"You can walk away, say we don't need this, but there's something in your eyes, says we can beat this.'Cause these things will change, we can feel it now."
- Obrigado por ter me deixado almoçar aqui. – Agradeci subindo a escada atrás deles.
- Não foi nada. – Harry deu de ombros entrando em seu quarto.
Como fui a última a entrar, tranquei a porta e sentei no pufe que estava vago, já que o outro era ocupado por Harry. Louis, ao contrário de nós dois, estava sentado na cadeira giratória da escrivaninha e já anotava alguma coisa em uma folha.
- Bom, precisamos anotar todas as regras que estarão no contrato. – Louis disse virando-se para nós dois. – Em relação ao advogado, lembrei que o novo namorado da mãe de Amélia é um, portanto liguei para ela, a qual disse que viria assim que terminasse de almoçar.
- Você contou tudo para Amélia? – Perguntei erguendo uma sobrancelha.
- Foi necessário, mas não se preocupe, eu a conheço desde a infância. Amélia é confiável. – Louis virou-se novamente para a mesa. – Primeira regra: Vocês terão que permanecer nesse relacionamento até que Harry receba a herança. – Nós dois concordamos. – Segunda regra: Harry pagará o tratamento da avó de Grace, mesmo após os dois terem se separado. – Harry assentiu. – Terceira regra: Os dois poderão ter relacionamentos com outras pessoas enquanto o contrato durar.
- Desde que seja de forma discreta. – Acrescentei. – Não quero pagar uma de corna.
- Certo, você tem razão. – Louis anotou o que eu tinha dito no papel. – Quarta regra: Ninguém além de Grace, Harry, Amélia e Louis podem saber sobre o contrato. – Suspirei, lembrando-me de Lizzie, porém concordei. – Quinta regra: Vocês terão que se beijar sempre que for necessário. – Nos entreolhamos, mas por fim confirmamos com a cabeça. – Sexta regra: Nada de mentiras entre os dois. A sinceridade vai ser fundamental.
- Em relação a qualquer coisa? – Harry perguntou e Louis assentiu.
- Sétima regra: Vocês terão que fazer tudo o que for necessário para essa mentira ser convincente e evoluir. – Confirmamos mais uma vez. – Oitava...
Louis foi interrompido por batidas na porta vindas de Margarete, a qual avisava que Amélia havia chegado. Louis destrancou a porta e agradeceu, saindo do quarto e voltando minutos depois, acompanhado de Amélia.
- Isso vai ser tão legal! – Amélia exclamou após nos abraçar em forma de cumprimento.
- Não vejo nada de divertido nisso. – Murmurei.
- Então, Amélia, estávamos esclarecendo as regras em relação ao contrato. – Louis disse mostrando a folha para a garota. – Algo a acrescentar?
- E se... – Amélia suspirou. – Não me leve a mal Grace, mas precisamos ser realistas. – Amélia mordeu o lábio inferior e eu presumi sobre o que ela estava querendo falar.
- E se a minha avó morrer? É isso? – Fechei os olhos, sentindo um aperto no coração.
- Caso isso aconteça antes que o Harry receba sua herança, você não vai mais ter algo para ganhar em troca. – Amélia suspirou.
- Se isso acontecer, Harry pode dar o dinheiro do tratamento da avó diretamente para Grace até que se separem. – Louis sugeriu olhando para nós dois.
- Eu já estou aceitando qualquer coisa. – Harry afundou ainda mais no pufe.
- Sinto como se eu estivesse sendo comprada. – Bufei.
- Você só está fazendo isso pela sua avó, não se sinta culpada. – Amélia tentou me consolar.
- Tanto faz. – Dei de ombros, suspirando.
- Então, oitava regra: Caso a avó de Grace faleça antes que Harry receba sua herança, Grace receberá diretamente o dinheiro que seria gasto no tratamento até que os dois se separem. – Louis leu o que havia escrito no papel.
- Só mais uma coisinha... – Um sorriso surgiu no rosto de Amélia. – O jantar é amanhã à noite, certo? – Confirmamos com a cabeça. – Já sabe o que vestir? – Direcionou a pergunta para mim.
