História Chapeuzinho Vermelho - Reencontro

      A música soava alto pela casa, Katrina corria de um lado para o outro brincando com sua bolinha amarela, enquanto eu limpava a casa. Sábado e eu decidi que iria fazer faxina, minha mãe adorou a idéia e foi para pousada com o meu pai. Coloquei as últimas peças de roupas na secadora e voltei rapidamente para dentro por conta do frio, mesmo que dançar e limpar tenha me deixado com calor o frio do lado de fora ainda era maior.

—Alô —Atendi o celular

—Blake, te espero na cafeteria de sempre às quatro horas —Olivia falou —Estou entediada

—Faz uma faxina igual eu acabei de fazer — Disse

—Estava ajudando meu pai a pintar o quarto de hóspedes —Bufou

—As quatro horas estarei lá

Desliguei o celular e voltei a deitar em minha cama coloquei o celular para despertar caso eu dormisse, mas preferi pegar meu caderno de desenhos e rabiscar alguma coisa. Terminei o desenho tendo em mãos um lindo pássaro. Estava orgulhosa. Sorri guardando o caderno enquanto pendurava o desenho junto com os outros. Tirei algumas fotos de Katrina enquanto ela comia, definitivamente eu amava desenhar e tirar fotos. Não via a hora de ir para a faculdade de fotografia, contava os minutos para enfim receber minha tão esperada carta de aprovação, ou até um email ou ligação, qualquer coisa que me avisasse que eu fui aceita no curso. O celular despertou me assustando e lembrando que deveria me arrumar para encontrar com Olivia.

Tomei um banho não tão demorado e sai do banheiro enrolada no meu roupão branco, abri o guarda roupa e nada me chamou a atenção. Queria mesmo ficar em casa e dormir. Vesti um conjunto de moletom cinza, calcei um tênis vans preto, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto, peguei meu celular e sai. Estacionei o carro e desliguei a rádio, sai do mesmo e praticamente corri até a cafeteria onde Liv me esperava na mesa ao lado da enorme vidraçaria

—Se atrasou quinze minutos —Falou

—Estava desenhando —Me sentei

—Moletom, Blake? —perguntou

—Agradeça que não vim de roupão —Me defendi —Minha avó vai vir nos visitar, se quiser podemos pedir ajuda dela para criar a fantasia —Dei recado antes que eu tivesse esquecido

—Que idéia ótima, vou falar com ela assim que ela chegar

—Olá meninas já sabem o que vão pedir? —Uma atendente simpática parou em nossa mesa

—Um chocolate quente e um cupcake de gotas de chocolate —pedi

—Um suco de laranja e uma torta de morangos —Liv falou

Os pedidos chegaram e nós comemos sem muitas conversas. Quando o assunto definitivamente sumiu, ela falou que seu pai havia ido se cadastrar para participar das buscas como voluntário e que sua mãe havia ficado brava. Comentei que meu pai também havia feito a mesma coisa

—Estou com medo que algo aconteça com ele, Blake —Suspirou

—Eu também, Liv, afinal é o meu pai, mas tudo vai dar certo e eles vão voltar intactos —bebi o último gole do chocolate quente —Vou pedir outro para viagem —Comentei

—Estou pensando em fazer outro curso na faculdade —falou de repente

—Qual? —Perguntei

—Não sei, mas as vezes eu vejo que amo moda mas talvez não seja o que eu deva investir, preciso pensar mais um pouco —Falou

—Vou apoiar qualquer que seja a sua profissão —Ela sorriu

“Outro corpo fora encontrado hoje na cidade, a polícia acredita que o ataque tenha ocorrido durante essa tarde. O delegado da cidade Robert Kennedy emitiu uma nota avisando que já pediu reforços para acabar com esses assassinatos e vão investigar também a possibilidade de não ser um animal e sim um serial killer. Pedimos a todos que se mantenham longe na área de mata e floresta ao redor na cidade para a segurança de cada um…”

Parei de prestar a atenção na Tv que transmitia o alerta e olhei para Liv que estava tão assustada quanto todos os outros ali dentro estavam. Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo. Pedimos nossos chocolate quente para levar e aguardamos em silêncio

—Obrigada voltem sempre —Um atendente nos entregou os pedidos e nos agradeceu

—Quer ir lá para casa fazer nada o resto do dia? —Perguntou Liv enquanto procurava a chave do carro na bolsa

—Vou para casa, meus pais nem sabem que sair, e depois desse noticiário eles vão colocar a polícia atrás de mim se eu não estiver em casa —Falei

Abri a porta da cafeteria e ouvi liv resmungando alguma coisa, olhei para trás e ela tinha derrubado a chave no chão e se xingava um pouco alto, virei para frente e senti um impacto senti um líquido quente escorrer na roupa da outra pessoa, e cambaleei pra trás por causa do impacto que foi bem forte. Abri o olho encarei dois olhos verdes me encarando.

—Ashton —sussurei

—Blake —Falou

—Desculpa foi sem querer —Falei rapidamente —Eu preciso ir

Sai da cafeteria praticamente correndo para o meu carro ,entrando dentro do mesmo e dando partida logo em seguida, pelo retrovisor eu vi Olivia me chamando. Cheguei em casa e corri para meu quarto, eu estava em choque, eu sentia meu coração acelerado e pronto para se quebrar em inúmeros pedaços. Nosso reencontro aconteceu da mesma forma como nos conhecemos eu derrubando algo nele e aconteceu no mesmo local onde tudo terminou na cafeteria. Deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto, e me permitir chorar. Ele não podia ter voltado, não depois de tudo o que eu passei, das inúmeras vezes que eu chorei olhando nossas fotos, ele não podia fazer isso comigo. Eu me enganei por tanto tempo acreditando na minha própria mentira de que havia superado Ashton Irwin. Eu sentia um tsunami de emoções dentro de mim, raiva, ódio, tristeza, tudo ocasionado por aqueles olhos verdes que ainda balançavam meu coração.

Foi há muito tempo, mas descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar. - O Caçador de Pipas