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História Chaos I - A Dream Within A Dream - Euronymous


Escrita por: valcoml

Capítulo 9 - Euronymous


— Você está pronto? — junta e sugestivamente do sorriso, elevei minhas sobrancelhas. Era tudo meio surreal ainda, sem que eu entendesse que aquela era a realidade. Fosse como fosse, lá estava eu. Parado à porta de sua casa, com a mão sendo abaixada após ter batido sobre a madeira. Não muito tempo depois, Per abriu a mesma, com o semblante franzido de desentendimento. Atrás de si, não era possível enxergar quase nada, se não fosse as luzes da rua. Sorri a ele, guardando minhas mãos trêmulas demais dentro dos bolsos do casaco. Seus olhos claros seguiram ao carro estacionado logo na calçada e de volta para mim. Era notável a incompreensão; sem necessidade de perguntar-me. Assim, retomei a fala. — Já que estamos indo para o mesmo lugar, tudo bem para você se formos juntos? 

Ok, eu ainda não havia me recuperado muito bem daquela sexta-feira. Onde pude sentir seu perfume extremamente perto de mim. Onde pude sentir Per bem perto. Quase entrei em combustão, em pouquíssimos segundos, que ele esbarrara seus lábios próximos do lóbulo da minha orelha. Soltei um pequeno suspiro para aliviar a pressão do sangue subindo à minha cabeça e, de certa forma, para reafirmar que eu ainda estava bem. Pelo menos o suficiente para respirar. Eu sentia minhas mãos tremendo, ainda que descansando em seu peito. Era meu primeiro contato assim com outro menino. Eu não tinha nenhum problema com isso e, inclusive, com minha sexualidade. A experiência era o que me faltava. Naquele instante, não soube exatamente o que fazer a seguir. Sabia que minhas bochechas estariam mais do que roxas, mas era inevitável. Apesar de ter sido tudo muito rápido e consideravelmente superficial, meu cérebro demorou para processar tudo adequadamente. Como um simples gesto daqueles me deixou tão desconcertado? Talvez… Pode até ser… Ahn… Talvez o gesto em si não tenha me afetado tanto quanto ter sido correspondido. Sabia que tinha sido eu quem o puxara pela jaqueta. Porém nunca considerei que ele pudesse vir a retrucar. A devolver minha provocação com outra. 

Já havia reparado nos olhares dos outros meninos, e mesmo nos de minha mãe e de Erik. Todos eles andavam me observando mais do que o normal. Era como se eu fosse explodir em confetes de um minuto para o outro. Pareciam estar alertas. Por que eu estava agindo diferente, quem sabe? Pouco reparei se eu realmente havia mudado, mas de qualquer forma, não fazia muita questão de me importar. Encontrei com os olhos de Per novamente, ainda naquele banheiro. Ele tinha se afastado o suficiente para me encarar daquela forma penetrante de sempre. Mas também o bastante para que não ficasse estranho aos olhos de Manheim, que entrou no local pedindo para irmos embora. 

Jørn, irritado até mesmo com o ar, foi logo dizendo tchau e batendo os pés em direção à sua casa. Kjetil bufou forte e deu um longo suspiro. Aquelas atitudes do outro garoto o deixavam fora de si. Seu semblante denunciava isso. Era como um misto de preocupação e tristeza. Ou talvez ainda, um produto de incapacidade. Já havíamos vivenciado muito junto de Stubberud. Sua personalidade difícil não vinha do nada. Os anos se passavam e tudo na vida dele continuava como era quando nos conhecemos. Eu tentava não dar muita bola para isso. Apesar de ser muito complicado. Mas teríamos que dar algum rumo para aquelas confusões em que se metia. Manheim também, em dado momento, se despediu de nós. Acendendo um cigarro, foi caminhando para além daquela rua. Avistei-o uma última vez quando dobrava uma esquina.

E, como se não bastasse tudo que senti naquele restaurante, pareceu que meu estômago, naquele momento, a sós com Per novamente, havia afundado. Chegado até meus pés. Seu olhar passava pelo ambiente ao redor, enquanto suas mãos se escondiam nos bolsos dianteiros das jeans que vestia. Não pude deixar de notar o quanto aquela visão me agradava. Os cabelos loiros dançando ao movimento incessante do vento e o conjunto de olhos azuis com o reflexo da iluminação natural. O semblante calmo, porém firme. Era a visão que eu procurava. Aquela que eu almejava para a imagem do Mayhem e do quer que fosse o gênero musical que tocássemos.

Dead.

Por quê?

