I was so foolish
On some stupid shit
Should have never let you out, no, no.
Under you — Nick Jonas
As semanas seguintes foram estranhas tanto para Justin quanto para Cassie. Emma saiu do hospital na mesma noite em que Cassie deu um basta na relação com Justin. Cerca de um mês depois de todos os papéis do divórcio estarem assinados, a audiência sobre a decisão da guarda de Emma aconteceu.
Cassie estava apreensiva, assim como o loiro do outro lado da sala. A mesma juíza de antes ouviu os dois, além de Emma e outras testemunhas. Depois, os dois tiveram de esperar quase quarenta minutos para serem chamados novamente à sala da audiência. Os olhos da mulher que definiriam o futuro de todos ali estavam indecifráveis. Antes de começar, ela respirou fundo. Quando começou a falar, a voz estava calma e doce, mas também séria e impotente, e a loira relaxou um pouco mais.
Como música para os seus ouvidos, ouviu que a guarda de Emma seria concedida à Cassie, mas o nome de Justin também estaria na nova certidão de nascimento da menina, assim como ambos os sobrenomes. Além disso, ele teria o direito de conviver com a criança. Quando questionada sobre sua atitude, a juíza disse que Emma já havia se apegado aos pais, assim como aos outros amigos da família. Não poderia voltar a viver no orfanato, tentando conviver com a eterna espera de ser escolhida por algum casal. Ela já havia sido acolhida por uma família que a amava acima de todos os problemas.
Cassie comemorou a vitória com sua advogada. Quando menos esperava, Justin estava em sua frente. Havia aparado o cabelo e tirado a barba rala do rosto. Parecia muito mais o homem que ela conheceu tantos meses antes.
— Parabéns, você realmente conseguiu. — ele disse e sorriu. Ambas as mãos estavam nos bolsos da calça jeans. Ele parecia inquieto.
— Nós conseguimos. Apesar de tudo, obrigada. Mesmo.
Os dois ficaram se encarando por alguns poucos minutos antes de serem avisados de que deveriam sair da sala. Apenas nesse momento perceberam que já estavam sozinhos. Eles caminharam para fora dali e, quando Cassie foi para o seu carro, acenou para Justin. Ao entrar no automóvel, ficou encarando o volante a sua frente, tentando digerir tudo que havia acontecido. Finalmente possuía a guarda de Emma. As coisas começavam a andar para o caminho certo.
[...]
— Emma, venha cá, a tia Bec está aqui! — Cassie gritou para a menina, que veio correndo.
— Oi, princesa! Cada dia maior, não é? Tio Ryan te mandou um beijo.
— Fala que eu mandei outro, bem grandão!
— Claro, falarei sim. Agora eu preciso falar com a sua mãe.
— Querida, vá desenhar um pouco.
A menina assentiu e saiu dali, deixando Cassie e a amiga sozinhas.
— Me conte, como estão os preparativos do casamento?
— Já estou quase desistindo de me casar. É muita coisa para decidir! Eu estou quase surtando.
— Queria poder dizer que entendo, mas eu não entendo. — a loira disse e riu.
— Até porque quando você se casou com o Justin, Ryan me disse que foi a mãe dele que preparou tudo. Opa, eu não deveria tocar no assunto? — Rebecca perguntou ao notar a expressão da amiga.
— O assunto Bieber já deixou de ser um assunto proibido há algum tempo, relaxe. Sim, a mãe dele decidiu tudo. Eu meio que fui obrigada a fazer uma cerimônia. No fim, nem mudou nada. Nos separamos mesmo. — deu de ombros.
— Como está sendo a convivência dele com a Emma?
— Ótima. Às vezes, ela passa várias noites com ele. No começo eu me preocupava, mas agora...
— Você confia nele.
— Sei que ele não vai fazer nada para magoá-la. Ele ama Emma como eu nunca achei que ele fosse amar alguém quando nos reencontramos.
— Entendo. Ei, que tal fazermos umas panquecas? Estou morrendo de fome.
— Quando eu digo que você vem aqui apenas para comer, você não acredita.
— Isso não é verdade. Venho aqui para saber como você e Emma estão, além de adorar esse seu apartamento.
— Quando o visitamos com o corretor de imóveis, você odiou.
— Isso foi antes de você e eu decorarmos isso aqui. — Cassie revirou os olhos, mas riu da frase da amiga.
Foram até a cozinha e lá começaram a preparar a massa das panquecas, conversando simultaneamente. Rebecca sugeriu fazerem calda de chocolate para as panquecas e Cassie assentiu, concordando com a sugestão. Quando o cheiro de chocolate começou a se espalhar pela cozinha, Cassie fez uma careta.
