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História Casta 6 - O hyung possui olhos azuis


Escrita por: PJIKOOK , pjieun e ABOPalace

Notas do Autor


OLHA EU DE NOVO MASOQUE

LEITORES DE NHNA: O CAPÍTULO ESTÁ SENDO ESCRITO, MAS COMO EU ESTOU COM BLOQUEIO, ESTOU ESCREVENDO NUMA "VELOCIDADE" MUITO ABAIXO DA QUAL ESTOU ACOSTUMADA, AT REAL.

E VOCÊS, SEUS LEITORES LINDOS! O FEEDBACK DE CASTA 6 TÁ SENDO ALGO QUE TÁ ME DEIXANDO ASSIM: TOTALMENTE JUNGSHOOK! SE EU TÔ MATANDO O CAPS LOCK AGORA, A CULPA É TODA DE VOCÊS!

E BEEEEERRRRRRRO QUE EU NÃO PUDE ME CONTER E ESCREVI UM CAPÍTULO IMENSO. SORRY. NÃO CONSEGUI DAR A FAMOSA SEGURADA. ENFIM, ESPERO QUE GOSTEM.

Esse é mais um capítulo pra vocês caírem de amores por Park Jimin. Sendo assim... tenham uma excelente leitura! ♥

Capítulo 4 - O hyung possui olhos azuis


Fanfic / Fanfiction Casta 6 - O hyung possui olhos azuis

Havia chegado o dia do início da Seleção. Jeongguk perdeu o sono quando ainda eram quatro e vinte e cinco da manhã, e como não conseguiria mais pregar os olhos, decidiu se levantar. Respirou fundo tentando conter o súbito nervosismo e se sentou na cama, sentindo a camisa branca de seda deslizar pelo seu ombro esquerdo, deixando o mesmo exposto e causando um leve arrepio no corpo do príncipe, já que a madrugada em Busan era um pouco fria, ainda mais naquele início de outono. O ômega olhou em volta e parou suas orbes no abajur grande que ficava ao lado de sua cama. Ligou-o e após o bilionésimo suspiro daquele início de dia, resolveu levantar-se da gigantesca cama de dossel.

 Jeongguk afrouxou o cordão de seda presente em sua grande camisa e deixou que a mesma deslizasse pelo seu corpo. Nu, o príncipe seguiu para o cômodo ligado ao seu quarto e encarou a banheira grande, logo enchendo-a de água morna e ali entrou, ficando por quase quarenta minutos submerso no montante do líquido de temperatura amena, apenas sentindo as pequenas ondas causadas pelos movimentos de seus pés se quebrando em seu corpo. Fechou os olhos, mentalizando as mais positivas coisas para que nada desse errado daquele dia em diante. Sua casa teria vinte e cinco alfas a mais, todos lutando por si, seria necessário mais do que boas vibrações para que não ocorressem tragédias dentro dos limites daquele castelo.

Passado um tempo, Jeongguk se ergueu de dentro da banheira e saiu dela, logo enrolando-se numa toalha felpuda de cor vermelha presente ali por perto. Secando o seu corpo, substituiu a peça por um roupão de plush azul acinzentado e voltou até seu quarto, sentou-se na cadeira acolchoada e encarou a caixinha que continha suas maquiagens. Encarou seu reflexo no espelho e franziu o cenho ao ver nítidas olheiras ao redor dos seus olhos, logo lembrando-se da fala de Taehyung, da conversa que tiveram na noite anterior: “Eu já lhe disse uma vez e irei dizer de novo: não é por você ter uma personalidade mais forte do que a de outros ômegas que os alfas estarão contigo apenas por interesse. Haverão interesseiros? Sim. Mas, se por sorte, sua outra metade estiver nessa seleção, será justamente a sua personalidade que irá atraí-lo. Você é apaixonante, hyung.”

Sorriu. Taehyung era um verdadeiro anjo, sempre lhe dizendo coisas para aumentar sua autoestima, mesmo que Jeongguk ainda estivesse assustado com a possibilidade de que sua alma gêmea não estivesse ali e que fosse forçado a se casar com um alfa lúpus que não o amasse de verdade. Seu appa, Kunpimook, percebeu a insegurança do filho e já lhe deixou claro: “Se você, ao fim dessa Seleção, não se interessar por nenhum alfa, nunca permitiria que você se casasse forçadamente. Caso isso aconteça, faremos outra Seleção, e então outra e outra. Você nunca irá fazer o que não quer, você nunca será submisso a quem não deseja ser”, disse o ômega mais velho, deixando o príncipe levemente mais tranquilo. Jeongguk então suspirou novamente e decidiu que teria o mais positivo dos pensamentos.

