História Casamento por Contrato - Ferida

Pov. Hugo Bertolazzi

Dona Ana me encarava com um certo ódio, talvez, não, com certeza, aquilo era ódio.

-Não temos nada a conversar rapaz, você já tirou minha filha dos eixos, não tem como voltar atrás, ela nunca pensou em sair de casa e entretanto agora ela saiu da própria.

-Ela já é uma mulher, vai saber se virar e sabe para onde ela foi? Irei a buscar imediatamente, pelo que eu saiba ela ainda é minha noiva.

-Você vai deixar minha filha em paz rapaz

-Ela tem um acordo comigo e tem que pagar, acha que foi salva como?

-O que quer dizer com isso? - Ela perguntou sem entender

- Quero dizer que se hoje sua saúde está cem por cento, foi porque ela se sacrificou, melhor dizendo se vendeu a mim, para ter sua mãe com ela, sem ter os dias contados.

Senti meu rosto virar com a intensidade da bofetada que levei, passei a mão no lugar onde estava ardendo e a olhei, ela estava com os olhos carregado de lágrimas.

-Eu não posso acreditar nisso, você está mentindo!-Ela afirmou

-Acredite se quiser, mas é a mais pura verdade, por mais que lhe doa, e quer saber você não merecia o que ela fez, nem se prestou a ter uma conversa descente com ela.

Virei indo em direção a porta, ia saindo devagar

-Espere- Ela me gritou e olhei para trás vendo qual seria a desculpa esfarrapada que ela daria.

-Você é pior do que pensei, e quanto a ela, preferia estar morta ou com aquela maldita doença, do que passar por uma vergonha dessas.

Ela bateu a porta na minha cara, confesso que fiquei muito surpreso, muito mesmo, peguei meu celular ligando para Caroline, que ainda dava caixa postal, São Paulo é uma cidade enorme, onde essa garota se meteu, me toquei que não sabia nada de sua vida, nada mesmo, somente a parte da desgraça, não sabia se tinha amigas, quais eram seus gostos, seus medos, mas o que importa, estamos juntos apenas pelo contrato, se pensei que poderia tentar algo com ela, as chances eram mínimas, família louca, parece que o lema é somos pobres, mas somos honrados, patéticos, revirei os olhos para isso, mas o que me deixava mais puto ainda, é que mesmo querendo esquecer Caroline, meu celular não saia de meu ouvido, ligava para ela de minuto a minuto, até que para minha surpresa, atendeu.

Ligação On

-Nem posso mais dormir, Hugo são somente duas da manhã.

-Onde você está?

-Não te devo satisfações, você já sabe de tudo, não é, como sempre sabe tudo de minha vida

-Sim você me deve satisfação ainda é minha noiva, e sim sempre sei de tudo, Onde você está?

-Não vou te falar, Boa noite

-Caroline me fale, eu posso te encontrar

Escutei sua gargalhada.

-Boa sorte tentando noivinho- Senti sarcasmo em sua voz e logo o bip de ligação encerrada.

Ligação Off

Filha da puta, liguei o GPS de meu celular a fim de encontrar o dela e bingo o dela estava ligado, foi fácil ver de onde saiu a última ligação, fiz bem em deixar seu GPS em seu aparelho ligado, entrei em meu carro seguindo para o tal endereço, e era uma espécie de pensão, tinha algo melhor não, mas deixa quieto, consegui a chave reserva do quarto que ela estava, nada que um suborno básico me ajude e fui para o quarto vinte três, a chave foi só para caso se ela resolvesse a não me receber, bati duas vezes na porta e nada dela responder

-Caroline, abra

Ela não respondeu, será que estava dormindo, duvido, não se fazia nem vinte minutos que nos falamos, passei a chave na porta a pegando sentada em sua cama, me encarando firmemente.

Pov. Caroline

Escutei sim as batidas e a voz do Hugo, mas fiquei quieta, não queria o ver, não agora, tinha que por minhas ideias no lugar, mas o que me surpreendeu foi ele conseguir me encontrar, mas, ao mesmo tempo, algo mais chocante aconteceu, ouvi a chave sendo girada pelo lado de fora, claro que ele conseguiria, já até imagino como ele conseguiu, ele não desiste mesmo.

Ele logo me avistou sentada na cama com uma cara tipo ''Vai tomar no cu” e soltou uma risada.

-Disse que te encontraria, não disse?

-Porque você é um idiota manipulador- suspirei pesado- O que você quer comigo Hugo? Vai embora- Disse simples

-Mas já? Eu ainda nem aproveitei!

Ele disse se aproximando, colocando as mãos em minha cintura e logo havia uma mínima distância entre a gente, podia sentir sua respiração e seu hálito enquanto ele sussurrava “eu sei que você quer”

-Me solta Hugo- consegui me recompor -Eu não quero mais você- Falei o empurrando vi sua expressão mudar, agora ele não me olhava mais com divertimento e sim com raiva.

-Caroline não brinca com fogo, sabe que temos um contrato

-Que foi quebrado, minha mãe sabe de tudo

-Por descuido seu, mas não me interessa, você é minha por tempo indeterminado e sabe disso.

-Mas todo contrato foi quebrado, foi descoberto, tive relações sexuais com você, ele não existe mais

-Você mesma disse, que foi quebrado, mas se tocou que foi tudo por sua culpa, sua mãe achou que você o deixou de bandeja, e o sexo você se deitou comigo por quis, não lhe obriguei, ah e sabe o que sua mãe disse, que preferia estar morta, do que passar por uma vergonha dessas, ela não aceita que se vendou para salvar a vida dela.

-Você contou para ela?-Disse entre dentes

-Você guardaria esse segredo até quando? -Ele me devolveu com outra pergunta

-Não sei, ela deve me odiar

-Ah, isso odeia mesmo, pode ter certeza

-Você como sempre sendo cruel, eu não quero mais você, eu pago todos os gastos que teve conosco, só precisa que tenha calma, pagarei.

-Dinheiro não me importa eu só preciso de uma esposa e ela será você

-Não

-Não, é o que veremos!

-E se minha mãe contar a sua família?

-Você cuidará que isso não aconteça, não é mesmo?

-Estou pouco me importando.

-Se eu fosse você se importava Caroline

-Isto é uma ameça?

-Entenda como quiser, mas nosso casamento está adiantando, nos casamos dentre uma semana

-O QUÊ?-Gritei desacreditada- Sabe que nunca serei uma esposa de verdade para você, o que aconteceu foi um erro

-Foi um erro mesmo, mas ainda bem que acordamos em tempo, uma semana Caroline, exatamente uma semana.

Falando isso ele saiu me deixando estarrecida, ele admite que foi um erro de ter se envolvido comigo, por que fui tão idiota a ponto de achar que ele poderia se apaixonar por mim, se eu o ajudasse, ele não passa de um menino mimado sem escrúpulos, que faz o que for preciso, para ter o que quer, e no momento ele quer a herança do pai, se ele quer casar comigo, casarei, minha vida já está um inferno mesmo não tem como piorar, então farei a vida dele também um, e sei onde exatamente é sua ferida.

Ele vai mudar pelo amor, ou pela dor.