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História Céu e Terra - Capitulo Único


Escrita por: HaterDoMundo

Notas do Autor


Conto criado para um concurso e dedicado a uma certa pessoa...


PS: Esta pessoa é a coautora, e deve afirmar que todo talento veio do autor original do texto, por mais que ele negue...
Ps2: Essa coautora também devia afirmar que nem um talento se manifestaria sem a ajuda da mesma.

Capítulo 1 - Capitulo Único


Fanfic / Fanfiction Céu e Terra - Capitulo Único

 

Caindo dos céus, como a morte sombria, o anjo carmim sucumbiu ao riso e ao escárnio, zombando da tristeza e melancolia da humanidade.

Seus lábios rachados se abriram, para pronunciar as palavras algozes da paz e pioneiras do maior desespero do século:

– Agora, insetos, será vossa vez de inevitavelmente caírem, pois, depois de toda uma eternidade em espera e amor, finalmente vocês perderam a fé “dele”. A esperança e fé que depositara em vocês, vermes, perderam-se para o ódio e desilusão. – O loiro era belo e alvo, mas sua beleza não o fazia menos imponente, nem fazia de sua aura menos opressora. Era um conjunto de ressentimento, tristeza e ódio juntos num corpo de arcanjo. – E, com o amor, perderam também a sua inconveniente proteção. A única coisa que me impedia de subir à esta terra morta e encará-los cara-a-cara.

Então de seus olhos saltaram lágrimas. De seus lábios ofensas foram proferidas. E de suas asas negras, uma luz obscura tomou conta dos céus, apaziguando a tempestade somente para revelar o que as nuvens escondiam.

– Agora, - Berrou o Astro da Manhã – todos os insetos aglomeram-se sob meus pés, esperando para serem esmagados quando eu julgar necessário, ou divertido!

Seus olhos, assim como os de todos os anjos, eram escuros. Eles criavam um espelho de breu para o caos pelo qual demonstravam felicidade.

Harpias, grifos, fênix e todos os tipos de demônios alados cobriam os céus, como uma chuva de flechas lançadas contra um exército em marcha.

Essas eram as pragas criadas para destruir a Terra. Essas eram as verdadeiras moléstias dos céus.

– Agora, monstros alados, destruam tudo o que os habitantes desse planeta chamam de “meu”.

As fênix lançaram chamas sobre as cidades, queimando vivos todos que lá havia. Harpias e os demônios raptavam as crianças e as mulheres, antes que queimassem, somente para depois atira-los todos dos céus. Os grifos piavam, com seus bicos sujos de sangue, quase tão alto quanto os gritos de suas vítimas.

Então, depois de um dia de massacre, eles vieram.

Tudo começou com um urro. Um urro que se estendeu por todo o mundo. Um grito monstruoso advindo de um exército de ciclopes, com suas clavas de pedra e dentes podres, e centauros, com suas lanças de cristal e patas de cavalo.

Então surgiram, de todos os cantos, os monstros da terra, vindos para proteger o planeta em que moravam e se alimentavam.

Liderados por um único monstro. O mais antigo de todos eles... E o mais poderoso também.

Ele vinha do Norte, surgindo dentre o branco da nevasca, gritando o nome daquele que controlava os monstros do céu:

– Lúcifer! - Uma voz cortou os berros dos monstros em combate, atravessando o campo de batalha, e chegando aos ouvidos do anjo caído. - Esmagar estes insetos não será tão simples como pensas!

Dentre duas montanhas cobertas por neve, um par gigantesco de asas negras se manifestou. Em sua convergência havia um homem de cabelos escuros, lisos e bagunçados, tal quais os ventos de um furacão. Sua pele era o meio exato entre alva e negra, sendo impossível a caracterizar como uma dentre as duas. Sua armadura, assim como seu corpo, era leve e firme. Uma cota de malha, por baixo de aço brilhante e bronze. O desenho de uma cruz invertida cortava seu peito. Seus olhos, dignos da expressão de bravata que tinham, eram de puro ônix, e profundos como um abismo.

O segundo anjo caído subiu aos céus para encarar o Astro da Manhã, que disse sorrindo para o mesmo:

– Asriel, meu irmãozinho... Eu soube que havia caído há alguns milênios atrás, embora não tenha descoberto o porquê. O procurei por toda a parte. Desde o inferno até o limbo, mas jamais imaginei que estaria aqui dentre todos os lugares... Enfim. Diga-me: Por que se revelou logo agora? Veio me auxiliar a destruir a criação do pai que nos abandonou?                       