Por que parecia combinar com o nome de sua banda? Ou por que gostaria de ter algo relacionado à morte? Quem sabe nem tivesse realmente algum significado para seu nome de palco. Euronymous vinha de Eurynomos, que li uma vez, em um livro de Anton LaVey, se tratar de um demônio do submundo, ou o “príncipe grego da morte”. No momento que li sobre, não pude deixar de usar em algum lugar. E como já usava o apelido “Destructor” no período de criação do Mayhem, decidi mudar. Com a pequena adaptação ao original, achei que tinha ficado bem autêntico. Pode ser também que eu tenha tirado de uma música do Hellhammer, porém não contaria dessa forma para quem perguntasse. Manheim se utilizava do próprio sobrenome. Bem criativo, diga-se de passagem. Já Jørn havia sim pego inspiração de uma canção. Slayed Necros? Não poderia me lembrar.

De qualquer forma, os nomes de palco poderiam ter significado como poderiam ser apenas o que eram. Mas “Dead”… Por que soava tão preciso para com sua personalidade?

A curiosidade naquele instante ficou de lado. Não toquei no assunto e… na verdade, também seguimos para casa, sem muito mais vontade de continuar pelo centro da cidade. Estávamos dispensados das aulas daquele dia por conta dos últimos ajustes do evento de Natal. E, inclusive, combinamos de nos encontrar mais uma vez e uma última antes do tal espetáculo. Nem vou dizer que algumas borboletas visitaram meu estômago quando estávamos a caminho do local combinado da vez. Sugeri um que eu ia seguidamente quando gostava de me isolar. Apesar de que o cemitério perto de casa também dava essa sensação de solitude, nem sempre era possível encontrar ele realmente vazio. Pelo menos, não como as ruínas de uma indústria falida. Foi impagável o vislumbre que tive de sua contemplação, assim que chegamos à frente do prédio abandonado. Era como se visse, ainda quando criança, um parque de diversões. Mas imaginaria, no seu caso, se tivesse vendo um castelo muito citado em contos de terror. Não perdi tempo em nos alocar em um dos poucos lugares secos daquela imensidão. O prédio era todo úmido, com diversas goteiras como plano de fundo para nossas músicas de Natal. O cheiro e a sujeira eram outros fatores a serem esquecidos para que pudéssemos nos concentrar.

Ugh! Que merda! — Nem mesmo o som do violino fez um eco tão forte quanto a minha voz naquele momento. Apesar do esforço em me concentrar, eu não estava conseguindo de forma alguma. Levantei-me, deixando o violino no lugar onde eu estava, e comecei a andar em círculos, puxando meus cabelos. — Não é possível! Já errei muitas notas em tão pouco tempo. Que porra está acontecendo?! — Pelle mantinha seu olhar sereno em meus movimentos, porém eu pude perceber que ele estava confuso. E não era à toa. — Eu não sei… Não consigo focar nas notas. Tudo fica desfocado e… — expliquei mesmo sem ele pedir, gesticulando a todo momento. — Fico só pensando no que Jørn pode estar fazendo… Já que Kjetil não conseguiu conversar com ele… E eu! Eu poderia ter dado mais atenção para ele essa semana! Fico só imaginando se… — e finalmente estaquei no lugar, observando o além de paredes velhas e sujas, com pichações e mofos por toda parte. Inger estava certa de não gostar que eu fosse até ali. — Eu… só não queria perder a banda. Mas, mais do que isso… — voltei-me para Per, que ainda me questionava com seus orbes azuis, ainda que estivessem começando a entender o sentido daquele meu surto. — eu não posso perder um amigo assim. Iria me culpar a vida toda.

— Não exija tanto de você mesmo. — seu tom foi sério o suficiente para eu tornar a ficar à sua frente. Ele continuou, já guardando seu violino na case. — Ele sabe o que está fazendo e o quanto vocês querem ajudar. É escolha dele continuar desse jeito. — e assim, rápido e certeiro, Pelle derrubou qualquer argumento meu. Mas apesar disso, bufei alto e insisti “Mesmo assim. Amigos são para isso, não? Ajudar uns aos outros, independentemente de qualquer coisa.”, guardando o meu próprio violino, com mais raiva nos movimentos do que realmente precisava. — Øystein? — e, de repente, seus olhos demonstraram desespero. Meu nome havia soado como um pedido suplicante, como se tivesse se assustado com algo atrás de mim. Inclusive cheguei a olhar para essa direção, virando rapidamente os calcanhares. Nada. — Consegue ver? Aqui… — eu já nem disfarçava mais a ansiedade. Per apontava para seu próprio rosto, esperando por resposta. “Não vejo nada… O que houve?” — Olhe direito. Veja, nessa parte aqui… — Ele já estava de pé, bem próximo a mim, apontando e remexendo a cabeça para que eu visse alguma coisa. — Está sangrando… Vê?!

