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História Céus e Mares - Medo de Altura


Escrita por: dfcrosas

Capítulo 25 - Medo de Altura


Fanfic / Fanfiction Céus e Mares - Medo de Altura


Arco I - Para o Mundo dos Céus
Parte XIV - Vistas inacreditáveis, sensações indescritíveis, subindo, caindo, rodando, por este céu sem fim de diamantes.
 

Por um minuto, Lena e Thalia encararam uma a outra, aturdidas. Então Thalia veio pra frente e a abraçou. "GG?" Ela agarrou o rosto de Lena e pareceu estar examinando tudo nela. "É você mesma?"

"GG?" Lena se atrapalhou. 

"Tuas iniciais," Thalia explicou, as mãos ainda no rosto de Lena como se tivesse medo que ela desaparecesse. Lena também tinha uma expressão esquisita, como se estivesse assustada. Todos sentaram ao redor do fogo. "Achei que estivesse morta."

"O que aconteceu com a nossa família?" Lena perguntou. "Quem te disse que eu estava morta?"

"Você se lembra de alguma coisa?" Thalia perguntou.

Lena balançou a cabeça. "Hera roubou minhas memórias."

Thalia enrijeceu. "Hera? Como você sabe disso?" Lena explicou tudo. Thalia era uma boa ouvinte. Nada parecia surpreendê-la, mas quando Lena mencionou o Rei Midas, ela xingou em grego antigo. "Sabia que deveríamos ter queimado aquela mansão. Aquele homem é uma ameaça. Mas estávamos tão concentradas em seguir Licáon... Então Hera esteve... o quê, escondendo você todos esses anos?"

"Eu não sei. Ela só me deixou memória o suficiente para eu reconhecer o teu rosto. Acho que Hera queria que nós nos encontrássemos."

"GG," Thalia disse, "você não pode confiar em Hera, especialmente já que somos filhas de Zeus. Ela odeia todos os filhos de Zeus."

"Mas ela disse algo sobre Zeus lhe dar a minha vida como uma oferta de paz. E também disse... Bem, ela me pediu que lembrasse que me ama como se eu fosse filha dela. Ela disse que foi minha mãe quando outros recusaram o encargo."

A cor drenou do rosto de Thalia. "Ah, deuses. Nossa mãe não teria... Você não lembra..."

"O quê?" Lena perguntou.

"Olha... É só que... Nossa mãe não era exatamente estável. Ela atraiu o olhar de Zeus porque era uma atriz de televisão, e ela era bonita, mas não lidava muito bem com a fama. Bebia demais. Estava sempre nos tabloides. A atenção que recebia nunca lhe era o bastante. Ela... ela não lidava bem com o fato dos deuses existirem. Foi como a façanha suprema para ela atrair o senhor dos céus, e ela não pôde aceitar quando ele partiu."

Leo observou o rosto de Lena, que tornava-se cada vez mais devastado enquanto Thalia descrevia a mãe delas, e dessa vez, Leo não sentiu inveja da princesa dos céus.

"Então um dia," Thalia contou, "Zeus começou a visitá-la de novo. Ele pareceu... diferente de algum jeito. E ela chegou a melhorar. Ela amava ter ele por perto, sempre queria mais atenção. Foi o ano que você nasceu. Nossa mãe... bem, eu nunca me dei bem com ela, mas você me deu um motivo para ficar por perto. Eu não confiava nela para tomar conta de ti. E claro, Zeus eventualmente parou de aparecer novamente e ela ficou cada vez mais instável. Foi quando os monstros começaram a me atacar. E ela culpou Hera. Ela alegou que a deusa viria atrás de ti também... que Hera mal tolerara o meu nascimento, mas duas semideusas filhas da mesma mulher era um insulto muito grande. Ela queria muito te chamar de Lena, como uma personagem pela qual ela era conhecida, mas Hera exigiu que Zeus te batizasse como a princesa de Corintio. Você tem noção de qual foi o resultado, GG. E nossa mãe apenas te chamava de Lena, sempre puxando briga com a rainha dos céus." 

"Como... Como vocês se separaram?" Piper perguntou.

