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História Chalé 13 - Interativa - Um poodle é nosso guia


Escrita por: LawlietSan

Notas do Autor


Capitulo novo, espero que gostem, me desculpem pela demora, estava viajando hehe. Boa leitura para vocês

Capítulo 17 - Um poodle é nosso guia


Estávamos nos sentindo superinfelizes naquela noite.

Acampamos no bosque, a cem metros da estrada principal, em uma clareira pantanosa que as crianças do lugar obviamente vinham usando para festas. O chão estava repleto de latas de refrigerantes amassadas e embalagens de fast-food.

Tínhamos pego um pouco de comida e cobertores da tia Eme, mas não ousamos acender uma fogueira para secar nossas roupas molhadas. As Fúrias e a Medusa já haviam proporcionado animação suficiente para um dia. Não queríamos atrair mais nada.

Decidimos dormir em turnos. Prontifiquei-me a ser o primeiro a ficar de guarda. Porém Katniss disse que queria ficar de primeira vigia e apresento seus guarda-costas, que eram três lobos, Lua que tinha uma cor prateada e olhos azuis pastel, Coração de gelo, esse parecia ser mais malignos que os outros, tinha cor preto metálico e olhos vermelhos e por último tinha o Nevasca prateadas, era prateado e tinha olhos cinzas, me lembrei deste quando estava com problemas no ônibus. Katherine enroscou-se sobre os cobertores e já estava roncando quando sua cabeça tocou o chão. Grover subiu com seus tênis voadores para o galho mais baixo de uma arvore, encostou-se no tronco e ficou olhando para o céu da noite. E eu me deitei exausto e me cobri, mas com os olhos ainda abertos.

– Vá em frente e durma – disse a Grover. – Acordo você se houver problemas.

Ele assentiu, mas ainda assim não fechou os olhos.

– Isso me deixa triste, San.

– O quê? Ter se juntado a essa missão estúpida?

– Não. Isso me deixa triste. – Ele apontou para todo aquele lixo no chão. – E o céu. Não dá nem para ver as estrelas. Eles poluíram o céu. Esta é uma época terrível para ser um sátiro.

– Ah, sim. Acho que você seria um ambientalista.

Ele me lançou um olhar penetrante.

– Só um ser humano não seria. Sua espécie está entulhando o mundo tão depressa que... Ora, não importa. É inútil fazer sermões para um ser humano. Do jeito que as coisas vão, nunca encontrarei Pã.

– Que Pã?

– Pã! – bradou, indignado. – P-Ã. O grande deus Pã! Acha que quero uma licença de buscador para quê?

Uma brisa estranha faz farfalhar a clareira, encobrindo por um momento o fedor de lixo e putrefação. Trazia o cheiro de frutas e flores selvagens, e de água limpa de chuva, coisas que devem ter existido algum dia naqueles bosques. De repente, senti saudades de algo que jamais conhecera.

– Fale-me sobre a busca – disse eu.

Grover olhou para mim com receio, como se temesse que eu estivesse apenas me divertindo às custas dele.

– O Deus dos Lugares Selvagens desapareceu há dois mil anos – contou. – Um marinheiro vindo da costa de Éfeso ouviu uma voz misteriosa gritando na praia: “Conte a eles que o grande deus Pã morreu!” Quando os seres humanos ouviram a notícia, acreditaram. Estão pilhando o reino de Pã desde então. Mas, para os sátiros, Pã era nosso senhor e mestre. Era nosso protetor, e também dos lugares selvagens na Terra. Não acreditamos que tenha morrido. A cada geração, os sátiros mais valentes empenham a vida para encontrar Pã. Eles esquadrinham o planeta, explorando todos os locais mais selvagens à espera de encontrar o lugar onde ele se esconder e despertá-lo de seu sono.

– E você quer ser um buscador.

– É o sonho da minha vida – disse ele. – Meu pai era um buscador. E meu tio Ferdinando... a estátua que você viu lá...

– Ah, certo, desculpe.

Grover sacudiu a cabeça.

– Tio Ferdinando sabia os riscos. Meu pai também. Mas eu terei sucesso. Serei o primeiro buscador a retornar com vida.

– Espere... o primeiro?

Grover tirou suas flautas de bambu do bolso.

– Nenhum buscador jamais voltou. Depois que partem, eles desaparecem. Nunca mais são vistos vivos de novo.

– Nem uma vez em dois mil anos?

– Não.

– E seu pai? Você não tem ideia do que aconteceu com ele?