- Ah, não... – Na verdade ainda nem tinha pensado nesse assunto.
- Então vamos para sua casa agora! – Ela disse empolgada.
- Por quê? – Perguntei.
- Você precisa estar impecável! Não é nem um pouco fácil agradar a tia Anne. – O sorriso de Amélia murchou um pouco. – E pelo o que Louis me contou, Megan está metida no meio disso tudo e Anne ama aquela garota. – Ela revirou os olhos.
- Você tem razão. – Louis dobrou o papel onde estava escrito as regras e o entregou para Amélia. – Vamos ajudar Grace a escolher algo que agrade Anne.
[...]
- Você não acha que tem jeans demais, não? – Amélia perguntou mexendo em meu armário.
- Não. Jeans combina com tudo e eu posso usar em quase todos os lugares. – Dei de ombros.
- Você não tem nenhuma saia? – Ela olhou-me incrédula e eu confirmei com a cabeça. – Meu Deus, você vai precisar de muita ajuda caso queria agradar Anne.
- Não exagera, ta legal? – Bufei.
- Não que suas roupas sejam feias, mas é tudo muito básico demais! – Amélia suspirou. – Você precisa ser mais glamourosa e vestir-se igual a alta sociedade!
- O problema é que eu não pertenço a essa droga de alta sociedade! – Exaltei-me. – Sem querer ofender vocês três. – Acrescentei imediatamente. – Mas pelo o que estou vendo, Anne vai querer uma menina bonita, de classe, que se vista bem e faça parte dos padrões da alta sociedade. E, desculpe desapontá-los, mas eu não me encaixo em nenhum desses quatro itens!
- Você sabe alguma coisa sobre etiqueta? – Ela perguntou se sentando ao meu lado.
- Sim, minha avó me ensinou algumas coisas. – Suspirei cansada.
- Ela te ensinou para que serve cada tipo de talher? – Assenti em concordância.
- Essas coisas relacionadas à como se comportar em uma mesa eu sei.
- Então nós só precisamos dar uma renovada em seu guarda-roupa e pronto! – Amélia sorriu confiante.
- O problema é que eu não sei como agir tão elegante quanto elas, além de que não sei nada sobre moda e essas coisas! – Comecei a andar de um lado para o outro, frustrada. – Eu nunca andei em um salto maior do que oito centímetros, odeio usar saia, vestido só em ocasiões especiais, bolsas me irritam e eu não uso muita maquiagem!
- É só você aprender a andar de salto, usar saia uma vez ou outra não mata, bolsas é algo necessário para qualquer mulher, você é bonita naturalmente, não precisa de muita maquiagem, e qual o problema dos vestidos? – Amélia disparou a falar e eu apenas suspirei, vendo-a sorrir. – Então vamos às compras!
[...]
- Eu não gostei desse vestido, ele é muito justo. – Eu revirei os olhos, saindo do provador.
- Grace, para de bobeira! Você ficou linda. – Amélia sorriu. – Nós vamos levar esse. – Ela disse para a vendedora, empurrando-me de volta para o provador.
- Mas...
- Agora experimenta o verde. – Suspirei frustrada, tirando o vestido azul e colocando o verde. – Como ficou?
- Desse eu gostei. – Comentei saindo do provador.
- Você fica incrível vestindo qualquer coisa, meu Deus! – Amélia sorriu. – Harry, sinto pena do limite de seu cartão de crédito. – Ela disse chamando a atenção dos dois que mexiam distraídos em seus celulares, sentados em no sofá de dois lugares.
- Você combina com verde. – Louis disse com um sorriso.
- Obrigada. – Agradeci, entrando novamente no provador e retirando o vestido, colocando minhas roupas de volta.
- Então nós vamos levar o vestido azul, o verde e o bege. A saia preta e a jaqueta de couro salmão. – Amélia falou para a vendedora e eu arregalei os olhos.
- Não acha que é muita coisa, não? – Perguntei após a vendedora sair carregando todas aquelas roupas.
- Claro que não! E nós ainda vamos comprar muito mais. – Ela sorriu.
- Vocês são loucos em gastarem esse dinheiro todo em roupas, ainda mais para mim! – Eu suspirei. – E eu sou mais louca ainda em estar aceitando tudo isso.