Thalia apertou a mão de Lena. "Se eu soubesse que você estava viva... Deuses, as coisas teriam sido tão diferentes. Mas, um dia, nossa mãe inventou uma viagem. Nesse lugar... Eu estava segurando a tua mão e ela me disse para voltar ao carro e pegar a cesta de piquenique. Quando voltei... ela estava ajoelhada numas escadas de pedra, chorando. Ela disse... ela disse que Hera te reclamou como filha dela e que você estava morta. Eu tive medo que ela tivesse perdido a cabeça completamente. Corri por todo o lugar te procurando, mas você simplesmente sumiu. Mais tarde brigamos. Finalmente não pude aguentar mais. Eu fugi e nunca mais voltei, nem mesmo quando ela morreu. Achei que nunca mais fosse te ver, GG."

"Ei," Leo disse. "O importante é que vocês tem uma a outro agora, certo? Vocês duas tem sorte."

Thalia assentiu. "Ele tem razão. Olhe para você. Tem a minha idade."

"Mas onde estive?" Lena disse. "Como eu poderia estar desaparecida por todo esse tempo? E as coisas romanas..."

Thalia franziu a testa. "As coisas romanas?"

"Lena fala latim," Piper disse. "Ela chama os deuses pelos nomes romanos."

"Latim," Thalia franziu o cenho. "Zeus falava em latim às vezes, na segunda vez que apareceu. Como disse, ele parecia diferente, mais formal."

"Você acha que ele estava no seu aspecto romano?" Lena perguntou. "E é por isso que me considero filha de Júpiter?"

"Possivelmente," Thalia disse. "Eu nunca ouvi falar de algo assim, mas poderia explicar. Mas como você sobreviveu sem o Acampamento Meio-Sangue? Uma filha de Zeus, ou Júpiter, teria sido caçada por monstros. Eu sei que eu não teria sido capaz de sobreviver sozinha. Você precisaria de treinamento, um abrigo-"

"Ela não estava sozinha," Leo falou sem pensar. "Ouvimos sobre outros como ela."

Thalia olhou para ele estranhamente. "O que você quer dizer?"

Leo lhe contou tudo. "Não tem mais algum lugar para semideuses?" ele perguntou. "Digo, além do Acampamento Meio-Sangue? Talvez algum professor louco de latim tenha abduzido crianças dos deuses ou alguma coisa, os fazendo pensar como romanos."

"Eu estive por todo o país," Thalia refletiu. "Nunca vi evidência disso. Mas falarei com a deusa. Talvez Ártemis nos guie."

"Ela ainda está falando com vocês?" Lena perguntou. "A maioria dos deuses está em silêncio."

"Ártemis segue suas próprias regras," Thalia respondeu. "Ela nos enviou atrás de Licáon. Disse que encontraríamos uma pista sobre uma amiga desaparecida."

"Andy Jackson," Leo supôs. "A menina que Anthony está procurando." 

Thalia assentiu, seu rosto cheio de preocupação.

"Então o que Licáon teria a ver com isso?" Piper perguntou. "E como isso se conecta a nós?"

"Precisamos descobrir logo," Thalia admitiu. "Eu vou levar vocês para o palácio de Éolo."

Thalia subiu montanha acima pela neve. O Treinador Hedge estava saltitando em volta como um feliz bode montanhês, incentivando-os a escalar. Os outros seguiram em silêncio. Eventualmente pararam, subitamente, e Leo se chocou contra Thalia e quase os mandou montanha abaixo. Felizmente, a Caçadora era rápida. Ela equilibrou os dois e então apontou para o alto.

"Aquilo," Leo engasgou-se, "é uma pedra muito grande."

Eles estavam perto do topo de Pikes Peak. Abaixo deles, o mundo estava coberto por nuvens. Pairando no céu estava uma enorme ilha flutuante feita de rocha lilás. Era difícil julgar seu tamanho. As laterais eram como penhascos crivados de cavernas. No topo da rocha, muros de bronze rodeavam uma espécie de fortaleza. A única coisa ligando o topo de Pikes Peak com a rocha flutuante era uma estreita ponte de gelo que brilhava ao luar.

Então Leo percebeu que a ponte não era exatamente feita de gelo, porque não era sólida. Tal qual os ventos mudavam de direção, a ponte serpenteava, borrando e afinando, em alguns pontos até mesmo quebrando em uma linha pontilhada, como o rastro de vapor de um avião.

"Nós não vamos mesmo atravessar isso, certo?" perguntou Leo.

Thalia deu de ombros. "Eu não sou uma grande fã de altura, admito. Mas se vocês querem chegar à fortaleza de Éolo, esse é o único jeito. Nós devemos atravessar em dois grupos. A ponte é frágil."

