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História Chasing Freedom - Não me faças perder o meu tempo.


Escrita por: anacsiilvaa

Capítulo 46 - Não me faças perder o meu tempo.


Anna

 

- Obrigada por terem vindo.

- Obrigada pelo bolo. - A Emma abraça desajeitadamente a Marie enquanto segura o recipiente com as sobras do bolo de aniversário.

- Não tens de quê.

- Cuida-te. - O Niall recebe-a num abraço carinhoso quando a Emma se afasta.

- Uma palavrinha. - Segurando o meu braço, o Max faz-me dar um passo atrás para podermos conversar mais à vontade enquanto todos estão distraídos com as despedidas.

- Diz-me.

- Como eu disse durante o jantar, vou fazer turnos mais longos durante os próximos meses e isso significa ficar alguns dias fora. O bebé está prestes a nascer e eu queria pedir-te que fiques de olho nela. - O seu olhar procura a figura da Marie. - Eu não quero que fique sozinha por muito tempo.

- Claro. - Assinto entendendo exatamente o que me pede. - Não te preocupes. Eu cuido dela enquanto estiveres fora.

- Obrigado.

- Não tens que agradecer. - Encolho-me quando abraça o meu pescoço, deixando um beijo no topo da minha cabeça. - É o meu dever como madrinha.

- Podemos ir? - O Matthew abre a porta, chamando a atenção de todos.

Assinto, despedindo-me do Max e depois da Marie antes de seguir o Matthew.

- Adeus! - Digo antes de fechar a porta atrás de mim.

Depois de mais uma ronda de despedidas em frente ao prédio, entro no carro e dirijo-me para o bar.

Quero muito conversar com o Alex sobre a conversa que tive hoje mais cedo com o James.

É uma pena que não o possa contar ao Grant. Pensei em faze-lo mas não sei se devo. Essa é outra das razões pela qual quero conversar com o Alex. Talvez ele tenha uma ideia do que devo fazer.

- Boa noite!

- Alguém está especialmente bem humorada hoje. - O Anton sorri vagamente deixando-me saber que não partilha do meu bom humor.

- Está tudo bem?

- Tudo ótimo. Apenas cansado.

- Ainda bem que hoje é um dia calmo por aqui.

Mas calmo não resume bem o ambiente com que me deparo assim que entro.

Os clientes habituais estão por cá, o tema da semana do dia dos namorados continua em cima, no entanto, há algo diferente.

- Boa noite. - Sorrio assim que o Paul ergue as sobrancelhas, dando pela minha chegada.

- Boa noite. - Diz seguindo-me enquanto me dirijo para o meu lugar de sempre. - Café ou bebida?

- Café. - Peço vendo o Alex observar-me por breves momentos enquanto seca alguns copos. - Não roubei o teu namorado hoje.

- Podes rouba-lo sempre que quiseres, sabes disso.

- Não sabia que vinhas cá hoje. - O Enzo deixa um beijo na minha bochecha, aproximando-se demasiado de mim com um sorriso estranho estampado no rosto. - Como correu a festa de aniversário?

- Bem. A Marie adorou o presente.

- Vês? Eu disse que ias encontrar o presente perfeito.

- Aqui tens.

- Obrigada. - Agradeço ao Paul embora ache que não me tenha ouvido por ter-se afastado rapidamente. Á minha esquerda, o Enzo continua praticamente em cima de mim, entretido com uma mecha do meu cabelo. - Estás a tentar beijar-me ou algo assim?

- Jesus, não posso tocar-te?

- Podes mas estás quase sentado no meu colo. - Constato vendo-o largar a mecha de cabelo de forma teatral. - Magoaste-te?

- O quê?

- A tua mão. - Seguro-a analisando a vermelhidão nos nós dos dedos. - Magoaste-te?

- Tive um pequeno desentendimento com os barris de cerveja. - Afastando a mão, sacode os ombros. - Eu vou ver se alguém precisa de bebidas.

Tomo o café em silêncio, maioritariamente porque ninguém fala comigo e porque o Josh não está sentado ao meu lado, como de costume.

O ambiente está muito estranho.

- O Josh está lá dentro? - Aponto com a cabeça para a porta do seu escritório.

- Não. Ele...

- Ele tirou o dia de folga.

- A sério? - Encaro o Paul, desacreditada. - Finalmente!

- É, ele finalmente decidiu seguir o teu conselho.

- Então quem é o responsável pelo bar hoje? Tu?

- Claro. Quem mais?

- Já que estás tão empenhado no novo cargo, porque é que não vais lá baixo buscar limões? Estão a acabar.

- Eu trouxe um cesto cheio...

- Estão a acabar. - O Alex interrompe-o. - Vai buscar mais. Dois cestos são suficientes. Obrigado.

- Tudo eu, tudo eu. - Resmunga acatando a ordem.

- Não é suposto ser ele a ditar as regras?

- Ouve-me. - O seu tom muda assim que o Paul se afasta. Apoderando-se de um dos copos que secou, pega numa garrafa e começa a enche-lo enquanto desvia o olhar para pontos aleatórios da sala de forma suspeita. - Eles acharam que seria melhor não te contar mas eu acho que precisas saber.

- Saber o quê?

- Que... merda. - Murmura olhando para um ponto atrás de mim. - Então entrei no elevador mas depois a vizinha da frente chegou com os quatrocentos sacos de compras, os cinco filhos e o carrinho de bebé...

Franzo as sobrancelhas. Do que é que ele está a falar?

- O elevador tem o limite de seis pessoas e eu comecei a fazer as contas mentalmente. - Prossegue seguindo discretamente o Brad com o olhar.

