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História Chaos and Order - XV - you must be queen


Escrita por: targsupremacy

Capítulo 16 - XV - you must be queen


 

Manon Potter

 

Na manhã de Natal, Manon foi rudemente acordada pelo irmão, que dera um jeito de superar todos os feitiços guardando a porta de seu quatro - felizmente nenhum deles letais, como os que guardavam o nas masmorras - e começou a pular na cama enquanto gritava. Depois de derrubar Harry no chão, Manon levantou-se e entrou para o banheiro, encontrando o irmão ainda se recuperando no chão ao sair. Estendeu a mão e o levantou, e os dois desceram para a sala; a árvore estava apilhada de presentes, e os dois correram para sentar-se e começar a abrir os presentes.

Haviam os habituais chocolates dos colegas da Sonserina, inclusive daqueles que já se formaram, como sempre. Alphard lhe presentou com uma adaga de prata goblin, com um grifo esculpido do lado direito e um dragão do lado esquerdo; vinha numa bainha negra bordada com runas douradas, acompanhada por uma pequena nota "está embebida em veneno de basilisco". Os demais familiares enviaram peças de vestuário bruxo e outras coisas úteis, e o irmão lhe derá braceletes de prata goblin, com quase invisíveis gravuras dos brasões Potter e Black. Dos amigos, foi o habitual, luvas, botas, livros, ingressos para O Lago dos Cisnes na Royal Opera House para aquele verão. Daphne foi, como de se esperar, extravagante. A melhor amiga enviará, como sempre, uma jóia; uma pulseira-anel dupla de ouro, onde um anel carregava um topázio e o outro, uma turquesa. Não foi preciso muito para entender a escolha: o topázio era a birthstone de Agosto nos tempos antigos, e a turquesa, além de ser da cor dos olhos da melhor amiga, é uma pedra sagrada e a birthstone de Julho nos tempos antigos.

— Você tem que beija-la. — disse o irmão, olhando para o presente de Daphne. Ergueu as sobrancelhas. — Realmente. — ele disse. — Ela está praticamente implorando nos rituais esquisitos de namoro bruxo. Se bem que, parando para considerar, vocês estão namorando desde o primeiro ano, dado o tanto de jóias que trocaram. Sempre cobertas de feitiços protetores. Essa daqui mesmo, está embebida, sinto bem daqui. Vocês já são praticamente casadas.

Era uma pequena coisa que Manon ignorava para o bem da própria saúde mental, pois certamente surtaria se parasse para pensar adequadamente. Sua pisque é sensível, ela é completamente desequilibrada, tudo a abalava. Mas, de fato, era um ritual bruxo de namoro, ou melhor: de casamento. Havia fases no compromisso entre bruxos: primeiro haviam os encontros, então o namoro informal, aí vinha o namoro formal, que era um pré-noivado, e anéis são trocados, os aneis de promessa; depois do namoro formal pseudo pré-noivado vinha o noivado, quando a moça - ou os dois rapazes no caso gay - usava um extravagante anel de ouro com rubi ou safira - os mais modernos usavam diamante - na mão esquerda. Ainda havia cerca de milhares de normas a seguir, inclusive de que, ao presentear alguém com uma jóia, de qualquer tipo, a pessoa estava comprometida e fora do alcance de qualquer outro. E ela e Daphne trocavam jóias havia seis anos... mas jamais anéis, até agora. Era uma pulseira-anel, mas ainda um anel.

O maior prazer dos elfos era, com certeza, alimenta-los, por isso não era surpresa o banquete disposto na sala de jantar informal. O café da manhã foi longo, os dois conversaram por toda a refeição, como só tinham que estar em Longbottom Estate às dez - e ainda eram oito. Harry, claramente, tinha o maldito entusiasmo natalino do tio. Chegaram a casa da tia-avó pontualmente às dez, onde já estavam, naturalmente, a tia Augusta, Neville e Susan, que morava com os Longbottom desde a morte de Amélia no verão.

Longbottom Estate é uma casa de campo em East Sussex, com 20.000 acres, a propriedade construída no estilo jacobetano, uma mistura dos estilos jacobino e elisabetano; próxima a propriedade fica a aldeia de Longbottom, que origina o nome da família. Viera poucas vezes a propriedade, mas adorava.