"Isso é tranquilizador," Leo disse. "Lena, você não pode simplesmente nos levar voando?"

Thalia riu. Então pareceu notar que não era uma piada. "Espere... GG, você pode voar?"

Lena encarou a fortaleza flutuante. "Bem, mais ou menos. É mais como se eu controlasse o vento. Mas os ventos aqui em cima são tão fortes, não sei se gostaria de tentar. Thalia, quer dizer... você não pode voar?"

Por um segundo, Thalia pareceu genuinamente assustada. Então ela controlou novamente sua expressão. "Sinceramente, eu nunca tentei. Talvez seja melhor nos atermos a ponte."

Treinador Hedge bateu no vapor de gelo com o casco, então pulou para a ponte. Surpreendentemente, ela suportou seu peso. "Moleza! Eu vou primeiro! Piper, vamos lá, garota. Eu te dou uma mão." Piper começou a protestar, mas o treinador segurou sua mão e a içou pra a ponte. Quando eles estavam quase na metade, a ponte continuou segurando-os bem. 

"GG, Leo, tomem cuidado onde pisam," Thalia falou. "Ela quase nunca quebra."

"Ela não me conheceu ainda," Leo murmurou, mas ele e Lena seguiram pela ponte.

No meio da subida, as coisas deram errado. Piper e Hedge já estavam sãos e salvos no topo, acenando para eles, mas Leo se distraiu. Uma revelação súbita interrompeu sua linha de pensamento.

"Por que eles tem uma ponte?" ele questionou. "Eles são espíritos do vento. Não podem voar?"

"Sim," disse Thalia. "Mas em algumas ocasiões precisam de uma forma de se ligar ao mundo abaixo. Os espíritos do vento não gostam de se ancorar à terra, mas algumas vezes é necessário. Como agora. Eles sabem que vocês estão chegando."

A mente de Leo estava a mil. Ele estava tão empolgado que quase podia sentir sua temperatura corporal aumentando. 

"Ah, deuses," Thalia disse de repente. "Continue andando. Olhe pros teus pés."

Leo recuou. Com horror, percebeu que sua temperatura realmente estava aumentando: suas calças soltavam vapor no ar frio, seus sapatos estavam literalmente fumegando. E a ponte não gostou. O gelo estava afinando.

"Leo, pare com isso," Lena avisou. "Você vai derreter a ponte."

"Mas, Lena, você não percebe? Hera te chamou de ponte naquele teu sonho," Leo falou febrilmente. 

"Leo, é sério, acalme-se," Thalia disse. "Você precisa esfriar."

"Apenas escutem," ele insistiu. "Se Lena é uma ponte, o que ela está conectando? Talvez dois lugares diferentes que normalmente não tem contato... como o palácio no ar e o chão. Você tinha que estar em algum lugar antes disso, certo? E Hera falou que era uma troca."

"Uma troca." Os olhos de Thalia se arregalaram. "Ah, deuses... Andy!"

Lena franziu o cenho. "Do que vocês estão falando?"

Thalia murmurou algo como uma oração. "Agora entendo porque Ártemis me mandou aqui. GG... ela me pediu para caçar Licáon, pois assim eu encontraria uma pista sobre Andy. Você é a pista. Ártemis queria que nos encontrássemos para que eu pudesse ouvir tua história. Leo está certo. Está tudo conectado. Se apenas soubéssemos onde-"

Leo estalou os dedos e faíscas saíram. "Lena, como você chamou aquele lugar no teu sonho? Aquela casa em ruínas. A Casa do Lobo?"

Thalia quase se engasgou. "A Casa do Lobo? GG, por que você não me contou isso antes? Esse é o lugar onde estão mantendo Hera?"

"Você sabe onde fica?" Lena perguntou.

Em seguida, a ponte se dissolveu. Leo teria caído para a morte, mas Lena segurou sua camisa e o puxou em segurança. Os dois escalaram a ponte e, quando se viraram, Thalia estava do outro lado de um abismo de nove metros. A ponte continuava a derreter.

"Vão!" ela gritou, recuando na ponte que se desintegrava. "Descubra onde o gigante está mantendo o pai de Piper. Salvem-no! Eu vou levar as Caçadoras para a Casa do Lobo e esperar a chegada de vocês. Podemos fazer as duas coisas!"