Na verdade, não... Embora eu não me importe com os humanos, o mundo deles é o meu. A Terra tornou-se meu lar, por isso vim defendê-la. - Disse o alado, investindo contra o rei do inferno.

O mesmo pareceu desapontado e um tanto triste, com uma certa expressão de ironia na face.

– Correção - Disse ele. - Você veio morrer por ela.

O rei do inferno assumiu uma expressão séria, assim que seus olhos sarcásticos encontraram a escuridão abismal do oponente. Estalou os dedos, e dez demônios alados se colocaram entre os dois guerreiros, pronto para proteger seu pai.

Mas Asriel não teve piedade. Na sua mão direita, uma espada de corte duplo se manifestou e solidificou, tendo sido convocada do nada entre o tempo e o espaço.

O anjo caído viu como que em câmera lenta, enquanto quatro dos demônios atiravam suas lanças com toda a força.

Desviou da primeira, da segunda e da terceira, com manobras aéreas dignas de um Arcanjo. Todavia, a quarta e última não seria evitada. O alado, com coragem em seus olhos de ônix, agarrou-a em pleno ar, girando em seu centro e lançando-a de volta ao dono com o dobro de força; três demônios foram empalados com isso, caindo no infinito caos abaixo.

– Não pense que sou o mesmo de quando você foi banido! – Gritou o moreno, com o gosto metálico do sangue na garganta.

Outros cinco demônios tentaram a sorte, partindo para cima do caído assim que seus companheiros foram atingidos. Entretanto, não foram páreo para o corte horizontal da arma afiada, que lhes arrancou o conteúdo do estômago, num único e preciso corte. Mais cinco se foram num golpe.

– Agora eu tenho algo a proteger!

O último dos demônios, com seu machado banhado do sangue de inocentes, não parecia ter se abalado com a morte dos colegas. Num movimento de reação rápida, ele girou no ar, seu corpo junto à lâmina, com a intenção de estilhaçar qualquer resistência por parte do caído, todavia, assim que seu corpo completou seu giro, o demônio teve sua primeira e final visão: A bota do alado com uma adaga fundida à sola.

Num chute poderoso, o moreno perfurou a cabeça chifruda do monstro, espirrando sangue no Arcanjo caído atrás de si.

– Humpf! – Bufou ele. – Inúteis. Tenho que fazer tudo só.

Então as espadas se chocaram. O barulho do aço pesado chocando-se um contra o outro em alta velocidade. Esse som que ecoou por todo o campo de batalha, focando a atenção de todas as feras da guerra.

Asriel tentou um corte horizontal. Lúcifer protegeu-se com as asas negras. O arcanjo tentou um chute no mais novo, mas o moreno esquivou-se para a direita, já efetuando um corte com o intuito de atingir o pescoço.

O rei do inferno se inclinou, fazendo errar o corte do outro e abrindo uma abertura, que fora muito bem aproveitada para uma joelhada titânica, que lançou o alado a metros de distância no ar.

– Por que será que eu não acredito que estejas fazendo tudo isso para proteger seu lar? – Um sorriso sarcástico se fez na face do pai dos demônios, quando o mesmo disparou uma rajada de luz de suas mãos, no moreno enfraquecido. – Por outro lado, meu irmãozinho sempre foi um coração mole. Você deve estar fazendo isso para proteger o lar de outra pessoa, não é verdade?

A expressão de surpresa do mais novo, pela rajada de luz, só foi superada pela de medo, com a pergunta do loiro.

– Não é verd... Uhg! – O poder lhe atingiu o estômago, queimando sua pele por baixo da armadura, agora lascada.

– Não minta para mim. Sabes que fui eu quem inventou a mentira. – Disse o alado carmim, caindo na gargalhada. – Só me perguntou quem... quem lhe seria tão importante para que encarasse seus medos e viesse enfrentar um oponente tão mais poderoso que você?

O alado cuspiu sangue, tentando bater suas asas negras para voltar a atacar, gritando com seus olhos negros cheios de ira e desespero:

– Ninguém! – O corte que tentou fora protegido por um simples movimento de espada do rei do submundo, que devolveu o golpe com um soco potente na bochecha esquerda, quebrando-lhe dois dentes e o lançando, horizontalmente, à cerca de um quilômetro, girando no ar, sem controle.