Limpando o rosto com um algodão, o príncipe começou a se maquiar com calma. Mesmo que todos já soubessem que Jeongguk era naturalmente bonito, o ômega lúpus sempre fora um homem vaidoso, querendo estar ainda mais estonteante do que qualquer outra pessoa. Não era um fator de exibicionismo; o jovem nobre se sentia bem fazendo aquilo, então simplesmente não havia nada de errado. Depois de um tempo se maquiando, o Jeon parou para pensar que havia visto o rosto de todos os selecionados, exceto o do favorito do seu appa ômega: Park Jimin. Todos os garotos que estavam na seleção eram muito belos, em sua opinião, entretanto, gostaria de ver o quão bonito era o ex-Casta Seis. De acordo com Kunpimook, era um dos mais belos. De tanto devanear sobre o alfa lúpus que ainda nem conhecia, Jeongguk sentiu o coração acelerar e deu um tapa fraco em seu próprio rosto.

- Pelos deuses, Jeon Jeongguk... você precisa de um pouco mais de foco – murmurou para si mesmo, terminando sua maquiagem com uma leve iluminação avermelhada ao redor dos seus olhos. Suspirou satisfeito e se levantou, abrindo o roupão e deixando o mesmo deslizar pelo seu corpo até cair no chão. Devagar escolheu suas roupas, vestiu as mesmas e se olhou no grande espelho presente ao lado de sua cama. Usava uma calça preta, que ficara quase em estilo clássico já que a mesma ficara muito larga em suas pernas, sendo então arrumadas dentro do coturno de cano alto de mesma cor, dando um efeito “bufado” abaixo do joelho. A camisa em um tom bege era realmente larga e grande para si, e a parte da frente era arrumada por dentro da calça. Ao invés de botões, a peça possuía um cordão trançado que começava na metade de seu peitoral até a gola da mesma, que era larga o bastante para que boa parte das clavículas do Jeon aparecessem. As mangas da mesma eram bem maiores do que ao braços de Jeongguk, e isso deixava o príncipe satisfeito. Vestiu então o sobretudo que formava um conjunto com a calça: uma peça negra com três botões dourados razoavelmente grandes, estes que se fechavam na altura da cintura do príncipe. Possuía as golas altas, o que deu ao Jeon um ar de vilão de filmes. O jovem ômega riu com aquilo e tendo terminado de se vestir, colocou a gargantilha de prata, esta que possuía um pequeno pingente de diamante no formato de esfera. Os cabelos arroxeados estavam divididos de lado, deixando uma pequena parte da testa do príncipe à mostra. Tendo colocado todas as joias que precisava, Jeongguk segurou a coroa de mediana de prata e rubi e ajeitou a mesma na cabeça. Estava pronto. – Bom trabalho, seu príncipe estúpido. Eu acho – murmurou para si mesmo e colocou uma faixa vermelha em seu ombro, usada somente para eventos oficiais do reino. A faixa era vermelha e dourada, feita de cetim e possuía o nome do Jeon escrita no coreano antigo.

Ouviu batidas na porta e logo ao olhar para a mesma, viu que era Sandara, uma de suas criadas. Nenhum empregado era tratado como criado, no entanto, sequer precisavam se curvar aos nobres, mas obviamente eram pontuais e responsáveis com seu trabalho. Dara sempre batia à porta de Jeongguk às seis da manhã para que pudesse manter o quarto do príncipe bem organizado, e foi somente ao ver que a mais velha já estava ali que o ômega percebeu o quão rápido os minutos haviam passado. O coração voltou a se acelerar e por um instante o Jeon sentiu a visão escurecer. A cerimonia real para a Seleção começaria pontualmente às sete e trinta da manhã, dentro de uma hora e meia Jeongguk estaria diante dos seus pretendentes. Foi a primeira vez em muito tempo que o príncipe pensou em mais de duzentos palavrões para gritar em menos de dois segundos.