Neville foi quem os recebeu na sala de flu, muito bem vestido em vestes nas cores de Longbottom, com os cabelos escovados e tudo. Não era o único bem vestido: Harry mesmo estava em elegantes vestes vermelha e dourado, e Manon usava vermelho. Tia Augusta também estava vestida, no azul Longnottom e vermelho Potter, e Susan usava o dourado da Casa de Bones. Ainda era cedo para a ceia, e todos se reuniram na sala de estar informal, decorada muito parecida com a própria sala de Cair Griffin; vinho e petiscos foram servidos por um elfo, e tia Augusta lhe prendeu em uma conversa sobre a Casa muito rapidamente, deixando os outros três a própria sorte. Ouvia com atenção a tia-avó, mas uma parte de sua atenção concentrava-se em acariciar os anéis nos dedos; além dos anéis Potter e Black, usava muitos outros, pois os adorava, e a pulseira era a que Harry presenteara no aniversário do ano passado, usava, também, o colar dado por Padfoot na mesma ocasião, jamais o tirou desde a morte do tio. Era a última coisa que o tio lhe dera, e não gostava de desapegar do colar. Sabia que Harry não andava sem o espelho que Sirius o dera no último Natal.

Manon e Harry não eram, no entanto, os únicos convidados de tia Augusta. Logo antes do almoço chegou o cunhado e cunhada da tia-avó, Algie e Enid, ambos também primos de Manon pelo lado Black, pois eram filhos de Callidora, neta de Phineas Nigellus. O elfo-chefe Longbottom, Rauri, anunciou o almoço logo em seguida, e todos se moveram para a sala de jantar formal. Tia Augusta assumiu a cabeceira, Neville sentando na direita e Algie na esquerda, seguido de Enid e Harry, com Manon e Susan sentados depois do primo.

— E Hogwarts, crianças? — perguntou Enid.

Como acontecia com todos aqueles de sangue Black, Enid saira mais á mãe do que ao pai, com as aristocráticas características gerais Black, bem como o cabelo negro e ondulado, do pai só herdara os olhos âmbar. Algie, por outro lado, era Longbottom puro, com os cabelos loiro-mel e olhos âmbar, e nem mesmo o nariz Black herdara.

— Pouquíssimos incidentes até agora. — respondeu Harry, alegremente. — O que é, naturalmente, uma maravilha, mas também estranho.

— Eu digo que é a ausência de Dumbledore. — falou Susan. — Quando ele está no castelo, há de tudo: Cerebus, basiliscos, dementadores, dragões, torturada de crianças...

Sentada do seu lado, Manon só podia ver o perfil pelo canto de olho, e nem muito podia ver, pois os ondulados cabelos ruivos-escuros cobriam mais da metade do rosto, mas Manon o memorizara: sabia que os olhos de Susan eram âmbar numa tonalidade mais escura que os da Casa de Longbottom, e que seus lábios são carnudos.

— Sim, Dumbledore não tem sido um bom diretor nos últimos seis anos. — disse a tia Augusta, secamente. — Dumbledore não tem sido bom em muita coisa, nos últimos vinte anos, na verdade.

Tia Augusta, entretanto, era Potter pura com seus cabelos negros e lisos, grandes demais para mostrar a bagunça Potter, e os olhos eram da cor de avelã profundos. Parecia mais a avó de Harry que a de Neville, que fora o formado do rosto e boca, era idêntico o pai, com o cabelo loiro-mel e os olhos âmbar claro.

— E a tia Callidora? — perguntou, para mudar de assunto. Amava criticar Dumbledore e tinha uma lista enorme de críticas, mas queria um Natal sem questões ruins, e Dumbledore é uma questão ruim. — Não quis vir?

Depois do almoço, divino diga-se de passagem, todo mundo se dispersou: tia Augusta partiu com Algie e Enid para um vinho, e Neville levou todo mundo para a sala de jogos no terceiro andar, onde todos puderam relaxar e tirar algumas peças de roupa, no caso dos meninos, pois Manon e Susan estavam de vestido. A tarde passou como um borrão, e antes que Manon percebesse, estava retornando para Cair Griffin.

