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História Cassie and Her Shadow - Piloto


Escrita por: Lettore867

Notas do Autor


Recomendações de Música:

1. Waste, Kxllswxtch (até o início da segunda cena);
2. Gimme More, Britney Spears (até o fim da segunda cena);
3. Heartbeat Donald Glover (até o fim da terceira cena).

Capítulo 1 - Piloto


Fanfic / Fanfiction Cassie and Her Shadow - Piloto

Jay Park

Irônico ou não, achava engraçado — e extremamente curioso...

Entre todas as dores e machucados, a que doía mais não era uma dor física, e sim mental — psicológica.

Inexistente em vários sentidos, essa aflição não me dava pausas, e lancinava repetidamente; “sangrando” e se derramando, dentro das partes mais profundas e escuras do meu subconsciente.

A origem da dor, porém, era conhecida! Tinha cabelos loiros, olhos azuis e curvas acentuadas. Tinha lábios vermelhos, sorriso hipnotizante e uma expressão única, quase angelical. Essa origem tinha voz, numa tonalidade doce — que variava, sempre, do Fá ao Sol, dentro da escala harmónica. E tinha nome e sobrenome... Além de apelidos carinhosos, que ecoavam magicamente, assim que eu os pronunciava.

Cassie Howard... Cassie... Cass...

Girando o registro, faço a ducha de água, que saía do chuveiro, se intensificar — colidindo sobre a minha pele com toda a violência e força necessária. Após um fim de semana negativo e solitário, a metanfetamina que consumi finalmente cobrava o seu preço; substituindo a euforia, a alegria, a hiperatividade e a insônia por uma onda quase incontrolável de cansaço, culpa e vazio.

Isso, claro, não era nenhuma novidade! Pois, por mais absurdo que possa parecer, a dependência era a única coisa que mantinha tudo suportável...

Sem ela, já teria partido — pondo fim a minha existência medíocre.

Conforme a corrente gelada percorria o meu cabelo, pescoço e ombros — deslizando pelo restante da pele até desaguar no ralo —, suspiro; fechando os olhos e arfando pesadamente sob a sensação excruciante de tentar ficar acordado, nos sentidos mais básicos da palavra. Lutando contra a vontade de desistir e de só voltar para o colchão, permaneço, por alguns minutos, neste estado ordinário e insignificante; saindo do box, após me ensaboar.

Me secando, caminho pelo quarto, me sentando na cama, à medida que levava as mãos até a gaveta superior da cômoda de madeira.

Sacando uma calça moletom cinza e uma camiseta preta, com mangas longas, separo as roupas que usaria hoje, na escola. Selecionando, também, uma touca — igualmente escura, porém de lã.

Me vestindo, volto a suíte apenas para me “ajeitar”; dobrando o gorro, com cuidado, e escovando os dentes... Enquanto encarava o meu reflexo no espelho.

Às 7h23 estou descendo, cruzando a escada e o corredor da sala, que dava acesso a garagem da casa. Como de praxe, minha mãe ainda estava dormindo, enquanto meu pai, provavelmente, se dirigia ao trabalho.

O El Camino azul, modelo 1969, ainda estava lá — sem o motor e sem uma das rodas dianteiras. Foi um presente do meu avô, antes de falecer. E o dinheiro necessário, para fazê-lo voltar a funcionar, variava de mês em mês; de 400 a 600 $.

Felizmente, tinha uma moto e ela soava perfeita! Tanto para situações como essa, como para outras. Em que precisava, por exemplo, transportar certos “pacotes”...

Subindo na motorizada, espero o portão abrir — levantando-se para mim, à medida em que eu configurava o celular e reproduzia uma música eletrônica, para tocar durante o percurso. Acelerando, parto imediatamente, deslizando pelo asfalto do pequeno bairro residencial, há cerca de dez minutos da Highland High School.

O grave pesado e violento era mais um dos recursos que utilizava, para conseguir permanecer “de pé”, em plena consciência. E, passando por ruas e avenidas movimentadas, deixei a brisa da manhã me golpear — aumentando a velocidade da motocicleta e fazendo o vento, sobre mim, intensificar-se.

A adrenalina irresponsável era doce — e experimentá-la era bom! Tão bom, à ponto de a viagem não durar... Com o tempo passando e voando rapidamente, num verdadeiro piscar.

Estacionando, “me arrastei” até o instituto — caminhando pelos corredores vazios (já que, claro, estava atrasado!) e acessando o meu armário. Dentro dele, coloquei o meu capacete, removendo livros e cadernos de estudo, com anotações e informações sobre a matéria.

Obviamente, não os usaria.

Pois, segundos depois, tomei um caminho diferente da sala de aula — indo até as arquibancadas do ginásio e aos únicos fracassados que poderia classificar como “meus amigos”: Frost e seu namorado, Cheezy. Era fácil encontrá-los, sabe? O odor característico e inconfundível de maconha os acompanhava. Bem como a certeza de que estariam, ambos, completamente “chapados”...

