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História Chanyeol procura um kitnet - Capítulo Único


Escrita por: LadyCandy

Notas do Autor


Olá! Minha capa tá um lixo, se alguém quiser me dar uma capinha eu vou ficar muito, muuuuito feliz.
É isso....
Minha primeira one Chansoo!
Espero que gostem.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Chanyeol era a melhor pessoa que eu já tive ao meu lado.

Isso era lógico, porque mais eu decidiria morar com ele?

Ele as vezes era barulhento, tinha umas manias estranhas de ficar me cutucando quando eu não lhe dava atenção, ou de me acordar pulando em cima de mim, me abraçando com braços e pernas, depois pulando comigo entre seu aperto e me girando... o que me fazia acordar já querendo chutar, matar, esfolar ele vivo... Ele também adorava gritar do nada.

Sério, DO NADA! Do mais absoluto nada ele decidia que estava com vontade de esgoelar uns sons altos... e fazia.

As vezes parecia uma arara, ou um bicho desconhecido ferido...

Eu sempre me perguntava porque desisti de minha paz morando sozinho, para morar com ele.

Chanyeol era maluco, sério!

As vezes ele também roubava minha comida, tipo, minha ultima batata frita ou aquela garfada mais gostosa que você vai guardando para o final... E isso me fazia querer MATAR ele, sério.

Outras vezes ele ficava correndo pelado pelo apartamento porque esqueceu a toalha, e molhando tudo, ao invés de me chamar como uma pessoa normal.

Ou então eu o chamava para buscar uma toalha e ele me ignorava, ou ficava me olhando e rindo, do outro lado do corredor, segurando a toalha, mas me obrigando a molhar tudo e ir até ele buscar.

Nesses momentos eu até sentia raiva a princípio... mas não vou mentir que era gostoso ser abraçado todo nu, me secando em suas roupas cheirosas, recebendo beijos e caricias que... me fariam nem querer a toalha no final.

Os lençóis iriam ficar molhados de suor mesmo!

No fim eu sempre tinha que tomar outro banho.

Ele também tinha uma mania constrangedora de se prender ao meu pescoço, como um sanguessuga, quando estávamos em lugares públicos como... o mercado.

E eu podia tentar fugir, mas ele me segurava, e me beijava ou cheirava igual.

Pelo menos ele tinha parado com a mania de deixar marcas no meu pescoço, era bem complicado ser respeitado no trabalho quando olhar para você se tornava um constante lembrete do que você e o seu parceiro deviam fazer no tempo livre.

Chanyeol também adorava me distrair sempre que o leite tava fervendo, ou me segurar longe da panela para que eu gritasse desesperado com ele... ele até limpava, mas... desnecessário.

Chanyeol era muito infantil.

E sempre esquecia de encher as garrafas d’agua na geladeira.

Também sempre esquecia de comprar algo da lista, porque sempre esquecia de levar as porra da lista que eu tinha passado uma hora fazendo, brincando de fingir que tinha memória enquanto tonteava entre as prateleiras do mercado.

Resumindo: Chanyeol tinha vários defeitos. Inúmeros. Infinitos. Defeitos que as vezes tornavam a convivência complicada, complicada de verdade.... Mas eu nunca quis, de maneira nenhuma, deixar de morar com ele, ou trocar de “colega de quarto”. Eu nunca nem se quer pensei em terminar, mesmo quando ele comeu meu último bolinho de queijo, quando a gente já tinha separado igualmente! E eu AMAVA bolinhos de queijo.

A desculpa dele de que, por ser maior, precisava comer mais era ridícula.

Enfim, eu suportava pacientemente suas falhas.

Não querendo dizer que eu era superior ou uma fada da paciência... ele também suportava muita coisa e fazia muito por mim. Quero dizer... tá, eu sabia que era muito eficiente em ser um pé no saco também. Chanyeol era todo zen e crianção, e por ele a casa podia cair que, desde que a cama e o videogame estivessem lá, tava tudo certo. Então eu, gentilmente, puxava a sua orelha e esfregava na sua cara que ele era um imundo e que ele tinha que limpar a casa comigo porque ele não era mais um adolescente.