Na manhã seguinte, acordaram cedo e, depois do café da manhã, partiram para a casa de Andromeda. É uma bela casa de dois andares em Tintagel. Apesar de ser cedo, não foram os primeiros a chegar: Alphard e seus filhos já estavam espalhados pela casa, e tia Cassie brigava com Nymphadora na sala, os anfitriões - Andromeda e Ted - não estavam à vista, nem Narcissa tinha chegado com Draco e Theo. Rapidamente cumprimentaram a todos, e enquanto Harry ia procurar por Ted - de quem era próximo - Manon se juntou a tia-avó e prima, que discordavam das frágeis classificações de magia; para Nymphadora, magia de sangue era das trevas, mas tia Cassie discordava, afirmando que magia de sangue se encaixava no cinza, o que Manon particularmente concordava. As três conseguiram terminar a discussão concordando em discordar, e logo a transfiguração se tornou o trópico: todas eram bruxas de transfiguração, com Nymphadora sendo metamorfomaga, e tia Cassie e Manon prodígios e animagas.

— Qual a sua forma, querida? — indagou tia Cassie.

— Corvo. — respondeu.

— Corvo... Morrigan, mitologia britânica. — disse a tia-avó, girando a taça de vinho que tinha na mão. — Inteligentes, intelectuais, adaptáveis, astutos e observadores. — ela assentiu, falando para si mesma. — Cai-lhe bem, sobrinha neta. Diga-me: foi na poção, ou meditação?

— Meditação. E, antes que me pergunte, não, meu patrono é diferente, uma leoa.

— Faz sentido. — comentou Nymphadora. — Embora não ache que seja inteiramente por sua personalidade, certo?

— Mamãe. — assentiu.

— Ah, sim, a forma animaga de Lily era uma leoa. Seu patrono, no entanto, era uma corça, para combinar com Jimmy, patrono e animago veado. E Hardwin, tem uma forma animaga?

— Ele ainda está em estágio meditativo, mas não acho será um veado como o patrono.

— Não estava esperando. — disse a tia Cassie. — Patronos não assumem somente formas que representam a nós, são guardiões, e podem representar nossos sentimentos. Por exemplo, você e Harry, querida, seus patronos assumem as formas de seu pai e mãe, eles são seus escudos protetores, por exemplo. Seus pais se amavam muito, e seus patronos eram a contraparte um do outro. As vezes, quando se ama muito uma pessoa, o patrono assume uma forma que representa esse amor; por exemplo, o jovem Theodore: — gesticulou para Theo, que levantou a cabeça, assustado por ser citado tão repentinamente. — vamos dizer que seu patrono é uma águia, e Draco — quem levantou a cabeça assustado foi Draco agora, erguendo as sobrancelhas. — o ama tanto, e não estou dizendo romanticamente, antes que seus egos frágeis assumam seus corpos, que seu patrono toma a forma de uma águia para combinar com o patrono do jovem Theodore.

Curiosamente, Nymphadora corou fortemente. Ergueu as sobrancelhas, curiosa, mas impediu-se de espiar a mente da prima a procura do motivo.

Manon estava novamente na sala da Mesa Redonda, e a única diferença com a da última vez que esteve é que Morgana ocupava a cadeira com o brasão Pendragon. A ancestral lhe sorriu, gesticulando para a cadeira da direita - com o brasão Potter - e a segunda da esquerda, essa com o brasão Black. Suas duas cadeiras, porque Morgana estava sentada na outra. Enervante, era enervante ser a dona de três cadeiras da lendária Mesa Redonda. Desviou a atenção para a ancestral, que hoje tinha seus cabelos presos em um coque, diferentemente dos demais sonhos, e usava vermelho, o colar de triskle intacto no colo.

— Olá, minha herdeira. — disse a ancestral. — Sente-se, por favor, querida.

Escolheu rapidamente, sentando na cadeira Potter, do lado da ancestral. Apoiou os cotovelos na mesa, descansando o queixo no punho. Olhou para Morgana, arqueando somente uma sobrancelha; a ancestral imitou-a, e era como olhar num espelho. Morgana era tão parecia com ela quanto seria se fossem clones.

— Então, qual é a pauta do dia? — pergunta.

— Destruiu uma Horcrux, parabéns. — disse, ignorando a pergunta. — Quanto a pergunta, minha herdeira... temos uma nova missão.

— Temos? — indagou. — Temos quem? Você e...

— Arthur, o miserável Merlin, Nimue... não achou que eu estivesse sozinha, achou, meu sangue?

Viu-se divertida na perspectiva de Morgana e Merlin trabalhando juntos, pois haviam poucas pessoas que Morgana detestava como Merlin. Descobrira isso ao longo dos dois, pois desde aquele primeiro nesta mesma sala, conversavam como pessoas reais, não robôs repetindo a mesma coisa incessantemente, de novo e de novo.