Senti todo meu corpo arrepiar com a palavra sangue. Que merda era essa? Como ele poderia estar sangrando do nada? Não demorei um instante em lhe perguntar mil coisas, enquanto minhas mãos iam direto ao encontro de suas bochechas para auxiliar minha busca de qualquer mancha vermelha na pele clara. Absolutamente nada. Nem mesmo por entre o cabelo comprido. Em nenhum momento parei de questioná-lo o que aconteceu. Até que, trazendo novamente seu rosto de frente para o meu — minhas mãos ainda grudadas ao primeiro —, percebi um sorriso nascendo em seus lábios. No mesmo instante minhas mãos caíram ao meu lado e minha própria expressão fechou. Surpreendentemente, Per começou a rir, se da minha cara ou do jeito que agi não saberia dizer, mas a visão não era nada ruim. Ele literalmente me mostrava seus dentes retinhos e uma pequena covinha em uma das bochechas. Apesar de claramente forçada, sua risada era contagiante. Mas acima de tudo, eu sabia que não poderia perder aquela imagem. Assim, eternizei-a no rolo de filme da pequena câmera que deixava dentro da case do meu violino.

Seu sorriso morreu junto do flash. E o meu aumentou a partir dali.

Se eu fosse contar para qualquer um o que fizemos a seguir… Ninguém acreditaria. Ora, Euronymous e Dead, mais evil que nossos nomes de palco, somente nossas vestimentas e expressões com a sociedade em geral. Só que naquele momento, inteiramente sozinhos em um lugar nada movimentado, éramos apenas Øystein e Per. Um correndo atrás do outro; um rindo, outro pedindo que parasse. Eu conhecia bem as ruínas da indústria, sabia bem os limites. E, depois de correr poucos minutos, chegamos a um deles. Vi-me na beirada do que parecia ter sido uma sala, porém agora sem paredes. A vista estava deslumbrante naquele momento. O céu pintava um pôr-do-sol vermelho-alaranjado entre as nuvens escassas e em linhas infinitas. Girei no lugar para ver que Per havia me alcançado. Como se fosse difícil o contrário, huh. No entanto, deduzindo minha situação, iniciou uma caminhada de passo a passo com uma mão estendida.

— Me dê a câmera, Øystein. — o tom sério não me abalou nem um pouco; na verdade, fiz justamente o oposto: a cada passo que dava, um clique, uma foto. — Você não tem medo? — “Por que eu deveria?” perguntei assim que apertava mais uma vez o botão da câmera. Meu sorriso era palpável no que eu dizia. O garoto estava agora a menos de um metro de mim. Eu o enxergava pelo pequeno visor da máquina, sem realmente me importar em gastar todo o filme recém comprado pela minha mãe. Per chegou ainda mais perto, porém, dessa vez, somente com o rosto; quase como se fosse uma cobra encantando seu domador. Então, próximo de encostar na lente da câmera, abaixei-a, deixando para observar suas características diretamente a partir dos meus olhos. Mais uma vez naqueles poucos dias juntos, estávamos muito perto um do outro. Onde eu pude sentir de novo meu peito subir e descer, meio descontrolado. E nem era pela altura atrás de mim. A sua presença me deixava estranho. Aquele olhar pesado sobre o meu. O vapor que saía de ambas as bocas para se esbarrarem entre nós. Não era medo que eu sentia. Não foi medo que eu senti. Conclui que Dead não era muito adequado ao sorriso que me ofereceu naquele instante; mesmo que a mão gelada na base da minha orelha me dissesse o contrário. E o que falou após, sussurrado de encontro à minha bochecha, era impossível não deixar todas as células do meu corpo vivas. — Você não me conhece, Øystein. Não sabe do que sou capaz…

Algum órgão do meu corpo se encontrava alojado na minha garganta naquele momento, à frente de sua porta. MerdaEu realmente estava ali depois do que aconteceu nas ruínas. Não era possível que eu ainda não estivesse pegando fogo. Após aquela frase que quase me fez cair do prédio destroçado, senti o singelo frio de um floco de neve pousar no meu nariz. Um dos primeiros que vieram com a nevasca que se seguiu. Às pressas, recolhemos nossas coisas e, do jeito que deu, voltamos para nossas casas. Portanto, não tive muito tempo para raciocinar sobre qualquer acontecimento daquele dia. Pelo menos não até chegar em casa, debaixo do chuveiro quentinho…

— Você quer dizer… — voltei a realidade presente, com sua voz meio apressada. Per voltou-se para dentro de casa, cochichando o resto do que dizia. Fiquei meio sem reação a primeiro momento, mas logo que pensei em adentrar também a casa, o garoto surgiu bem à minha frente. Colocando uma jaqueta jeans sobre a blusa de mangas compridas, saiu resmungando algo e fechando a porta. Meu sorriso se tornou satisfeito sem que eu me desse conta. Então, logo estávamos andando em direção ao carro da minha família, onde cada um entrou de um lado do banco traseiro. E, sem muita cerimônia, minha mãe virou-se do banco do motorista para estendê-lo a mão e cumprimentá-lo.