— Uh, o que você colocou aí? — ela perguntou.
— O mesmo de sempre. Por quê?
— Esse cheiro está me dando enjoo. Assim como o cheiro do molho de macarrão que eu fiz ontem à noite.
— Você está enjoada, é? Já menstruou esse mês?
— Não, meu período está atrasado, como sempre foi. E nem pense nisso.
— Pensar em quê?
— Você sabe no quê. Eu não estou grávida.
— Tem certeza? Não ficou com mais ninguém depois de Justin?
— Rebecca! Claro que não. Você sabe que Justin foi o último cara com quem transei e isso faz um tempo. — disse baixo.
— Quando a Emma saiu do hospital, como você me falou. Usaram preservativo?
— Bec, por favor, quer parar de questionar a minha vida sexual e o meu ciclo menstrual? Eu não estou grávida.
— Tudo bem, assunto encerrado então.
Quando as panquecas estavam finalmente prontas, chamaram Emma para comer. Cassie continuava enjoada, mas forçou-se a comer ao menos uma panqueca. A pequena Emma não notou o desconforto da mãe e contou tudo o que estava acontecendo em sua escola e como adorava seus amigos e professores. Assim que Bec foi embora, Cass correu para o banheiro e vomitou tudo o que havia comido. A filha estava ao seu lado, segurando seu cabelo e perguntando se a mãe estava doente.
— Não, querida. Eu estou bem. Foi só um mal estar. — disse.
Ela esperava que esses enjoos cessassem com o passar dos dias, mas eles pareciam aumentar. Ela começou a se preocupar duas semanas depois, quando já fazia quase um mês e meio que não menstruava. Evitava a todo custo imaginar que estava grávida. Não deveria estar. Pensou em comprar um teste de farmácia, mas sempre soube que estes não eram nada confiáveis e acertivos. Então continuou convivendo com a maldita dúvida.
No sábado daquela semana, Rebecca convidou a amiga para ir até a sua casa, dizendo que precisava de ajuda para escolher alguns detalhes de sua festa de casamento. Ela concordou, arrumou Emma e depois que se arrumou, dirigiu até a casa da amiga. Ryan estava lá, como sempre. Assistia a um jogo de hóquei na televisão da sala e sorriu quando viu Cassie e a filha entrarem.
— Cass, quanto tempo. Emma, você está grande! — cumprimentou, abraçando ambas.
— Pois é. Vim ajudar a Bec com alguns detalhes do casamento. Pelo que percebi, ela está surtando. — a loira riu.
— Está mesmo. Dá mais atenção para as revistas de noiva do que pra mim. Estou me sentindo trocado.
— Ryan! Não o escute, Cassie. Ele não entende o que estou passando. — Bec o repreendeu.
— Eu sei que qualquer coisa que você escolher vai ficar ótimo. — o noivo dela respondeu e lhe roubou um beijo rápido, voltando para a sala.
As mulheres foram para a cozinha, onde diversas revistas e outras coisas estavam espalhadas sob a mesa. Emma arrumou um cantinho vazio e começou a desenhar, calma e quieta como sempre.
— Qual arranjo você acha melhor? Esse só de rosas ou este com diversas flores juntas?
— O com várias flores. É mais colorido e tudo mais. Combina com seu espírito alegre.
— Tem certeza? O de rosas brancas também é tão lindo.
— Então use o das rosas.
— Acho que você tem razão, o outro arranjo é mais bonito. Vou usá-lo. Aliás, preciso dizer algo. Não sei se você vai aceitar a ideia, mas eu queria muito que sim.
— Diga, só assim posso decidir se aceito ou não.
— Ryan e eu conversamos e queremos que você seja nossa madrinha. Junto com Justin. Ryan conversou com ele e disse que se você aceitar, tudo bem. Ah, também queremos que a Emma seja a dama de honra. — a menina bateu palminhas quando ouviu isso, claramente feliz com as ideias.
— Eu e Justin? Em um altar novamente? Bec...
— Por favor, Cass. É importante pra nós. Vocês são nossos amigos, tem uma história.
— Eu posso ter um tempo para decidir isso? Eu realmente fui pega de surpresa.
— Claro. O casamento vai ser daqui quase sete meses. Temos um tempo ainda.
— Tudo bem, obrigada.
As duas continuaram decidindo coisas matrimoniais até Cassie sentir uma leve dor no pé da barriga. Não deu muita importância àquilo, deveria ser apenas cólica, o que significava que iria menstruar e não estava grávida. Porém, cerca de uma hora depois, a dor foi aumentando até ficar praticamente insuportável. Quando se levantou da cadeira para se despedir de Bec, sentiu suas pernas ficarem molhadas e a dor aumentar. Sua visão embaçou e ela se segurou na mesa para não cair.
