Continuo encarando Marco sem ter certeza se ouvi direito ou se foi minha mente me pregando peças. Pela expressão ansiosa e até aliviada, sei que ouvi certo e imagino que ele espere uma resposta minha.
-Você…o que? -pergunto ainda sem acreditar.
-Estou apaixonado por você. -ele sorri, se aproximando perigosamente. -Acho que todos sabiam, menos eu.
Sinto meu peito se encher de felicidade, mas os meus sentidos parecem paralisados. Não consigo esboçar nenhuma reação ou dizer qualquer coisa.
-Asensio! -Marcelo grita. -Precisamos nos aquecer.
-Conversamos depois do jogo ok? -ele sorri fofo antes de beijar a minha bochecha e sair correndo em direção ao campo.
Fico alguns minutos parada até me tocar de que eu deveria estar no campo também. Corro com a câmera na mão e parei ao ver o Camp Nou lotado. O estádio é lindo e a energia que a torcida emana é inacreditável.
-Catarina! -meu pai me chama. -Onde estava filha?
-No banheiro. -menti.
-Tudo bem. -ele sorri. -Esse é o Gabriel. Gabriel essa é a minha filha, Catarina.
Um homem alto se aproxima. Ele é moreno com belos olhos verdes e um sorriso lindo.
-Prazer. -ele estende a mão e apertei rapidamente.
-Vou deixar vocês trabalharem. -Zidane se afasta.
-Muito bem. -Gabriel sorri. -O meu trabalho é relativamente fácil, mas a câmera precisa estar ajustada e depois do jogo é que começa o verdadeiro trabalho. -fico levemente assustada e ele ri. -Mas vamos nos concentrar apenas em tirar as fotos, ok?
Balanço a cabeça concordando.
Gabriel me ensina a como configurar a câmera e alguns ângulos que valorizam uma fotografia, além de encontrar a luz perfeita. Fico impressionada em como ele é um ótimo professor e muito bonito, vale ressaltar.
A partida começa e passo os primeiros minutos assistindo. Reparo que alguns flashes disparam na minha direção e não adianta me cobrir com o capuz dessa vez. Eles já sabem quem eu sou e devem estar criando teorias do porque estou aqui.
Ando um pouco para a direita e para esquerda, tentando seguir as dicas de Gabriel para encontrar um bom ângulo. Consigo tirar algumas fotos que parecem ter ficado boas. Uso o zoom para ver melhor os jogadores e encontro o camisa vinte com facilidade. Marco não desvia os olhos da bola e sei que está esperando uma boa oportunidade para tira-la do adversário.
Tento evitar, mas não consegui resistir ao impulso de fazer alguns clicks do espanhol. Ele fica ainda mais bonito quando está sério.
É impossível impedir que eu pense nas palavras que ele me disse mais cedo. Eu sei que deveria ter respondido, ter declarado os meus sentimentos porque sei que não vou ter melhor oportunidade, mas eu não sei o quão real foram as suas palavras. Ele pode ter percebido que fiquei chateada com a conversa que tivemos em meu quarto de hotel e resolveu dizer aquilo para amenizar as coisas, mas não acredito que Marco mentiria para mim, ainda mais sobre um assunto que é tão delicado.
Pode ser que seja verdade, pode ser que não. Nunca irei descobrir se não conversar com ele.
A torcida do Barcelona xinga, vaia e fica enraivecida, o que acaba atraindo a minha atenção. Hazard acabou de fazer um gol e eu perdi a oportunidade desta foto! Mas não me importo com isso. Fico feliz por estarmos na frente! Aproveito o momento para capturar a comemoração dos rapazes.
-Como está se saindo? -Gabriel se aproxima após vinte minutos.
O primeiro tempo está quase acabando e nada de relevante aconteceu.
-Acho que bem. -sorri.
-Posso conferir? -ele pede.
Gabriel se aproxima para ver as fotos que aparecem na telinha da câmera. Passo devagar, concentrada em sua reação.
-Tem certeza que nunca fez um curso? -ele ergue a sobrancelha.
-Tenho. -ri. -Então você gostou?
-Eu adorei! Você tem um olho muito bom. Vai ser uma fotografa maravilhosa.
-Obrigada. -agradeci com um sorriso.