Ai ele reclamava, dizia que eu era um pé no saco, que eu não deixava ele em paz, eu ameaçava martelar o videogame dele e ele começava a berrar como um cabrito – literalmente, ele era bem maluco... acho que na mente dele fazer sons irritantes era a melhor resposta, como uma vingança, eu o irritava e ele me irritava de volta.  

Funcionava.

Mas no fim... ele me ajudava a limpar a casa e ainda sussurrava no meu ouvido o quanto amava me ver bravo.

O que ainda contaria como defeito dele, e não meu... se eu não fizesse isso pelo menos 3 vezes na semana, enquanto para ele uma vez bastava.

Eu gostava da casa limpa.

Mas também não obrigava ele a limpar a casa toda em um dia só! Para isso existia o domingo quinzenal de faxina pesada.

Mas a louça era sempre dele, eu cozinhava.

Eu também obrigava ele a tomar banho antes de dormir, não importa o quão cansado estivesse, porque odiava os lençóis sujos. Mas em minha defesa, eu dava banho nele quando ele estava cansado demais, e, se a gente passasse o fim de semana em casa, e estivesse muito frio, e ele não quisesse sair da cama... eu deixava a gente pular um dia.

Mas se houvesse sexo já era, B A N H O obrigatório.

E troca de lençóis, porque... né?

Resumindo, eu também enchia o saco dele, e em coisas além das que eu notava provavelmente.

Eu tinha defeitos.

Mas nós éramos bons em... lidar com isso, ficar ok...

Nós éramos bons em nos entender e nos aturar. E a gente gostava de se aturar, porque, além das partes ruins... a gente se amava, e curtia a companhia um do outro.

Ou pelo menos era o que eu pensava.

Mas talvez fosse algo que eu pensava sozinho, porque naquela tarde de domingo, quando peguei o laptop de Chanyeol emprestado (apenas por estar mais perto) enquanto ele estava buscando o sobrinho no futebol para ajudar a irmã... eu vi que ele tinha deixado varias abas de pesquisa abertas.

Varias.

E em todas... Casas para alugar. Casas não... Kitnets. Aquela horrorosa e sugestiva junção de sala, quarto e banheiro.... cara de gente solteira.

Certo, na manhã anterior tínhamos brigado por conta de louça na pia que ele não queria lavar por estar cansado, aí ele disse que parecia que ele tinha voltado a viver com a mãe dele e tal... e tá que a discussão terminou com ele lavando a louça puto, e resmungando, e depois não teve sexo nem nada porque estávamos atrasados para o trabalho. Quando voltamos eu tava cansado, então nem prestei muita atenção nele, fiz o jantar, LAVEI AS PANELAS, facas e tudo o que usei para cozinhar, deixei apenas os pratos e as travessas de servir para ele. O normal.

ERA NORMAL!

Fui tomar banho e não fiquei com ele na cozinha, conversamos pouco no jantar porque, certo, eu devia notar que ele estava anormalmente quieto... mas eu tinha tido um problema no trabalho e tinha que tentar resolver, então estava pensando em maneiras! A gente até tinha falado sobre isso no carro! Depois do banho eu fiquei no meu computador, na sala, ele no dele, no quarto. No fim, eu terminei o arquivo que salvava minha vida perto das 4 da matina, enviei, beijei sua bochecha já adormecida, muito feliz por ter resolvido... e dormi também.

Quando acordei ele tinha saído, mas não me importei porque sua irmã tinha quebrado o carro, então eu sabia que ele tava servindo de carona por um tempo. E também sabia dos horários de seus sobrinhos...

Eu sabia que meu namorado estava sobrecarregado essa semana, sabia que ele estava cansado, e mesmo assim pressionei... mas sei lá! Eu também estava! Tinha mil coisas ocorrendo no trabalho com o furor do fim do ano... Todo mundo queria resolver tudo antes das férias!

Será que eu ia passar meu natal solteiro?

Não...

