Cause if you don't understand yet
Then I'll never let you forget it
You don't have to do this on your own
I'll be your shoulder to lean on
I'll be your right when you feel wrong
So c'mon take my hand, we're moving on.
This is what it takes — Shawn Mendes
— Tem certeza de que você está bem? — Justin perguntou a Cassie novamente em menos de oito minutos.
— Eu estou ótima, Justin. Aquilo foi só um mal estar. Agora presta atenção na estrada.
— Eu estou prestando atenção, mas também estou preocupado com você. Você devia era me agradecer. — ele reclamou.
Do banco de trás, Emma acompanhava toda a conversa atentamente. Não sabia ao certo do que os adultos estavam falando, mas eles pareciam brigar e ela queria intervir de algum jeito.
— Eu agradeceria muito mais se você parasse de falar comigo e prestasse atenção na estrada. Será que você consegue fazer isso? — ela disse de forma irritada.
— Mamãe, para de brigar com o papai. — Emma disse.
Por sorte, o carro estava parado por conta do sinal vermelho. Imediatamente Justin e Cassie viraram-se para trás e a menina se encolheu no banco, imaginando ter dito algo errado.
— Do que você nos chamou, querida? — a loira perguntou, deixando transparecer um sorriso satisfeito no rosto.
— De mamãe e papai. Eu... Não podia?
— Claro que podia! Ah, Emma, você não sabe o quanto eu estou feliz agora. — Cassie disse, já sentindo que iria chorar.
Justin ficou tão imerso no momento que não percebeu que o sinal já estava aberto para ele. Os outros carros que estavam atrás já começavam a buzinar, sem paciência alguma. Antes de ele realmente sair dali, encarou Cassie, que também o encarava sorrindo e chorando. Ele sorriu de volta e acariciou a mão da loira. Nada pagava o brilho dos olhos dela após ter sido chamada de "mãe" e ele soube que não precisava ter receio nenhum de ser pai desde que Cassie estivesse ao seu lado.
Dali partiram direto para a escola de Emma, sem mais discussões. Ambos estavam felizes demais para isso. Quando chegaram lá, a menina desceu primeiro, como de costume, depois foi seguida pelos pais.
— Boa aula, querida. Nos vemos mais tarde. — Cassie disse, dando-lhe um beijo na testa. — Eu amo você.
— Também amo você, mamãe! — disse, abraçando a loira. — Amo você também, papai! — repetiu o mesmo gesto com o loiro, que sorriu.
— Também te amo, Em. Agora vai, você já está quase atrasada.
A menina saiu correndo dali e acenando para os dois, que sorriam. Antes de voltarem para o carro, Justin puxou Cassie para si, fazendo os dois se encararem.
— Ela me chamou de "mamãe".
— Sim. Duas vezes. — ele respondeu sorrindo.
— Ela te chamou de pai também. Você ficou assustado ou algo do tipo? Não consegui decifrar a sua expressão quando ela disse isso.
— Por incrível que pareça, não muito. Foi surpreendente, mas achei legal a sensação.
— Desculpe por ontem e hoje. Não foi muito legal da minha parte. — ela disse enquanto voltavam para o carro.
— Eu também peguei um pouco pesado. Só fiquei desesperado por pensar que você talvez estivesse grávida sendo que tivemos aquela conversa à noite.
— Justin, você quer filhos? Digo, não agora. Futuramente, se tudo der certo entre a gente.
— Acho que seria legal ser chamado de pai por outra criança. — ele respondeu e o sorriso dela cresceu consideravelmente no rosto.
O resto do caminho para o trabalho de ambos foi silencioso, mas com várias trocas de olhares. Ele a deixou no prédio da revista e depois foi para seu trabalho.
[...]
O dia passou rápido, assim como o resto da semana. Logo o final de semana chegou e Emma estava animada porque iria ao Mc Donalds com Dave, seus pais e seus tios, como denominava Ryan, Bec e Chaz. Cassie também estava mais animada que de costume pelo fato de ter conversado com os pais na noite anterior. A mãe contou que Carl estava começando a reagir muito melhor aos tratamentos e já cogitavam a ideia de ir visitar a filha em Santa Mônica.
— O Chaz ligou e disse que vai se atrasar um pouco. — Justin avisou enquanto eles saíam do elevador para a garagem.
— A namorada do tio Chaz também vai? — Emma perguntou, já sentada devidamente em sua cadeirinha no banco de trás do carro.
— Tio Chaz não está namorando, querida. — o loiro respondeu rindo.
— Você avisou a eles que vamos buscar o Dave antes de irmos? É chato eles ficarem esperando muito tempo. — Cassie disse.