-Espero que tenha tirado fotos minhas. -Vinicius brinca ao passar por mim.
-Você não fez nada. -grito.
-Só fiz o passe para o gol, nada demais. -ele dá de ombros e continua seu caminho.
-Você estava um pouco distraída. -Gabriel comenta.
-Desculpa. -peço envergonhada. -Eu estava pensando em…
Perco a linha de raciocínio quando vi Marco passar. Ele está suado e com o cabelo levemente bagunçado, mas continua lindo.
-Catarina? -Gabriel chacoalha a mão na frente dos meus olhos.
-Ah desculpa. -coloquei as mãos no rosto. -Hoje não é o meu dia.
-Está tudo bem? -ele parece preocupado.
-Está. -respiro fundo. -Eu não sou distraída assim, só…
-Não é o seu dia. -ele completa. -Não se preocupe, todos nós temos dias ruins.
-Obrigada por entender. -sorri agradecida.
Pedi licença ao Gabriel para pegar a minha mochila no banco dos reservas. O meu pai deveria estar tomando conta dela, mas ele está ocupado com os jogadores. Puxo o zíper e pego a minha garrafa d'água para beber alguns goles.
Descanso por alguns minutos antes de voltar ao meu lugar com a mochila nas costas.
Os jogadores de ambos os times voltam ao campo para iniciar o segundo tempo.
Duas horas após o termino do el clássico, estou pronta para comemorar em uma balada catalã. Estou dentro de um táxi com Vinicius, Álvaro e Nacho. Os rapazes fizeram um ótimo trabalho em campo e por isso ganharam de 3x2. Foi um jogo duro, com o Barcelona conseguindo empatar duas vezes, mas eles se sobressaíram hoje. E não existe jeito melhor de comemorar do que dançar e beber um pouco. Admito que foi difícil convencer o meu pai de que sair apenas com homens seria uma boa ideia, mas Sérgio se responsabilizou por mim e ele acabou cedendo.
-É melhor você ir primeiro. -Nacho sugere. -Assim os paparazzi não vão te incomodar.
-Tem razão. -disse ao abrir a porta do carro. -Vejo vocês lá dentro. -acenei.
Passei reto pelas pessoas que esperavam na porta e apenas o segurança ficou sabendo o meu nome. Segui direto para o bar e pedi uma dose de tequila para esquentar.
-Você já não bebeu muito mocinha? -pergunta Isco tomando o copo da minha mão.
-Só foram dois copos. -revirei os olhos.
Ele ri.
-Na verdade, foram quatro.
Minha visão está um pouco comprometida, mas quando tudo para de girar, consigo ver quatro copos vazios de tequila na minha frente.
-Vocês demoraram! -exclamo.
-Dez minutos. -ele devolve. -Com quem você aprendeu a beber assim?
-Analu. -dou de ombros. -Aquela garota bebe qualquer coisa.
-Poderíamos sair quando voltar para Madrid. -Isco senta ao meu lado. -Assim eu posso conversar com ela.
-Eu vou tentar, mas não prometo nada. Ela e as meninas estão ocupadas com a faculdade.
-Obrigado. -ele beija a minha bochecha.
-Sai pra lá Francisco! -Marco empurra o ombro do amigo, o afastando de mim.
-Uh está com ciúmes Marcinho? -Isco sorri malicioso.
-Porque não vai procurar alguém que queria a sua presença?
-A Catarina gosta de ficar comigo. -ele me olha. -Não é Cat?
Finjo pensar e ele finge estar magoado.
-Estou brincando Isco. -ri e o abraço.
-Eu sei, eu sou um amigo incrível. -ele se gaba. -Mas eu vou sair daqui antes que o Marcinho voe no meu pescocinho. Adios.
Isco acena antes de sumir no meio da multidão e Marco toma o lugar dele ao meu lado. Nos encaramos por vários minutos sem dizer uma palavra. Acho que eu deveria falar alguma coisa, mas esse lugar não parece apropriado para discutir os meus sentimentos.
-Vem. -pego Marco pela mão.
-Aonde vamos? -ele pergunta quase gritando.
-Dançar. -sorri ao chegarmos na pista de dança. -Amanhã nos conversamos.
Marco suspira antes de puxar a minha cintura para perto dele.
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