– Nenhuma.

– Mas ainda assim quer ir – falei, admirado. – Quer dizer, você realmente acha que será você quem vai encontrar Pã?

– Preciso acreditar nisso, San. Todo buscador acredita. É a única coisa que nos impede de ficar desesperados quando olharmos para o que os seres humanos fizeram com o mundo. Tenho de acreditar que Pã ainda pode estar despertado.

Olhei para o nevoeiro alaranjado do céu e tentei entender como Grover podia perseguir um sonho que parecia tão impossível. Mas, por outro lado, será que eu era melhor?

– Como vamos entrar no Mundo Inferior? – perguntei. – Quer dizer, que chances temos contra um deus?

– Eu não sei – admitiu ele. – Mas antes, na casa da Medusa, quando você estava vasculhando o escritório dela, Katniss me disse...

– Ah, esqueci. Katniss sempre tem um plano todo esquematizado.

– Não seja tão duro com ela, San. Katniss teve uma vida difícil, mas é boa pessoa. – Falou. – Mas como eu estava dizendo, lá na casa da Medusa Katniss e eu achamos em que há algo estranho com esta missão. Algo que não é o que parece.

– Ah, novidades. Estou sendo acusado de roubar um relâmpago que foi Hades quem pegou.

– Não me refiro a isso. As Fú... as Benevolentes pareciam estar se segurando. Como a Sra. Dodds na Academia Yancy... por que ela esperou tanto tempo para tentar matá-lo? Depois, no ônibus, elas não foram tão agressivas quanto poderiam.

– Elas me pareceram bastante agressivas.

Grover sacudiu a cabeça.

– Estavam guinchando para nós: “Onde está? Onde?”

– Perguntavam sobre mim – falei.

– Talvez... mas tanto eu como Katniss e Katherine tivemos a sensação de que não estavam perguntando sobre uma pessoa. Elas perguntaram apenas “Onde está?”, e não onde ele ou ela está. Pareciam falar de um objeto.

– Isso não faz sentido.

– Eu sei. Mas, se tivermos entendido mal alguma coisa a respeito desta missão, e só temos nove dias para encontrar o raio-mestre... – Ele olhou para mim como se estivesse esperando por respostas, mas eu não tinha nenhuma.

Pensei no que a Medusa dissera: eu estava sendo usado pelos deuses. O que me aguardava era pior que a petrificação.

– Não fui sincero com você – contei a Grover. – Eu não me importo com o raio-mestre. Concordei em ir para o Mundo Inferior para poder trazer de volta a minha mãe e me acertar com meu pai.

Grover soprou uma nota suave nas suas flautas.

– Eu sei, San. Mas você tem certeza de que esse é o único motivo?

– Não estou fazendo isso para ajudar meus tios e nem outro deus. Eles não se importam conosco, então eu não me importo com eles.

Do seu galho, Grover olhou atentamente para baixo.

– Olhe, San. Não sou tão esperto quanto Katniss ou Katherine. Não sou tão valente quanto você. Mas sou muito bom em ler emoções. Você está contente porque seu pai está vivo. Sente-se bem pelo fato de ele o ter assumido como filho, e parte de você quer que ele fique orgulhoso. Foi por isso que você despachou a cabeça da Medusa para o Olimpo. Você queria que ele visse o que você fez.

– É mesmo? Bem, talvez as emoções dos sátiros funcionem de um jeito diferente das emoções humanas. Porque você está errado. Não me importo com o que ele pensa e aliás ele tirou minha mãe de mim.

Grover puxou os pés para cima do galho.

– Certo, San. Tanto faz.

- Além disso, não fiz nada demais para me vangloriar. Mas saímos de Nova York e já estamos aqui encalhados sem dinheiro e sem ter como ir para o oeste.

Grover olhou para o céu noturno, como se estivesse pensando no problema.

–Vá dormir um pouco.

Eu quis protestar, mas ele começou a tocar Mozart, suava e doce, e eu me virei para o outro lado, os olhos ardendo. Depois de algumas notas do Concerto para Piano n°12 eu estava dormindo.

*********************************************************

Em meus sonhos, eu estava em uma caverna escura à beira de um enorme abismo. Criaturas cinzentas de névoa se revolviam à minha volta, sussurrando tiras de fumaça que eu, de algum modo, sabia que eram os espíritos dos mortos.

