunca tentou se aproximar de Naruto-meishu, amava-o de longe.

— Isso não é amor. — Hinata negou veemente. — Ele é o rei! Mesmo que não abrigasse o filho no castelo, uma visita não faria mal. Mesmo que fosse escondido.

— Ele não queria arriscar. Sabe, meu pai se tornou ouvidos aos desabafos de Minato. O rei confiou em meu pai, porque foi o homem que levou o bastardo ao castelo, qualquer outra pessoa poderia ter ignorado Naruto-meishu.

— Se o rei não queria arriscar uma visita ao filho, ele é um covarde. — Hinata cruzou os braços, sem soltar as cartas. — Você pode virar agora, estou muito brava para ficar constrangida.

Kakashi moveu o cavalo, posicionou-se frontalmente à pequena perolada.

Compreensivo ao que a Senhora sentia no presente, ele também não era atingido pelo constrangimento.

— Minato tentava evitar magoar a esposa. Meu pai queria mesmo poder revelá-lo o que ela fazia para prejudicar o bastardo, contudo Mei tinha a segunda face dela, uma ameaçadora que poucos tiveram o azar de conhecer. Dentro do reino, ela possuía homens leais que atendiam aos pedidos dela sem o conhecimento do rei. Era mais um motivo para meu pai não arriscar dizer a verdade ao rei.

— Imagino que foi por causa dela que meu marido resolveu fugir do reino e se tornar um Selvagem.

— Por causa de tudo. A vida de bastardo, a perseguição indireta da rainha. E por vários acontecimentos na cidade de Roran, onde existia a maior fazenda do reino, o local no qual se iniciou o exército Selvagem. Nas cartas, meu pai narra o que se passou na cidade. Informações que ele conseguiu após investigar sobre a vida de Naruto-meishu em Roran.

 Hinata descruzou os braços, elevando as cartas quase à altura dos orbes perolados. Concluiu:

— Menma foi o único Namikaze que o tratou bem.

— Enquanto vivia como príncipe, nunca foi avistado conversando com ele. A rainha colocou um guarda na cola do filho. Mas quando Menma soube que Naruto-meishu abandonou o reino com alguns homens, resolveu ir atrás. Então podemos dizer que foi o único Namikaze a ter coragem de demonstrar algo para Naruto-meishu.

— Naruto não sentiu ódio dele.

— Acredito que Naruto-meishu seja indiferente a todos, até a mim, nunca demonstrou inveja por eu ser filho sanguíneo de Sakumo.  

— Seu pai sim é um homem honrado, espero ter a chance de conhecê-lo.

— Ele... já se foi. Um ano depois da partida de Naruto-meishu, eu já crescido cuidei de meus pais que adoeceram, meus avôs nessa época já eram falecidos. Meu pai pegou tétano e minha mãe... ela sofreu uma queda que a impossibilitou de andar, a saúde dela se fragilizou bastante... ela foi a primeira a falecer.

— Eu sinto muito.

Ele assentiu.

— Meu pai dois meses antes de morrer, me esclareceu toda a história, e me repassou as cartas. Queria que eu entregasse para alguém importante que surgisse na vida de Naruto-meishu, principalmente se fosse uma mulher. Fui embora de Namikaze assim que me tornei o último Hatake vivo, me juntei aos Selvagens.

— Você herdou o mesmo valor que seu pai, Sr. Hatake. — Ela elogiou, em um terno sorriso.

— Tenho um coração bem tranquilo. Por favor, não desista de Naruto-meishu. Almejo realizar o último objetivo de meu pai.

Hinata segurava as cartas com carinho, Kakashi Hatake colocara o desejo do pai acima da lealdade Selvagem, a ponto de compartilhar secretamente a história de Naruto com ela. Prometeu-o:

— Farei tudo o que puder.  



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