Jeongguk estava sentado na frente de seu notebook, olhando distraidamente para frente enquanto Taehyung falava algumas coisas. O Príncipe de Busan tinha seu olhar fixo em algum ponto da tela, mas não enxergava de fato. Todos os seus pensamentos estavam agora nos acontecimentos do jantar daquele dia, todo o seu foco estava agora na prisão de YiFan. Não queria ter feito que as coisas ocorressem daquela forma, por um momento se sentiu um garoto petulante e sem um pingo de preparo para ser um Príncipe decente para seu povo, sem chances de ser um bom rei para seu reino. Sentia um desejo absurdo de chorar, e sem que percebesse, acabou deixando que algumas lágrimas escorressem por seu rosto.
- H-Hyung? – perguntou Taehyung ao ver que o mais velho estava chorando em sua frente. Seu instinto de proteção imediatamente se ativou e o Kim quis entrar dentro do computador para abraçar o ômega, que foi ficando cada vez mais nervoso com o passar dos segundos. - Jeongguk-ah, o que aconteceu? Por favor, não chore. Ei, seu melhor amigo está aqui, huh? Vamos, me diga o que aconteceu – pediu Taehyung, realmente nervoso e preocupado com o mais velho, que agora tinha seus olhinhos vermelhos e levemente inchados. Naquele momento, Jeongguk queria que seu melhor amigo estivesse fisicamente ao seu lado para abraçá-lo, e uma parte mais íntima sua desejava que Jimin estivesse por perto...
- Eu... Tae, eu preciso que você venha pra cá assim que possível – disse Jeongguk, sentindo as lágrimas caírem pelo seu rosto. Abraçou a pelúcia de Cooky com mais força e mordeu o lábio inferior numa tentativa de não soluçar. Se sentia vulnerável. – Eu expulsei um dos selecionados durante o jantar, eu deveria ter feito isso em outro momento... não na frente de todos daquela forma. No fim das contas, fui mais exibicionista do que um bom futuro líder. Isso está me deixando louco, Tae, está me sufocando. Eu não queria que fosse daquela forma, eu... droga – murmurou a última parte e então levou sua mão direita até seu rosto, secando as lágrimas que caíam. Taehyung se sentiu impotente, mas logo pensou em algo que pudesse fazer ao mais velho.
- Preciso que espere um instante, tudo bem? – perguntou Taehyung, deixando Jeongguk levemente confuso, entretanto o mais velho simplesmente acenou, tentando se acalmar e secando suas lágrimas. O alfa então se levantou, e do outro lado da tela, o Príncipe de Daegu saiu de seu quarto e seguiu até o gabinete real, onde seus pais com certeza estavam. Naquele dia os reis haviam permitido que o Príncipe fosse para seus aposentos mais cedo, pois as questões que seriam resolvidas eram mais simples e não necessitaria da ajuda do Kim mais novo. Este então caminhou até o gabinete e ao chegar no mesmo, sorriu pequeno para os pais. Ao ver que o filho estava ali, Namjoon sorriu e caminhou até ele.
- Por que ainda não foi dormir, Tata? – perguntou o ômega, acariciando os cabelos castanhos do filho e sentindo a maciez do mesmo. O jovem Príncipe não reprimiu seus ímpetos e agarrou a cintura do pai, colocando a cabeça no peitoral forte do mesmo para que pudesse sentir melhor o carinho que recebia. – Amanhã de manhã seu pai e eu precisaremos de você aqui no gabinete bem cedo, há algumas coisas que precisamos ensinar à você, huh? – Namjoon disse baixinho e prosseguiu com a carícia nos cabelos do filho, que mantinha seus olhos fechados. Taehyung faltava ronronar quando recebia carinho, e toda essa manha havia sido herdada de seu pai alfa, o rei Seokjin.