"Mas onde é a Casa do Lobo?" Lena gritou de volta.

"Você sabe onde é, GG!" Ela estava tão distante agora que eles mal podiam ouvir sua voz sobre o vento. Então ela se virou e correu pela ponte que dissolvia. 

Leo e Lena não tiveram tempo para ficar lá. Eles escalaram por suas vidas, o gelo afinando sob seus pés. Quando chegaram à ilha flutuante, Piper e Treinador Hedge os colocaram a bordo assim que o final da ponte de vapor se dissolveu.

Finalmente eles chegaram ao topo da ilha. Juntos, eles seguiram em frente. Atravessaram as portas da frente para um saguão branco de mármore decorado com estandartes roxo.

"Olá!" Uma mulher flutuou para perto deles. Literalmente flutuou, carregando um tablet branco na mão. "Eu sou Millie, a aura. Vocês vêm em nome do Lorde Zeus? Estávamos te esperando."

"Er..." Lena disse. "Sou filha de Zeus, sim."

"Excelente! Por favor, por aqui." Ela os levou por algumas portas de segurança para outro saguão, consultando seu tablet enquanto flutuava. Eles passaram por um conjunto de portas como uma câmara de compressão. "Ele provavelmente não matará vocês se entrarmos agora. Venham comigo!"

A fortaleza de Éolo era tão grande quanto uma catedral, com o teto alto e abobadado coberto com prata. E não tinha chão. Leo quase caiu no abismo antes que Lena o puxasse de volta.

"Caramba!" Leo engoliu em seco. "Ei, Mellie, que tal um pequeno aviso da próxima vez?"

Uma enorme cratera circular mergulhava no coração do monte. 

"Oh, céus," Mellie arfou. "Eu sinto muito." Ela pegou um walkie-talkie de algum lugar de dentro das roupas e falou: "Alô, cenário? Nuggets? Oi, Nuggets. Você poderia colocar um piso no estúdio principal, por favor? Sim, um sólido. Obrigada."

Poucos segundos depois, um exército de harpias apareceu do buraco, todas carregando vários materiais de construção. Elas foram trabalhar martelando e colando, e usando uma grande quantidade de fita adesiva, o que não tranquilizou Lena. Em um momento estava montado o piso provisório. 

"Isso não pode ser seguro," Lena observou.

"Ah, mas é!" Mellie a assegurou. "As harpias são muito boas nisso."

"Fácil pra ti falar," Leo reclamou. "Você atravessa sem tocar no chão." 

Lena pisou primeiro. Incrivelmente, o chão aguentou. Piper agarrou a mão dela e a seguiu. "Se eu cair, você me segura."

"Hã, claro." Lena esperava que não estivesse corando.

Leo veio depois. "Você vai me pegar, também, queridinha. Mesmo que eu não segure a tua mão."

Mellie os levou em direção ao meio da sala, onde um homem pairava dentro, falando num fone de ouvido. Ele tinha um controle remoto em cada mão e estava apontando-os para várias telas, aparentemente de forma aleatória. Ele vestia um terno que parecia com o céu. Parecia ter uns sessenta anos. Seus olhos disparavam de tela em tela, como se ele estivesse tentando absorver tudo de uma só vez. Ele murmurou coisas no fone. 

Mellie flutuou na direção dele. "Ah, senhor... sr. Éolo, esta é Lena, filha de-"

"Sim, sim, eu lembro," Éolo disse. "Você está de volta. Como foi?"

Lena hesitou. "Desculpe? Eu acho que você me confundiu-"

"Não, não, Lena Grace, não é? Foi... o quê, ano passado? Você estava a caminho para lutar um monstro marinho, creio eu."

"Eu... eu não lembro."

Éolo riu. "Não deve ter sido um monstro muito bom! Mas eu me lembro de cada herói que veio até mim pedir ajuda. Odisseu... Deuses, ele ancorou na minha ilha por um mês! Pelo menos você ficou só por alguns dias."

"Hã... Sr. Éolo," Lena abriu a mochila de ouro. "Nós trouxemos esses espíritos da tempestade arruaceiros."

"Você trouxe! Bem, que legal."

Leo cutucou Lena e ela ofereceu a mochila. "Bóreas nos mandou capturá-los para você. Esperamos que você aceite-os e pare... sabe... de ordenar a morte de semideuses."