- Jeongguk-ah? – chamou Sandara, do outro lado da porta. – Vamos, pequeno... preciso arrumar o seu quarto e você precisa ir até seus pais, eles estão te chamando. Você ainda não acordou? – perguntou a beta, com sua voz doce e serena. Jeongguk fechou os olhos e respirou com tanta força que seu peito doeu. Caminhou até a porta para abri-la e sentiu que o chão parecia um tantinho menos sólido do que o desejado. Seria mesmo o chão caindo sob seus pés? Ou seriam suas pernas que fraquejaram devido o tamanho nervosismo presente em seu peito? Talvez, as duas opções se encaixassem muito bem na situação do jovem príncipe herdeiro. O Jeon chegou até a porta e destrancou a mesma, arrancando um suspiro da criada. – Minha nossa, Jeongguk-ah, você está... uau – disse a mais velha, sorrindo. – É o ômega mais lindo dentre todos os reinos.

- Bom dia, noona – disse o príncipe, tentando disfarçar seu nervosismo e falhando miseravelmente. – E por favor, não exagere, sim? – pediu com modéstia, mesmo que estivesse feliz com o elogio da beta. Sandara era somente três anos mais velha que si, os dois haviam crescido praticamente juntos, então tinham um forte laço de amizade. Claro que nada era comparado a amizade que o príncipe tinha com Kim Taehyung, mas ainda assim era algo a ser considerado como uma grande e bela relação de amigos. – E meus appas, estão nos aposentos ou no escritório? – perguntou, segurando a mão direita da garota, que acolheu a mão grande e gelada do ômega entre as suas, que eram pequenas e realmente quentes.

- Estão no salão... ajudando a preparar a entrada do castelo para a chegada dos selecionados. Eles pedem a sua ajuda – disse a beta, acariciando a mão macia do príncipe e inclinando a cabeça para cima, para poder olhar o rosto de Jeongguk, considerando que este era bem mais alto que si. Conseguia sentir o tremor nas mãos de seu amigo e sorriu terna, acariciando com mais avidez a pele branquinha do Jeon. – Vai dar tudo certo, meu anjo, você é um garoto durão. Não se deixe levar pela sua insegurança, sim? Você é um homem incrível – disse Sandara e Jeongguk olhou para a amiga abrindo um sorriso. Murmurando um “obrigado, noona”, o príncipe caminhou no longo corredor e logo avistou as escadas que levavam ao salão principal. Cumprimentou os guardas que ficavam no topo da escadaria de mais de quarenta degraus e respirou fundo ao ver as criadas correndo de um lado para o outro, organizando tudo para a chegada dos alfas. Tudo ficou em câmera lenta para o jovem lúpus.

A hora havia chegado, por fim.

 

 

 

 

 

 

 

Eram seis e quatro da manhã quando Jimin terminou de se vestir com a “supervisão” de sua mãe. Vestia uma calça social preta e uma camisa branca simples, mas que deixou o alfa lúpus com um ar mais sofisticado que o esperado. O sapato – também social – preto nunca havia sido usado até o momento, possuía um brilho até exagerado por estar novo e só havia ajudado o Park a parecer qualquer coisa, exceto um homem da Sexta Casta. Havia arrumado os cabelos para o lado, deixando à mostra a parte bem aparada nas laterais, e se Seulgi não tivesse praticamente gritado que seu irmão estava “mais sensual do que de costume”, Jimin não teria ficado tão envergonhado. A camisa propositalmente com dois botões abertos mostrava a gargantilha dourada, com um pingente pequeno em formato de losango que possuía o nome de sua mãe e irmã gravados.

Jimin era o que poderia ser chamado de simples sofisticação. Sem dúvidas chamaria atenção assim que colocasse os pés dentro do castelo, já que ninguém jamais imagina que um Casta Seis se vista daquela forma. E de fato não se vestiam. O alfa só era um homem trabalhador demais, que comprava uma peça nova de roupa por ano, e era justamente por ser econômico e cuidadoso com seu dinheiro e com suas coisas novas que podia ter o privilégio de ter um vestiário um pouco mais abundante do que o padrão ordenava. O Park não gostava de chamar atenção. Tanto que desde que alcançou sua maturação – aos seus catorze anos de idade –, Jimin começou a tomar remédios que disfarçariam seu cheiro real. Não queria atrair todos os ômegas do universo para si. O garoto acreditava que precisava somente de um ômega.

