História Change. - What Ive Done

Pov Theo

Liam fica parado como uma estatua abalada. Devo admitir que foi satisfatório enfim quebrar o pescoço de Andrew, mas ver o Liam daquele jeito tirou toda satisfação de mim.

 - Liam. – chamo, mas seus olhos não me veem, há apenas dois corpos na sua frente, de duas pessoas que o amaram. – Ei... – chamo novamente levantando minha mão para tocar seu ombro o que o assusta um pouco e ele me encara como uma criança assustada, os olhos vermelhos e marejados.

Recuo brevemente sabendo que devo lhe dar um pouco de espaço.

- Tudo bem. Eu cuido de tudo. Vá para casa. – digo abaixando para pegar meu celular que estava com Meghan.

A garota não fica nada bonita morta, o que me faz fechar seus olhos e depois verificar se os de Andrew estão da mesma forma. A morte já é assustadora o suficiente no escuro.

You must think that I'm stupid
You must think that I'm a fool
You must think that I'm new to this
But I have seen this all before

Você deve pensar que sou estúpido
Você deve pensar que eu sou um tolo
Você deve pensar que sou novo nisso
Mas eu já vi isso tudo antes

Ligo para Hayden e peço ajuda o que impressionantemente ela aceita avisando que está a caminho.

- Não posso. – Liam diz ainda uma estatua quando desligo.

- não precisa ver nada disso. – digo me voltando a aproximar dele, analisando seu estado nada bom. – Hayden está vindo, sozinha – destaco. – Mason está em casa. Você deveria ir...

- não posso! – ele grunhe entre dentes me fazendo fita-lo. Há lagrimas em seu rosto o que me dói. – eles estão... – funga. – por minha causa estão...

- EI! – o seguro pelos braços o virando para mim, olhando firme em seus olhos – estão mortos por causa deles mesmos. E você? Você não os matou. Pode se culpar o quanto for, mas não é verdade, não é real. A realidade Liam, é que você salva vidas e não as destrói. – engulo em seco. – e eu sou prova disso.

Ele começa chorar. Não acho que tenha mais forças agora e entendo isso, e acho sua força extraordinária.

O abraço forte. Ele não me abraça de volta, esta inerte, mas o deixo chorar.

I'm never gonna let you close to me
Even though you mean the most to me
'Cause every time I open up, it hurts
So I'm never gonna get too close to you
Even when I mean the most to you
In case you go and leave me in the dirt

Eu nunca vou te deixar perto de mim
Mesmo que você signifique tudo para mim
Porque toda vez que eu me abro, dói
Então, eu nunca vou ficar muito perto de você
Mesmo que eu signifique tudo para você
Caso você vá embora e me deixe na lama

Então um engasgo me trás de volta.

Julian.

Ele gospe sangue preto e balança a cabeça, mas não acho que esteja muito consciente.

Me desvinculo de Liam devagar o puxando para o canto e o deixando sentado no chão.

- fique aqui. – digo a ele sem saber se ele me ouve e vou até Julian com pressa.

O desamarro encarando a lamina acima, afiada demais.

Eu poderia matar o Andrew de novo por isso.

Deito Julian no chão frio e tiro minha blusa colocando em baixo de sua cabeça. Seu olhar vai para o meu, fraco, perdido.

- Theo... – diz atordoado.

- Oi. Não fale, vamos resolver isso. – tento conforta-lo, mas sei que é tarde demais. Não faço ideia do que Andrew usou nele e em como cura-lo.

Ele da um riso torto e falho.

- não seja ridículo. – tosse um pouco e faz uma careta. Aperto sua mão tirando sua dor como posso e seu rosto suaviza. – diga a minha tia.. diga a Maria que eu a amo.

- ela sabe disso. – conforto o puxando para meu colo é o mínimo que posso fazer por ele.

- diga que não foi culpa dela. – ele insiste frágil. – minha teimosia fez isso.

But every time you hurt me, the less that I cry
And every time you leave me, the quicker these tears dry
And every time you walk out, the less I love you
Baby, we don't stand a chance, it's sad but it's true

I'm way too good at goodbyes

Mas quanto mais você me machuca, menos eu choro
E a cada vez que você me deixa, mais rápido estas lágrimas secam
E a cada vez que você vai embora, menos eu te amo
Meu bem, não temos chance, é triste, mas é verdade

Eu sou bom até demais em despedidas

- Julian...

- sei o que vai dizer. – suspira devagar, a pele suada e pálida me faz sentir doente. – mas eu não sou inocente também, eu mereci isso.

- pare. Ninguém merece isso, muito menos você. – aperto sua mão, culpado - E eu... sinto muito por te trazer a isso.

Julian sorri, os olhos brilhando escuros.

- pode parecer estranho, mas... – tosse. – estou feliz que tenha. Eu tive vontade de viver em bando depois de muito tempo. Uma luz no meio da escuridão.

- não sou o melhor bando. – tento descontrair sem muito sucesso, mas ele se força a sorrir.