Ok, assim que vi aquelas abas, meu primeiro pensamento foi: Não, não pode ser pra ele.

Mas porque mais ele tava pesquisando tanto? E as localizações ainda eram todas perto do trabalho dele!

Porra.

Certo, podia ser para um ou uma colega... o que me fazia questionar o porque dele se esforçar tanto por um/uma colega, tipo... ele costumava me contar as coisas!

Porque não me contou isso? Porque nem se quer comentou?

E, admito, traição cruzou rapidamente minha mente.  Eu não pensava que Chanyeol poderia me trair, a gente não tava especialmente distante... mas a gente brigava né? E...

Eu também não pensava que ele estivesse procurando casa!

Tentei pensar racionalmente, não me desesperar.... mas, tipo... Chanyeol mudar de casa não significava apenas não ter mais ele dormindo comigo toda noite ou perder sua companhia irritante – mas apreciada – em todas as horas que não estivéssemos trabalhando... não. Se ele decidisse se mudar... significava termino. Significava que ele tava planejando terminar.  

E terminar significava... sem Chanyeol fazendo som de gralha no meu ouvido, para SEMPRE!

Sem Chanyeol me cutucando para me mostrar vídeos no celular, sem Chanyeol, sei lá.... respirando! Eu amava ter ele só respirando ao meu lado, já bastava! Eu só precisava dele perto.

Podia nem fazer nada, sério! Eu só precisava saber que ele estava ali... e se não estivesse, eu só precisava saber que ele ia voltar.

Meu deus... como seria não ter Chanyeol entre meus braços?

Eu amava até as brigas toscas sobre que série íamos ver, que sempre terminavam com ele fazendo algum som bizarro no meu ouvido e eu querendo matar ele, o que muitas vezes, no fim, fazia com que a gente não assistisse nada e só fosse cada um para seu lado ver suas próprias coisas. Mas então a desavença terminava com ele me mostrando algum vídeo, ou eu começava a assistir algo, e ele se interessava, se agarrava em mim como um coala me obrigando a voltar tudo pro começo e rever, mas agora com ele.

Eu logicamente aceitava, porque e daí que eu estava curioso para o fim? Chanyeol veria agarrado em mim (pelo menos até eu o empurrar para longe, por estar quente, ou desconfortável) e dividiria teorias comigo, ficaríamos curiosos juntos.  

Porra....

Talvez eu devesse ter brigado menos. E daí? Ele podia lavar a louça quando voltasse! Era só uma colher mesmo...

Mas eu sabia que não era a louça.

Eu devia ter cansado ele. Não só por ser chato... talvez ele estivesse cansado de mim.

Já faziam o que? Sete anos que estávamos juntos? Iam fazer sete! Quando nos conhecemos eu ainda estava na universidade, e ele mal conseguia pagar a própria gasolina com seu primeiro emprego.

E daí que cada um desses anos me fez o amar mais e mais? Ele podia mesmo ter cansado... Ele sempre gostou de variar, sempre foi de pegar geral... Ele costumava sempre provar novos sabores de sorvete, toda vez que a gente saia! Ele adorava provar coisas novas...

Eu era um sabor conhecido demais.

Meu deus.

Perceber que Chanyeol podia estar enjoado de mim doeu mais do que pensar em uma traição.

Porra... traição me parecia surreal, eu confiava demais naquele cara, sabia que ele odiava traição. O casamento dos pais dele acabou por isso, sua primeira namorada o traiu, ele prometeu que nunca faria isso com ninguém... Então, tipo, Chanyeol traindo parecia paranoia sem lógica da minha mente.

Chanyeol enjoando de mim parecia bem real.

Mas ele não teria cansado de uma hora para outra! Quero dizer, tá, essa semana ele tava mesmo cansado, e a gente tava tão atarefado que a conversa era pouca... mas tipo, na última vez que a gente fez sexo.... quando foi mesmo? Na... terça... retrasada?

Enfim, fazia um tempo, mas a gente ainda dormia abraçado, a princípio, estávamos ocupados e não éramos mais um casal recém apaixonado copulando loucamente.