Éolo riu, e olhou incredulamente para Mellie. "Morte de semideuses? Eu ordenei isso?"

Mellie checou o seu tablet. "Sim, senhor, quinze de setembro. Uma ordem geral para todos serem mortos."

"Ah, poxa," Éolo disse. "Eu só estava mal disposto. Anule essa ordem, Mellie, e hã, quem é o oficial de guarda... Teriyaki? Teri, leve esses espíritos da tempestade para a cela 14E, sim?" Éolo sorriu para Lena. "Agora, me desculpe sobre esse negócio de mortes. Mas eu realmente estava furioso, não estava?' Seu rosto de repente escureceu. "Sabe... Eu lembro agora. Quase parecia como uma voz que estava me dando aquelas ordens. Uma pequena voz gélida na minha nuca."

Lena ficou tensa. "Uma... hm, voz na tua mente, senhor?"

"Sim. Que estranho. Mellie, nós deveríamos matá-los?"

"Não, senhor," ela disse pacientemente. "Eles nos trouxeram espíritos da tempestade, o que deixa tudo bem."

"Claro," Éolo riu. "Desculpem. Então, vocês me trouxeram alguns espíritos da tempestade. Eu suponho... Obrigado! E vocês querem mais alguma coisa? Eu suponho que sim. Semideuses sempre querem mais."

"Bem," Lena disse. "Estamos em uma missão e precisamos de ajuda."

"Sim. Como da última vez? Como todos os heróis que vem aqui? Semideuses! É sempre sobre vocês, não é?"

"Senhor, por favor, eu não lembro da última vez, mas se você me ajudou-"

"Estou sempre ajudando! Bem, às vezes estou destruindo, mas principalmente estou ajudando, e às vezes eu sou mandado a fazer os dois ao mesmo tempo! Por que Eneias, o primeiro da tua espécie-"

"Minha espécie? Você quer dizer, semideus?"

"Ah, por favor!" Éolo disse. "Quero dizer a tua linhagem de semideuses. Você sabe, Eneias, filho de Vênus, o único herói sobrevivente de Troia. Quando os gregos queimaram a cidade, ele fugiu para a Itália, onde fundou o reinado que eventualmente se tornou Roma, blá, blá, blá. Isso é o que quero dizer." Éolo revirou os olhos. "O ponto é, eu fui jogado no meio desse conflito, também! Juno queria que eu destruísse seus barcos porque não gostava dele. Netuno alegou que o território era dele. Mas Juno insistiu, ela sempre insiste nas coisas. Você acha que é fácil fazer malabarismo com pedidos como esses?"

"Nós só queremos informações," Piper disse com a sua voz mais calma. "Ouvimos falar que você sabe de tudo."

Éolo hesitou. "Bem... isso é verdade, claro. Por exemplo, eu sei que esse plano desajeitado de Juno de juntar vocês todos será um derramamento de sangue. E tu, Piper McLean, sei que teu pai está em sérios problemas. Agora, você, filho de Hefesto... sim, eu vejo o teu futuro. O navio, não é mesmo?"

Leo cambaleou para trás. "Eu... hã... Como..."

Éolo riu. "Será a chave do teu sucesso! Agora, onde estávamos? Ah, sim, vocês queriam informações. Tem certeza disso? Às vezes informações podem ser perigosas." Ele sorriu para Lena como se estivesse insinuando um desafio.

"Sim," Lena disse. "Precisamos encontrar o covil de Encélado."

Éolo sorriu. "O gigante? Por que vocês gostariam de ir lá? Ele é horrível!"

"Ele pegou o meu pai," Piper disse. "E ele também sabe onde Hera está. Se você nos ajudar a achá-lo, conseguiríamos a localização da deusa-"

"Sim," Leo disse, se recuperando. "Se nós a salvarmos, ela será muito grata a ti."

As sobrancelhas de Éolo subiram. "Tudo o que vocês querem de mim é a localização do gigante?"

"Bem, se você pudesse nos levar lá, também," Lena emendou, "seria ótimo."

Éolo inclinou a cabeça como se estivesse ouvindo vozes no fone de ouvido. "Bem... Zeus aprova... Ele diz... ele diz que seria melhor se você pudesse evitar salvar Hera até depois do final de semana, porque ele tem uma grande festa planejada... Afrodite está gritando. Ela diz que eu deveria ajudá-los. E Hefesto... sim. Hmm. Muito raro eles concordarem com algo. Espere..."