— Cass, está tudo bem?
— Mamãe, você está sangrando! — Emma disse alto.
— Cólica. Eu estou com muita cólica. Será que o Ryan pode ficar com a Emma e você me levar até o hospital? Preciso de outra calça também.
— Claro que sim. Emma, vá lá na sala e fique com o tio Ryan até nós voltarmos. Diga a ele que tivemos emergências femininas e precisei levar sua mãe até o hospital.
A menina prontamente obedeceu. Cassie e Rebecca foram até o andar de cima e a loira trocou de roupa. Ela grunhia de dor. Pouco mais de dez minutos depois, ambas já estavam dentro do carro e Bec dirigia até o hospital mais próximo. Ao chegarem lá, a loira explicou o que estava sentindo e logo a buscaram e a levaram para uma sala de internação. Uma médica foi vê-la em pouco tempo enquanto ela estava tomando soro. Perguntou o que ela estava sentindo e decidiu que seria melhor se ela fizesse um ultrassom. Cassie foi levada até outra sala menor, com alguns equipamentos. O líquido gelado foi esparramado por sua barriga e ventre e logo ela pode observar o monitor à sua frente.
— A senhora acha que eu posso estar com algum problema no útero? Eu estou com a minha menstruação atrasada e nunca tive uma cólica tão forte como hoje. — a loira perguntou e recebeu um meneio de cabeça.
— A menstruação atrasada e a forte dor tem um motivo. Você está grávida, senhorita Stewart. Esse sangramento não foi menstrual. Você quase perdeu o bebê. Você ainda não sabia da gravidez? — a médica perguntou ao ver o rosto espantado da paciente à sua frente.
— Não, eu... eu achei que meu atraso era normal, sempre foi assim. Tem certeza, doutora? Eu não posso estar grávida, sempre tomei anticoncepcional.
— Nunca tive tanta certeza na vida. Pelo tamanho do feto e pelo sangramento comum em casos de aborto, a gravidez deve ter quase dois meses. A senhorita teve sorte, foi apenas um sangramento. Mas agora deverá ficar de repouso. Com esse sangramento, a gravidez ficou de risco. Todo cuidado é pouco.
— Então eu estou grávida. De quase dois meses. Minha nossa.
As lágrimas vieram na mesma intensidade que a alegria e o medo. Estava grávida. E o pai era Justin. Estava grávida de um filho de Justin e não poderia ficar mais feliz e assustada na vida.
— A senhorita vai voltar ao quarto e receber mais um pouco de soro na veia juntamente com um remédio para a dor. Irei até lá e receitarei alguns outros remédios e precauções que você deve ter. Tem mais filhos? — Cassie assentiu, limpando as lágrimas que insistiam em cair. — Evite pegá-los no colo, evite pegar peso. Fique de repouso o máximo que puder. Sei que nem sempre é possível, mas tente seguir as recomendações que passarei. Por hora é isso. Parabéns, senhorita Stewart. — a médica disse sorrindo e logo saiu do quarto.
Os mesmos enfermeiros de antes apareceram e a levaram novamente até o quarto em que ela estava. Aplicaram o soro e o remédio e saíram dali, deixando Cassie sozinha com suas preocupações, medos e felicidade.
[...]
Já passava das cinco horas da tarde quando Cassie finalmente foi liberada para ir embora. Levou consigo todas as recomendações e o receituário da médica, que havia atendido-a muito bem e lhe dado mais informações sobre a gravidez. Quando a loira chegou à sala de espera, encontrou Bec mexendo no celular, provavelmente trocando mensagens com Ryan. Assim que viu a amiga, levantou-se na mesma hora.
— Ei! Está melhor? — perguntou.
— Sim, muito. Obrigada por me trazer até aqui. Será que você pode me levar até o prédio onde Justin mora? — perguntou quando entraram no carro.
— Claro, mas por quê?
— Eu estou grávida. E eu quase sofri um aborto. Minha gravidez agora é de risco.
— Uau! Parabéns, Cass! Estou realmente feliz por você, mas você está bem? E o bebê? Ainda bem que viemos até o hospital. De quantos meses você está?
— Quase dois. Eu ainda não consigo acreditar. E se o Justin achar essa notícia péssima? E se ele não quiser o filho? E se ele não acreditar que o filho é dele? São tantas possibilidades!
