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História Chamas Negras - The Lost Canvas - O Devorador de Sonhos


Escrita por: Benuzinha

Notas do Autor


Muito obrigada por gastar seus preciosos olhinhos lendo essa fic *-*

Capítulo 9 - O Devorador de Sonhos


- Sabe, eu gostei muito de conhecer Atena. - Elisa comentou assim que entraram na casa.

- Ela é mesmo incrível. - Regulus concordou.

- Depois de vê-la eu entendi porque os cavaleiros dão a vida por ela.

- Parece que ela também gostou de você. – ele sorriu e sentou em uma das cadeiras de madeira –Eu fiquei bem surpreso quando você se ajoelhou e jurou lealdade a ela.

- Para ser sincera eu também fiquei – Elisa também sentou na cadeira ao lado. – Foi uma coisa tão estranha, a presença dela mexe com a gente.

- Foi a primeira vez que esteve frente a frente com uma deusa – ele sorriu. – Por isso ficou tão impressionada.

- Vocês cavaleiros convivem com deuses o tempo todo – ela segurou o queixo com uma das mãos. – E ainda tem poderes inimagináveis. Já estão acostumados, por isso não se impressionam mais. Agora eu, uma pobre mulher de 19 anos...

- Que saiu viajando para outro país caçando salamandras, muito comum mesmo – ele implicou.

- É, deve ser mesmo por isso que eu vim parar no meio dessa confusão toda – ela meneou a cabeça.

- Elisa... – mudou o tom.

- Sim.

- Você pretende se despedir de seus amigos do hospital?

- É verdade. Eu vou passar lá, sim. Sabe, Regulus, foi um deles que falou com Sísifo.

- Como sabe disso? – ele arregalou os olhos.

- O Petros... ele me viu com o Kagaho.

- O quê?! – Regulus quase saltou da cadeira.

- Ele já vinha desconfiando de mim. – ela retorceu aos mãos – E ele me seguiu e nos viu juntos.

- Elisa... – Regulus passou as mãos pelos cabelos.–Você poderia ter sido acusada de traição e... – ele parou subitamente. – Espera, esse espectro, ele também viu o Petros?

- Viu.

- E não atacou ele?

- Bom, ele ameaçou o Petros caso contasse que tinha me visto ali com ele – Elisa respondeu quase sem voz.

Regulus olhou consternado para ela, mas não respondeu nada.

- Espero que isso não te cause problemas – ela falou baixinho.

- Não para mim. – ele deu de ombros – E eu ainda confio em você, mesmo depois de saber tudo isso.

Ao ouvir aquilo, Elisa sentiu sua respiração mais aliviada, porque a confiança dele era algo que ela realmente havia temido perder.

- E vou sentir sua falta - continuou ele. - Já estava acostumado a ter você aqui no Santuário.

Havia um brilho de tristeza no olhar do menino que a fez levantar e abraçá-lo com força. Era fácil esquecer que ele tinha apenas 15 anos.Principalmente porque ele se esforçava para mostrar o quanto era maduro e responsável quando estava com ela.

- Rodorio é pertinho – ela falou antes de soltá-lo. – Mas eu também vou sentir sua falta, sei que não vai sobrar tempo para fazer visitas no meio da guerra.

- Não mesmo – ele sorriu. – Sísifo disse que agora eu vou ter muito mais participação na batalha. Eu vou mostrar que estou pronto pra derrotar qualquer espectro!

- Eu tenho certeza que vai!

Regulus saiu alguns momentos mais tarde e Elisa decidiu aceitar seu convite para acompanhá-la até o hospital.

Quando ele a deixou na porta, Elisa quase pediu a ele que fosse também lá dentro, mas achou que seria covarde de sua parte. A porta gasta de madeira, que a jovem já abrira tantas vezes, pareceu estranhamente intimidadora e ela teve que se segurar para não gritar por Regulus, que já se afastava.

Melina acabava de sair da cozinha e, o sorriso que ela abriu ao vê-la entrar fez Elisa sentir o coração apertar. Uma pequena mentira, decidiu, não faria mal.