Hyggelig å møte deg, jeg er Inger. — Mesmo não compreendendo, ele sorriu fraco e apertou-lhe a mão gentilmente. Não entenderia até hoje por que naquele instante senti fisgadas no estômago. Era o primeiro encontro dele com minha família. Nada muito absurdo ou fora do normal; mas era de certa forma estranho. Algo não planejado e que eu ainda não estava pronto. Mas sem muita demora, ele a respondeu com um tímido “Obrigado. Mas… não falo muito bem norueg-” — Ah! Sério? Desculpe-me! — e, confirmando de onde vinha toda a minha agitação, Inger logo emendou, se desculpando já em inglês. Porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa a mais, Erik, sentado entre nós, decidiu abrir sua boca de jacaré.

    — Por que você não nos avisou?! — Revirando os olhos, o questionei com um “o quê?” bem sem graça. Meu saco de paciência era pouco para aquele garoto. — Que seu namorado é muito maneiro. — Completou, para a minha morte, examinando Per de cima a baixo. A minha sorte era que o interior do carro não se encontrava claro o suficiente para verem a vermelhidão no meu rosto. Preferi nem mesmo olhar sua reação, visto que meu querido irmão usou de seu pouco inglês para falar porcaria. De toda forma, os dois sentados nos bancos da frente riram e meu pai finalmente o cumprimentou.

    — Prazer. Sou Helge, pai do Øystein e do Erik. Você tem família por aqui na Noruega? Talvez os conhecemos? — Passei a olhar pela janela enquanto minha mãe dirigia enfim ao teatro da escola. Ouvi Pelle concordar baixinho e logo após acrescentar com “Lars Ohlin, meu pai”, fazendo meu pai continuar. — Ohlin... Ah, sim! Ele trabalha para aquela companhia de trem, certo? Conheço-o sim. É um homem bom. — Voltei meus olhos à procura dos dele, mesmo que a escuridão do carro fosse o que eu receberia. Per encarava os cenários do outro lado do vidro, mas sem realmente o fazer. Pude enxergar seu rosto pelo reflexo da janela, apesar de boa parte estar coberta pelas mechas loiras. Conhecia pouco ainda do relacionamento dele e de seu pai, mas pelo pouco que presenciei, era de se esperar que Pelle não concordasse totalmente com a frase de Helge. O mesmo, não obtendo resposta, voltou a perguntar. — Vocês irão tocar juntos ou fará outra apresentação?

— Vamos tocar violino juntos como orquestra. — Respondi por ele, feliz por ter trocado de assunto. — Kjetil e Jørn também. Duas músicas pelo jeito, nada muito longo.

    — Ah! Eu amava tocar violino! – Inger comentou, alegre e me fazendo abrir um sorriso por ser assim. Meu pai também riu levemente ao seu lado. — Por isso tanto quis que Øystein ou Erik fizessem aulas disso também. Mas... oh! Erik! Onde estão seus modos? Não vai se apresentar? — de repente, chamou atenção do garoto. Todos levaram um pequeno susto, não esperando sua fala de repreensão. Erik voltou-se então a Per, sem que eu pudesse observar suas feições. Porém, pouco me importaria, tendo toda a visão da fisionomia do mais alto. Seu semblante relaxou a cada palavra dita por meu irmão, como se se tomasse por uma nostalgia ambicionada. 

— Oi, sou Erik Aarseth. Irmão do seu namorado. — Assim, ofereceu também uma mão para o cumprimentar. Dessa vez, não esperei por mais nenhuma bobagem sair de sua boca imunda, dando-lhe um tapa no topo da sua cabeça. Logo estávamos discutindo e nossos pais interrompendo, tentando nos acalmar. Eu até mesmo poderia parecer imaturo brigando por isso, mas era toda hora que saía uma gracinha dele. E se eu retrucasse, o filho mais velho sempre seria o culpado. Enfim ficamos quietos depois de minutos. Erik, pude ver, ficara vermelho de tanto argumentar. Já meu foco foi para o outro lado do banco traseiro. Ao os orbes dele alcançarem os meus verdes, notei o que mais gostaria de poder ver nos próximos meses, quem sabe anos...

O brilho de seu sorriso impresso em seu olhar. 

A motivação que eu precisava para aquela noite.


 

Àquela noite, o montante de neve continuava sobre os gramados dos pátios. No da escola, se encontravam de diversas cores por conta das luzes de Natal. Os piscas-piscas estavam instalados pelas paredes dos blocos de prédios, e especialmente no qual ficava o teatro da escola. Seguimos para lá após localizarmos Kjetil e Lena, sua namorada, e esperar por alguns minutos aquele que dizia que eu me atrasava. Na noite anterior, cheguei a ligar para ele para ter certeza de que iria à escola para as apresentações. Não que o desfalque de um violonista pudesse ser prejudicial às músicas. Na verdade, era só mais um motivo real para que estivesse conosco, sob nossos olhos. Sua voz do outro lado da linha me pareceu exausta, como se respondesse só para acabar logo com a conversa. Contudo, fiz Stubberud me prometer estar no horário para a apresentação.