— Não vamos demorar, não se preocupe.
E de fato não demoraram. Conseguiram chegar antes de Chaz e encontraram Bec e Ryan conversando e trocando sorrisos.
— E aí, casal! — Justin quase gritou enquanto carregava Emma no colo, o que chamou a atenção de praticamente todo o estabelecimento.
— Finalmente!
Todos se abraçaram e depois se sentaram. Enquanto as crianças brincavam com os pequenos bonequinhos que Emma havia ganhado de Chaz, os adultos conversavam, aguardando o outro amigo chegar.
— E o casamento? Sai quando? — Justin perguntou.
— Casamento? Quem vai casar? — Chaz interrompeu a conversa. Deu olá a todos ali e sentou ao lado de Emma.
— Se eu já sou casada com o Justin e você não sossega com nenhuma namorada, quem você acha que sobra para se casar? Obviamente a Bec e o Ryan. — Cassie disse.
— Touché. A convivência com o Justin está tornando você extremamente grosseira, Cassie. — Chaz retrucou e todos na mesa riram.
— Mas e então Ryan, vai casar ou não? — Justin insistiu.
— Caramba, vocês não dão uma folga. Mas sim, vou me casar. Pedi Bec em casamento ontem à noite.
— E como foi o pedido?! — a loira perguntou animadamente.
— Não se empolgue, Cassie. Tudo o que ele fez foi falar umas palavras que me fizeram chorar e depois perguntar se eu queria casar com ele. — Bec respondeu, fingindo desdém.
— Que decepção, Ryan. — Bieber brincou.
— Como se o seu pedido tivesse sido muito melhor, não é, Bieber?!
— Pelo menos eu não fiz a Cassie chorar.
— Que tal ao invés de discutirmos os diversos pedidos de casamento nós não pedimos nossa comida? Eu estou faminto e aposto que a Emma e o Dave também. — Somers disse e as crianças concordaram rapidamente.
Emma e Dave pediram Mc Lanche Feliz, que vinha com brinquedos em miniatura do desenho animado que ambos gostavam. O lanche dos outros foi normal e, consequentemente, muito maior. Os meninos sempre implicavam entre si por bobagens. Sempre que citavam alguma época antiga de Justin, Cassie tinha que controlar o riso para não gargalhar tão alto naquele lugar público. Ele, por outro lado, fingia estar aborrecido, mas estava se divertindo também.
Continuaram conversando pelo tempo que se seguiu. A lanchonete ficava cada vez mais cheia e agitada, típico de um dia de final de semana. Enquanto todos discutiam sobre o futuro de Ryan e Bec, o celular de Justin tocou alto sob a mesa, atraindo olhares para ele. O nome da mãe de Cassie estava estampado no visor e ele estranhou a ligação, assim como ela, que pediu para que ele atendesse logo.
— Boa noite, senhora Stewart! Aconteceu algo? A senhora nunca liga para o meu celular. — disse e silenciou-se por um instante. Ouvir a ligação estava cada vez pior por conta do barulho alto. — Acho que o celular dela acabou a bateria. Certo, vou passar pra ela.
— Eu vou atender lá fora, aqui tem muito barulho. — ela disse antes de levar o telefone à orelha e cruzar o lugar em direção à saída. — Mãe! Meu celular acabou a bateria, desculpe. Como estão as coisas? Já resolveram tudo para nos visitar? — ela perguntou tudo rápido demais.
— Querida, terei que adiar essa visita. — a mais velha respondeu do outro lado da linha e Cassie notou um tom de choro na voz. Logo depois ouviu a mãe fungar e soube que havia algo errado.
— Por que a senhora usou o singular, mãe? O que aconteceu? Meu pai está bem, não é?
— Cassie...
— Mãe, diga que ele está bem! Conversamos há menos de uma semana e ele disse que estava melhorando! — a loira praticamente gritou e já sentia as lágrimas se acumulando nos olhos. — O que aconteceu dessa vez? Qual foi a complicação? Ele está em qual hospital?
— Ele teve uma insuficiência respiratória. Muito pior do que as anteriores. Liguei para a ambulância e vieram buscá-lo o mais rápido possível, mas assim que chegou ao hospital, ele... Ele não resistiu.
O mundo girou para Cassie e naquele momento o chão parecia ter deixado de existir. O celular foi parar no chão, assim como ela, de joelhos, esperando que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, assim como o que teve algumas noites antes. Tinha que ser um pesadelo.