Porra, eu devia ter percebido que a gente não tava transando o bastante!

Mas no sábado que precedeu a terça nós gozamos pelo menos 5 vezes, cada um, sério, tiramos o dia pra brincar com o corpo um do outro... e no domingo ficamos agarradinhos maratonando série.

Será que foi tudo mentira? Será que seu prazer tinha sido só isso? Ou seu desejo tinha baixado depois?

Se bem que na quarta dessa semana Chanyeol até tinha tentando começar algo, mas eu tava tão ocupado...

Eu não devia ter negado.

Talvez foi isso...

Talvez foi antes.

Talvez faz tempo, e eu só nunca percebi...

Ok, tinha esfriado um pouco nos últimos dois anos desses 5 que moramos juntos, tipo, não esfriado, nunca enfriou mesmo... mas tinha momentos bons e momentos ruins.

Não era normal ser assim?

Puta que pariu.

Eu não conseguia entender... agora só eu quem sentia toda aquela energia correndo pelo meu sangue quando estávamos juntos? Só eu que ainda queimava com seus toques? Só eu perdia totalmente minha cabeça com nossos beijos?

Chanyeol... podia mesmo ter deixado de me amar ou... decidido que o amor já não bastava?

Será que ele tava decidido? Ou será que foi só um pensamento na raiva?

Mas porra... tinham muitas abas abertas.

Tava difícil respirar... o ar não parecia mais saber como entrar nos meus pulmões de forma satisfatória.

Ouvi a chave girar na porta de frente, Chanyeol sempre fazia muito barulho. Ele nunca era discreto... Porque estava sendo quanto a casa?

E não tinham desculpas, ele tava procurando casas minúsculas, a gente nunca caberia em uma, não os dois!

Porra...

– Soo? – Escutei ele chamar, me procurando pela casa e provavelmente vindo para o quarto.

Limpei meus olhos, fechei seu computador e joguei pra longe no colchão, eu não queria que ele soubesse que eu sabia, eu não queria que se tornasse um confronto... vai que ele decidia me contar seu plano? Não, eu precisava atrasar isso, me dar mais tempo, obriga-lo a... sabe. Talvez ele mudasse de ideia, talvez, se eu me portasse melhor...

Chanyeol não podia ir embora.

– Soo? – Agora ele não chamava mais, era uma legitima pergunta, ele me encarava notando que eu estrava estranho.

Seu corpo enorme passando pela porta do nosso quarto... que talvez em breve não seria mais nosso... porra. Eu amava ver ele entrando! Até porque geralmente ele se jogaria sobre o edredon para me beijar, ignorando meu mal humor se fosse o caso, ou aproveitando meu raro bom humor...

Porque eu tinha que ser tão chato?

– Aconteceu algo? – Perguntou preocupado, encostando as costas enormes no nosso guarda roupa, me examinando com seus doces e dissimulados olhos... provavelmente estranhando não meu silencio, meu silencio era comum, mas devia mesmo ser estranho me ver sentado na cama, o encarando com a cara do mais completo exaspero.

Eu não sabia como deveria agir.  

– Como foi com seu sobrinho? – perguntei após um breve período de silencio, talvez tenha sido muito súbito, ele até pulou de susto... me obriguei a sorrir.

– Foi... tudo bem, ele perguntou de você, e... um dente caiu... sério Soo, o que foi?

Seu tom preocupado me irritou.

Cadê a preocupação quando pensou em me largar? Parecia, na real, bem empolgado buscando casa em vinte abas diferentes.

– Nada amor! O que quer comer? – Perguntei tentando lhe lançar meu mais belo e amplo sorriso, mesmo que por dentro eu me sentisse completamente despedaçado.

– Amor? – E não, ele não me chamou de amor, só parecia estranhar o uso da palavra.

Claro, outro defeito meu... eu não o chamava de amor, eu nunca era carinhoso o bastante.

– Quer lasanha para o almoço? – Ofereci. Chanyeol amava lasanha, comeria todo dia se eu não o segurasse POR ME PREOCUPAR COM SUA SAUDE.