Eu sabia que era em vão. Mas valia a tentativa.

 Neste meio tempo, Lena se apresentou a Per, e meus pais, com Erik no encalço da garota, seguiram para dentro do salão de eventos. Logo estávamos nós fazendo o mesmo, deparando-nos com alunos nervosos e fantasiados, mas fomos em direção do backstage, onde a professora havia combinado de ficarmos ensaiando até a apresentação. A turma de música já estava toda por lá, afinando seus instrumentos e praticando a primeira canção da noite. A professora Losnedahl andava por todos os cantos, com folhas na mão, desesperada com a organização. Ao nos avistar, veio logo a nosso encontro perguntando sobre Jørn. Disse ela que ele havia aparecido por ali há minutos, mas que jamais voltara. Logo me propus a ir atrás dele, deixando que Kjetil e Per treinassem no tempo restante. 

Por alguns momentos imaginei no que Jørn havia se enfiado; se por algum motivo teve que ir embora, como geralmente fazia. Ou se estava caído bêbado em algum canto da escola. Depois de um tempo andando sem rumo à sua procura, constatei, assim que encontrei com sua pessoa, que realmente: bêbado ele estava. E brigando com dois meninos. No instante que cheguei, um deles o empurrou pelos ombros, enquanto o outro apontava-lhe o dedo indicador e ameaçava-o. Depressa, coloquei-me entre os três e afastei Jørn dos outros, constantemente afirmando para se acalmarem. A cena ficou meio embaçada na minha mente devido a adrenalina, a dificuldade em separar aquelas pessoas em meio à neve acumulada... Mas lembraria de ouvir um dos garotos, já meio distante, exclamar algo como “se eu ver um respingo no meu carro, quebro seus dentes”. 

— Ei! Dá para parar?! — exclamei irritado, dando um último empurrão em Stubberud. O mesmo me olhou confuso, quase risonho. — O que aconteceu aqui? — perguntei, dessa vez mais calmo, porém ainda mantive a expressão cerrada. 

— Não sei... burp... — urgh... era só o que faltava... Jørn arrotando e soluçando e deambulando como um bêbado irresponsável. Era tudo o que eu precisava na noite do evento de natal. Com as mãos na cintura, abaixei os olhos à neve e suspirei. — Começaram a... me encher quando- porque... eu ‘tava... acho que ‘tava perto do carro dele... aí... — Jørn prosseguiu, tentando ao máximo soltar frases coerentes. Ao final, fez sinal como se estivesse a ponto de vomitar, colocando uma mão sobre a boca e inclinando-se. Foi aí que compreendi o óbvio. Suspirei mais uma vez e, depois de um tempo sem que ele continuasse a ladainha, o fiz me acompanhar para onde não houvesse ameaça. Chegamos a um banheiro da escola, um dos quais não estava sendo usado para o festival. Assim, ajudei-o a lavar o rosto e deixei que ficasse um bom tempo em frente a uma privada, esperando que saísse algo que sabíamos que viria. Cedo ou tarde. — ‘Tô melhor... vamos... — já recuperado o suficiente, foi saindo da cabine e, de qualquer forma, arrumando os cabelos longos. 

— Você acha mesmo que consegue tocar alguma coisa? — perguntei, encostado à pia e de braços cruzados. Jørn me encarou, já revirando os olhos e entendendo onde eu chegaria. Respondeu-me somente com “estou melhor...” sem ânimo. Segurei seu olhar, mesmo que às vezes me escapava. — Me diga... Quando você pretende nos contar o que está acontecendo? Quantas vezes já te pedimos isso...

— Não comece, ok? Você bem sabe... Que não vou falar nada, até porque... até porque vocês sabem de tudo. — E deu de ombros, depois de lavar e secar as mãos. — E outra, sabem que não quero me intrometer na vida de família perfeita de vocês. Então pode parar. Manheim já esteve me incomodando a semana toda, não preciso mais de você para tal. 

Você que não comece com isso! — aumentei meu tom, virando-me de frente para si. Eu só pude me lembrar o que Pelle havia me dito, sobre deixá-lo agir do que jeito que bem entendesse. Mas acabava sendo muito difícil quando essas situações se tornavam reais. Na hora, era extremamente árduo deixar tudo para lá. Manheim não tinha a mesma paciência para isso. Tinha dito uma vez para mim que se não nos déssemos conta, se ‘deixássemos quieto’ somente porque o outro queria, a história poderia acabar de uma forma que nos arrependeríamos para a vida. Obviamente que no momento não quis transparecer, portanto ri. Mas eu não era trouxa. Sabia que precisava fazer algo. E por isso mesmo me corroía por dentro. — Escuta, a gente quer te ajudar, de verdade. Entenda isso, por favor.