— Não. — disse, honesta. — Então, qual é a minha nova missão, minha ancestral?

— É significativamente mais fácil que a primeira, mas igualmente desafiante.

Rolou os olhos, claramente não foi das linhagens de Morgana que herdara a praticidade e objetividade. O drama, por outro lado, obviamente só podia ter saído do sangue dela. Tornou a erguer a sobrancelha abaixada somente instantes atrás. Morgana prosseguiu:

— Reclamar o trono de Arthur, essa é a sua missão. — ergueu a outra sobrancelha, agora em espanto. — O reino caiu com Arthur na Batalha de Camlann, meu sobrinho não foi capaz de continuar o legado do pai, e Mordred morrera na ponta de Excalibur, na mesma batalha, e minha sobrinha neta, ao casar-se com seu ancestral, extinguiu o nome... mas não a linhagem, felizmente. Com a incipiência de meu sobrinho, quem governou Albion foram os Onze Primeiros Lordes de Arthur, que fundaram o Conselho dos Bruxos e, posteriormente, o Wizengamot. — ela fez uma pausa, passando um dedo alabastro de unhas vermelha por cima da sobrancelha direita, um tique que própria Manon também tinha. — Excalibur já havia sido devolvida por Sir Bodivere á Nimue quando Arthur caiu em Camlann, e os Onze Primeiros decidiram retornar a Espada da Pedra para, bem, a pedra, e está lá desde então, a espera de um descendente digno, o escolhido para erguer Albion novamente. No entanto, simplesmente tirar a Espada da Pedra da pedra não é suficiente, tem que ter os Onze Primeiros consigo...

— As Casas. — Morgana assentiu. — Vejamos, eu tenho Potter e Black, que são duas; Longbottom, Lestrange, também, e Nott: cinco. Bones, Malfoy, Greengrass, Parkinson e Lovegood são grandes talvez, mas MacKinnon é extinta. Tenho, portanto, cinco Casas, cinco grandes talvez, um jamais. Não dá.

— Por isso é desafiante. — piscou o olho. — A Casa de MacKinnon não foi extinta.

— Todos os MacKinnon foram assassinados no Massacre de MacKinnon Hall, Morgana. — rolou os olhos. — Eu sei disso. Remus me contou tudo sobre.

— Marlene MacKinnon teve uma filha.

Manon piscou os olhos muito lentamente, atordoada. Era impossível que Marlene MacKinnon tivesse tido uma filha, ela saberia se a madrinha do irmão tivesse uma filha, todo mundo saberia; era impossível que uma criança das Mais Antigas e Mais Nobres nascesse sem que se soubesse, especialmente quando a Casa é dada como extinta desde a Primeira Guerra. Marlene era a melhor amiga da mãe, e a de Sirius também, Remus ou o tio teriam citado uma filha de Marlene. A menos...

— Bastarda. — disse. — A garota é bastarda, não é? Por isso nunca apareceu, pode nem saber que é a herdeira MacKinnon.

— De fato. — assentiu Morgana. — Encontre a garota, faça o que tiver para reunir os Onze Lordes, mas retire aquela espada da Pedra, Manon. É o seu direito de sangue. Você é a Única e Verdadeira Rainha de Albion. É o seu dever.

Ao acordar, Manon praguejou Morgana, Arthur, Merlin, Nimue e todos os ancestrais antes de levantar-se e entrar no banheiro. Ao sair, depois de higienizada e uma boa mão de água fria no rosto, saiu para a varanda. Dava para as Montanhas Holyhead. Sentou-se no sofá, suspirando, e tornou a praguejar os mortos. Ainda era cedo, e o sol não havia nascido; olhou para o celular, constando a hora: seis e tantos, quase sete. O sol só sairia as oito. Decidiu correr.

O último dia do ano havia começado uma merda, mas melhorou. No final da tarde, Manon deixou Cair Griffin com o irmão, viajando por flu para Black Hall em Oxfordshire; a propriedade Black que o tio deixara para Hermione, e onde passariam a virada do ano. Estava quase todo o ano deles ali, uma mistura de todas as casas, e até mesmo Molly Weasley - normalmente superprotetora, agora potencializada com a guerra - deixou que os dois mais novos participassem da festa, depois de, segundo Harry, muitas brigas e gritos; eles estavam sob a supervisão do primogênito Weasley. Mas não era só o ano deles, no entanto; uma parte da antiga equipe de Harry estava presente: Oliver Wood, Alicia Snippet, Angelina Johnson, os gêmeos Weasley; havia também aqueles ainda mais velhos, que acabaram ali pelo contive de um ou outro, como Bill Weasley e Fleur Delacour; Bill vinherá para ficar de olho nos irmãos mais novos, e Fleur é prima tanto de Draco quanto de Daphne - todas as suas avós paternas são irmãs. Tinha também, naturalmente, as mais novas, como Lovegood, Astoria e Ginerva.