- Aposto que estava falando com Jeongguk – disse Seokjin, diminuindo seus olhos propositalmente para o filho. Entretanto, levantou-se de sua cadeira e se colocou atrás de Namjoon, apoiando o queixo no ombro do mesmo. – Nem estou surpreso, imagino o quanto deve estar sentindo saudades do seu hyung. Já faz tempo desde que visitamos Busan, não é? – perguntou o alfa, dando um petróleo no nariz do filho, que fez uma careta. – Tenho certeza que você quer falar sobre isso, eu conheço você. E já vou logo lhe adiantando que iremos para Busan já no próximo mês, então trate de se acalmar e conter sua ansiedade – disse, sorrindo grande para Taehyung, que arregalou os olhos.
- Isso é sério? – perguntou o alfa, animado. O trabalho estava ficando bastante tranquilo no Reino, aquela época era a pós-negociação com membros vizinhos e como tudo estava perfeitamente resolvido, os reis estavam com poucas coisas a resolver, já que seus conselheiros sempre pegavam metade dos problemas para que pudessem solucionar. No entanto, devido ao nervosismo e também à personalidade meio avoada de Taehyung – esta que por sua vez havia sido herdada de Namjoon – o Príncipe sequer pensou na possibilidade de ir para Busan por aqueles dias. – Isso é sério??? Nós vamos pra Busan? Então eu posso dizer pro hyung e pros tios Yug e Mook-ah que estamos indo pra lá?
- Por favor, Tata, respire – disse Namjoon, rindo da animação do seu filho. – Converse com Jeongguk e deixe Yug e Mook-ah para seu pai e eu. Iremos falar com eles amanhã mesmo, tudo bem? – perguntou o ômega, se afastando um pouco do filho, este que estava todo curvado para poder ficar com o rosto no peito do pai. Taehyung era mais alto que seus pais, então ficava todo curvado quando ia abraçá-los. Isso sem contar que Namjoon e Seokjin já eram altos o bastante, huh. – Agora volte logo para seu quarto, não deixe Jeonggukie esperando. Diga que estamos com saudades dele, aliás – concluiu o rei ômega, despachando Taehyung, que saiu correndo em direção ao seu quarto.
Jeongguk levou um susto quando seu melhor amigo apareceu no quarto, todo sorridente e causando susto até em Yeontan, que dormia tranquilamente sobre um Puff até que seu dono apareceu atropelando tudo. O Príncipe de Busan tinha agora olhos e nariz avermelhados por ter chorado, e por mais ficasse até adorável daquela forma, ainda doía muito em Taehyung ver seu melhor amigo todo tristinho e choroso. O Jeon era sua imagem de força, independentemente se era um ômega ou não. Afinal, desde muito jovem Taehyung foi ensinado que a força de um lobo não deveria ser medida por sua hierarquia, mas por sua personalidade. Por isso Jeongguk era a pessoa mais forte que ele conhecia.
- Hyung, eu estava pensando em perguntar para meus pais quando é que poderemos viajar para Busan, por isso sumi por esse tempinho. Me desculpe por deixá-lo sozinho, tudo bem? – disse Taehyung, arrancando um suspiro de amores vindo do mais velho. As vezes, Jeongguk sentia o real desejo de matar seu dongsaeng de tão fofo que este era em certos momentos. Era um garoto preocupado, responsável e tão esforçado em manter seu melhor amigo feliz que sequer parecia ser tão jovem. Por mais que por muitas vezes fosse até um pouco imaturo, Taehyung tinha uma personalidade doce e amorosa. Com qualquer pessoa.
- Não precisa pedir desculpas, Tae... mas me diz, o que eles disseram pra você? Vão vir logo? – perguntou Jeongguk, com a voz baixinha e consequentemente um pouco rouca. Estava sentindo os primeiros sinais da ansiedade surgindo, mas precisava se conter para não ter outra crise de choro diante do melhor amigo. Não queria que Taehyung ficasse preocupado e realmente queria ouvir o que ele tinha a dizer sem interrupções. Então, respirou fundo algumas vezes e forçou um sorriso para o garoto por trás da tela. Taehyung entretanto o conhecia muito bem para não saber que aquele sorriso era falso, mas decidiu deixar seu hyung em seu canto. Logo poderia ajudá-lo pessoalmente.