Mas acho que ele não gostava que eu ficasse o proibindo das coisas.

– Lasanha? Tá, mas... você não tá com o humor de quando faz lasanha. Quero dizer, eu... nem fiz nada de bom, e a gente... nem transou também. – Ele pensava alto, eu apenas mantive meu sorriso, tentando não ser grosso e soltar um: “agora eu preciso de motivo pra fazer lasanha? Só fica feliz merda!”

Na verdade, a culpa era minha.... eu devia ter feito mais lasanha só para agrada-lo.

Tá, a família dele tinha histórico de infarto, o avô dele morreu assim e o pai teve 4 princípios e um real, saiu vivo, mas assim... teve cirurgia, custos... nossa poupança para a casa própria sofreu bastante.

Não que eu reclame, claro! Mesmo o pai do Chanyeol sendo um mala, eu nunca iria querer ver ninguém morto, e muito menos o cara que eu amo mal.

Mesmo eu amando sozinho.

O pai dele ‘tava devolvendo o dinheiro aos poucos, quando lembrava... mas enfim, essa não é a questão. A questão é que eu estava TENTANDO manter Chanyeol fora de risco após olhar seus exames... o colesterol dele era maior que o de uma pessoa obesa!

Enfim, mas... uma vez na vida, né? E ele gostava tanto... e especificamente da minha lasanha.

– Só... estou com vontade de fazer. – Me expliquei, inocente.

– Algo.... algo aconteceu? É... é alguma noticia ruim? Você tá com cara de quem chorou Soo, o que foi?

– Foi só um filme que eu tava vendo... um filme triste. – Inventei.

– Um filme? – Estranhou.

– É. – Confirmei, e Chanyeol relaxou o rosto, acreditando, por ser aquela criatura pura e retardada que era.

Talvez não pura... dissimulado era o nome.

A gente nunca realmente conhece o cara que dorme ao seu lado... numa hora diz que te ama e na outra procura kitnets.

– Então... Não quer que eu peça comida e dai a gente assiste algo feliz? Ou que eu faça... salada com peixe? – Ofereceu.

Salada era o que eu costumava fazer pra ele, para jantar no caso, salada com várias folhas, azeite rico em HDL, file de peixe branco, tomates, cenoura e beterraba raladas, rabanetes... essas coisas. Era bem fácil de fazer, enchia, e eu fingia que amava para justificar.

Me senti tentado a aceitar, porque, bem... Mesmo ele querendo me largar, eu ainda queria Chanyeol com veias desimpedidas e operantes.  

Mas fazia muito tempo que eu tava dando uma segurada na gordura... eu tava até fazendo comida para ele levar pro trabalho! Era cansativo pra porra, mas só assim pra obrigar ele a comer coisas decentes. E eu ouvia reclamação ainda! Ele achava que a mão ia cair por lavar uma loucinha... mas ok.

– O que quiser amor... Lasanha.... bife acebolado, estrogonofe, yaksoba, kimchi... – Abri o leque de opções.

– Tem ingrediente pra todos esses pratos? – Estranhou.

– Eu posso ir no mercado.

– Sozinho?

– Se preferir.

E mesmo que Chanyeol me enchendo de perguntas irritasse, foi pior quando ele parou, me esquadrinhando com uma sobrancelha erguida.

– Não querendo parecer ingrato ou chato Soo, você cozinha muita coisa boa para mim, mas... tem certeza que... não tem um motivo por traz disso?

– Só escolhe... amor. – Completei com uma palavra carinhosa, para disfarçar que eu quase perdia a paciência.

Porque, né? A gente nunca sabe quando Chanyeol decide fazer a trouxinha e deixar a gente.

Chanyeol estremeceu com meu tom e passou a olhar todo o quarto, provavelmente procurado o motivo nele, já que não encontrava em mim. Foi quando seus enormes e inconvenientes olhos se prenderam ao computador sobre a cama.