- Cheguei.

- Achei que não voltaria mais hoje, Elisa – Melina comentou, mal disfarçando a curiosidade.

- Pois é, eu... tenho uma notícia para dar a vocês – Elisa relanceou o olhar entre ela e Konstantinos, que a olhava dos fundos da sala, sentado em sua mesa.

Elisa olhou para o cômodo, com seus diversos leitos sempre ocupados e a pequena mesa de mogno, espremida no canto, onde o médico sisudo fazia suas anotações.

Naquele momento, ela não pensava no espectro de Benu. Seus pensamentos eram todos para seus amigos do Santuário.

- Elisa – a voz de Melina a despertou de seus devaneios. – O que houve?

- Eu vou ter que sair do Santuário. – disse, por fim.

- Mas o que...

- Por quê?

- O que aconteceu?

Elisa se surpreendeu ao ver que inclusive os pacientes perguntavam o motivo, todos falando ao mesmo tempo. Até mesmo Konstantinos se levantara imediatamente e agora caminhava até ela.

- O que aconteceu, Elisa?

- É que encontraram meu amigo, Thorgan. Ele está em Rodorio e Regulus disse que eu poderei ir vê-lo.

- E você não vai mais voltar? – a voz de Melina soou mais triste.

- Eu acho que não. Eu já abusei tempo demais da hospitalidade de vocês no Santuário.

- Não diga isso – retorquiu Konstantinos. – Você foi de grande ajuda para nós.

- Isso é verdade – Melina concordou.

- Obrigada – Elisa olhou para ambos com gratidão.– Vocês me acolheram tão bem, eu nunca vou me esquecer.

- O mestre Sísifo não me disse que você era tão popular assim.

A voz familiar fez Elisa se voltar na direção do quarto onde Cibele ficava. Altair, a amazona de Águia, estava parada no batente.

- Decidi aproveitar a tarde de folga para visitar minha amiga. – continuou ela – Cibele e eu treinamos juntas há um bom tempo.

- Eu não quis ficar aqui no Santuário sem retribuir de alguma forma. – Elisa respondeu, um pouco tensa. Era difícil conversar com uma máscara sem nenhuma expressão.

- E fez muito bem – a outra respondeu, com sua costumeira voz impassível.– Amanhã eu passarei na sua casa de manhã para buscá-la.

- Tudo bem – Elisa assentiu. – Konstantinos, eu estava pensando em ficar aqui até o final do dia processando as ervas do estoque, tudo bem?

- Ficarei muito grato por isso – respondeu o médico.

E, naquele momento, ela viu em seu olhar que ele sabia que havia mais naquela história do que ela havia contado.

Durante o restante do dia, Elisa preparou o máximo de ervas para infusões, cataplasmas e soluções que conseguiu e as deixou prontas para serem usadas assim que fossem necessárias. Já era bem tarde quando ela voltou para casa e, após arrumar tudo que levaria, o que se resumia a suas anotações, uma muda de roupa e a pequena tigela de barro onde mantinha a salamandra que Kagaho lhe mostrara, ela praticamente caiu na cama e dormiu, exausta.

Assim que o sol mostrou seus primeiros raios, Elisa já estava pronta e abriu a porta no momento em que Altair e mais um jovem guerreiro que ela não conhecia acabavam de chegar. Então finalmente chegava o momento de partir. Elisa olhou para a singela casa em que passara os últimos dias e sentiu um início de saudade.

- Esse é Dédalo, meu pupilo –Altair o apresentou –Ele vai conosco.

- Prazer. – ela estendeu a mão.

- Prazer. Precisa de ajuda? – ele apontou para a parca bagagem.

- É pouca coisa, não precisa se preocupar – ela sorriu. Pelo visto ele era mais afável que a mestra – Obrigada.

Quando já haviam se distanciado alguns metros, um brilho dourado chamou sua atenção. Regulus, da entrada da casa de Leão, acenava. Elisa retribuiu o aceno, pensando se ainda voltaria a vê-lo e voltou a caminhar atrás dos outros dois.