- você foi o melhor para mim. – ele me olha fixamente como se enfim conseguisse me ver nitidamente. – Obrigado. – sua voz falha, os olhos brilham mais antes de apagarem se fechando e ele parar de respirar.

I know you're thinkin' I'm heartless
I know you're thinkin' I'm cold
I'm just protectin' my innocence
I'm just protectin' my soul

Eu sei que você está pensando que eu não tenho coração
Eu sei que você está pensando que eu sou frio
Eu estou apenas protegendo minha inocência
Estou apenas protegendo minha alma

Abaixo minha cabeça sobre ele me permitindo sentir sua perda, há uma dor estranha em minha alma, algo que não pensei que sentiria de novo. Remorso, talvez?

- não me agradeça por te matar idiota. – resmungo mesmo que ele não possa mais me ouvir.

But every time you hurt me, the less that I cry
And every time you leave me, the quicker these tears dry
And every time you walk out, the less I love you
Baby, we don't stand a chance, it's sad but it's true

I'm way too good at goodbyes

Mas quanto mais você me machuca, menos eu choro
E a cada vez que você me deixa, mais rápido estas lágrimas secam
E a cada vez que você vai embora, menos eu te amo
Meu bem, não temos chance, é triste, mas é verdade

Eu sou bom até demais em despedidas

Enterrar Andrew e Meghan foi fácil comparado a entregar o corpo de Julian a Maria.

No meio do grande galpão ela se aproximou e se ajoelhou para vê-lo. Yara e Daniel ficaram um pouco atrás, eu a frente, entre eles.

Agradeci por Liam ter ido com Hayden para casa.

In this farewell
There's no blood
There's no alibi
'Cause I've drawn regret
From the truth
Of a thousand liesIn this farewell
There's no blood
There's no alibi
'Cause I've drawn regret
From the truth
Of a thousand lies

Nesta despedida
Não existe sangue
Não existe álibi
Porque eu estava fadado ao remorso
Da verdade
Por trás de milhares de mentiras

- meu belo e tolo sobrinho... meu Julian... – Maria chora baixo – me perdoe...

- Maria, ele queria que soubesse. – digo hesitante. – ele pediu para dizer que te ama e que não foi culpa sua.

- claro que ele diria algo assim. – murmura ela entre o choro.

- sinto muito mesmo. Sei que o Liam também sente. Nós nunca...

- chega Theo. – Dan me corta frio. Tanto ele quanto Yara choram, ele mais silenciosos que ela. – Suas desculpas não vão traze-lo de volta.

Concordo com a cabeça, derrotado.

So let mercy come
And wash away

What I've done
I'll face myself
To cross out what I've become
Erase myself
And let go of
What I've done

Então deixe a misericórdia vir
E me fazer esquecer

O que eu fiz
Eu vou enfrentar a mim mesmo
Para apagar o que me tornei
Apagar a mim mesmo
E deixar ir embora
O que eu já fiz

Dan se solta de Yara e vai até a mãe ainda ajoelhada e toca suas costas.

- Vamos mãe, vamos leva-lo pra casa. – diz solidário.

- ele está em casa Dan. – Maria diz entre lagrimas. Me lembro então que na verdade Julian nasceu ali.

- ele pode ter nascido aqui. – Yara interfere passando por mim indo até sua família – Mas sua casa sempre foi conosco. Com você. – diz para Maria que a olha quase impressionada e depois assente.

Ela respira fundo e se levanta.

- Vamos para casa. – solta decidida.

Eles assentem e Dan pega o corpo de Julian o levando para fora sem olhar para trás. Yara me encara quando passa, mas não há ódio em seu olhar, apenas tristeza.

Put to rest
What you thought of me
While I clean this slate
With the hands of uncertainty

Esqueça tudo
O que você pensou de mim
Enquanto eu recomeço
Com as mãos da incerteza

Maria para ao meu lado e com os olhos avermelhados em seu castanho café pergunta:

- ele está mesmo morto? O caçador.

- sim.

- bom. – levanta o queixo. – bom. – reafirma.

Não consigo dizer nada, apenas encara-la.

- acho que não vamos nos encontrar de novo Theo Reaken.

Algo em meu peito se aperta.

- pode não ser reciproco, mas foi um grande prazer conhecer você e sua familia Maria. Vocês me mostraram como as pessoas podem ser diferentes.

- diferentes de quem?

- de mim. – aperto os punhos e sinto as lagrimas queimarem minha garganta. – Diferentes e boas.

Ela me da um olhar de compaixão apertando os lábios.

- agradeço por me dizer isso Theo, mas você tem razão. Não é reciproco. – diz pesado e então se vira e vai embora.

So let mercy come
And wash away

What I've done
I'll face myself
To cross out what I've become
Erase myself
And let go of
What I've done

Então deixe a misericórdia vir
E me fazer esquecer

O que eu fiz
Eu vou enfrentar a mim mesmo
Para apagar o que me tornei
Apagar a mim mesmo
E deixar ir embora
O que eu já fiz

Sei que é a ultima vez que os verei, então fecho os olhos e fico ouvindo seus últimos sons: passos, choros discretos e a caminhonete alugada derrapando os pneus na estrada para longe.