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História Céu e Inferno - O Corrompido


Escrita por: Blood_Sabbath

Capítulo 6 - O Corrompido


 

P.V.O Judas

                Fiquei inconsciente por quase todo o percurso, só por poucos segundos de lucidez pude ver alguém me levando pendurado no ombro de um homem forte e de pele morena para algum lugar longe do píer, mas eu também tenho certeza que ouvi alguém me chamando de longe, mas não conseguia responder. Eu só voltei a mim quando abri meus olhos em direção a uma luz forte pendurada no teto de um armazém que tocava Aerosmith em algum lugar, fora o forte cheiro de enxofre que tinha ali e mais o cheiro de um charuto cubano. Só pode ser aqui seu esconderijo... Oh merda. Assim que eu paro de encarar a luz eu olho para os lados e vejo Maggor preso ao meu lado em correntes que estão lhe machucando, e na minha frente vejo um homem grande usando uma camiseta havaiana com um charuto na mão; ele está com os pés em cima da mesa onde posso ver vários planos anotados em papéis e a foto de vários demônios procurados no inferno, entre elas uma de Abaddon e uma de Maggor. O Homem possui cheiro de enxofre com pólvora para canhão e parece curtir o som do Aerosmith, e ao seu lado há os dois demônios que enfrentei lá fora a não sei quanto tempo. Aqui ainda não vi nem Charlotte e nem Abaddon, então penso que eles ainda não tiveram a infelicidade de dar de cara com nenhum deles, por enquanto. Sei que quem está ali sentado com as pernas para o ar é Azazel, mas até agora ele nem parece ligar muito para nossa existência, muito pelo contrário, ele parece até relaxado ouvindo suas músicas em seu radinho de pilha. Ele só percebe que acordamos quando um de seus demônios olha diretamente ara mim.

                -Os humanos sempre foram à escória da Terra, mas tenho que admitir que esses daqui sabem fazer uma boa música. – Azazel diz enquanto dá uma forte dragada em seu charuto. – Nós sabíamos que você iria vir atrás da sua namoradinha guri, mas nunca imaginamos que você nos traria o inimigo numero um do inferno. – Ele diz virando-se para dar uma olhada em Maggor, que também não está com a melhor cara daqui. – Tenho a cabeça do humano que ajudou um demônio a matar seus semelhantes e a cabeça do maior erro que o inferno cometeu no século quatorze... – Ele sorri. – Lúcifer ficará tão contente quando receber vocês dois.

                -Cala essa sua boca. – Maggor diz e vejo suas correntes se moverem sozinhas, fazendo ficar cada vez mais apertado.

                -Quero ver você conseguir escapar dessa vez, Maggor. – Azazel se levanta e fica de frente a ele. – Você já fugiu tantas vezes das nossas mãos, mas dessa vez finalmente te pegamos.

                -Não conte com a sorte, ela sempre acaba. – Maggor diz retribuindo o mesmo sorriso que Azazel tinha dado antes. De longe posso ver que ambos têm semelhanças: os mesmos olhos expressáveis e o sorriso sádico que ambos possuem. Deve ser coisa de demônio.

                -E pensar que um dia te consideramos um dos nossos Maggor, que decepção... – Azazel diz com tom de deboche.

                -O quê você esperava de uma máquina de decepções como eu? – Até mesmo em situações de perigo ele não perde a piada.

                -Fica quietinho, logo mais Lúcifer vai mandar alguém pra te buscar, e vocês dois passaram a eternidade junto com a amiguinha de vocês. – Azazel diz, e então ele faz um gesto com as mãos e os dois demônios que estavam de guarda saem junto com ele, para onde não sei.