No dia seguinte do anúncio dos selecionados, Jimin recebeu uma carta escrita por Kim Jongdae, e esta dizia que não havia necessidade de levar seus pertences para o castelo caso não quisesse. O alfa agradeceu mentalmente por aquilo, já que a maioria das suas roupas eram usadas para trabalhar. Decidiu então que levaria somente os porta-retratos de sua família, uma foto que tinha com o pai antes que o mesmo falecesse e uma foto de Seulgi, quando a pequena tinha somente dez anos de idade. Ao colocar tudo dentro de uma pequena bolsa, Jimin saiu do quarto e ouviu alguém fungando baixinho. Seguindo na direção do som, viu sua irmã menor chorando discretamente, olhando de forma fixa para a parede.

- É normal chorar de saudade mesmo estando com a pessoa, oppa? – perguntou a garota, em seguida fitando Jimin com seus olhos vermelhos e correndo para os braços do irmão. O alfa grunhiu de dor devido ao ferimento em suas costas, mas acolheu a menor em seus braços e acariciou o topo da cabeça de sua irmã, um carinho que era costume do mais velho. Isso fez a pequena Seulgi chorar ainda mais, sabendo que não sentiria por um bom tempo aquele carinho vindo do irmão que amava tanto. – Eu vou sentir a sua falta, Chimmie – murmurou chorosa a mais nova. Jimin sorriu com a repentina manha de sua irmã e se afastou somente para olhar nos olhos da garota.

- Ouça bem o seu oppa – Jimin disse com a voz carinhosa e suave, mas tendo uma expressão bastante séria em seu rosto. – Estou levando uma foto sua comigo, mas isso não vai amenizar a falta que irei sentir de você e isso é óbvio. Apenas não se esqueça de que você é a mulher da minha vida, que eu amo você e que mesmo estando longe, eu vou sempre me lembrar do seu rosto antes de dormir. Entendeu? – disse e isso causou um choro ainda mais alto em Seulgi, que colou seu rosto no peitoral do irmão. – Talvez eu volte logo... não sabemos se o príncipe irá simpatizar comigo, não é mesmo? – perguntou o alfa, abraçando o corpo magro da irmã mais nova com força e logo uma nova presença estava no quarto.

- Qualquer pessoa simpatizaria com você, Jiminnie – disse Hyerin, entrando no quarto e abraçando os dois filhos. Pela janela era possível ter uma visão ampla da rua, e foi quando uma espécie de carruagem de madeira puxada por dois cavalos negros parou em frente a casa simples dos Park que o coração da mais velha acelerou. Iria doer ver o filho partir, mas sabia que havia uma boa intenção no interior do seu primogênito. – A hora chegou... – disse a ômega, sentindo as lágrimas inundarem seu rosto. Jimin sorriu doce e após beijar o topo da cabeça de sua irmã, abraçou com firmeza a mãe e demorou a soltá-la. – Por favor... tome cuidado, e seja bom acima de qualquer coisa, meu bem.

- Eu irei – disse Jimin, se afastando das duas mulheres e colocando a bolsa de couro em seu ombro. Ajeitou o óculos de grau, com lentes levemente avermelhadas e armação quadrada em seu rosto e sorriu para as duas mulheres que choravam. – Na primeira gaveta do meu guarda-roupas há um envelope. Quando eu for embora, vão até ele e o abram, sim? – perguntou deixando sua mãe e irmã confusas, no entanto, as duas acenaram afirmativamente com a cabeça, confiando no alfa. O Park sorriu grandemente e suspirando, com o coração batendo loucamente dentro de seu peito, deixou suas últimas palavras para as duas mulheres que ele mais amava em sua vida. – Eu amo vocês. Do fundo do meu coração. Esperem por mim – disse e abriu a porta da casa, olhando para trás uma única vez antes de fechar a mesma.