— Já disse que não preciso de ajuda, sei muito bem o que estou fazendo, Aarseth. — respondeu, mais sério do que nunca. “Sabe mesmo?” o devolvi. Somente seus olhos me deram uma resposta. Reviraram-se em cansaço. Ou asco.


 

Pouco tempo depois, chegávamos ao palco, ainda com a cortina nos escondendo do público. Consegui ver a professora dando graças por Jørn ter voltado para seu lugar. E do meu, entre Per e Manheim, pude escutar o último já perguntando para seu amigo onde estava, o que estava fazendo e tudo que podia. Nem preciso dizer que não recebeu resposta. Por Stubberud ser um imbecil-boca-fechada, e pela cortina finalmente ser aberta.

 A sensação de estar em um palco ainda me era nova, mas igualmente excitante. Sentindo a presença da plateia, enquanto que meus olhos se fechavam. E enquanto meus dedos acompanhavam o ritmo da primeira música que havíamos treinado por meses. As luzes refletidas sobre nós não me incomodavam, nem o erro do colega da frente naquela nota... Eu estava em um palco, me apresentando. Fazendo música. E isso bastava.

Era o suficiente aquela sensação de tudo sair como eu gostaria. 

Não pude esconder o sorriso que me tomou pelos minutos seguintes. Saíamos os quatro do palco, para nos deparar com Lena próxima aos assentos da plateia, já nos aguardando. Ou a Manheim. Mas foi de fato gentil – como sempre era – para nos congratular. De onde estávamos, pude ver meus pais também o fazendo. Balançavam e abanavam as mãos e braços, com sorrisos maiores que seus rostos. Agradeci-os com um aceno de cabeça, também os sorrindo. Ouvi um “querem assistir às apresentações agora ou...” de Lena e a resposta rápida de Manheim reclamando que estava com fome.

Meu olhar estacionou em Per, ao meu lado. Estava quieto como o de sempre, porém... não saberia dizer o que eu vi. Ou pensei em ter visto... Era como se seu olhar tivesse perdido todo o brilho que eu já estava me acostumando. A falta de um sorriso compartilhado conosco trazia também essa sensação de ausência. Porém, em poucos minutos estávamos fora do teatro, comendo em círculo ao lado do ginásio da escola. Estava muito frio por ali, com a neve piorando tudo. Mas todos juntos e as bebidas ajudavam a esquentar o suficiente para não morrer petrificado. 

— Erik é uma fofura... Disse que adorou meu penteado de hoje. — comentou Lena, sorrindo maliciosamente entre mordidas no seu cachorro-quente. Percebi Manheim bufar, logo antes de tomar mais um gole de sua cerveja. Só revirei os olhos, acompanhando a risada da menina. Meu irmão tinha uma pequena queda por Lena desde a primeira vez que a viu. Desde então, toda vez que a encontra, gruda igual goma de mascar. — A propósito... — emendou, prestando atenção agora em Pelle. O garoto ao meu lado, que comia de pouco em pouco um cupcake com um papai Noel desenhado, focou-se em Lena. — Você tocou muito bem! É quase inacreditável, levando em conta o pouco tempo que teve para aprender a canção. Parabéns mesmo!

— Considerando o professor, até que é possível, não? — provoquei, piscando um olho a ela. Vi os olhos azuis dele voltarem-se a mim, e por isso sorri. De forma mais significativa do que para Lena, contudo ainda assim mantendo o humor da frase. — Mas claro, ele se empenha muito e isso ajuda demais. Fora que já sabe de música como ninguém. — Dessa vez, falei mais sério e para todos. A namorada de Manheim era super apoiadora da nossa banda. Dizia várias vezes que iríamos longe e ficava mais nervosa que o próprio namorado quando não seguia algo nos conformes. Além disso, ela era rápida e logo entendeu o que quis dizer.

Ah, sério? Incrível! — seus olhos iam de mim a ele, carregando o sorriso mais malicioso que já vi de sua pessoa. Porém, logo nossa atenção se voltou aos sons que Jørn fazia ao nosso lado. Ele tinha colocado a mão à frente da boca e estava prestes a colocar tudo para fora de novo. Em um segundo, imaginei ser uma brincadeira de sua parte, mas sem demora vi que era real. Manheim também, e por isso, já foi o questionando o que estava acontecendo. Stubberud afastou o outro de forma brusca, pedindo licença para Lena com um falso cavalheirismo, e foi se encaminhando para mais longe de onde estávamos. O loiro mais alto não perdeu tempo em acompanhá-lo, como se estivesse grudado ao mais velho. Percebi que ele auxiliou Jørn com os cabelos, e seguiu falando com calma ao seu lado; pelos murmúrios que a distância deixava entender. Em dado momento, Stubberud sentou-se ao chão, nem se importando com a neve, e deitou a cabeça sobre os braços nos joelhos. — Ahn... Vou indo lá para dentro, tá? — Lena voltou a quebrar o silêncio entre nós três, mesmo que ainda mantendo o tom mais baixo. — Erik está para se apresentar. — E deu uma piscada para mim e Per. Só pude sorrir descarado para a petulância dela. 