- Em um mês – Taehyung disse sorrindo e Jeongguk arregalou os olhos com a notícia. Seu interior se acendeu com a ideia de ter seu dongsaeng consigo mais uma vez e pela primeira vez na noite o Príncipe de Busan ficou realmente animado e feliz. – Na verdade, eu sequer precisei perguntar qualquer coisa para eles. Meus pais simplesmente sabem o que eu quero quando apareço no gabinete do nada, ainda mais a essa hora da noite, quando obviamente estou falando com você. As tarefas do Reino estão divididas para meus pais e eu e para os conselheiros, mas tudo está bem simples pois já conseguimos um acordo com a província de Ilsan. Acho que teremos uma unificação daqui um tempo, mas isso será realmente negociado daqui uns cinco meses. Até lá, como tudo anda bastante tranquilo, poderemos deixar Daegu nas mãos dos conselheiros e poderemos tirar umas “férias” – Taehyung disse e Jeongguk sorriu e passou a bater palminhas, feliz. – Mudando o assunto rapidamente, pois logo terei de desligar... sinceramente, hyung, suas atitudes em expulsar e prender YiFan foram incríveis, sério... não fique se culpando, não há nenhum problema. Essa Seleção é toda sua, você faz o que bem entende, sem contar que você foi justo com Jimin e com outros selecionados que possuíam castas mais baixas antes de entrar nessa seleção. Você apenas contribuiu para retirar toxicidade do castelo, então não se culpe. Tenho certeza de que você será um grande rei no futuro.
Jeongguk sorriu genuinamente e abaixou a cabeça, processando cada palavra dita pelo seu melhor amigo. Seu interior se iluminou e finalmente as coisas foram ficando menos dolorosas. O Príncipe se lembrou do olhar de apoio que Jimin, Jongin e Chanyeol lhe transmitiram durante o jantar e sorriu, principalmente pelo maknae ter se mostrado tão leve naquele momento. Fez bem para si mesmo, fez bem para Jimin. Fez bem para os seus pais. Um lado seu teimava em não acreditar naquilo, entretanto, o outro já parecia mais iluminado. Até mesmo o enjoo provocado pela ansiedade pareceu diminuir naquele instante. Jeongguk era muito feliz por ter Taehyung ao seu lado o apoiando.
- Você realmente não faz ideia do quanto me ajuda quando diz essas coisas, Taetae. Obrigado. É mais complicado do que aparenta, mas... olha. Eu vou te ouvir mais, eu realmente preciso fazer isso, você é um dos alfas mais sábios que eu conheço, você me orgulha muito – disse Jeongguk, sentindo vontade de rir ao notar que o rosto do melhor amigo havia ganhado uma coloração mais avermelhada. Taehyung envergonhado ficava realmente uma graça. – Agora, trate de ir dormir. Já devem ser umas onze da noite e nós dois precisamos acordar cedo, pois temos nossas obrigações. De verdade, Taehyung... obrigado. Você definitivamente é o melhor amigo que eu poderia ter, huh?
- Eu sei disso, hyung – Taehyung disse convencido, batendo a mão direita no peito e fazendo um ar de deboche para a tela, arrancando risos de Jeongguk. As caras e bocas do jovem alfa com certeza poderiam levá-lo para um caminho artístico, entretanto era impossível para alguém como ele, que tinha um longo caminho político a trilhar. – Irei desligar agora, Gguk-ah, então até amanhã. Me conte sobre o encontro com Henry e sobre e o que mais quiser e não se esqueça, logo iremos nos ver. Amo você hyung, até mais – disse sorrindo para o melhor amigo, e em seguida, desligou. Jeongguk fez o mesmo com seu notebook, fechando o Skype e desligando o aparelho.
manhã seguinte
- Jimin teve um imprinting – Yoongi disse ofegante e imediatamente Kunpimook se levantou de seu assento, caminhando até o sub-conselheiro com o rosto sem expressão. – Os olhos dele de repente ficaram vermelho-sangue e ele parece não ter nem mesmo percebido. Isso tudo por eu ter falado que Jeongguk iria se encontrar com Henry Lau durante o horário do café da manhã, então ele simplesmente ficou com os olhos vermelhos. Eu precisava lhes contar isso com urgência – Yoongi concluiu, sentindo as mãos do rei ômega em seus ombros, segurando-o para que não caísse. O Min estava dolorosamente nervoso com a situação, geralmente um imprinting significaria que a ligação real de Jeongguk estava ali dentro e que todos os outros selecionados seriam “obsoletos”, mas os reis eram imprevisíveis em suas decisões.