- Já disse que dinheiro não é problema. – Harry revirou os olhos.
- Mesmo assim... – Me calei ao ver a vendedora retornar carregando duas sacolas.
Harry foi até o caixa passar o cartão e após isso saímos da loja, entrando em outra logo na frente. Nessa compramos apenas um vestido preto e uma blusa azul escuro de botões. Em outra loja compramos um short jeans, um short de renda branco, uma saia rosa e um blazer branco. Após isso fomos a uma loja só de acessórios, onde Amélia me deixou escolher algumas peças. Levamos brincos, pulseiras, anéis, relógios e cordões. Escolhi dois óculos de sol e compramos também dois biquínis, uma saída de praia e um chapéu de palha. Amélia escolheu diversos pares de sapatos de todas as cores, tipos e tamanhos, mesmo eu dizendo que não saberia andar em nenhum deles, já que o menor era de 10 centímetros.
Tivemos que parar para colocar todas as sacolas no carro, mas após isso fui arrastada novamente para outras três lojas, onde compramos ainda mais blusas, vestidos, shorts, casacos, saias e sapatos, além de um hidratante corporal com cheiro de baunilha e um perfume escolhido pelo próprio Harry. No final do dia estávamos todos exaustos, portanto decidimos parar na praça de alimentação para comer alguma coisa.
- Eu deveria ter passado o dia dando aulas para o Harry. – Resmunguei.
- Nesse caso fazer compras foi mais importa do que isso. – Louis disse dando uma mordida em seu hambúrguer.
- A partir de amanhã quero você usando as roupas novas. – Amélia alertou. – Você sabe, para começar a se acostumar.
- Certo... Até que não foi tão ruim assim. Eu pensei que seria pior. – Tomei um gole da minha coca-cola. – Apesar de você ter comprado coisas que eu normalmente não compraria e nem poderia comprar, é tudo ainda no meu estilo, sabe?
- A intenção não era mudar o seu jeito de ser, apenas aprimorar o que você já é. – Ela sorriu. – E é pensando assim que você aceitará ir para mais um último lugar.
- Qual? – Perguntei curiosa sentindo um pouco de medo ao ver o sorriso crescer em seus lábios.
[...]
- Se eu estiver mais feia do que antes, juro que raspo a sua cabeça. – Eu avisei, vendo-a revirar os olhos.
- Não fizeram nada demais com o seu cabelo. Apenas hidrataram e fizeram uma californiana. – Amélia sorriu e eu finalmente me olhei no espelho. É... Não tinha mudado muita coisa e eu continuava parecendo eu mesma.
- Gostou? – A cabeleireira, Kate, perguntou.
- Aham. – Mexi nas pontas de meu cabelo analisando a nova cor mais clara. – Até que ficou legal a californiana.
- Você está ainda mais bonita! – Amélia sorriu.
- Obrigada, Amélia. – Agradeci. – Você sabe, por tudo.
- Sem problemas. – Ela piscou um olho e eu sorri. – Agora vamos logo!
- E obrigada também, Kate. – Acenei sendo arrastada pela minha amiga.
Harry e Louis estavam sentados no sofá da sala de espera mexendo no celular, junto de um homem que lia um jornal, uma mulher que folheava uma revista e duas crianças.
- Podemos ir embora logo? Estou cansada. – Pedi.
- Gostei das mechas! – Louis disse se levantando do sofá.
- Combinou com você. – Harry comentou, guardando o iPhone no bolso da calça e pegando o cartão de crédito, indo pagar tudo o que Amélia tinha insistido para fazerem em mim. Além da hidratação e californiana, fiz as unhas, depilação completa, sobrancelha e até limpeza de pele.
Após Harry pagar, fomos direto para o estacionamento do shopping. Entramos em sua Range Rover, onde Louis e Harry foram nos bancos da frente, enquanto eu e Amélia tivemos que ir atrás, junto das poucas sacolas que não haviam cabido na mala.
- Apesar de tudo, até que o dia foi divertido. – Eu disse quando chegamos à casa de Amélia. – Obrigada por me ajudar.