- Estou tão empolgado! – matraqueava o rapaz – É a minha primeira missão junto com a mestra e eu quero mostrar todo meu potencial para Atena e....

Elisa ouvia as palavras do rapaz sem prestar muita atenção e notou que Altair fazia o mesmo, apenas meneava a cabeça ou fazia algum murmúrio de concordância pontualmente. Aquilo a fez sorrir para si mesma e ela sentiu um pouco do peso em seu peito se esvair. Afinal, estava indo para Rodorio encontrar seu amigo e companheiro de viagem, o homem de confiança de seu pai. Aquilo também era uma coisa boa, ela iria novamente voltar para a normalidade de sua vida, mesmo que só um pouco.

 Quando a comitiva já havia saído alguns metros do Santuário e entrou na pequena estrada de terra que levava a Rodorio, Elisa sentiu um arrepio estranho. Insegura, ela deu mais alguns passos e parou, olhando em volta. Estava frio demais ali. Altair também sentira alguma coisa e olhava para todos os lados, alerta.

- O que está acontecendo? – Dédalo perguntou, colocando-se em guarda.
Um barulho muito sutil chamou sua atenção e Elisa olhou ao redor mais uma vez, recuando lentamente para mais perto dos companheiros. A mata ao redor estava muito silenciosa, nem mesmo os grilos ou sequer o vento se fazia ouvir.

- Que maravilha. Um grupinho de guerreiros de Atena fora dos limites do Santuário – soou a voz agourenta.

- Quem está aí? – Altair elevou seu cosmo, pronta para lutar.

- Eu sou Kazuaki de Baku, a Estrela Terrestre da Curiosidade.

- Miserável – Altair grunhiu.- Vocês não deveriam estar todos no céu, no Lost Canvas? – a amazona tentava ganhar tempo para pensar no que fazer.

- Meu senhor Aiacos permitiu que eu viesse aqui para descobrir o que vocês andam planejando – ele parecia bastante satisfeito com aquilo.

- Entendo... – ela se voltou para Dédalo – Escolte Elisa até Rodorio. Eu vou lidar com esse espectro.

- Mas...

- Faça o que eu digo. Agora!

- Está bem. – Dédalo assentiu e, puxando Elisa pelo braço, começou a se dirigir para o vilarejo.

- Não tão rápido. – Kazuaki se colocou no caminho dos dois – Por que não conversamos mais um pouco?

- O que você pode querer com um simples aprendiz e uma garota do vilarejo? Lute comigo! – Altair bradou.

- Está, já que está tão ansiosa para morrer. – o espectro desviou dos dois e investiu na direção da amazona.

Mas que droga, pensou Elisa, olhando para Altair com angústia enquanto Dédalo a puxava na direção oposta. Tinha que ser aquele espectro patrulhando a estrada para Rodorio justo naquela hora? Não poderia ser o Kagaho? No instante que essas palavras se formaram em sua mente, o espectro parou no meio do caminho e se virou para ela com aqueles terríveis olhos amarelos. O cosmo dele aumentou de intensidade e enormes presas de marfim surgiram do chão, impedindo ela e o aprendiz de cavaleiro de avançarem. No instante seguinte ele já estava sobre Altair, que teve que usar toda sua habilidade para desviar. Dédalo tentava quebrar as presas, mas elas eram muito rígidas e, mesmo ele usando toda sua força, só conseguiu arranhá-las superficialmente.

- Posso ver o seu desejo – o espectro falou para Altair – É levar essa garota para Rodorio e cumprir sua missão, para agradar o seu mestre. Mas, infelizmente para você, ele não se realizará.

- Cale a boca! – ela retrucou, irritada e seu cosmo se elevou novamente – Não venha cantar vitória antes do tempo. Sinta o Lampejo da Águia!

O espectro caiu, atingido pela força do golpe e Elisa e Dédalo comemoraram, no entanto, antes que eles pudessem alcançá-a, duas presas afiadas saíram do chão e perfuraram a amazona, sem que ela tivesse chance de se defender. Tomada pelo choque, Elisa caiu sentada no chão de terra e Dédalo não pôde evitar um grito quando o espectro surgiu a poucos centímetros dele.