- Respire fundo, Yoongi-ah – disse Kunpimook, acariciando então os cabelos loiros de Yoongi. Yugyeom pegou um copo de água para o ômega mais novo, que sorveu o conteúdo todo com uma pressa incomum. O sub-conselheiro respirava rapidamente devido o que tinha acabado de ver, de certa forma aquilo pesará bastante em seu lobo. Presenciar um imprinting era algo difícil para um lobo sem marca. – Se isso realmente aconteceu, não podemos dizer a Jeongguk, afinal não há como saber se o imprinting foi mesmo por ele, pode ter sido por outra ômega que está neste castelo ou até mesmo no Reino. Por mais que eu realmente torça para que seja por meu filho, sinceramente, se eu tivesse autoridade sobre essa Seleção já teria expulsado todos e deixado apenas que Jimin ficasse ao lado do meu filhote – Kunpimook suspirou e retornou ao seu foco. – Mas agora que você me disse, me lembro que assim que os selecionados chegaram ao castelo, Jeongguk estava com os olhos azuis... no entanto, os selecionados pareceram não ter notado.
- Então eu posso perguntar pra Jimin se ele viu algo. Se ele tiver visto, significa que o imprinting realmente aconteceu logo no início da Seleção, a duas semanas atrás. Decidi contar a vocês por motivos óbvios, mas imagino que mesmo que seja ligação mútua vocês não dirão a Jeongguk... estou certo? – perguntou Yoongi, se sentando diante dos Reis e esperando que eles dissessem algo. Kunpimook e Yugyeom se entreolharam, e então voltaram a observar o ômega mais novo. Foram alguns instantes de silêncio antes que o rei alfa se abrisse para seu sub-conselheiro, respirando fundo para que pudesse explicar perfeitamente o seu ponto de vista diante daquela situação.
- Não poderíamos. Kunpimook e eu não queremos nos meter nos assuntos do nosso filho, e por mais que ele esteja bem humorado ultimamente, Jeongguk é cabeça dura. Pode acabar pensando que estamos criando essa história para fazer com que ele se case de imediato com Jimin apenas por ele ser o nosso favorito. Por mais que as possibilidades de imprinting sejam bastante altas, devemos deixar as coisas acontecerem de forma natural, sem nos intrometer nos assuntos de Jeongguk. E então, num futuro não tão distante, eles podem vir finalmente a se aproximar. Yoon, uma relação sem aventura não tem entusiasmo. Eu prefiro que eles se aproximem aos poucos, assim de certa forma seus lobos irão querer interagir mais e com mais frequência. É quase uma questão de raciocínio lógico. Você pode nos entender? – perguntou o rei alfa, falando calmamente para que pudesse ser bem compreendido, o que de fato foi. Yoongi prestou atenção em tudo o que lhe foi dito, é então somente acenou afirmativamente com a cabeça, suspirando. Havia sim entendido o que lhe havia sido dito. Levantou-se então da cadeira e deixou o copo de água sobre a mesa, se virando novamente para os reis.