– Você... Você estava olhando a fatura do cartão de credito de novo? É isso? – E seu corpo subitamente ficou curvado, o tom temeroso... Eu até diria que não, para o tranquilizar e ser uma pessoa melhor, que trata seu amor com carinho e não briga por louça... mas foi maior do que eu me manter calado e esperar ele se incriminar com o que quer que fosse.

Sob meu silencio, Chanyeol logo despejou tudo:

– Ok, eu comi no MC Donald’s três vezes na semana passada, e nessa, mas foi coisa de uma só vez, eu juro!

Como três vezes multiplicado por dois seria coisa de uma só vez eu não sei, mas preferi não falar nada para não atender meu desejo profundo de brigar com ele... deixei que continuasse:

– Eu amo sua comida Soo, juro! Mas as vezes fico com fome e... essa onda natural que você tá é ótima, juro que te apoio, mas eu sinto tanta falta de... sabe?

“Gordura trans? Morrer antes dos 40?”, completei em minha mente, mas me obriguei a sorrir.

– Tudo bem amor, eu entendo... seria bom que cuidasse melhor de sua saúde, visto que seu pai teve um infarto ainda esse ano... Mas entendo.

Chanyeol arregalou os olhos, a postura mudando novamente.

No meio de seu drama ele tinha acabado de joelhos e com as mãos juntas, era outra de suas adoráveis manias: Ser exagerado.

Mas, agora, ele estava novamente em pé, rondando a cama, me encarando como se eu fosse um ser estranho sobre nossos lençóis.

– Foi algo que eu fiz? – Perguntou, me fiz de desentendido:

– Eu só quero fazer algo pra gente almoçar. – Respondi, calmamente.

Ele voltou a esquadrinhar o quarto.

Quando finalmente percebeu que não havia nada diferente, provavelmente esquecendo que tinha deixado as abas abertas, Chanyeol parou, brusco, o corpo tenso.

Seu rosto virou para mim, tão devagar que ele quase pareceu um robô.

Esperei.

– Você está me amaciando para me dar uma notícia ruim né? O que foi Soo?

Levantei da cama, cansado de toda essa desconfiança da pessoa que nem realmente devia estar assim.

Eu quem devia.

Antes que eu passasse para a cozinha, Chanyeol me impediu, colocando sua enorme mão espalmada sobre meu peito.

– Espera... – Pediu. – É uma promoção? Vamos ter que mudar de cidade de novo?

Revirei meus olhos.

Ele, tão ridículo, falando em mudança... e no plural.

– Você queria que eu fosse promovido? – Deixei escapar, mas me segurei antes de completar com um: “para ter uma boa desculpa pra sair de casa e morar só num kitnet?”

Chanyeol, como sempre, parecia embaralhado. Olhou para mim, depois para um ponto vazio no espaço, depois para mim de novo. Quando voltou a falar, parecia pesar cada palavra:

– Ora... Eu quero que você cresça na vida profissional, e para onde você for eu vou.... Mas é só que... tem a parte ruim da mudança né? E eu teria que transferir de novo... ou achar um novo emprego... – “Ou ficar.” Eu completei em minha mente.

Mas então voltei para a frase: “para onde você for eu vou”. Se Chanyeol não pretendia – ou fingia não pretender – morar só... Para que o Kitnet?

Isso me irritou.

– Não tem nenhuma promoção, e eu já to em Seul, não tem mais pra onde ir. – O interrompi, tentando me desvencilhar do seu braço e ir para a cozinha.

Meu tom foi um pouco áspero, Chanyeol se afastou com isso, o rosto novamente confuso. Eu sei que tinha decidido ser doce e me portar melhor, mas a palavra traição voltou a passar pela minha mente... Porque Chanyeol queria um maldito kitnet?

Marchei para a cozinha e, quando fui abrir a geladeira para começar meu trabalho, Chanyeol segurou minha mão.

– Pode... só me dar um beijo antes? – Pediu suave, o tom temeroso, os olhos pidões e, se ele fosse um cachorro, suas orelhas com certeza estariam baixas.

Suspirei, lhe dando um selinho e voltando minha atenção a geladeira.