- Sem problemas. – Ela me abraçou e se despediu brevemente dos meninos, saindo do carro.
Depois de deixá-la em sua casa, Harry seguiu para a minha. O caminho foi rápido e silencioso, já que todos nós estávamos cansados. Assim que chegamos, todos nós descemos e eles dois me ajudaram a levar todas as sacolas para o meu quarto, deixando-as perto de meu armário. Eu teria o maior trabalho guardando aquilo tudo.
- Obrigada por tudo, Harry. – Suspirei dando um beijo em sua bochecha, já do lado de fora de minha casa.
- Eu que agradeço por você ter aceitado participar disso tudo. – Ele suspirou. – E desculpe pela aposta. Você sabe, acho que poderíamos ao menos tentar sermos amigos.
- Quando você me contou aquela história de que hoje em dia você não deixa mais as pessoas se aproximarem por culpa daquela garota é verdade? – Mordi meu lábio inferior.
- Infelizmente sim. – Harry desviou o olhar. – Os únicos que sabem sobre essa história além de você, são o Louis e a Amélia.
- Eles também eram amigos dela? – Perguntei.
- Uhum.
- Certo. Eu aceito suas desculpas. – Ele sorriu. – Mas só porque seria extremamente insuportável fingir essa história toda se não fossemos amigos. – Droga, Grace. Você perdoa as pessoas fácil demais! – Só não me trate com ignorância e grosseira novamente. Ser você mesmo perto de certas pessoas não significa que você esteja sendo vulnerável e eu sou uma pessoa mole demais para fazer alguma coisa com alguém. – Ele riu levemente.
- Você é uma boa pessoa, Grace. Mesmo depois de tudo, você ainda assim está me ajudando e até me desculpou! Sério, você é incrível. – Harry disse e parecia estar sendo sincero, portanto apenas sorri como agradecimento.
- Tchau, Louis. – Dei um beijo em sua bochecha.
- Tchau.
Esperei eles entrarem no carro para voltar para dentro. Tomei banho e após colocar o meu pijama, comecei a tirar do meu armário algumas roupas velhas e antigas que não cabiam mais em mim ou que eu sabia que não usaria mais. Eu precisava de bastante espaço para guardar todas as novas. Como ainda eram 20h57min, aproveitei para começar a guardar todas as coisas novas, deixando-as separadas das coisas novas para eu saber o que era mais ideal para eu passar a usar.
[...]
Sai do banheiro enrolada na toalha e abri o meu armário, encarando todas aquelas roupas novas. Precisei olhar quase tudo o que havíamos comprado para poder escolher o que usar. Como era apenas para ir a escola, coloquei um dos novos shorts jeans meio rasgado, uma blusa preta e um casaquinho de tecido leve branco. Hoje o tempo estava esquentando e dava para ver o sol nascendo no horizonte.
Coloquei um cordão no qual vinha três em um só, peguei meu novo Ray Ban Wayfarer, calcei meu par de all star branco e me olhei no espelho. Acho que está bom, afinal. Peguei minha bolsa junto de meu iPhone e desci as escadas, indo para a cozinha. O cheiro das panquecas que minha avó fazia invadiu o meu nariz e minha barriga roncou.
- Está se sentindo melhor? – Perguntei dando um beijo na bochecha de Luce.
- Na verdade não. – Ela suspirou. – As dores de cabeça estão insuportáveis e as tonturas constantes.
- Já disse isso pro médico? – Uma onda de preocupação me atingiu.
- Sim... Ele disse que seria melhor eu ficar internada por uns dias, porque é provável que uma hora ou outra eu desmaie, mas eu não podia deixar você aqui sozinha.
- Vó! Não acredito nisso! Eu já vou fazer 18 anos, sei me virar sozinha. – Revirei os olhos. – Você precisa priorizar sua saúde agora.
- Mesmo assim, Grace. Não temos dinheiro para pagar um quarto.
- Não se preocupe com isso. – Suspirei. – Lembra-se do Harry?
- Acho que sim. – Ela colocou o prato com as panquecas já prontas na mesa.
- Então... Meio que eu e ele estamos namorando. – Fechei os olhos, odiando a sensação de mentir para a minha avó.