– Deixe-me ver se é verdade... Deixe-me procurar em suas memórias... – O caído escarlate surgiu do nada, às costas do oponente, com a mãozorra direita lhe apertando o pescoço. – Deixe-me olhar em seus olhos...

Então o poder do Estrela da Manhã se manifestou, adentrando a alma do mais novo e vasculhando suas memórias.

– Não...! – Gritou o moreno, mas era tarde demais... As memórias eram expostas.

 

“Iluminou-se a clareia na qual este anjo pousara. As flores tocavam gentilmente seus pés assim como o vento acariciava as copas das árvores ao redor. Tais copas não permitiam que a luz do sol chegasse ao solo da floresta, coberto de sombras. E uma destas sombras fitava o ser que acabava de chegar ao mundo dos mortais.

Uma sombra distinta... Uma sombra vermelha que fitava de seu esconderijo o dono das belas asas. Sem se revelar, a sombra o admirava ao longe.

O celeste parecia triste. Enquanto suas asas desapareciam no ar ele parecia a ponto de chorar.

– Eu sou. - Dizia ele, enquanto se agachava para recolher uma flor do chão. - Eu era... Um anjo do senhor... Mas não passo de um mortal no momento...

Entre seus dedos as flores que colhera tornavam-se negras e então morriam, caindo junto às sombras de lágrimas que nunca vieram.

– Então pode se revelar... Não a farei mal algum...

– Eu não temo... Anjo... Ou Homem... eu apenas receio que... ao me ver... você tenha... Medo... Um sentimento que os Humanos possuem... - Dizia a voz feminina, calma, sempre escondida entre as sombras, atrás de uma grande árvore.

Então ele admirou a escuridão em que o ser se escondia. Ele apontou para si mesmo e depois para cima, e disse:

– As duas únicas coisas que temo e temerei... Isso e meu novo, e ao mesmo tempo velho, estado de solidão...

Olhou para baixo antes de cair sentado no chão.

– Se quero algo é uma companhia, não importando quem seja. Só preferia que não fosse meu irmão mais velho. O que fora expulso dos céus antes de mim.

– Em nada me interessam... Os conflitos dos Anjos... E suas quedas... Porém... Estou aqui há tanto tempo... Tão sozinha... Depois de que aquela serpente... comeu a fruta proibida... Eu sequer... Lembro-me... Qual é meu nome...

Como se a sombra tomasse forma e substancia, o ser saiu lentamente das sombras. Um pé pequeno e alvo tocou as folhas e flores de clareira, seguido de outro com um passo hesitante. Logo surgiu a fronte alva e pálida, e pelo chão se arrastavam os cabelos longos e vermelhos, enquanto cruzava os braços sobre o peito despido e um par de longos chifres se destacam entre os cabelos de fogo. Os olhos pareciam feitos de âmbar, enquanto com dificuldades para caminhar, o ser de sombra caiu de joelhos

–... Nem consigo... Caminhar como os humanos...

No exato momento em que o ser de chifres despencava, o anjo surgia para apoia-la em seus fortes braços.

– Então podemos combinar de não falar do passado? - Ele sorriu admirando, não os chifres do ser, mas seus olhos tão tenros. - Então me diga... Por que queres andar como os homens tão simplórios, se podes andar como você?

A sombra de chifres viu-se paralisada. Não pela luz do sol, que para alguém como ela era quase cegante, e nem pela força com que os braços de um Anjo a ampararam. Afinal... Um anjo a ajudava... Por quê?

Mas aquela voz tão calma, terna, acolhedora... A sombra encolheu-se contra o peito do anjo, como se ali se escondesse da luz e do mundo, e os chifres pareceram desfazer-se entre os fios ruivos sobre a cabeça da sombra. Em seus braços, fraca e sem medo algum, tudo que pode fazer foi sussurrar, antes de dormir pela primeira vez em milhões de anos, por sentir-se em um local seguro.

– Você não devia se aproximar de mim... Ele vai punir você... Assim como fez comigo...

O medo e estado trêmulo da ruiva faziam arder algo no interior do anjo. Era como se algo gritasse em seu coração.

O anjo afagava o cabelo de fogo da sombra. Eram como uma brasa que tirava a notoriedade de sua escuridão interna, sem emitir aquela luz irritante que tanto o feriu no passado.