De volta para a entrada, Lena ouviu um arroto alto. O Treinador Hedge apareceu com grama em todo o seu rosto. Ele havia pedido que os outros entrassem sem ele pois, aparentemente, estivera faminto. Mellie o viu vindo do chão improvisado e prendeu a respiração. "Quem é aquele?"

Lena sufocou uma tosse. "Treinador Hedge. Uh, Gleeson Hedge. Ele é o nosso... Nosso guia."

"Ele é tão bode," Mellie murmurou.

"E aí, pessoal?" Hedge trotou para mais perto. "Uau, lugar legal." Ele tropeçou quando viu Millie. "Uma aura... Linda como uma brisa de verão."

Mellie corou.

"Tá," o senhor do vento exclamou. "Vocês irão encontrar Encélado no Monte Diablo."

"Montanha do Diabo?" Leo perguntou. "Isso não parece bom."

"Eu lembro desse lugar!" Piper disse. "Fui lá uma vez com o meu pai. Fica a leste da baía de San Francisco."

"Bay Area de novo?" O treinador balançou a cabeça. "Não é bom. Não é bom mesmo."

"Agora..." Éolo começou a sorrir. "Sobre levá-los até lá..." De repente seu rosto fez uma careta. Ele parecia um homem velho e muito assustado. "Ela não fala comigo há séculos. Eu não posso... sim, sim entendo." Ele engoliu em seco. "Sinto muito, filha de Júpiter. Novas ordens. Vocês todos tem que morrer."

"Ordens de quem?" Lena disse. 

Éolo agitou o pulso e à distância, a porta de uma cela se abriu. Lena podia ouvir espíritos da tempestade gritando, voando em espiral na direção deles, gritando por sangue. "Vejam, se ela está acordando... pelos deuses... não se pode negar nada à ela."

Lena pegou a sua espada. Treinador Hedge puxou o seu bastão. 

Mellie gritou: "Não!" Ela mergulhou nos pés assim que os espíritos da tempestade chegaram com a força de um furacão, soprando o chão em pedaços, rasgando as amostras de mármore, carpete e linóleo para o que deveria ter sido projeteis letais, e o vestido de Mellie se espalhou como um escudo e absorveu todo o impacto. Os cinco caíram no abismo, e Éolo gritou por cima deles: "Mellie, você está demitida!"

"Rápido," Mellie gritou. "Filha de Zeus, me ajude." Ela pegou a mão de Lena e uma carga elétrica passou pelo braço dela. Lena entendeu o que Millie precisava. Elas tinham que controlar a queda e ir para um dos túneis abertos. Os espíritos da tempestade estavam seguindo, fechando-se rapidamente, levando com eles uma nuvem de estilhaços.

Lena pegou a mão de Piper. "Abraço em grupo!"

Hedge, Leo e Piper tentaram se amontoar juntos, se segurando em Lena e Mellie enquanto caiam. "Podem vir, sacos de gás!" Hedge gritava para os espíritos da tempestade. "Eu vou pulverizar vocês!"

"Ele é magnifico," Mellie suspirou.

Ela e Lena canalizaram o vento, então a queda foi bem mais suave no túnel mais próximo. A roupa de Mellie inflou sobre seu corpo, Lena e os outros se agarraram a ela desesperadamente e eles começaram a desacelerar, mas os espíritos da tempestade gritavam dentro do túnel atrás deles.

"Não consigo... aguentar... muito," Mellie avisou. "Fiquem juntos! Quando o vento nos acertar-"

"Você está indo bem, Mellie," Hedge disse. "Minha própria mãe foi uma aura, sabe. Ela não poderia ter feito melhor."

"Me manda uma mensagem de Íris?" Mellie pediu.

Hedge piscou.

"Vocês dois podem namorar mais tarde," Piper gritou. "Olhem!"

Atrás deles, o túnel estava se tornando escuro. Lena podia sentir seus ouvidos estalarem com a pressão.

"Não consigo segurá-los," Mellie avisou. "Mas vou tentar agir como escudo, conceder a vocês mais um favor."

"Obrigada, Mellie," Lena disse. 

Ela sorriu e então se dissolveu, envolvendo-os em uma agradável brisa suave. E então os ventos de verdade os atingiram, jogando-os do céu tão violentamente que Lena desmaiou.



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