História Casos de uma jovem - Capítulo trinta e seis

Lua on

Estava saído da faculdade quando novamente me esbarro no homem misterioso,mas diferente das outras vezes,apresentava uma expressão cansada e preocupada que logo me chamou atenção.
Não sabia qual era o certo a se fazer,daqui alguns minutos meu ônibus sai e ele é o último do dia. Sem pensar muito me aproximo dele.

-Oi,tudo bem?
-Oi, sim.
-Não parece. O que aconteceu?
-Nada, já disse.
-Larga de ser mal educado, cara. Só quero ajudar.
-Criança, vai para casa e para de amolar.
-Vou mesmo, papai. Mas espero que consiga resolver o que está te preocupado.

Sai de lá em direção a rodoviária para pegar meu ônibus. Fui o caminho todo com ele em meus pensamentos e na hora de dormir seus olhos cinza-esverdeado ainda me acompanhava.
Durante o resto daquela semana e começo da outra não o vi,comecei até a pensar que não passava de uma ilusão.
Com duas semanas, outra coisa me chamou a atenção, o Teodoro, um pequeno garotinho de cabelos negros e olhos esverdeados que vem toda semana, não apareceu pela segunda vez. Já estava preocupada com sua ausência,por isso quando ele apareceu na sexta não resistir e o puxei para um abraço apertado.

-Oi,meu pequeno.
-Oi,Lu.
-O que aconteceu? Por que não veio semana passada e nem essa semana na terça como de costume? Você estava doente?
-Calma,Lu. Tô bem. Não pude vir porque minha tia tava de castigo e o papai estava sem tempo para me trazer.
-Que bom você está bem. Me conte,como foi suas últimas semanas?
- Foram bem legais. Tirei total na prova de matemática e português. Fiz um trabalho sobre o descobrimento do Brasil e entrei para o grupo de teatro. Daqui a dois meses, vamos apresentar a peça Romeu e Julieta, por mais que eu preferisse noviça rebelde. Adorei passar mais tempo com minha tia,por mais que ela reclamasse que o papai não tinha direito de deixa-la de castigo,pois ela só foi numa festinha com a amiga e depois repunha a aula da faculdade.
-Seu pai é o tutor dela?
-Sim,minha tia é mais como uma irmã mais velha. Quando era mais novo perguntei ao papai o motivo da tia morar conosco,ele me disse que era porque eram só os dois antes de eu nascer. Posso te contar um segredo?
-Claro, meu pequeno.
-A titia só me trouxe hoje,porque o papai vai demorar para voltar e ela aproveitou para ir ver o namorado. A tia pediu para eu não contar ao papai,mas isso é errado.

Não sabia o que dizer, toda vez que converso com ele me surpreendo. Esse garotinho de seis anos tem uma maturidade incrível. É surpreendente como ele entende e aprende as coisas com rapidez.

-Por que ela pediu para você não contar?
-O papai proibiu o namoro. Ele disse que o cara é mal-intensao.
-Você quis dizer mal intencionado?
-Isso, eu também não gosto dele. Mas o que você acha que devo fazer?Não quero mentir para o papai , mas também não quero que a tia fiquei chateada.
-Meu bem,vc está numa situação complicada. O que você acha que tem que fazer?
-Não sei, acho que se o papai perguntar devo contar ,mas se não, fico quietinho. Não gosto disso.
-Não se preocupe,logo sua tia vai ver que esta errada.
-Espero que ela não saia machucada. Lu,posso fica aqui até minha tia vim me buscar.
-Claro, meu bem. Agora deixa eu voltar ao trabalho.
-Vai lá, Lu.

O larguei na seção de livros infantis e voltei para minha mesa onde uma senhora me aguardava.
A tarde passou de presa e logo iria para casa. Nesse tempo entre um atendimento e outro, ia fazer companhia ao pequeno e percebi que conforme as horas iam passado mais ele ficava inquieto.
Quando deu a hora de fechar vi seus olhos encherem de água e me oferece para esperar com ele sua tia.
Trinta minutos depois , ela chegou toda afobada e nem percebeu minha presença.

-Desculpe a demora.
-Sem problemas, tia. A Lu me fez companhia.
-Obrigada. Muito obrigada mesmo , se algo tivesse acontecido com ele meu irmão me matava.
-Sem problemas,adoro o Teo.
-Que indelicadeza minha, prazer, Victória Nunes Medeiros.
-Igualmente, Luana.
-Gostaria que pudesse conversar, mas tenho que levar o pequeno para casa.
-Sem problemas.

Vi-os indo embora e seguir meu caminho,mas algo me intrigou. Achei que já tinha a visto antes.

Lua off

Mari on

Chegamos por volta das quatro da tarde e só algo parei para pensar onde irem ficar. Estava tão afoita em sair de lá que esqueci de pensar aonde iremos ficar por mais que as mães de minhas amigas gostem de mim no momento só seria um estorvo e por mais que minha tia tenha acertado comigo o tempo que trabalhei e oferecido ajuda não acho justo com ela.
Para mim surpresa o Gustavo seguiu em direção ao um local que fui poucas vezes , mas que para mim tinha algumas lembraças importantes.

-O que estamos fazendo aqui , Gustavo?
-Quando soube que você estava grávida, eu e a garela imaginamos que iria querer passar uma temporada conosco. Então, começamos a pensar num lugar, depois de muita sugestões, chegamos a conclusão que aqui seria o melhor lugar. A casa no meu avô fica exatamente no meio entre a casa das meninas, além do mais aqui ,terá mais privacidade e tenho certeza, se ele ainda estivesse aqui,seria o primeiro a oferecer um lar a vocês.-O abraços em lágrimas, não imaginava uma atitude dessa deles.
-Muito obrigada, você não imagina o quanto esse ato foi importante para mim. Admito que minha atitude foi precipitada,mas não aguentaria ficar ali com eles me esfregando sua felicidade, posso até está sendo egoísta. Entretanto não quero que minha filha seja rejeitada como eu.
-Te entendo,Mari. Não te julgo,mas te admiro se fosse outro em seu lugar não conseguiria suporta.
-Obrigada por estar comigo.
-Sempre estarei,irmãzinha. Chega de choradeira e vamos entrar.

Depois que ela se acomodou e comeu um lanche, foi dormir pensando o que seria dela sem o apoio dos amigos.
Agora percebi que não estava só e que um coração partido doía, mas poderia ser concertado. Já a confiança e segurança em outra pessoa talvez nunca pudesse ser concertada.
Em meios aos pensamentos acabou adormencendo. Com a certeza que no dia seguinte sua casa seria invadia pelos amigos e seus questionamentos.

Mari off