Era uma verdadeira festa, com álcool para durar um mês, comida a disposição e boa música. Hermione sabia como dar uma festa, ela tinha que dar os créditos á melhor amiga do irmão. A festa, propriamente dita, acontecia nos jardins, assegurados com feitiços e mais feitiços, então ninguém estava congelando por estar no meio do nada de Oxfordshire no meio da noite em pleno inverno; não fazia a menor ideia se a mansão já contava com isso, ou se fora Hermione que fizera, não importava muito, no entanto.

— Vai continuar como Black Hall?

Perguntou, curiosa. Estava junto a Hermione, próxima a fonte, e de onde estava, podia ver todos que lhe eram queridos: Harry flertava com Lisa Turpin, e Theo e Neville pareciam muitos envolvidos na própria conversa, e não muito longe estavam Draco e Blaise provavelmente aprontando algo, mais longe havia Pansy muito próxima da Patil da Corvinal - elas sempre voltavam uma para a outra - e Daphne parecia profundamente atenta ás palavras de Susan Bones, provavelmente uma boa fofoca que, mais cedo ou mais tarde, Manon escutaria pelos lábios da melhor amiga. O jardim estava bem iluminado, e mesmo com a distância, Manon via bem a melhor amiga; o cabelo loiro fora preso em um rabo de cavalo havia horas, e sua pele dourada brilhava com a fina camada de suor adquirida de horas de dança e álcool, mas a roupa estava imaculada, e toda vez que Manon a olhava, faltava morrer engasgada. Daphne havia se vestido para o assassinato, pois trajava um longo vestido vermelho - o vermelho Potter, não o verde Greengrass - de alcinha e decote de cair o queixo, além da fenda enorme que mostrava a perna e a coxa torneada; os saltos eram a cereja do bolo, altíssimos e finos, num reluzente mas discreto tom de dourado. Suspirava sempre que a via.

— Não. — ouviu a resposta, e forçou-se a desviar os olhos de Daphne, olhando para a morena. — Não tenho um nome ainda, mas vou me decidir até o verão. — assentiu, distraidamente. — Sabe, deveria falar com ela.

— Com quem, Daphne?

— Quem mais? Hannah Abbott?

As duas riram, e Manon sacudiu a cabeça.

— Não, não. — disse, entre risadas. — Eu tenho um plano. Eventualmente, irei falar com ela.

— Vocês duas... — resmungou. — Espero que resolva isso logo, tem sido longos seis anos nisso. São praticamente casadas, já. — riu, em seguida. — São seis anos, isso quer dizer que de acordo com o tempo sapatão já estão estão comemorando as bordas de prata e possuírem cinco filhos.

Gargalhou, negando com a cabeça. Granger sabia como lhe tirar risadas.

Manon largou os sapatos do lado da porta e caminhou até a cama. Daphne já estava deitada, mas não dormia, apesar dos baldes de álcool ingerido nas últimas horas. A chegada do ano novo havia sido comemorada a pouco mais de duas horas, com um digno show dos fogos de artifícios dos gêmeos Weasley e muitos brindes de champanhe. Daphne havia feito o caminho para o quarto que Granger lhes havia dado, apesar da quantidade infinita que possibilitava que tivessem seus próprios; Manon não se incomodou, entretanto.

— Sem sono?

— Nenhum pouco. — a loira disse. — Notei que está estranha.

— Morgana me deu uma missão.

As sobrancelhas douradas de Daphne se ergueram. Olhou para os olhos turquesa e ouro da melhor amiga, vendo a pergunta neles: estou curiosa, vamos lá, compartilhe. Manon soltou uma risada, e respondeu conforme tirava o vestido:

— Tenho de reivindicar a Espada da Pedra, convencer nove Casas de que devo ser Rainha da Grã-Bretanha Mágica e encontrar a filha bastarda de Marlene MacKinnon.