— Ei, fique calma. Você não pode ficar nervosa agora. O Justin não é idiota a ponto de você considerar todas essas possibilidades. Ele pode ter feito besteira, mas estamos falando sobre o filho dele. Sangue de seu sangue.
— Tudo bem, vai dar tudo certo. — ela disse e respirou fundo.
Em pouco tempo, o carro foi parado em frente ao grande prédio em que Justin morava. Bec desejou boa sorte à amiga e disse que se acontecesse qualquer coisa, ela poderia ligar. Também disse que cuidaria de Emma naquele dia, o que tranquilizou Cassie. Quando o carro foi embora, a loira suspirou e adentrou o prédio sem complicações; o porteiro já a conhecia e a cumprimentou rapidamente. Ela entrou no elevador e logo estava no andar desejado. Caminhou devagar até a porta do apartamento dele e tocou a campainha, torcendo para ele estar lá. Cerca de três minutos depois, lá estava ele abrindo a porta. Vestia apenas uma bermuda e chinelos e parecia cansado. Ela sorriu minimamente ao ver o olhar confuso dele.
— Cassie? Aconteceu alguma coisa? A Emma está bem? Venha, entre. — ela entrou e caminhou até a sala, percebendo que ele fez o mesmo.
— A Emma está ótima. Estou aqui por outro motivo.
— Qual?
— Eu estou grávida, Justin. — ela disse rápido, com os olhos fechados.
— Você o quê? Grávida? Mas você dizia que tomava anticoncepcional e...
— Naquela última vez, eu estava na pausa do remédio. A gente não usou preservativo. Eu não esperava que isso fosse acontecer. Há algumas semanas eu estava me sentindo enjoada e minha menstruação estava muito atrasada. Hoje na casa de Bec eu comecei a sentir muita dor e a sangrar. Eu achei que era apenas uma cólica menstrual muito forte, mas não. Eu vi no ultrassom. Eu estou esperando um filho seu.
— Eu vou ter um filho... Deus, Cassie, você está grávida! — ele praticamente gritou e a abraçou forte, rodopiando-a no ar e a deixando confusa com sua reação totalmente inesperada por ela.
— Espera, você está feliz? Não está com medo disso? Não está achando que não é seu filho?
— Eu estou muito feliz. É claro que estou com medo. Porra, eu vou ser pai pela segunda vez! E não passou pela minha cabeça desse filho não ser meu. Em nenhum momento. Mas, você disse que teve sangramento. O que isso quer dizer?
— Eu quase sofri um aborto. Agora a minha gravidez é considerada de risco, preciso ficar em repouso e não me exaltar demais.
— E você veio até aqui mesmo com o médico dizendo que você precisa de repouso? Venha, vamos até a suíte. Lá você pode se deitar e descansar.
— Como vai ser agora, Justin? Nós estamos separados e eu estou grávida. Isso vai mudar? — ela perguntou, apontando o dedo para ambos e ignorando o que ele havia dito sobre descansar.
— Eu quero muito que nossa situação mude. Pra melhor. Mas só se você quiser que mude. Eu não consigo suportar a ideia de não acompanhar a sua gravidez de perto, mas vou entender se você achar que devemos continuar assim, cada um na sua casa.
— Eu não sei o que pensar. Eu não quero ficar sozinha nesse momento, mas as lembranças de tudo o que aconteceu ainda estão vivas na minha mente.
— Sei que não posso apagar tudo aquilo, mas se você me perdoar, já é um passo a mais. Volta a morar aqui. Eu quero te convencer que eu não sou aquele mesmo idiota. Eu quero reconquistar você e a sua confiança em mim e no meu amor. — ele disse, encarando os olhos dela e segurando suas mãos.
— Esse apartamento é cheio de lembranças.
— Esse é o problema? Então nós nos mudamos. Eu já queria sair daqui, esse apartamento ficou grande demais pra mim depois que você e a Emma foram embora. Eu vendo esse apartamento e com o dinheiro compro outro maior. Ou uma casa, se você preferir. Podemos dar um jeito.
— É tudo tão estranho. Há quase dois meses eu estava aqui, te dizendo adeus e agora eu estou aqui novamente dizendo que estou grávida. — ela riu. — Eu já perdoei você. Apesar de tudo, eu quero que tudo volte a ser como era antes. Eu estou morrendo de medo de como isso vai ser. Estou com medo de tentar novamente e dar tudo errado. Mais uma vez. Eu quero confiar em você de novo. Quero acreditar que você mudou, mas você precisa me provar isso.
— Pode acreditar que eu mudei. Eu vou te provar isso todos os dias até você ter certeza disso. Até nós voltarmos a ser o que éramos antes de toda essa confusão.
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