Ficamos então apenas comendo os petiscos que havíamos comprado. Não seríamos de grande ajuda para Manheim convencer Jørn a parar de se matar da forma que fazia. Nem mesmo eu gostaria de ter que aguentar mais meu irmão. Entretanto... vou ser sincero por aqui... A atmosfera naquele momento me ganhava. Eu tinha consciência dos problemas que enfrentávamos, e por este mesmo motivo estava disposto a tentar consertar pelo menos um deles. Dei mais uma mordida no meu ostestick¸ imaginando o nosso futuro. Como seria tudo. Como amigos, como colegas de trabalho. Como Mayhem. Será que tudo sairia como desejássemos? Claro que não... sabia disso. Teríamos nossas decepções, nossas falhas... Desentendimentos já tínhamos por agora mesmo; imaginava como seria depois. Se nós viríamos a conquistar a maturidade, ou continuaríamos sendo dependentes de Kjetil. Contudo, a maior questão que não saía da minha mente era se... Bom, se viríamos um dia a ser Mayhem.

Não que não fossemos na época, mas eu entendia que ainda éramos novos. Que ainda tinha muita água para rolar. E que não era como se tudo favorecesse. Suspirei, cansado de ter que revisitar esses dilemas. De certa forma, compreendia Jørn em querer fugir da realidade. Afinal, quem não gostaria? Ainda mais na situação dele. E a de Per? Quem vinha a ser aquele garoto? Encostado ao meu lado na parede, ainda com o cupcake na mão, mas sem sequer trocar uma palavra. Quem era ele, afinal? Terminei com meu palito de queijo e voltei-me a ele. E não demorou muito para ele baixar seus orbes aos meus. Pelle já me conhecia o suficiente para saber que eu iria falar. Só estava pensando nas palavras e ordem certas para nada sair embolado. 

— Coma. — Mas para minha surpresa, foi ele quem puxou o assunto daquela vez. Também se virou de frente a mim, escorado somente com o braço na parede. O outro, segurando o cupcake de papai Noel, foi estendido entre nós. Olhei para a cara já amassada do velho barbudo, e dei risada. Mais contida, mas ainda assim mostrando os dentes. Seu olho escorregava pela bochecha, uma mordida pequena havia tirado a bolinha de seu gorro... Tudo uma bagunça. Como aquela cena parecia, na verdade. No meio do nada, na neve, dois meninos vestidos para um show de rock, próximos o suficiente para se esquentar, apesar disso, um sem a noção de seu redor. Qualquer coisa que passasse por nós seria despercebida naquele instante. Isso porque, bem... Per estava rindo comigo. Com seus lábios afinando-se ainda mais, dando-me a imagem da covinha em sua bochecha direita e... a visão de olhos, ainda que distantes, voltarem a brilhar por algo tão besta. Eu realmente não estava em mim. Como havia imaginado. Era loucura minha em achar ele lindo, atraente. Era loucura minha eu querer urgentemente que ele fizesse parte de minha banda. Eu estava ficando louco. Maluco. Mas de nenhuma forma eu achava ruim. Aliás, nem me passava pela cabeça desistir da minha ideia. Neguei, ainda rindo e o admirando. “Obrigado, mas nã-” 

— Não acredito que além de um imbecil filhinho de papai, é uma baitola! — ouvi alguém gritar ao nosso lado. E ao ver quem era, já fui para dar o primeiro passo em direção a eles, com meu humor tomado pelo ódio. Eram dois dos amigos de Jørgen, se é que se dá para chamar de amigos. — Sua família está aí, né? O que será que eles falariam se vissem essa pouca vergonha, huh? — voltou a gritar, o outro ao lado dele rindo igual uma hiena. Senti Per me segurar em ambos os braços, visto que eu já estava realmente indo até eles. Meu olhar estava fixo naquele menino, esperando uma oportunidade de me livrar e pegar em seu pescoço. — Sem contar também que já está levando os novatos para o caminho da viadagem, huh

— Ei. — Foi o suficiente. Em conjunto daquele sorriso fino. Eu não pude mais dar atenção aos idiotas próximos a nós. Foquei-me naquele rosto ainda mais harmonioso do qual já estava acostumado. Seu sorriso de canto aumentou conforme uma de suas sobrancelhas se elevava. Eu nem sabia mais o que fazer naquele instante. Que porra está acontecendo? Eu repetia em minha mente sem receber algo decente de resposta. Ainda mais depois que senti sua mão buscar a base de minhas costas e permanecer ali, sem antes trazer-me para frente, eliminando assim qualquer espaço entre meu corpo e o seu. Sem poder pensar muito na situação, encaixei meu rosto no colarinho de sua blusa preta, ainda com a visão voltada à direção dos dois estúpidos, mas sem realmente conseguir os ver. O que, na verdade, tive o deslumbre, fora o dedo médio de Per sendo mostrado diretamente àqueles imbecis. Soltei um risinho à pele clara de seu pescoço, assim retornando ao lugar que estava desejando revisitar havia dias. Meus olhos se fecharam involuntariamente, já não me importando com nada que fosse. Pude ouvir alguma outra coisa, porém eu estava longe. Sem a mínima vontade de entender o que se passava. Contudo, passava. E por isso, depois de poucos minutos assim, me desencostei o suficiente para poder observá-lo diretamente nos olhos. “Desculpe. De verdade. Não sabia o que estava pens-” — Pft. Pode continuar se quiser. — E sorriu. Mostrando os dentes retos e lindos que eu sonharia por dias seguidos. E eu já nem me importava mais também em admitir isso. 