- Sério? Finalmente você encontrou alguém, Grace! Agora até fico menos preocupada. – Ela sorriu, levando o garfo até a boca.
- E... Bom, o pai dele é dono daquele hospital...
- Nem pense em pedir isso pro seu namorado, Grace!
- Eu não pedi nada, ele que ofereceu. – Suspirei. – Quando você desmaiou e a Nelly te achou, foi ele quem me levou pro hospital. – Tomei um gole do suco de laranja. – Harry perguntou o que você tinha e eu contei a verdade. E, bom, ele disse que você terá todo o tratamento feito de graça.
- Você jura que não pediu nada pra esse rapaz? – Ela olhou-me desconfiada.
- Juro.
- Isso é sério mesmo? O tratamento todo de graça!? Meu Deus, ele deve te amar mesmo! – Minha avó deu um enorme sorriso de felicidade e eu me senti a pior pessoa do mundo.
- É... Eu acho que sim. – A campainha tocou e eu rapidamente levantei para ir atender a porta. Não estava mais aguentando olhar para a cara dela de felicidade e saber que tudo não passava de uma mentira. – Harry? – Perguntei assim que abri a porta. – O que está fazendo aqui?
- Bom dia pra você também, Grace. – Ele revirou os olhos. – Louis disse que seria uma boa eu vir te buscar pra ir pra escola. Você sabe, namorados fazem isso, então...
- Ah, sim... Só vou pegar a minha bolsa. – Avisei deixando a porta aberta mesmo e voltando para a cozinha.
- Quem era? – Minha avó perguntou.
- Harry.
- Vou lá falar com ele...
- Não precisa! Já estamos atrasados pra escola! – Rapidamente a impedi de se levantar, dando-lhe um beijo na bochecha.
- Então ta. Boa aula. – Ela acenou. Voltei para a sala e Harry ainda estava parado na porta me esperando.
- Você podia ter entrado. – Eu disse saindo de casa e fechando a porta.
- Nós já estávamos indo mesmo. – Ele deu de ombros.
Meu queixo quase caiu ao ver uma Mercedes-Benz Slr McLaren prata parada em frente a minha casa. Meu Deus. Tentei agir naturalmente ao entrar no carro conversível, mas era estranha a sensação de não ter um teto acima da sua cabeça.
Harry pisou no acelerador, aproveitando que a rua estava vazia. A velocidade não estava muito alta, mas mesmo assim o vento batia e bagunçava o meu cabelo. Coloquei o meu Ray Ban ao sentir o sol bater em meu rosto e deixei um sorriso tomar conta de meu rosto.
- Você sabe que quando chegarmos à escola juntos vamos chamar bastante a atenção, né? – Perguntei e ele confirmou com a cabeça. – E esse carro não colabora nem um pouquinho com isso.
- Somos namorados agora. – Harry sorriu de lado, apoiando um braço na porta e dirigindo com uma mão só. – Assim todos já ficam sabendo logo.
Não demorou muito pra chegarmos à escola e como previ, diversos olhares se voltaram para nós. Primeiramente por conta do carro e depois ao ver quem estava dentro dele. Harry estacionou na primeira vaga que viu e nós saímos do carro quase que ao mesmo tempo.
- Pronta para começar a encenação? – Ele perguntou estendendo-me sua mão.
- Vamos fazer logo isso. – Peguei sua mão vendo os murmúrios em volta da gente começar, enquanto caminhávamos lado a lado para dentro da escola.
Paramos primeiro em seu armário e eu o fiz pegar todos os livros dos tempos antes do intervalo, dizendo que ele não iria matar nenhuma aula. Harry revirou os olhos, mas acabou pegando. Após isso fomos para o meu armário e quando Nat nos viu de mão dada arregalou os olhos, enquanto o queixo de Lizzie caía.
- O que foi que eu perdi? – Nat perguntou.
- Hum... Nós estamos namorando. – Respondi tentando soar verdadeira.
- O quê!? Como assim você está namorando ele mesmo depois daquela... Daquela aposta! – Lizzie disse indignada.