                Sinto que dessa vez não vou me safar. Já estive na mesma situação dois meses atrás, quando conheci Alamo Jones e o degolei, mas dessa vez não será tão fácil, antes eu tinha um forte álibi, que era Mary Jane e o fato dela ter sido morta pelos puritanos, mas aqui eu não tenho nada ao meu favor. Pense Judas, pense. As coisas são tão difíceis sem a Maria por aqui, numa hora dessas, ela já teria conseguido escapar das correntes e matado Azazel. Enquanto tento formular um plano bom o suficiente para me tirar daqui com, pelo menos, sem uma das mãos, Maggor recita a mesma frase inúmeras vezes seguidas, sem nenhuma pausa, nem mesmo para respirar. Não consigo entender o que ele diz, mas seja o que for está fazendo com que as suas correntes comecem a brilhar de forma intensa. Ele está falando língua de demônio pelo visto. Depois de repetir pela quinquagésima vez seguida a mesma frase as correntes caem no chão, como se elas nunca tivessem sido presas a ele. Eu o olho incrédulo sem saber o que dizer ou como agir, e Maggor apenas sorri para mim com um sorriso travesso que vi tantas vezes nela. Ele vai até a mesa onde Azazel estava até pouco tempo atrás e pega sua arma.

                -Fica quieto aí que eu já volto, vou atrás de ajuda. – Ele diz e não acredito no que ele diz. – Quando eu der o sinal fique abaixado.

                E no momento seguinte ele some do armazém, que desgraçado! Ele nem ao menos tentou me tirar daqui, que ódio! Lembrete: cortar a garganta de Maggor se sobreviver à Azazel depois de hoje. Eu estou tão irritado que nem me dou conta de que eles voltaram, e só presto atenção nisso quando Azazel grita e aparece de frente a mim, me tirando da cadeira e me agarrando e me pendurando no ar usando apenas uma das mãos.

                -ONDE ELE ESTÁ? – Ele grita comigo enquanto me sinto sufocar com sua mão grande e pesada.

                -E-e-eu não... S-s-e-i-i... – Minhas palavras saem cortadas devido a minha falta de ar. Se me deixarem aqui mais dois minutos eu morro de vez.

                -Vasculhem esse lugar, a cidade inteira, o país se for preciso! – Azazel diz se voltando para seus demônios. – Se tiver mais gente com eles, Maggor vai ir atrás para tirá-los daqui.

                Azazel resolve então descontar todo seu ódio em mim, e me joga com tudo de volta para a cadeira e sou envolvido novamente pelas correntes com toda a sua força. Quando abro novamente os olhos vejo que os dois demônios que estavam antes aqui já se foram, só espero que não consigam encontrar nem Abaddon ou Charlotte. Azazel vai até sua mesa e joga tudo o que tem em cima dela direto para o chão, sem se importar se algo vai quebrar ou não. Ele está irritado por conta de Maggor, por ele ter conseguido fugir outra vez. Consegui meu álibi. Preciso pensar em como usa-lo. Ele não é Alamo, Azazel não vai ser persuadido assim como o bruxo de Nova Iorque foi. Preciso ser convincente quanto a isso.

                -É inacreditável, não é? – Eu digo em tom de deboche, e ele se vira perigosamente em minha direção.

                -O que seria inacreditável? – Ele pergunta para mim. Em sua voz há uma mistura de ódio e decepção que é novidade para mim.

                -Demônios não conseguirem pegar algo que nem demônio é! – Eu digo e começo a rir como um condenado no corredor da morte.

                -Maggor foi um erro... – Ele diz. -... Um terrível erro que eu mesmo cometi.

Então o que Maggor me falou era verdade, de que ele era filho de um demônio com um humano. Maggor seria o anticristo.

                -Ele teria sido uma ótima arma contra os anjos ou qualquer um que entrasse em nosso caminho, – Ele continua. – mas ele quis se voltar contra nós, sua própria raça.

                -talvez ele tenha visto o que vocês queriam com ele. – Eu concluo e sinto as correntes se prenderem cada vez mais forte.

                -Eu não vou me importar em te dar ao Lúcifer em pedaços, então se não quiser virar picadinho é melhor ficar de boca fechada. – Ele sussurra em meu ouvido e sinto sua estranha língua passar lentamente sobre ela. – Daqui a pouco você vai se encontrar com a sua namoradinha, não se preocupe. Você irá sofrer torturas piores do que ela está sofrendo nesse exato momento.