Imediatamente, Seulgi correu até o guarda-roupas do irmão e abriu a gaveta indicada pelo mesmo. Estavam somente as roupas mais velhas de Jimin ali, mas abaixo das peças dobradas, havia um envelope velho, já amarelado pela ação do tempo. Porém era um envelope grande, o que quer que houvesse ali, era em grande quantidade. Hyerin sentou-se na cama do filho e deu dois tapinhas no colchão, pedindo que sua caçula fizesse o mesmo e colocasse o envelope entre as duas. Com as mãozinhas trêmulas, Seulgi tirou o lacre que fechava o envelope e ao conseguir abrir o mesmo, “despejou” o conteúdo sobre o colchão, imediatamente arregalando os olhos. Sua mãe fez o mesmo, colocando a mão em sua boca para reprimir o grito.

Dentro do envelope, estava todo o dinheiro que Jimin conseguira desde que começou a trabalhar. Suas economias de nove anos de serviço... ele havia deixado para a mãe e irmã. “Era pra isso que ele economizava tanto?”, perguntou-se Hyerin, não conseguindo mais aguentar o choro. Soluçando, a ômega deixou seu corpo pender sobre o colo da filha, em meio à todo aquele dinheiro espalhado sobre a cama que era de seu filho mais velho. Por um momento, a ômega mais velha começou a se perguntar onde diabos havia acertado em sua vida para ter um filho tão bom como Jimin. “Nós conseguimos, meu amor. Nós conseguimos, Jihoo. Nosso filho se tornou um homem tão bom quanto você foi um dia.

 

 

 

 

 

 

 

Jimin abriu o portão de ferro de sua casa e suspirou ao olhar para a carruagem parada em sua frente. Pediu a todos os deuses, silenciosamente, para que tudo desse certo e após fazer uma curta oração por sua família, cumprimentou o homem que guiava os cavalos com uma reverência, e logo ao seguir para o interior da carruagem, sentiu suas pernas ficarem fracas. Em seguida o ferimento em suas costas doeu de forma lasciva, fazendo com que o alfa mordesse o lábio com força, em uma falha tentativa de reprimir um curto gemido de dor. Respirou fundo e praguejou a si mesmo internamente. “Onde diabos você estava com a cabeça, Jimin? Custava tomar mais cuidado?”, pensou, sacudindo a cabeça em negação e abrindo a porta da carruagem, levando um susto ao ver Min Yoongi no interior do mesmo.

- Oh! – exclamou, surpreso. Ignorando a dor em suas costas, Jimin se curvou em reverência, arrancando um riso do sub-conselheiro real. Era impressionante como aquele garoto se sentia no direito de se curvar a qualquer pessoa que fosse de uma casta superior a dele. Yoongi não pôde evitar o sorriso, nem o olhar inquisidor sobre o alfa lúpus, que era ainda mais belo pessoalmente do que na foto presente em seu formulário de inscrição para a Seleção. – Min Yoongi-ssi! Meu nome é Park Jimin – disse ainda curvado, deixando seu corpo ereto apenas ao ouvir um “tsc” vindo do ômega loirinho. Sem tirar o sorriso da face, Yoongi estendeu a mão para Jimin, para que o mesmo entrasse na carruagem. Assim que o alfa fechou a porta do “veículo” e o mesmo começou a andar, este prosseguiu a falar, nervoso. – Não imaginava que alguém iria me acompanhar até o castelo...

- Bem... o rei Yugyeom ordenou que todos os selecionados fossem escoltados até o castelo por alguém de confiança dos reis. Eu também fiquei um pouco surpreso com essa decisão, mas obviamente acatei – disse Yoongi, a voz rouca por usar um tom baixo. Em seguida, o ômega sorriu pequeno para Jimin. – É um prazer conhecer você, Jimin. Você nos deixou intrigado com seu formulário, a forma que você o preencheu nos deixou surpresos e ansiosos em vê-lo – disse o sub-conselheiro, fazendo com que o alfa lúpus sorrisse minimamente e abaixasse a cabeça, encarando as mãos levemente grandes e calejadas.

- É um pouco estranho pra mim ouvir essas coisas à meu respeito – confessou o Park, suspirando profundamente e sentindo um leve rubor em seu rosto. Logo sacudiu a cabeça para espantar aquela reação do seu corpo e voltou a encarar o rosto pálido do mais velho. – Eu realmente fui sincero, Yoongi-ssi. Em cada palavra, em cada artifício que usei para exprimir minhas intenções com a Seleção e com o príncipe. Posso parecer ingênuo, mas... não é bem assim – disse Jimin, dando uma risadinha levemente sem graça e prosseguindo. – Minha mãe diz que eu herdei essa característica “sonhadora” do meu pai, então... digamos que isso é algo que eu não poderei mudar, mesmo depois que envelhecer.