 

Cassie Howard

Um ciclo sem fim havia se iniciado no dia em que fui abandonada. "Um divórcio", meu pai me falou — chegando a jurar que não afetaria a nossa família e que isso não mudaria o fato de eu ser, sempre, a sua “menininha”.

Mas nada disto aconteceu. E, agora, eu estava mais uma vez chorando no banheiro; revivendo a noite em que descobri o significado das palavras "medo” e “ansiedade". Na época, era apenas uma criança, e todos me diziam que a dor passaria. Mas nunca passou! E eu, apenas, a substitui...

Conforme os anos passavam, via minhas amizades, meus namorados e até a minha irmã se afastarem de mim. Nunca consegui fazer nada além de chorar e muitas vezes chegava a implorar — vendo-os se distanciar. Fechando os olhos, eu rezava para que se virassem, e para que sorrissem para mim...

Às vezes, fingia estar bem, por um tempo — até realmente conseguir estar. Infelizmente, só acontecia quando mergulhava em uma nova obsessão — pulando de cabeça em pessoas rasas, que nadavam na imensidão dos sentimentos que eu as entregava.

Ao menos antes do ciclo se repetir, e elas me deixarem novamente.

Acreditava ser amaldiçoada! Cometia erros, claro, e devia estar sendo castigada por eles. Mesmo que, ao meu ver, nenhum fosse assim tão grave... Meu último erro se chamava Nate, e o que mais me dói — agora que a nossa história acabou e ele se tornou mais um nome, na minha longa lista — é saber que perdi a minha melhor amiga, Maddy.

Talvez ela me perdoe... Ou, talvez, eu volte com o McKay! Ou, talvez, conheça algum outro garoto, que não será nada além disso — um "garoto". Alguém que nunca saberá como valorizar uma mulher constantemente inundada pelos próprios sentimentos. Existiam muitas possibilidades e, enquanto as lágrimas escorriam, pensava no que poderia acontecer; tentando não sentir o extremo desespero que me consumia; tornando difícil, até, respirar.

"— Você é linda, inteligente, sexy, amorosa... Mas..."

Sempre tinha um "mas"! Se era tão incrível, por que nunca consegui ser amada? Por que nunca consegui ser feliz? E por que estava novamente aqui, encarando o reflexo dos meus olhos vermelhos?

— Calma... Você vai ficar bem! Sempre fica!

Minha voz saiu, à medida em que tentava regular a respiração — enchendo os pulmões de ar, antes de esvaziá-los. Precisava demonstrar que estava bem, e não poderia deixar ninguém saber o quão verdadeiramente destruída me encontrava. Fingindo um sorriso, ajeitei o meu cabelo, secando as lágrimas e repetindo, diversas vezes, que tinha, ao menos, que me esforçar.

Após lavar o meu rosto e retocar a maquiagem, adiciono cor aos meus olhos — cobrindo minhas olheiras com um pouco de corretivo. Estava quase na hora do treino das líderes e precisava vestir o uniforme... Sabia que Maddy estaria lá. E sabia que Nate também estaria! Por isso, precisava demostrar que era indestrutível.

Passando o meu perfume (aroma bubbaloo de uva), saí desfilando pelos corredores — balançando os meus quadris de um lado para o outro e fazendo com que os meus seios ficassem mais visíveis. Eu sorria para todos, demonstrando a minha "euforia"! E sempre que alguém me encarava, cheio de lascívia e desejo, meu ego era alimentado; me deixando um pouco melhor.

Chegando no treino, passei pela arquibancada — sentindo aquele cheiro insuportável, que me fez franzir o nariz. Apesar de já ter usado ecstasy, não gostava de nenhum tipo de droga, e isto me fez apertar o passo, indo até as meninas.

Minha posição, na formação, era a de destaque, bem ao lado da Maddy. Sabia que todos estariam, sempre, nos comparando! E o único problema é que, por mais que me esforçasse, ela sempre ganhava...

Mas não importa, certo? Minha missão era brilhar o máximo que podia!

Por esta razão, quando a música Gimme More (que nós usávamos como aquecimento) começou a tocar, aproveitei para sensualizar; acreditando, piamente, que o meu corpo era tudo o que tinha a oferecer.

Minhas "acrobacias", pulos, aberturas totais e demonstrações constantes de flexibilidade — que faziam todos os meninos me olharem —, eram as únicas formas que tinha de me sentir mais! Sendo assim, fiz questão de exagerar; para que soubessem que estava super bem!

Mesmo que, de fato, não estivesse...

Tentava ignorar os olhares de nojo da Maddy, e tentava ignorar o fato de que Nate estava me ignorando também. E, quando senti que a atenção que recebia não era o bastante, decidi me exibir em um novo story — que atrairia likes, comentários, cantadas e qualquer outra interação humana... Forte o bastante para satisfazer o meu ego e suprimir, por algumas horas, a minha total infelicidade...