Os olhos da melhor amiga se arregalaram tanto que pareciam que iriam saltar para fora das caixas oculares. Não era para menos, é claro; ali estava Manon, dizendo que iria se tornar rainha da porra da ilha toda. Surpresas eram naturais.

— Marlene MacKinnon tem uma filha?

Ou talvez não fosse o que surpreendia tanto a melhor amiga.

— Seriamente, Daph? Acabei de dizer que me coroarei Rainha de Albion!

— Eu já suspeitava disso desde que me contou do primeiro sonho. — a melhor amiga explicou com naturalidade. — Que Marlene MacKinnon teve uma filha bastarda já é outra coisa totalmente diferente. Isso que é fofoca! Morgana disse o nome da garota?

— Nada além de que é a bastarda de Marlene. — suspirou. — Quer procurar por ela?

— Eu?

— Meu prato está tão cheio que daqui a pouco transborda. — explicou. — Têm as aulas, a coisa toda com Dumbledore, as Horcruxes... estou desesperadamente sem tempo. Você, entretanto, pode ter tempo para vasculhar a vida da melhor amiga da minha mãe a procura de uma gravidez.

— Irei começar amanhã mesmo. — assentiu para si mesma. — Onde está o Professor Lupin?

— Remus? — franziu o cenho, deitando no lado da cama que lhe pertencia. — Por que precisa do Remus?

— O Professor Lupin era amigo de Marlene. — explicou imediatamente. — Se não for pedir demais, também quero os diários da sua mãe, pelo menos aqueles que cobrem desde a saída de Hogwarts. Não acho que se poderia esconder uma gravidez durante o período escolar, mas sondarei Madame Pomfrey mesmo assim. Irei verificar também os artigos passados da Witch Weekly e também do Boato de Hogwarts, saber os caras com quem ela se envolvia. Manon, você acha que poderíamos exumar o corpo dela para rastrear pelo sangue?

— Não vamos profanar o cadáver da melhor amiga da minha mãe morta á quinze anos, Daphne. E ela deve ter sido queimada, de qualquer forma.

— São úteis, mesmo assim. Você não faz ideia do que eu poderia fazer com um punhado de cinzas.

— Depois dessas palavras, nem sei se quero.

— Os parentes mais próximos dos MacKinnon eram os Macmillan. — continuou a amiga. — Lady MacKinnon era Macmillan de nascimento, irmã de Lorde Macmillan. Foram eles que completaram os rituais devidos, e as cinzas de toda a família estão nas criptas MacKinnon em Skye Isle. Entrarei em contanto com Lorde Macmillan antes de retornar á Hogwarts e

— Daphne. — interrompeu. — Por favor, cale a boca. Eu quero dormir.

— Oh. — Manon quis rir do quanto a amiga se parecia com uma criança repreendida, mas segurou a risada. — Boa noite, querida.

— Boa noite.

 

Daphne Greengrass

 

— Manon disse que precisa da minha ajuda.

Remus Lupin disse conforme o garçom se afastava. Fazia pouco tempo desde a última vez que virá o ex-professor em Kings Cross, mas ele estava mudado; parecia mais saudável e robusto, corado e bonito, os cabelos menos ralos e grisalhos. Se devia ao fato de que, com a herança deixada por Sirius Black, o lobisomem agora podia financiar a Wolfsbane. Daphne assentiu.

— Preciso. — disse. — Lembra-se de Marlene MacKinnon estar grávida?

Os olhos castanhos de Lupin se arregalaram e ele se mexeu, desconfortável. Daphne semicerrou os olhos, atenta ao homem. Não podia acessar a mente de Lupin, mas não era somente seu talento em Legilimencia que a tornou espiã de Manon, entretanto.

— Não. — balançou a cabeça. — Marlene nunca esteve grávida.

— Tem certeza? — assentiu. — Mesmo durante o seu tempo infiltrado na matilha de Greyback?

— Eu teria sabido. — disse com certeza. — James e Sirius sempre tiveram... — engoliu em seco. — a boca grande. Nenhum dos dois teria segurado uma notícia dessas, e Lily teria comentado.

— Marlene não era casada e era a única herdeira MacKinnon. — lembrou. — Se ela esteve grávida, era um segredo. Manon comentou que Marlene era próxima de Lily.

— Tão próximas quanto carne e unha. — disse imediatamente. — Marlene teria contado algo de tal magnitude para Lily, e se ela tivesse pedido segredo, Lily não teriam contando nem mesmo á James.

— Parece com Manon.