- Olhe, eu realmente achei isso extremamente fofo, Jimin, mas... eu juro que vou te jogar na frente dos cavalos se você falar comigo tão formalmente de novo – Yoongi disse sério e fez um bico em seguida, arrancando uma gargalhada agradável do jovem alfa. – Você pode me chamar de Yoongi hyung ou apenas hyung, não quero que me trate como alguém superior. Eu não sou superior à você, e você não é inferior à ninguém. Dentro do castelo você não terá casta. Entendeu? – perguntou o ômega, desmanchando o bico e sorrindo amigavelmente em seguida. Yoongi sentia falta de fazer amizades e havia visto em Jimin um porto seguro, mesmo o conhecendo à cinco minutos.

- Tudo bem, me desculpe, Yoongi-s-... Yoongi hyung – se corrigiu, sorrindo grandemente para o ômega mais velho, que sorriu de volta para si. – Imagino que vocês tenham se surpreendido em eu ter o ensino básico completo e ainda saber falar mais do que somente o coreano – Jimin disse e se sentiu orgulhoso de si mesmo ao ver que seu hyung (precisava se acostumar com isso) acenou afirmativamente com animação. O Park amava aquela sensação de estar quebrando as barreiras de sua [antiga] casta, deixando todos chocados com seus conhecimentos. – Fui ensinado por um padre. Ele era um grande amigo do meu pai, então quando eu aprendi a falar e a formar frases com certa firmeza, ele decidiu que me ensinaria tudo o que ele sabia. Isso inclui inglês e japonês também.

- Jimin, eu preciso te dizer uma coisa, colocando nossas “castas” sobre a mesa. Seguindo o sistema de castas, eu sou um Dois, e você um Seis. Correto? – perguntou e Jimin concordou em afirmação. – Garoto... eu não falo japonês nem inglês. Sei o básico do mandarim e é apenas isso. Você consegue entender o que foi capaz de fazer? Você quebrou uma regra estúpida que diz desde o início do reino que pessoas da Sexta Casta devem permanecer na ignorância, enquanto as castas superiores a Três devem ser os mais inteligentes e destacados! Olha, assim dá para entender o motivo pelo qual o nosso rei ômega ficou tão empolgado ao ler o seu formulário.

- Isso... é verdade? – Jimin perguntou sorrindo, com o coração acelerado. Saber que um dos reis havia simpatizado consigo mesmo sem vê-lo pessoalmente era algo que dava confiança para o alfa lúpus. Ainda que não o deixasse convencido, já que isso simplesmente não era de seu feitio. – Digo... eu só sou um Casta Seis alfabetizado... isso não deveria ser motivo para o rei simplesmente gostar de mim – disse o jovem alfa, esfregando as palmas das mãos em suas pernas, num sinal de nervosismo. Estava agitado, afinal. – Apesar de que Kunpimook-ssi parece ser uma pessoa humilde em excesso, assim como todos da família real – concluiu, logo se lembrando que o príncipe raramente aparecia na TV.

- O rei abraçou o seu formulário enquanto discutíamos sobre os selecionados – Yoongi disse rindo e sacudiu a cabeça para os lados, se lembrando da reação do ômega de manhã, este que ficava falando o tempo todo que “finalmente iria conhecer o seu selecionado favorito e não poderia estar mais ansioso para isso”. – Yugyeom ficou com ciúmes até, mas após uma curta declaração de amor do nosso rei, ele voltou a ser o alfa manhosinho de sempre – disse o sub-conselheiro, sorrindo ainda mais ao ver o rosto de Jimin ficar mais vermelhinho. “Diabos de alfa lúpus estranho!”, pensou, logo se amaldiçoando ao se recordar que o alfa lúpus mais próximo de si também não era um homem muito comum.

Maldito Jung...

- Isso me deixa fel- – Jimin ia dizendo, mas foi interrompido pelo solavanco que a carruagem deu, fazendo suas costas se chocarem contra o estofado, o que fez com que seu ferimento latejasse de uma forma horrível. O jovem alfa tremeu e a careta de dor que fez foi o suficiente para que Yoongi percebesse que havia algo de errado. Piorou quando o Park sentiu suas costas molharem. Justo naquele dia, seu ferimento resolveu que seria algo bastante útil abrir, mas por sorte Jimin tinha o tronco enfaixado, do meio das costas até próximo o cóccix (o ferimento era em sua lombar, na lateral direita). – Droga, Jimin...