- Eu irei conversar com Jimin sobre os olhos de Jeongguk, mas não farei isso hoje para não levantar nenhuma suspeita... irei somente criar uma desculpa para ele é justificarem meu sumiço, logo volto para o trabalho. Com licença – disse e então se curvou para os reis, que sorriram e se curvaram de volta. Yoongi deixou a sala e caminhou devagar, pensando em tudo o que havia sido dito pelo rei. No caminho para a porta do castelo, o Min passou pelo corredor que ia em direção às celas. Do longo corredor, Hoseok andava devagar, cabisbaixo. Parecia exausto. O alfa lúpus possivelmente sentiu o cheiro doce de Yoongi e então olhou para frente, sorrindo grande para o ômega. Por mais que o sorriso do Coronel fosse belo, era possível ver o cansaço estampado em seu rosto. – Bom dia, Hobi. Você não parece ter dormido muito bem.
- Bom dia, Yoonnie – murmurou Hoseok, com um timbre rouco e definitivamente sem ânimo, porém ainda muito doce e fofo. – Eu não dormi nada durante essa noite. Precisei vigiar o maldito YiFan, e aquele moleque não calava a boca durante a noite. Dizendo que vai se vingar de Park Jimin e de Jeongguk, que vai acabar com Kunpimook-ssi, explodir o castelo... – foi dizendo o mais velho, se aproximando cada vez mais de Yoongi, lentamente. O ômega apenas suspirou e engoliu em seco com a aproximação repentina do hyung, mas se manteve parado. Então, Hoseok simplesmente apoiou o rosto no ombro do Min e ali ficou, mantendo seus olhos fechados. O cheiro forte de almíscar e óleo de neróli que o Jung exalava estava deixando Yoongi sem ar. – Também disse que iria me devolver os murros que dei nele... – voltou a murmurar, agora com timbre mais arrastado e baixo. E rouco. E profundo. E lento...
Yoongi pensou que fosse desmaiar.
- Hoseok, você precisa tomar um banho, comer algo e descansar – disse Yoongi, com a voz suave e entediada de sempre, mas sentindo as coisas desabarem em seu interior. Maldito seja a droga do perfume natural de Hoseok, um perfume rústico e completamente sedutor. O ômega levou suas mãos até os braços do mais velho, segurando o corpo grande com leveza. O Jung não era tão mais alto que si, na verdade não era mais que três centímetros mais alto, no entanto, o Coronel tinha o corpo mais musculoso, já que estava em treinamento constante. Isso parecia o deixar maior.
- Acho que vou ouvir seu conselho, mas só por estar muito cansado – disse Hoseok, levando seus braços para a cintura do ômega e enlaçando ali com certa força, mas sem machucar o amigo. Dessa vez, Yoongi não pôde evitar que um ofego escapasse dos seus lábios. – Yoonie?
- Hm?
- Vamos ficar na biblioteca no sábado a noite? Faz algum tempo que não brigamos por livros – murmurou Hoseok, agora afastando seu rosto do ombro alheio e fitando o mesmo nos olhos. O Jung tinha um olhar malditamente penetrante quando queria, e aquilo desestabilizava o pobre coração de Yoongi, que quase não tinha forças para reagir de qualquer forma naquele momento. A beleza de Hoseok e os seus sentimentos pelo mesmo o deixavam nas nuvens, entretanto o seu flutuar às vezes causava enjoos. – Depois do jantar. Por favor... estou com saudades de você.
- Se eu não for, você vai me encher o saco pela eternidade toda – Yoongi disse sério, mas não pode conter o sorriso com aquela carinha pidona do alfa lúpus, que o olhava como o Gato de Botas. – Às nove? – perguntou, e o rosto de Hoseok se iluminou.
- Às nove!
Pouco antes do almoço, Jeongguk estava arrumando alguns de seus livros na biblioteca do castelo. Gostava de organizar os livros de modo que ficasse mas fácil para que encontrassem, e como naquele dia estava dispensado dos serviços do gabinete real, decidiu ficar na biblioteca, lugar que tanto gostava de estar. Desde criança, o Príncipe gostava de ficar ali sozinho, apenas passeando entre os seus livros. A biblioteca era uma grande sala circular e as prateleiras eram embutidas na parede. No centro, ficavam algumas mesas e em outros espaços haviam pequenos cômodos com superfície acolchoada, onde era possível se deitar e relaxar para aproveitar um bom livro. Infelizmente eram poucos os selecionados que iam ali, entretanto ainda assim os que iam pareciam gostar mesmo de leitura, não se aventuravam naquele cômodo somente por curiosidade.