Daphne sorriu. O Professor Lupin sorriu com carinho, e assentiu.

— Ela se parece muito com Lily. — disse. — Tanto que as vezes é como se Lily tivesse reencarnado em cabelo preto. — ele rapidamente voltou a ficar sério. — Por que quer saber se Marlene MacKinnon esteve grávida, Srta. Greengrass?

— Não posso dizer. — Manon havia pedido para não divulgar nada, a menos que fosse desesperadamente necessário. — Mas é por Manon.

— Certo. — pigarreou. — Não sei de nada, mas posso dar uma pista. Lily tinha uma obstetra, a Dra. Cunningham. Se Marlene esteve grávida, então Lily a teria levado para ela.

— Sabe dizer a clínica ou hospital da Dra. Cunningham?

— No Hospital St Mary's.

— Obrigada, Sr. Lupin. — agradeceu, deixando duas notas de vinte em cima da mesa. — O senhor foi de grande ajuda.

Edmund já a esperava do lado de fora e, ao seu comando, partiu para o hospital. Daphne pegou o telefone, digitando o número do hospital.

Bom dia, Hospital St Mary's.

— Bom dia. A Dra. Cunningham, de obstetrícia, se encontra?

— Sim, a Dra. Cunningham se encontra. Deseja marcar uma consulta, senhorita?

— Desejo. Ela está livre agora?

— A Dra. Cunningham se encontra em consulta, senhorita, mas seu próximo horário livre é em meia hora.

— Ótimo.

Seu nome, senhorita?

— Daphne Greengrass.

A Dra. Cunningham se revelou uma bela mulher na casa dos sessenta e poucos anos, velha o suficiente para talvez ter trazido a própria Lily Potter ao mundo. Daphne apertou a mão da mulher trouxa e, ao sentar na cadeira indicada, pegou o telefone, abrindo na galeria até encontrar a foto desejada. Era das poucas fotografias trouxas no álbum de casamento dos pais da melhor amiga e mostrava somente Lily e Marlene. Olhar para Lily era como ver a melhor amiga em cabelo ruivo.

— A senhora poderia me dizer se conhece essas duas mulheres?

Mostrou o telefone. A Dra. Cunningham olhou a foto e, depois, para ela, e abaixou os olhos até a ponta do nariz.

— Por qual motivo, Srta. Greengrass?

— Eu só desejo saber se a loira esteve grávida, Dra. Cunningham, somente isso. Quando falei com um amigo em comum das duas, ele disse que a doutora era a obstetra da ruiva; se a loira esteve grávida, certamente teria vindo á senhora.

— E de fato veio. — disse a Dra. Cunningham. — Eu mesma fiz o parto... das duas. Foi por volta do mesmo tempo. Lily teve gêmeos, e Marlene teve uma menina, que foi dada á adoção.

— Obrigada, Dra. Cunningham. — agradeceu, pegando o telefone. — Por volta do final de Julho de 2005, então?

— Começo de Agosto, na verdade. — disse. — Lembro de qualquer parto que fiz, principalmente quando me são tão importantes. Sou amiga da mãe de Lily desde de criança, Elizabeth e eu crescemos juntas, e foi eu quem realizei os dois partos de Liz, assim como realizei o de Lily e o de sua amiga.

Daphne quase pediu para a obstetra contasse sobre a recém-nascida Manon, mas havia coisas mais urgentes:

— A senhora saberia o nome dado á criança? E a data exata do parto?

A doutora espremeu os olhos, como se esforçasse ao cérebro para se lembrar. Por fim, voltou a abrir os olhos, e disse:

— Sim. Nasceu em 05 de Agosto, e o nome dado á menina foi Adhara Dorea. Eu achei estranho, mas me lembro que o segundo nome era o da mãe do marido de Lily, em uma das consultas ela e o irmão do marido discutiram sobre o segundo nome da filha, ele queria que fosse o nome da mãe. Acredito que o tio dos bebês de Lily fosse o pai do bebê de Marlene, embora ela sempre estivesse acompanhada por Lily ou por um outro homem que era primo dela.

Controlando a surpresa e o choque, Daphne agradeceu á Dra. Cunningham e saiu do hospital.

Só conseguia pensar em duas coisas.

A primeira era que Marlene MacKinnon esteve, de fato, grávida.

A segunda era que Marlene MacKinnon esteve grávida de Sirius Black.

Manon tinha uma prima que nunca conheceu.



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