- Você está machucado, Jimin? – perguntou o ômega, apreensivo. Mesmo bem humorado, com uma boa aparência e aparentando estar bem disposto, era notável o cansaço no olhar do jovem alfa, que havia trabalhado até o sol se pôr no dia anterior, mesmo com o ferimento nada modesto em suas costas. Yoongi sabia que era bastante comum que homens da casta de Jimin de machucassem com certa frequência, já que eram os que trabalhavam mais pesado, e sabia também que a qualidade de um médico pago para cuidar de feridos em serviço não era nem mesmo razoável. – Me responda, por favor. Se você estiver machucado, te levo para a enfermaria assim que chegarmos no castelo.

- Não... não precisa de toda essa pressa, eu vou ficar bem, prometo, é só um machucado bobo – Jimin disse, mesmo que tivesse tomado quase vinte pontos profundos nas costas. Sabia que era um machucado sério, mas não queria parecer um coitadinho logo de cara. Talvez esse fosse o único defeito mais notável de Jimin: o orgulho. – Eu prometo procurar ajuda quando já formos apresentados ao rei, tudo bem? – perguntou, sem saber se havia conseguido convencer o ômega mais velho. De fato não havia, o Min não havia nascido à dois dias atrás, era seis anos mais velho que Jimin. De lesado, Yoongi só tinha a cara.

- Eu vou vigiar você. Enquanto eu não te ver indo até a enfermaria, eu não vou sossegar. Entendido? – perguntou Yoongi com uma careta séria e Jimin somente sorriu sem humor, acenando afirmativamente com a cabeça. Ao olhar pela janela da carruagem, o alfa viu que já não estava mais em um lugar conhecido. Haviam passado por um grande paredão de paralelepípedos acinzentados e agora iam por um grande campo, repleto de verde e mais verde. Arbustos estavam espalhados por todos os cantos, inclusive alguns eram podados em formatos de animais selvagens. O alfa lúpus estava abismado com a visão. Era lindo... – Já estamos no castelo, Jimin. Você está pronto para conhecer o homem que pode vir a se tornar seu esposo no futuro?

A pergunta pegou Jimin de surpresa. O jovem lúpus suspirou e engoliu em seco, sentindo novamente o coração acelerar, por um instante desligando-se da dor lasciva em sua região lombar. Fechou seus olhos e mentalizou tudo o que havia de bom e então suspirou, abrindo seus olhos e fitando as orbes do ômega mais velho.

- Eu nunca estive tão despreparado em toda a minha vida – Jimin disse com sinceridade, arrancando um riso frouxo de Yoongi, que estava realmente animado e encantado com aquele alfa fora do comum. – Mas acho que é isso que dá animação pra essa história, não é, hyung? – perguntou o alfa lúpus, curvando a cabeça levemente para o lado, o que o deu um ar bastante fofo. O mais velho suspirou quando a carruagem parou e sorriu pequeno, concordando com a cabeça. Jimin segurou a bolsa que continha a foto de seus familiares e se preparou para descer, mas Yoongi disse que a sua bolsa seria levada para o seu quarto depois.

O jovem alfa saiu da carruagem e estendeu as mãos para que Yoongi tivesse um sustento para descer também. Os outros alfas lúpus também estavam ali, todos curiosos em saber quem era aquele garoto que parecia tão jovem e havia agido de forma tão incomum com o sub-conselheiro do reino. Ao prestarem mais atenção, notaram os músculos nada modestos que o garoto possuía e logo perceberam que era um alfa de Casta Seis. Mesmo estando tão bem vestido, qualquer pessoa reconhecia um homem da Sexta Casta somente em reparar no corpo que o mesmo possuía.

Jimin se curvou para Yoongi em agradecimento e se afastou do homem, olhando para cima e se deparando para a grande construção branca, com colunas decorativas e com uma entrada enfeitada com rosas de mesma cor. As escadas de apenas quatro degraus eram negras assim como todo o chão aparentava ser e vinham com um grande tapete vermelho sobre a mesma, como uma forma do castelo dizer “olá” aos selecionados. Enquanto devaneava sobre a beleza do castelo, Jimin não notou que um garoto havia se aproximado de si.