Assim que viu Cassie de joelhos, Justin não hesitou em correr para ver o que havia acontecido. Sentia que não era nada bom apenas pelo fato da sogra ter ligado para seu celular, o que aconteceu apenas uma vez. Bec e Ryan também correram para ver o que havia acontecido e Chaz acabou ficando com as crianças, tentando distraí-las o máximo possível e não entendendo nada do ocorrido.
— Cassie! Cassie, meu amor, o que aconteceu? — o loiro perguntou, puxando-a para perto de si. Ela se aninhou ao peito dele e chorou mais ainda.
Assim que percebeu o celular no chão e a chamada ainda em andamento, Rebecca colocou-o na orelha e perguntou se Marie estava bem. Obviamente que estava devastada, assim como Cassie, mas controlou o choro e pediu para que cuidassem de sua filha. Encerrou a chamada minutos depois.
— Meu pai, Justin. Ele se foi. — a loira disse entre soluços. — Ele se foi e eu nem pude lhe dizer adeus e o quanto eu o amava.
— Oh, Cass, eu sinto muito, meu amor. Sinto muito mesmo. — disse, abraçando-a ainda mais forte.
Ficaram por alguns minutos ali. O choro dela conseguiu molhar quase toda a camisa que Justin vestia, mas nada importava naquele momento. Sua garota estava sofrendo e ele não sabia que isso lhe causaria tanta dor também. Só havia perdido um parente mais próximo, que era o avô e mesmo assim ele não conseguia se lembrar de muita coisa já que era muito pequeno quando o homem faleceu. Num impulso, Cassie soltou-se só loiro e se levantou. Ele fez o mesmo rapidamente.
— Eu quero ir pro Texas. Eu preciso ver meu pai. Agora. — disse de forma decidida.
— Tudo bem, nós vamos para o Texas, mas vamos esperar até amanhã, certo? Precisamos de passagens e eu não faço ideia se a Emma pode viajar agora com a gente.
— A Emma ainda é muito pequena para passar por esse tipo de coisa. Ela pode ficar conosco até vocês voltarem. — Bec disse e Ryan assentiu.
— Bec, você tem...
— É claro que eu tenho, Cassie. Não precisa se preocupar com a Emma, ela entenderá o que aconteceu mais tarde e nós cuidaremos dela. Só precisamos pegar algumas roupas pra ela no seu apartamento.
— Se quiserem partir hoje, tudo bem. Nós levamos o Dave de volta ao orfanato e depois pegamos as roupas da Emma.
E Cassie chorou mais ainda depois disso. Abraçou os amigos, agradecendo a ajuda e depois voltou com pressa para dentro da lanchonete, onde Chaz e as crianças tomavam um milk-shake. Emma não demorou a perceber a mãe chorando e correu para abraçá-la.
— Por que você está chorando, mamãe?
— Aconteceu uma coisa muito triste. O meu pai...
— Meu vovô? — a pequena interrompeu e Cassie sorriu por alguns segundos. Sabia que o pai ficaria muito feliz se ouvisse a neta o chamando assim.
— Sim, ele mesmo. Ele... Ele virou uma estrelinha lá no céu. Ele se tornou um anjo novamente e agora vai proteger todos nós lá de cima.
A garota não fez mais perguntas, continuou abraçando a loira de forma terna, lhe transmitindo um pouco de paz.
— Eu e o Justin vamos visitá-lo para nos despedirmos dele e como você ainda é muito pequena, não pode ir conosco. Então você vai ficar com a tia Bec e o tio Ryan, certo? Você se importa com isso? — perguntou.
— Vocês vão me buscar quando voltarem? Ou eu vou voltar para o orfanato com o Dave? Eu não quero voltar pra lá, mamãe.
— É claro que você não vai voltar pra lá. A primeira coisa que faremos quando voltarmos vai ser buscar você, não se preocupe. — Justin disse.
— Então tudo bem. Vocês vão demorar?
— Não, querida. Logo estaremos de volta. Agora temos que ir. Eu amo você, ok? Amo muito. — Cassie disse, abraçando a menina novamente.
— Eu também amo vocês.
Justin e Cassie se despediram rapidamente de todos ali e correram para o carro. O caminho até o apartamento foi silencioso. Sempre que se lembrava do pai, ela começava a chorar novamente e Justin acariciava-lhe a perna num gesto de carinho. Chegaram ao apartamento em pouco tempo e a loira correu para arrumar as malas. Não arrumá-las; apenas socar várias peças de roupa dentro da mesma, sem se importar em como ficariam depois.
Ela tremia e sentia vontade de chorar a todo o momento.