Não sabia se Chanyeol ainda merecia uma lasanha...

Chanyeol permaneceu parado, no mais completo silencio, me observando. Não fez mais perguntas e eu agradeci por isso, decidindo que, pelos ingredientes e por meu animo, era melhor eu fazer um macarrão alho e óleo com tomate e manjericão.

O óleo que eu usaria era o azeite, eu ainda não queria matar aquele mala, mesmo sem saber o que ele aprontava.

Como seu silencio durou muito, até o momento onde estava quase tudo pronto inclusive, decidi lhe lançar uma olhadela... por algum motivo eu achei que ele já pudesse nem estar ali, mas não, ele estava.

A face preocupada mirava o chão logo a sua frente, o corpo sedutor escorado no balcão, as pernas estiradas, a mente longe... Suspirei.

Porque meu namorado tinha que ser tão lindo?

Servi nossos pratos e abri um vinho seco para acompanhar, já tinha lavado a louça pesada da preparação enquanto a massa fervia, e agora lavava as panelas.

Chanyeol olhava para os pratos, em silencio, e para o vinho... tão compenetrado que parecia tentar decifrar o significado por traz deles... mas seu silencio demonstrava que não tinha pensado em nada.

Terminei as duas panelas e me virei, pronto para me sentar e comer, quando Chanyeol partiu meu coração com seus olhos e nariz vermelhos.

Ele não chorava, mas claramente queria.

Suspirei. No automático fui até ele e o abracei, afundando minha cabeça em seu pescoço e aspirando seu cheiro... Chanyeol me abraçou de volta, forte, tremulo, assustado.

Após alguns segundos tentei me afastar, mas Chanyeol apenas me apertou mais forte contra si.

– Não me deixa. – Pediu num sussurro, e foi fácil perceber que sua frase ia para além do abraço.

Enchi meu pulmão com todo o ar que consegui, e então soltei lentamente.

Era eu quem devia estar falando aquilo, então, saber que ele pensava o mesmo me tranquilizava... Mas não ter a menor ideia do que se passava em sua mente quando pesquisou os kitnets... me fazia tremer.

– Soo? – Ele chamou, me afastando apenas o bastante para olhar meu rosto, e pelas lagrimas que se formavam em seus belos olhos, percebi que eu não tinha respondido.

Droga... Não existia nada que eu odiasse mais do que Chanyeol chorando.

– Eu não quero te deixar Chan... – Disse, depositando um selinho logo abaixo do seu olho direito, impedindo uma lagrima de cair.

– Mas...? – perguntou temeroso.

– Não tem “mas”. Eu não quero te deixar, ponto. – Corrigi.

– Não quer... ou não vai?

Sorri, percebendo o grande erro da minha frase, o motivo por Chanyeol ainda estar tenso.

E quase ri ao perceber o quanto eu era ridículo... Chanyeol estava ali, se descabelando, entrando em desespero por não fazer ideia do porque eu estar estranho, literalmente chorando de medo por achar que eu pretendia... sei lá.

O mesmo que eu temia que ele pretendesse.

Eu devia só dizer, a gente sempre falava tudo um para o outro! Chanyeol me explicaria, e o que quer que fosse eu podia perdoar... Não perdoaria mais ninguém, mas... Eu já tinha um longo histórico de perdoar as falhas daquele homem.

E ele as minhas.

– No seu computador... – Comecei. – Tinham varias abas, em busca de casa. De... Kitnets. – Fui mais específico.

Chanyeol, que observava atentamente cada palavra minha, parou por uns segundos... antes de abrir um amplo sorriso que ficava ainda mais lindo pelos olhos brilhantes, recém molhados.

– Um dos meus subordinados, o estagiário novo, lembra? Ele não quer mais morar com os pais e me pediu ajuda para escolher um lugar, visto que tenho mais experiência no ramo... eu ia até te pedir ajuda, mas você estava tão ocupado com o trabalho ontem, preferi não te incomodar.