Eles puxavam as minhas roupas, tentando me empurrar de volta, mas eu me sentia compelido a andar para frente, para a beira. Olhar para baixo me dava vertigens. O abismo se abria tão voraz e tão largo, e era tão completamente negro, que eu sabia que não devia ter fundo. Contudo tinha a sensação de que algo tentava emergir dali, algo enorme e maligno.

O pequeno herói, ressoou uma voz em deleite, vinda lá de baixo, das trevas. Fraco demais, jovem demais, mas talvez você sirva.

A voz parecia ancestral – fria e pesada. Envolveu-me como lençóis de chumbo.

Eles o enganaram, menino, disse ela. Faça comigo uma troca. Eu lhe darei o que quer.

Uma imagem tremeluzente pairou acima do vazio: minha mãe, congelada no momento em que se dissolveu em uma chuva de ouro. Seu rosto estava distorcido de dor, como se o Minotauro ainda apertasse seu pescoço. Os olhos me encaravam, implorando: Vá!

Tentei gritar, mas minha voz não saiu. De dentro do abismo, um riso frio ecoou.

Uma força invisível me puxou para frente. Ia me arrastar para o precipício se eu não aguentasse firme.

Ajude-me a subir, menino. A voz ficou mais ávida. Traga-me o raio. Desfira um golpe contra os deuses traiçoeiros!

Os espíritos dos mortos sussurravam à minha volta: Não! Acorde!

A imagem da minha mãe começou a sumir. A coisa no abismo apertou sua garra invisível em volta de mim. Percebi que ela não queria me puxar para dentro. Estava me usando para erguer a si mesma para fora.

Bom, a coisa murmurou. Bom.

Acorde! Sussurraram os mortos. Acorde!

****************************************************************

Alguém estava me sacudindo.

Meus olhos se abriram, e era dia.

– Ah! – disse Katniss. – O zumbi volta à vida.

Eu tremia por causa do sonho. Ainda podia sentir o aperto do monstro do abismo em volta do meu peito.

– Quanto tempo estive dormindo?

– O suficiente para eu preparar o café da manhã – Katherine me jogou um saco de flocos de milho sabor nacho, da lanchonete da tia Eme. – E para Grover sair e explorar. Olhe, ele encontrou um amigo.

Tive dificuldades em focalizar o olhar. Grover estava sentado de pernas cruzadas em um cobertor com alguma coisa felpuda no colo, um bicho de pelúcia sujo e de um cor-de-rosa artificial. Não. Não era um animal de pelúcia. Era um poodle cor-de-rosa. O poodle latiu para mim, desconfiado. Grover disse:

– Não, ele não é.

Eu pisquei.

– Você está... falando com essa coisa?

O poodle rosnou.

– Esta coisa – avisou Grover – é nossa passagem para o oeste. Seja simpático com ele.

– Você pode falar com animais?

Grover ignorou a pergunta.

– San, apresento-lhe Gladiola. Gladiola, San.

Olhei para Katniss e Katherine, calculando que elas fossem rir da peça que eles estavam me pregando, mas elas pareciam extremamente sérias.

– Não vou dizer olá para um poodle cor-de-rosa – falei. – Esqueça.

– San – disse Katniss – eu disse olá para o poodle. Diga olá para o poodle.

O poodle rosnou.

Eu disse olá para o poodle.

Grover explicou que havia encontrado Gladiola no bosque e que começaram a conversar. O poodle tinha fugido de uma família endinheirada do lugar, que oferecera duzentos dólares de recompensa para quem o devolvesse. Gladiola na verdade não queria voltar para a família, mas estava disposto a fazê-lo, se isso fosse ajudar Grover.

– Como Gladiola sabe da recompensa? – perguntei.

– Ele leu os avisos – disse Grover. – Óbvio...

– É claro – retruquei. – Que bobagem a minha.

– Então nós entregamos Gladiola – explicou Katherine em seu melhor tom – recebemos o dinheiro e compramos passagens para Los Angeles. Simples.

Pensei no sonho – as vozes sussurrantes dos mortos, a coisa no abismo e o rosto de minha mãe, tremeluzindo enquanto se dissolvia em dourado. Tudo aquilo podia estar esperando por mim no oeste.

– Não em outro ônibus – disse, cauteloso.

– Não – concordou Katherine.

Ela apontou colina abaixo, para os trilhos de trem que eu não conseguira ver na noite anterior, no escuro.

– Há uma estação da Amtrack a um quilômetro naquela direção. De acordo com Gladiola, o trem para o oeste parte ao meio-dia.


Notas Finais


Bom é isso, espero que tenham gostado, e até a próxima amigos.


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