- Ya, posso ficar aqui um pouco? – perguntou o rapaz, um pouco mais alto que Jimin. Tinha um tom incomum e belo de pele, seus cabelos eram negros e levemente longos, jogados para o lado. Parecia ser um cara legal. – Os outros estão muito agitados, você parece o único mais calmo aqui.

- Ih – Jimin disse fazendo careta e rindo em seguida. – Talvez eu seja o mais nervoso. Qual o seu nome? – perguntou o alfa, querendo fazer amizade. Seria bom se tivesse um amigo ali dentro, se tinha algo que Jimin detestava era ficar sozinho por um longo tempo.

- Jongin, Kim Jongin. Você é Park Jimin, certo? – perguntou o garoto mais alto, sorrindo amistosamente para o lúpus mais novo. – Você é o assunto do castelo mesmo antes da Seleção ter começado oficialmente – disse animado e antes que Jimin pudesse respondê-lo, um homem alto e trajando roupas em tom de verde-musgo, boina negra e coturnos de couro e cano alto surgiu na porta, pedindo para que os alfas se alinhassem em uma fila, pois logo iriam entrar no castelo, onde a família real aguardava. Jimin suspirou ao perceber que o homem estava armado. Forçando a vista, o alfa leu o nome do homem que vinha escrito em seu casaco cheio de broches: “Coronel Jung”. Deveria ser Jung Hoseok, o único alfa lúpus que vivia no castelo.

Logo, todos começaram a entrar. Jimin ficou em último na fila, e ao notar que a mesma começara a se mover, suspirou pela milésima vez no dia, cansando seus pulmões. O tempo pareceu se mover em câmera lenta quando o alfa terminou de subir as escadas e as portas gigantescas em cor branca se abriram por dentro, dando espaço para que os selecionados entrassem. Jimin sequer teve tempo em reparar na arquitetura do local, pois seus olhos prenderam-se em outra coisa ali. Cabelos arroxeados, olhos grandes e... azuis.

Jimin achou que estava alucinando. Se não estivesse, estava mesmo olhando para os olhos do lobo do príncipe Jeon Jeongguk. Se sentiu invasivo naquele momento, mas não pôde deixar de se sentir instantaneamente atraído pelo ômega lúpus que estava a alguns longos metros à sua frente. Decidiu desligar-se um pouco daquilo e olhar também para os reis, para os conselheiros, para cada detalhe do salão do castelo. Os selecionados ficaram um ao lado do outro para saudarem então os reis em um sinal de respeito.

O Park sentiu o olhar do rei Kunpimook em si e então ousou olhá-lo nos olhos, sentindo-se lisonjeado quando o ômega sorriu para si. Havia um segundo olhar sobre si, mas Jimin não era tão ousado para olhá-lo de volta. Talvez não fosse. Quando o alfa lúpus olhou para o príncipe, este o olhava de uma forma incompreensiva, mas não podia negar em hipótese alguma: era maravilhoso ter o olhar daquele homem sobre si. E pelos deuses, seu lobo tinha mesmo os olhos azuis? Aliás, azuis acinzentados?

A mente de Jeongguk estava uma bagunça, também. Assim que colocou os olhos no único rosto que lhe era desconhecido, sentiu um revirar no seu estômago.

 Park Jimin era sem dúvidas o garoto mais belo dentre todos os outros alfas selecionados.

Jeongguk sacudiu sua cabeça tentando espantar aqueles pensamentos e desceu as escadas ao lado dos pais, logo se sentando em uma das cadeiras grandes, em vermelho e dourado. Yugyeom se levantou e deu as boas vindas à todos os selecionados, disse algumas palavras sobre companheirismo e sobre o real sentido daquela Seleção, logo dando lugar ao esposo. Enquanto ouvia a breve introdução do rei ômega antes do mesmo fazer explicações mais aprofundadas, Jimin pensou em duas coisas para anotar:

 

1) O príncipe possuía olhos lindos;

2) O príncipe era um dos homens mais belos que já vira em sua vida.


Notas Finais


O próximo capítulo já vem com seleção sendo jogada na nossa cara! Vocês estão prontos? Por que eu não estou.

Até a próxima 💓


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