E foi como se um grande peso tivesse saído de meus pulmões. Parecia que eu tinha reaprendido a respirar, porque só agora o ar entrava bem o bastante.

O abracei com força, feliz, aliviado... mas quase chorando. Eu tive tanto medo...

– Soo... por favor... nunca mais me assusta assim. – Pediu.

– Eu poderia dizer o mesmo. – Revidei com um bico mal-humorado, ele riu, dando um rápido selinho no meu bico.

– Porque só não me perguntou?

– Tive medo de... sabe? Você... decidir me contar que planejava morar só. – Expliquei envergonhado, só agora percebendo o quanto eu tinha sido tolo.

Chanyeol riu sonoramente, visivelmente aliviado ao entender o que acontecia.

– E ficar sem você? Nunca. Como pode pensar que eu faria isso Soo?

– Sei lá... Você sempre reclama que eu te encho o saco.

Agora era sua vez de afundar a cabeça no meu pescoço, e eu até tentei o afastar, porque seus lábios pareciam perigosamente querer brincar de ser sanguessuga e me deixar aqueles chupões horrendos, mas Chanyeol apenas roçou seu nariz em meu pescoço, subindo os lábios para meu ouvido.

Sua barba malfeita fazia cocegas de uma maneira muito boa.

– Eu te amo até me enchendo o saco. – Sussurrou rouco, descendo os lábios para meu maxilar, mas tive que afasta-lo.

– A comida vai ficar gelada.

Ele sorriu, concordando e sentando, porque sabia que eu odiaria ter desperdiçado o meu tempo fazendo um almoço lindo e natural, para depois ele ser jogado fora, ou requentado no micro-ondas estragando todo o tomate fresco.

A gente se conhecia bem.

– Posso te pedir uma coisa? – Perguntou, segurando os talheres como se, para comer, dependesse totalmente da minha resposta.

– Hn? – O incentivei a prosseguir, tomando um gole de vinho.

– Promete que, da próxima vez que tiver um problema desses, você vai apenas me contar?

– Uhun. – Concordei com a boca cheia, mas ambos sabíamos que essa promessa não seria cumprida.

Chanyeol sorriu, enfim enrolando a massa no garfo.

– Ah! – pareceu se lembrar de algo, com a boca cheia. – E promete que nunca mais me chama de amor dessa forma novamente? E sim quando for me acordar, ou... quando estiver legitimamente feliz. – Pediu.

Concordei com a cabeça, ocupado em saborear minha genialidade como cozinheiro.

– E... Pode me oferecer lasanha mais vezes?

– Não. – O cortei prontamente.

– Porque? – Chanyeol largou o garfo, parecendo uma criança que tinha acabado de descobrir que não teria natal esse ano.

Sua desolação me fez rir.

– Seu pai, lembra? O que me lembra... Mc Donald’s Chanyeol?

Chanyeol mordeu os lábios, tomando um gole do vinho e provavelmente se arrependendo de entrar nesse assunto.

Esperei, esperei, e ele até tentou me ignorar, voltando a pegar o talher e enfiando uma grande garfada na boca, mas meus olhos sabiam ser persistentes.

– Ah Soo! De que adianta viver infeliz? Prefiro morrer aproveitando a vida!

– Eu prefiro que você viva aproveitando a vida comigo. – Apontei.

Chanyeol choramingou do outro lado da mesa.

– Mas o que custa me fazer mais lasanha? Olha meu tamanho Soo! Eu não vivo de salada, arroz integral, feijão sem nada de linguiça e... peixe. – Soltou o nome quase como um xingamento.

Apenas o ignorei, calmamente tomando mais um gole do vinho perfeito para acompanhar aquele prato.

– Vai Soo! Só nos finais de semana!

– Pra somar à gordura que o BigMac deixou entalada nas suas veias?

– Porra homem! – vociferou – Precisa tornar tudo tão difícil?

O ignorei.

E Chanyeol começou a gritar, esgoelado, como uma cacatua maluca.

Eu merecia...

 

 


Notas Finais


Chanyeol sou eu na vida
Enfim...
Vlw flw


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