Hum-hum... — escutei Kjetil pigarrear atrás de mim. O que fez eu imediatamente me soltar de Pelle e virar-me, de olhos arregalados e tudo. Só o que faltava também. Eu sabia estar vermelho e sem desculpas para dar. Era isso. Tanto ele quanto Jørn haviam visto. O quanto eu não saberia. Mas o suficiente. — Vamos para dentro? Assistir à apresentação do Erik. 

 

Pois de fato assistimos. Até mesmo Stubberud teve cabeça em acompanhar a apresentação de Natal de meu irmão, sentado próximo de Manheim e Lena. Como dois seguranças caso acabasse desabando de seu assento. Ainda conseguimos ver algumas outras performances, de outras turmas, antes de precisarmos subir novamente no palco. No entanto, não pude deixar de reparar que em dado momento, Per e Kjetil saíram de seus lugares e, pelo que consegui enxergar, seguiram para fora do teatro também. Apesar disso, mais estranho foi quando já estávamos prontos para iniciarmos a música de fechamento. Os dois simplesmente apareceram em cima da hora, sem explicações – mesmo que eu tenha pedido a Manheim com o olhar. Tentei ver algo que fosse de suas expressões, mas Pelle realmente conseguia escondê-las atrás dos cabelos soltos. De repente, algo me subia pelo estômago. Ia diretamente à esquerda. Eu era bem ruim em controlar essas coisas, é verdade. Ficava explícito até demais o que eu estava sentindo. E, bem, não estava sendo uma boa experiência. Apesar de a coisa toda do palco ainda me tomar enquanto tocávamos a segunda canção, não era a mesma coisa de antes. Nenhum toque que fosse de minha mão com a sua enquanto mexíamos com o violino iria me trazer o sentimento bom que eu havia provado horas atrás. Nem mesmo quando tivemos que agradecer a plateia e precisamos segurar um a mão do outro. 

Senti somente frieza. E nem me referia à pele clara. 

Seu olhar fugia de mim como se eu nem estivesse por ali, à sua frente. Ao sair do palco, fomos recebidos por Lena e minha família, os quais felicitaram muito nossa apresentação. Logo chegou também o pai de Kjetil, visto que a mãe continuava a dar os últimos votos à plateia. Minha visão localizou novamente Per, o qual ficara mais para trás, com os olhos perdidos entre a confusão de abraços e sorrisos das pessoas à nossa volta. Notei que suas mãos tremiam quase de forma descontrolada. Sem perder tempo, e mesmo com receio, minhas pernas me levaram a ele. Eu não precisava, mas eu queria.

— Tudo bem com você? — comecei, controlando minha voz. Fiquei bem próximo, ao seu lado, tentando disfarçar a preocupação que realmente sentia. Não recebi resposta de imediato, então o encarei. Ele olhava ainda à frente, me ignorando completamente. Mais uma vez senti um órgão cair dentro de mim. O que eu poderia ter feito? Será que eu havia passado do limite? Não era possível. Ele mesmo disse que estava tudo bem continuar perto de si em público. Ou será que era por Kjetil e Jørn terem visto? Mas, poxa… Visto o que, afinal? Mal estávamos perto um do outro… Não podia ser por isso. Podia? O nó na minha garganta quase não me deixou acrescentar. Porém aproveitei para fingir um sorriso. Quem sabe ajudasse. — Acho que o evento acabou. Podemos sair com os meninos agora. — Só que eu estava errado. Não conseguia entender por que estava agindo assim. Sem seus olhos nos meus, tudo ficava mais difícil. Porém, insisti. Não iria desistir tão fácil.  — Ou se preferir... Meus pais podem te dar uma carona até em casa.

— Não. — Quase sem me deixar terminar, respondeu finalmente, virando-se e indo embora do teatro. Sem mesmo cumprimentar qualquer um que estava na roda de familiares e amigos. Sem mesmo me olhar. 

Bem… eu disse que tinha consciência dos problemas que enfrentávamos. Mas não dos que viríamos a enfrentar...


Notas Finais


feliz 53 ♥ e feliz 5 ♥


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