Mas não podíamos.
Deku estava de volta, do jeito que deveria, do seu jeito único e inigualável. Agarrando forte sua camisa e puxando-o pra mais perto de mim, desconfio de minha sorte, penso que poderia ser a maldita marionete me manipulando igual fizeram a ele, mas... Até mesmo seu choro, a forma como enterra a cabeça em meu peito lotado de machucados, soluçando de culpa por ter feito grande parte deles, é tudo tão dele que qualquer dúvida me parece idiotice.
Izuku esta de volta.
Abro um sorriso largo e suspiro, fechando os olhos e aproveitando o momento de... Glória, triunfo por ter conseguido meu objetivo? Foda-se, quem eu quero enganar? Só estou feliz por te-lo de volta. Depois de mais alguns instantes, os mais longos/curtos da minha vida, me obrigo a afasta-lo.
- Vamos, Deku, temos que sair daqui.
Ele não tira os olhos arregalados e inchados do meu rosto enquanto controla os soluços. O alívio me transbordava e o ato de pensar me parecia impossivel naquela situação. Mesmo com a dor e o desconforto das algemas, nunca estive mais feliz.
- Okay, vamos...
Ele responde pouco depois e sou obrigado a voltar a vida. Izuku pega umas chaves em um de seus bolsos e abre as algemas de meus pulsos, depois as dos meus pés. Testo os movimentos com um suspiro, não sei se vou ser muito útil numa luta.
- São apenas dois guardas, posso acabar com eles sozinho, você espera aqui, ok?
Bufo, ele é vidente ou algo assim? Não posso discutir, a dor me impede até mesmo disso. Espero apenas que ele consiga mesmo livrar nosso caminho...
- Espera... Estamos desacelerando.
Seguro seu braço ao perceber isso, a velocidade do caminhão diminuiu drasticamente, será que nos ouviram?
- Temos que ir, agora.- Ele solta seu braço e me da um ultimo olhar, juntando as sobrancelhas naquela expressao determinada que tanto me irrita. - Ajudem! O prisioneiro está causando problemas!
Imediatamente ouvimos umas exclamações mais altas e as portas da frente são abertas e fechadas bruscamente. Izuku se posiciona na minha frente, com os punhos erguidos, logo em frente as portas do furgão.
As portas se abrem e no mesmo instante Deku pula nos guardas, um deles esta com uma arma de fogo, mas não tem tempo de atirar antes de Izuku arrancar a arma de sua mão e bate-la em sua cabeça. O outro cara agarra-o pela nuca e Izuku grita de dor, vejo o sangue escorrer dos ferimentos que as garras do homem causaram. Tento me mover, mas estou lento demais e assim que me levanto caio novamente.
- Deku! - Grito, tentando avisa-lo, mas é tarde demais e o outro oponente se levanta. Ele estica a mão na direção do rosto de Izuku que vira bruscamente pra uma direção. De início me desespero, achando que seu pescoço se quebrou, mas ele nao demora a voltar o rosto na direção do inimigo, meio tonto.
No momento que o guarda perde, surpreso por Izuku nao ter desmaiado, ele se solta, chutando para tras e acertando o estomago do segundo guarda. Livre, abaixa no exato momento em que seria atingido por outra força invisivel que acaba acertando o guarda atras de si. Izuku agarra as pernas do homem na sua frente e cai no chão com ele, entao lhe acerta um potente soco, lotado de energia, fazendo-o desmaiar.
Zonzo, ele se levanta, e corro (ou tento) para ajuda-lo. Apoiando um no outro, nos obrigamos a andar o mais rápido possível para as portas da frente do furgão. Olho em volta, tentando nos localizar, mas esta escuro e é dificil encontrar um caminho no meio de um deserto como esses. Nao tem nada a nossa volta, nenhuma moradia e nem mesmo árvores. Estamos numa estrada de terra, o que explica os solavancos, mas se forçar um pouco mais a vista seguindo a estrada encontramos um enorme predio escuro.
- Já sei porque eles estavam desacelerando, Kacchan...
Ele murmura, ja em frente a porta do carona. Mais agitado, ajudo-o a se sentar e corro para o banco do motorista. Estavamos sendo levados para outra base...
- Temos que sair daqui! - Exclamo, pela segunda vez no dia. Fecho a porta ao sentar no meu lugar e dou ré no carro para fazer o retorno. Penso seriamente em atropelar os guardas machucados no caminho mas aceito que não temos tempo para isso.
- Hey!
Viro para tras instintivamente, e me arrependo imediatamente. O guarda de perna machucada tinha pegado de volta a arma de fogo do chão e usava para atirar no furgão.
- Cuidado! - Puxo o braço de Izuku com força, fazendo-o se abaixar. Solto o volante e também me abaixo, enquanto as balas voam por cima de nossas cabeças.
As balas param depois de alguns segundos e meu olhar encontra com o de Izuku, numa pergunta silenciosa para me certificar de que ele não tinha sido atingido. Depois disso olho-o com firmeza e volto a levantar e acelero o máximo que posso, tentando sair da mira do homem.
- Acho que... Escapamos...
Nao me viro para responde-lo, mas sei como ele deve estar, ele recebeu um golpe pesado. O efeito do veneno esta passando, então acho que...
- KACCHAN, PARA!
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