– Eles... Ele já me puniu.

Um corte no vento é ouvido quando suas novas asas despertam. Asas negras de um anjo caído. Asas mortas, como as de Lúcifer.

Somente o peito movia-se com a respiração da sombra que dormia amparada em seus braços, a respiração morna e suavemente contra as plumas escuras do anjo.

– Então não vá embora...”

 

– Quem diria... Um anjo e um demônio... – Os olhos sombrios de Lúcifer, agora refletiam maldade e o desespero; o desespero no ônix à sua frente. – Que tom de vermelho o sangue desses dois traidores irá formar? É algo a se pensar...

O ódio se refletiu na face do caído. Asriel mordeu as mãos que lhe prendiam o pescoço, e socou a face do rei dos demônios, embora só tenha conseguido um simples arranhão.

– Você nunca a verá! – Ele gritou, disparando feixes de luz de suas mãos, à queima roupa, no peito do Estrela da Manhã. – Você nunca a tocará!

Como uma projeção de seus dedos, quatro foices de luz gigantescas se materializaram ao seu lado, seguindo o movimento do punho fechado.

Tão poderoso era o anjo em desespero, que suas foices cortaram, sem intensão, vinte monstros que voavam perto demais da luta, os dividindo em quatro partes iguais de carne, pele e ossos.

Imbuído de raiva, o caído investiu suas foices de luz contra o Arcanjo, que as defendeu com sua simples espada de lâmina negra, afastando o golpe para que o carmim desferisse um poderoso chute no peito do mais novo.

Então a luta procedeu... logo os monstros que assistiam ao combate, percebendo o quanto o mesmo era destrutivo e perigoso, correram de volta às suas catacumbas e florestas negras, em busca de abrigo e repletos de pavor. Pavor do combate que perdurou por um ano inteiro, até que ambos os seres estivessem exaustos e próximos da morte.

No entanto, quando Lúcifer, o menos exausto dos dois, ia desferir o último golpe num rapaz de armadura estilhaçada e banhado em sangue, algo o impediu.

– Mas o que...? – Disse o rei dos demônios, com expressão de pavor. – Gabriel?

– O Pai mudou de ideia, irmão. Ele disse que Asriel lhe deu a esperança que tinha perdido... – Dizia um arcanjo de cabelos loiros, como os de Lúcifer, mas encaracolados. - Ele me ordenou parar essa luta imbecil e te mandar de volta à sua casa.

– E acha que vou aceitar suas ordens? – Disse Satanás, com medo aparente.

– Não entendeu... Ele disse que se eu não resolvesse... Ele viria resolver.

Se antes o medo do rei do inferno era aparente, agora seu desespero, pavor e horror estavam à flor da pele.

– Eu voltarei... – Disse o carmim, antes de descer à Terra, e além dela.

Gabriel olhou para o mundo de cima, com tristeza, pois quase todos os humanos haviam falecido em meio ao combate.

– O Pai também lhe deu outro presente, Asriel, meu irmão menor. Ele disse que revogaria sua queda... – O loiro olhou no abismo ônix do mais novo, com a certeza de que aceitaria o convite. – Você virá conosco... para casa.

Todavia, o moreno exausto somente sorriu e negou com a cabeça, dizendo:

– Não vou... Eu tenho que voltar para ela... Entende?

Gabriel sorriu, para a resposta do irmão, que o surpreendera:

– Não entendo. Não entendo como você conseguiu descobrir o amor... mas nosso Pai previu que poderia dar essa resposta... Ele me disse que se você a desse, eu deveria te dar outro presente.

– Outro presente?

– Sim... A capacidade de ter filhos, meu irmão. Humanos, não celestes.

– Humanos? Então se trata disso? Ele quer que eu reviva a amada humanidade?

– Sim. E você não deveria recusar, visto que sua amada já fora humana, não é?

– Como você... ?

– Cale-se e vá! Vá vê-la! Ela te espera!

Então o moreno, preocupado, levantou voo e partiu, com toda sua velocidade. Voou até chegar a certo jardim, numa certa ilha.

– Eva! – Gritava seu nome com toda a força de seus pulmões, a procura de seu amor.

– Você demorou, Asriel...

O moreno se virou, encontrando a ruiva que corria em sua direção, com lágrimas pendentes dos olhos. Não haviam mais chifres em sua cabeça.

– Mas eu nunca fui embora...

 



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