- Ele pediu desculpas e se declarou pra mim. – Abri o meu armário não me atrevendo a olhar nos olhos dela.
- Isso... Isso é sério? – Lizzie perguntou e eu confirmei com a cabeça. – E o que você fez no seu cabelo?
- Californiana, ficou ruim?
- Ah, não, mas você nem me avisou que estava pensando em mudar o cabelo. – Ela soou um pouco magoada e eu fechei os olhos tentando não me render e contar toda a verdade.
- Foi uma decisão de última hora. Estávamos passeando pelo shopping e aconteceu. – Dei de ombros fechando o meu armário após pegar todos os livros.
- Bom, apesar de tudo, me sinto feliz por vocês. – Lizzie sorriu e me abraçou. Tentei ignorar o peso que eu sentia em meu coração e retribui o abraço.
- Talvez agora você nos deixe um pouco em paz. – Nat disse em um tom divertido, também me abraçando.
- Pena que isso nunca vai acontecer. – Sorri entre o abraço, soltando-o segundos depois.
- Droga. – Ele murmurou e eu ri.
- Mas e vocês dois? – Perguntei aproximando-me novamente de Harry que estava quieto.
- Estamos indo. – Lizzie corou um pouco e eu ergui uma sobrancelha.
- Até o Harry me pediu em namoro e você não toma nenhuma atitude, Nat? – Balancei a cabeça sorrindo levemente.
- Ah... Pois é. – Ele coçou a cabeça, envergonhado.
- Isso é apenas uma prova do quanto ele é lerdo. – Lizzie revirou os olhos.
- Sou lerdo, mas você me ama.
- E como você pode ter certeza disso? – Ela cruzou os braços.
- Porque você não vive sem mim. – Ele disse como se fosse óbvio, tentando não sorrir ao ver a cara dela de indignada.
- Seu ego ultimamente anda nas alturas, não?
- A culpa não é minha se você me liga todos os dias antes de dormir, inventando desculpas esfarrapadas do tipo: “Liguei pro número errado, estava tentando falar com a Grace”.
- Arg! Eu realmente liguei pro número errado, idiota! – Ela revirou os olhos. – Eu fui tentar usar o controle por voz do iPhone, mas não deu certo!
- Sei.
- E você fala de mim, mas morre de ciúmes quando Logan vem falar comigo.
- Claro! Ele praticamente te come com os olhos!
- A culpa não é minha que sou gostosa.
- Cala a boca.
- Vem calar.
- Você sabe que eu vou.
- Esses dois são sempre assim? – Harry perguntou após ficarmos alguns minutos virando a cabeça de um lado pro outro, como se Nat e Lizzie estivessem jogando pingue-pongue.
- Sempre.
[...]
- As garotas não param de me olhar com raiva. – Murmurei na fila para pegar meu lanche.
- E você queria o quê? – Ele sorriu maliciosamente para uma loira que passou por nós. – Supostamente você está namorando o cara com quem todas elas querem ficar.
- Você pode ao menos não fazer essas coisas enquanto todos estiverem olhando? Já disse que não quero pagar uma de corna.
- Certo, desculpe. – Harry revirou os olhos.
Pagamos pelo o que pegamos e fomos para a nossa mesa. Sentei ao lado de Harry e comecei a comer, enquanto ele fazia o mesmo. Ergui os olhos por um instante e vi Amélia nos encarando. Perguntei silenciosamente com os olhos e ela cochichou algo para o Louis, que logo fingiu estar tirando algo de seu ombro. Não entendi e cutuquei o Harry apontando discretamente com a cabeça para eles. Amélia revirou os olhos e Louis passou o braço pelo ombro dela, retirando-o rapidamente.
- Eu acho que eles querem que eu passe o braço pelo seu ombro. – Ele sussurrou para que ninguém ouvisse. Assenti com a cabeça e Harry fez o que os dois queriam. Amélia sorriu e eu olhei em volta, percebendo os burburinhos a nosso respeito.
Droga. Tudo o que eu sempre menos quis foi chamar a atenção e olhe só para onde estou agora. Suspirei pressentindo que esse contrato ainda traria muitos problemas, mesmo que eu ainda nem o tenha assinado.
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