 

Jay Park

— Ora, vejam só! Não é o nosso pecador favorito? — Provocou Cheezy, com o cigarro entre os dedos. — Que aula está matando agora, “aviãozinho”? Ética?

— Não, Matemática Financeira... — Respondi, claramente incomodado com o apelido pejorativo. Desde que comecei a transportar para o Fezco, era obrigado a escutar este termo constantemente. — Seu namorado deveria saber. Afinal, somos colegas de turma.

— Para com isso, Jay... — Frost comenta, enquanto pega o cigarro de Cheezy, tragando-o quase que imediatamente. — Sabe que não dou a mínima para a disciplina. E outra, se for ficar com raiva de nós dois, considere sentir a mesma coisa por todos os outros estudantes...

— Deveria saber que as coisas seriam assim! — Cheezy diz, soando como um sermão. — Fezco trafica para todo mundo aqui. E todo drogado que se prese precisa de você, para receber o “pacote” direitinho...

Me sentando ao lado deles, praticamente jogo os livros e os cadernos — me desprendendo facilmente, sem nenhuma hesitação. Apoiando os cotovelos na arquibancada, levanto a cabeça para cima, fechando os olhos e absorvendo suas palavras.

— Virou minha mãe, agora?

— Você também, em? — Cheezy me repreende, tomando o cigarro de volta. — Fica um saco quando está de ressaca...

— Dá um desconto para ele, amor. — Frost rebate, imitando a minha pose e fechando os olhos também. — O “eterno apaixonado” não soube, ainda, dos boatos... Consumiu tanta metanfetamina nesse fim de semana que se esqueceu de olhar as redes e os grupos...

— Do que tá falando? — Questionei.

— Sua loirinha favorita, Jay... Foi chutada pelo Nate! E abandonada, como sempre...

— Que comecem os jogos! — Cheezy brincou, rindo conforme expelia a fumaça. — Quem vai ser o próximo a abusar da sua paixonite, em?

Estava prestes a encará-lo, abandonando a minha postura retraída, quando sinto a inconfundível fragrância me estapear — atiçando-me como só ela poderia, à medida que meu corpo estremece. Fitando, te observo passar por mim, ignorando minha reles presença e prosseguindo, sensualmente, até junto das líderes.

Naturalmente, foi impossível ignorar. E, por mais idiota que parecesse, evidenciei todo o meu desejo e toda a minha vontade nas expressões que produzi — percorrendo a silhueta do seu corpo e me perdendo nele, com uma assustadora simplicidade.

Em silêncio, me peguei assistindo o seu ensaio, esboçando êxtase e júbilo em cada movimento ensaiado.

Claramente, estava disposta a chamar a atenção... Mas esse sorriso falso, que tinha nos lábios, tu davas, mandavas, para quem? Quem, Cassie? Quem era o eleito desta vez? A quem você se doaria? A quem se entregaria perdidamente, na tola esperança de ser amada, cuidada e protegida?

Certamente, não era eu...

— Ele sempre fica assim! — Frost afirma, com um risinho. — Posso te arranjar uma prostituta parecida, se tiver tão desesperado. Os seios são até maiores, Jay! Imagina!

— Não enche... — Respondo, continuando a passear o olhar. Obcecado e curioso! Inerte nos encantos daquela deusa americana!

Ao menos até o meu celular vibrar, quebrando a fantasia e me arremessando, violentamente, de volta a realidade. Discando o PIN, desbloqueio o aparelho — lendo a mensagem e a respondendo.

Desviando a atenção dele, noto Nate. Sem dúvidas, a festa que ele daria seria um pretexto, para que pudesse se deleitar e conquistar um novo objeto pessoal de prazer.

Maddy de novo? Não... Claro que não.

Não bastasse a forma como terminaram, o triângulo nojento, envolvendo você e os dois, tinha arruinado qualquer chance de reparação entre o “Rei” e a “Rainha” da Highland High School...

— Preciso ir... — Falo, repentinamente. Me levantando da madeira e recolhendo os livros.

— É? Para onde? — Cheezy perguntou.

— Embora... — Respondi. — Não tem nada para mim aqui, a não ser uma fixação platônica e autodestrutiva.

Sem dar tempo para eles responderem, caminho em direção a saída — que dava nos banheiros e no outro bloco. O caminho me leva, propositalmente, até você. E, enquanto passava ao seu lado, “atrapalhando” o seu story intencionalmente, removo o gorro; permitindo que meus cabelos aparecessem. Oscilantes e vacilantes... Como eu.

Lutando para não te olhar, sigo até o banheiro masculino — passando por algumas garotas, que cochicham o meu nome e comentam, brevemente, minha “ocupação”. Entrando no local, acelero os passos até a pia — abrindo a torneira e levando a água até o meu rosto e os meus olhos. Molhando, ambos, quase que de maneira compulsória, repreendo minhas vontades e evito encarar meu reflexo...

Fezco precisava dos meus serviços! E não aceitaria uma recusa agora — por melhor que ela fosse pra mim.



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