— Cass, deixa que eu arrumo isso. Dorme um pouco. Já comprei nossas passagens. O voo sai à 1 hora da manhã e deve pousar no Texas por volta das 7 horas.
— Eu não quero dormir, Justin.
— Por favor, Cassie. Pelo menos tenta. Eu deito com você.
Mesmo não querendo, ela se rendeu. Tirou os sapatos e deitou-se. Logo Justin apareceu ao seu lado e a puxou para perto.
— Durma. Eu vou estar aqui se precisar de algo.
Ela assentiu e fechou os olhos. Chorou mais um pouco, mas depois de um tempo finalmente o sono apareceu e ela conseguiu dormir. Entretanto, Justin parecia estar mais acordado do que nunca. Mandou um e-mail para o chefe de Cassie, explicando toda a situação. Sabia que ele entenderia. Depois arrumou sua mala e a da loira e foi ao banheiro, pegando tudo que achava que Cassie usaria no Texas. Por volta das 9 horas da noite, Ryan apareceu no apartamento e ajudou Justin a fazer uma pequena mala para Emma. Despediram-se com um abraço quando o amigo foi embora.
Justin cochilou por pouco tempo no sofá e às 11 horas da noite, foi tomar um banho, que acabou sendo interrompido por um grito agudo feminino. Sabia que devia ser Cassie tendo algum pesadelo, provavelmente sonhando com a família dela. Colocou o roupão e correu para vê-la. Ela estava ofegante e suava frio, além de chorar.
— Pesadelo?
— Sim. Foi horrível, mas não tanto quanto o que eu estou vivendo agora. — ela lamentou.
— Eu sei que essa situação é difícil e complicada, mas acredito que seu pai está em um lugar muito melhor. Ele também devia sofrer muito com a doença.
— Sim, mas ele disse a mim há alguns dias que estava se sentindo muito melhor. Falou que não via a hora de nos rever e rever a Emma. Ele parecia tão feliz pelo telefone.
— Eu tenho certeza que estava. Não conheci seu pai muito bem, mas não era difícil perceber o grande homem que ele era. Apesar de tudo, parecia ser capaz de mover céus e terras por você e sua mãe.
A intenção de Justin ao dizer tudo aquilo era fazer com que Cassie se acalmasse e conseguisse dormir mais um pouco, porém foi em vão. Ouvir tudo aquilo era como um soco no estômago apenas pelo fato de saber que não poderia mais ver o pai, conviver com ele ou ouvir seus conselhos. Nunca havia superado totalmente a perda do irmão que ocorrera tantos anos antes e agora havia de superar a perda do pai. Não conseguia entender porque as pessoas que amava iam embora tão cedo.
— Ele nunca soube que nosso casamento foi falso. Agora eu me pergunto o que ele faria se soubesse que casei com um homem sem amá-lo, mesmo que fosse para uma situação importante.
— Cassie, não pense nisso agora. O começo pode ter sido falso, mas não é mais. E ele entenderia a situação. Ele era seu pai e sabia o quanto você queria adotar a Emma. Você não quer tomar um banho? Vai ajudar a relaxar.
— Tudo bem. — ela se levantou da cama, enxugando as lágrimas e caminhou em direção ao banheiro. Antes de chegar lá, parou e encarou Justin. — Obrigada, Justin. Eu sei que eu nunca fui a pessoa mais fácil de conviver. Também sei que esse não é momento ideal para isso, mas...
— Meu amor, não vamos falar sobre isso agora.
— Quando você disse que me amava aquele dia, eu fiquei confusa, pensei em mil motivos para você estar mentindo pra mim. Mas hoje, depois de toda essa tragédia e você estando ao meu lado, eu tenho certeza do que eu sinto e eu acredito verdadeiramente no que você disse. Eu também te amo, Justin. Desculpe ter sido uma completa idiota durante todo esse tempo e não ter visto isso. Mas eu amo você. De verdade. Obrigada por estar ao meu lado agora. — ela sorriu minimamente e uma lágrima solitária rolou pela sua bochecha. Depois se encaminhou para o banheiro, deixando Justin sem reação.
Ele mal conseguia acreditar naquilo que havia ouvido. Apesar de toda a situação, aquele parecia ser o melhor dia da vida dele. Queria poder gritar aos quatro ventos que a mulher que ele amava o amava de volta. Mas apenas continuou em sua cama, sorrindo e terminando de ajeitar suas coisas para a viagem. Não uma viagem feliz, como ele queria que fosse, mas pelo menos estaria ao lado dela, dando-lhe todo o apoio necessário para que enfrentasse a situação e a superasse mais rápido.
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