- E o seu sonho era se tornar um cavaleiro, não é? Mas não se preocupe, no mundo governado por Hades, não haverá espaço para cavaleiros de Atena. Eu só vou adiantar as coisas para você.

Sem coragem para testemunhar aquelas presas terríveis perfurarem o jovem aprendiz, Elisa fechou os olhos.

- E agora você, garota, quero saber o que...

- Fique longe dela! – Altair o interrompeu.

- Então ainda está viva?

Elisa abriu os olhos e viu a amazona, bastante ferida, mas com o cosmo ardendo ferozmente.

- Sinta o meu Vento Cortante da Águia Real!

O espectro foi arremessado por uma poderosa rajada de vento para o meio das árvores e Altair correu para perto de Elisa.

- Corra, Elisa, depressa para Rodorio.

Elisa se levantou e, tentando controlar o tremor em suas pernas, ela se dirigiu para Rodorio.

- Venha, lute comigo. - Altair se preparou.

- Eu adoraria brincar com você mais um pouco. Mas aquela garota me mostrou algo em seu pensamento e eu não posso deixá-la ir.

Novamentre presas surgiram do chão, impedindo que a pesquisadora avançasse. Sem pensar duas vezes, ela mudou seu trajeto e correu para dentro da floresta.

- Mas que ratinha mais escorregadia. – ele grunhiu, olhando-a fugir e foi atingido por mais um golpe de Altair que o fez ir novamente ao chão. – Vou ter que usar algo mais forte em você, pelo visto. Está me dando trabalho demais.

- Eu vou acabar com você, espectro! – Altair se preparou para atacar novamente.

- Esse é o ataque mais poderoso de Baku. - o cosmo dele ardeu de um modo terrível - O Devorador de Sonhos.

Altair sentiu seu corpo pesado e uma névoa pesada invadiu sua mente. O ataque do espectro fazia jus a seu nome. Seus sonhos, suas ambições, seus desejos, foram todos sendo devorados um a um, até que seu corpo nada mais era que uma casca oca.

Sem nenhum remorso, Kazuaki deixou para trás o corpo inerte da amazona e seguiu o rastro de Elisa.

A jovem, que parara para respirar por um momento, olhou em volta, perdida. Não fazia ideia de qual parte da floresta era aquela e, antes que pudesse decidir o melhor caminho a seguir, um movimento surgiu bem às suas costas. Ela conseguiu se jogar no chão, evitando ser pega e, sem parar para tentar entender a situação, ela se levantou e começou a correr novamente. O deslocamento de ar vindo do alto a faz se abaixar um instante antes do espectro tentar atingi-la novamente. Contudo, na terceira investida, Kazuaki finalmente conseguiu acertá-la e Elisa, que não tinha a resistência dos cavaleiros de Atena, caiu sem sentidos.

Ali estava, pensou ele. Aquele pensamento difuso e insistente em Kagaho. Mas o que aquela garota tinha a ver com o Benu? Seria essa a razão daquela pequena comitiva para Rodorio? Fosse qual fosse a explicação para aquilo, ele adoraria ver o que Aiacos, seu cruel comandante, faria a respeito daquilo. E foi com esse pensamento que ele se dirigiu ao barco de guerra que o temível juiz do inferno ocupava no momento.


Notas Finais


Como eu não achei entre os subordinados de Aiacos um espectro capaz de ler os pensamentos, eu inventei esse espectro Kazuaki baseado na lenda japonesa de Baku, um misto de elefante com leão, cavalo, vaca, enfim, uma mistura só e que dizem que ele come os sonhos ruins das pessoas. Esse capítulo acabou tendo um pouco mais de ação para dar uma movimentada na vida da Elisa e eu admito que fiquei com muita, muita dúvida se deixava essa interação dela com o Aiacos na história hehehe mas acho que no fim vai ficar uma coisa interessante. E eu adoro esse Garuda, o bichinho é mau igual o pica-pau hahaha


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