O encontro com Henry havia sido interessante, entretanto, Jeongguk esperava mais. Esperava que houvesse mais harmonia entre eles, esperava realmente que pudesse existir mais sincronia e mais fluxo entre suas conversas, mas isso não aconteceu. Talvez, o Príncipe tenha depositado sua capacidade de comparação naquele encontro justamente por ter se divertido no primeiro encontro. Jimin honestamente tinha mais do que mostrava, entretanto parecia bastante modesto e nunca mostrava todas as suas armas. Era até injusta a forma como aquele garoto estava realmente parecia animado e disposto a conquistar Jeongguk. O ômega logo se amaldiçoou internamente. Estava novamente comparando Jimin e Henry. Parecia cruel. Como se seus pensamentos chamassem o alfa, a porta da biblioteca se abriu e de trás dela o maknae se revelou, entrando devagar. O Jeon piscou devagar e não pôde evitar o sorriso que rasgou seu rosto.
- Jimin... – murmurou e deixou o livro que segurava sobre uma das mesas, caminhando devagar até mais ou menos três metros do selecionado. O garoto parecia envergonhado em estar ali, mas ainda assim se mostrava muito a vontade. Isso era notável pela sua linguagem corporal, que apesar de seu rosto parecer mais avermelhado, seus músculos não pareciam tensos. Não parecer tenso era bom. Jeongguk ficava feliz com aquilo. – O que te trouxe até aqui? Gosta de ler?
- Na verdade... eu vim apenas para conversar contigo, hyung – Jimin disse e deu um passo a frente. Jeongguk ficou calado, esperando o que o alfa tinha a dizer, e este então suspirou. – Sobre ontem... Você pareceu tão corajoso ao falar daquela forma. Você deixou de ser um Príncipe naquele momento, você deixou que a sua nobreza chegasse ao seu sangue e provou ser um excelente líder. Não pense que errou ao agir daquela maneira, você é um Príncipe muito amado e eu tenho absoluta certeza de que será um rei igualmente amado quando chegar o momento. Você foi tão educado e firme ao mesmo tempo, da forma que, ao menos ao meu ver, um comandante deve ser. Então não se sinta mal por ter agido duramente. Olhe, esse tipo de atitude deverá ser tomada com frequência na medida que os anos passarem, então não se preocupe em parecer mais firme. Isso não é algo ruim. Ontem, hyung, eu não vi o Príncipe Jeongguk. Eu vi o Rei Jeongguk. Obrigado por ter sido tão forte e ao mesmo tempo tão suave nas suas palavras. Eu tenho absoluta certeza de que será um rei tão bom quanto seus pais.
Jeongguk sentiu o corpo tremer diante das palavras do jovem alfa lúpus. Jimin conseguiu o deixar completamente desestabilizado em poucos segundos, a única vontade do Príncipe agora era de o agradecer de joelhos, por ter usado de palavras tão doces e ao mesmo tempo tão claras para se expressar. O ômega fitava os olhos pequenos do Park sem dizer absolutamente nada, por um instante sentiu que seus olhos arderam e sua visão ficou cinzenta e embaçada, mas Jeongguk reprimiu o desejo de chorar e então deu alguns passos à frente.
- Eu posso te abraçar? – perguntou Jeongguk, fazendo com que o lobo de Jimin uivasse alto, tomado de súbita felicidade. O alfa em questão estava demasiado surpreso para se importar com a barulheira de seu lobo interior, que corria para todo canto e dava pulinhos de alegria. O Park então sorriu, acenando afirmativamente para o Príncipe, que sorriu de volta e caminhou devagar, para então enlaçar o pescoço de Jimin com seus braços. Carinhosamente, o maknae abraçou o Jeon pela cintura e fechou os olhos, percebendo que seu coração parecia completamente descompassado. O abraço era forte, mas delicado, e nenhum deles queria sair daquele aperto.
- Obrigado, hyung...
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