                -Ela não é a minha namorada... – Digo cuspindo no chão, e quando eu olho para o teto vejo Maggor, Charlotte e Abaddon pendurados na janela e Maggor dá uma piscada para mim. Esse era o sinal. – E o seu tempo se esgotou...

                Ele não entende o que eu digo, e quando se vira ele fica cara a cara com Maggor. Ele está bem irritado e apontando a arma para ele, um sinal de que dessa vez ninguém irá se levantar para lutar.

                -Seus capangas não vão poder vir te ajudar dessa vez papai... – Maggor diz com tanta frieza que até Abaddon fica assustado, e vejo que seus olhos estão totalmente negros. – Vamos, fique de costas para a parede!

                -Maggor... Não faça isso! – Ele diz com as mãos para o alto num ato de pura submissão. – Por favor, Maggor não!

                -PARA A PAREDE, AGORA! – Ele grita e o empurra para a parede a força. – Você vai nos dar o que queremos, e se der eu penso se te deixo viver. – Maggor aponta a sua arma bem para a cabeça de Azazel, que por sinal não esboça nenhum tipo de reação, só medo do próprio demônio que colocou no mundo.

                Eu tento chegar perto, mais para tirar ele dali e fazê-lo se acalmar, mas Maggor está tão puto com tudo o que fizeram a ele que tenho medo de sua reação. Charlotte e Abaddon ficam estáticos onde estão não mexem um músculo. Para eles, e para mim, ver Maggor assim é novidade. Ele berra a mesma pergunta repetidamente, mas Azazel não facilita, e eu sei muito bem o que vai acontecer se ele não nos der o que queremos. Mais um demônio morto por outro demônio.

                -VOCÊ SABE ONDE ELE ESTÁ SEU DESGRAÇADO. CONTA LOGO! – Maggor grita cada vez mais alto e Azazel recua ainda mais para a parede.

                -EU JÁ DISSE QUE NÃO SEI ONDE ELE ESTÁ! – Azazel começa a chorar de desespero. – LÚCIFER NÃO DISSE A NINGUÉM ONDE ESTARIA! ELE PODE ESTÁ EM QUALQUER LUGAR HÁ ESSA HORA!

                -Maggor ele pode está falando a verdade! – Charlotte diz apavorada por tal atitude.

                -Eu não vou deixa-lo viver... – Maggor diz e os olho chorosos de Azazel fica arregalados pelo medo. -... Não depois do que ele fez comigo...

                Azazel implora piedade ao filho, mas já presenciei essa cena antes. Leviatã também implorou misericórdia à Maria, mas ela estava tão cega pelo seu ódio que mesmo com as súplicas de perdão ela o destroçou. E com Azazel não será diferente. Maggor prepara a arma e a posiciona na direção do coração de Azazel. Antes de atirar ele o olha de cima a baixo, e diz que isso foi pelo que fez a sua mãe, e um segundo depois Azazel cai no chão, e uma poça se forma embaixo dele, uma poça de sangue grosso e fresco. Todos estamos assustados com o que acabamos de presenciar. Maggor nunca foi violento assim, pelo menos não comigo ou com os outros. Seu ódio pela própria raça fez com que ele se tornasse o que eles sempre quiseram: uma máquina de matar. Seus olhos voltam ao normal e ele guarda sua arma no casaco, e em seguida ele caminha em direção à porta e nos chama. Charlotte e Abaddon nem falam nada, apenas obedecem às ordens e o seguem, e eu, por outro lado, fico travado em meu lugar, olhando diretamente para os papéis que Azazel jogou no chão. Ali tem muitas coisas: planos para bombas atômicas, guerras entre países árabes, crises econômicas no ocidente, mas só uma coisa é que me chama a atenção, e está junto com as nossas fotos de procurados. Um livro com capa de couro, e escrito em sua capa a frase “A Lenda do Guardião”.



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