Oh, está a disfarçar. Entendi.

Assinto, fingindo ouvir a história com atenção até ao momento em que o Brad entra no balneário e a postura do Alex sofre outra mudança.

- O Josh está no hospital com o nariz partido e eu espero que aproveite a oportunidade para fazer uma rinoplastia. Era o que eu faria. - Comenta num aparte. - Mas isso não é importante agora. O teu ex namorado veio aqui, embebedou-se e atacou-o.

- O quê?

- Não sei detalhes. Quando entrei no escritório, só vi o Enzo dar-lhe um murro para o controlar. Depois disso, o Josh pediu que mantivessemos isto entre nós.

Não tenho outra reação que não seja olha-lo.

- Não foi tão mau quanto parece mas ainda assim, achei que devias saber.

Entre levantar-me e questionar o Enzo, ligar ao Josh para saber como está ou sair e ir atrás do Harry, obviamente tomo a pior decisão de todas.

Deixo o bar sem dizer outra palavra e entro no carro, dirigindo-me imediatamente para o seu apartamento.

Gostava de poder dizer que não me acredito que foi atrás do Josh pelo facto de que o viu esta manhã em minha casa mas tenho a certeza de que essa foi a sua motivação.

Perdeu a cabeça por completo.

Após tocar à campainha, suspiro enquanto espero para ser recebida e endireito os ombros assim que depois de longos minutos, ouço a porta destrancar-se.

Ele age como se já me esperasse. Largando a porta, vira-me as costas e caminha descalço pela sala deixando o rasto dos seus pés molhados pelo chão.

Ergo as sobrancelhas para mim mesma e decido segui-lo para onde quer que vá. Entrando no quarto, ouço um suspiro quando se senta na cama e passa as mãos pelo cabelo molhado, secando-as na toalha que tem enrolada na sua cintura.

Suponho que seja a minha deixa para quebrar o silêncio. O único problema é que nem sequer sei por onde começar.

- Perdeste a cabeça? - Surpreendentemente, o meu tom é mais sereno do que esperava.

- Sim.

- No que é que estavas a pensar? O que é que te fez pensar que podias ir atrás dele e ataca-lo?

- Não faças perguntas para as quais já sabes a resposta.

As palavras falham-me novamente.

Ele mantém-se quieto, sentado na cama cabisbaixo, pronto para ouvir-me mas eu não sei o que dizer. Não acho sequer que esteja realmente a ouvir-me.

O silêncio é total enquanto, parada como uma verdadeira idiota, o observo. A corrente no seu peito chama a minha atenção pela primeira vez. Eu já a vi mas não tinha prestado atenção para o facto de que carrega a aliança que me ofereceu em conjunto com todas as promessas que não cumpriu.

Viro a cara e dou uma vista de olhos pelo quarto, pensando para mim mesma que não devia ter vindo até aqui.

- O Josh não tem nada haver com o que quer que estejas a tentar fazer. Por favor, não vás atrás dele por um problema que tens comigo. Por favor.

Pressiono os lábios firmemente quando não recebo uma resposta. Só me resta acreditar que me ouviu e sair.

Giro os calcanhares e estou prestes a dar o primeiro passo quando ele decide falar.

- Porquê ele e não eu?

- É isso que te importa? Porquê ele?

Volto a encara-lo e sou obrigada a dar um passo atrás quando vejo o quão perto está, erguido sobre mim como um arranha céus. Os seus olhos observam-me de forma obscura e, embora não me assuste, deixa-me desconfortável.

- Talvez devesses perguntar isso a ti mesmo. - Balanço a cabeça suavemente sem desviar o olhar. - E pensar duas vezes antes de simplesmente atacar alguém, especialmente alguém como o Josh.

Essa é outra questão que me está a deixar desconfortável. O Harry não conhece o Josh. Eu mesma não o conheço tão bem como gostaria mas já ouvi algumas histórias e honestamente, estou surpresa que o único golpe no seu rosto tenha vindo apenas do Enzo.

Adoro e respeito todas as pessoas que trabalham no bar mas tenho a consciência de que não são o tipo de pessoa com quem devemos ter problemas.

- Não respondeste à minha pergunta. - A sua cabeça balança suavemente.

- A tua pergunta não faz qualquer sentido. Não é uma competição, Harry. É a minha vida e eu estou com quem eu bem entender.

Ele murmura algo por entre os dentes e esfrega as mãos violentamente no rosto, afastando-se repentinamente.

- É melhor que eu? - Questiona voltando a encarar-me de braços abertos. - É porque gostas dele ou porque me odeias tanto que sentes prazer em recusar estar comigo?

- Eu não sei quantas vezes mais tenho que te dizer isto... - Murmuro tentando colocar os meus pensamentos em ordem.

Mas não tenho essa oportunidade. Apenas tenho a reação de levantar as mãos e agarrar os seus pulsos quando segura o meu rosto e me beija, usando o corpo para me prender contra a porta.

- Beija-me. - Ordena sentindo os meus lábios completamente selados contra os dele.

- Agora vais forçar-me a beijar-te?

Mantenho o meu olhar baixo e a respiração calma embora calma seja o último sentimento na lista do que sinto.

Neste exato momento sinto-me magoada, forçada a fazer algo que não quero e de todas as sensações que já me proporcionou, esta é uma das que nunca pensei sentir.

- O que vais fazer a seguir? Controlar tudo ao meu redor até que eu decida que és a pessoa com quem quero estar? Porque não vai resultar uma segunda vez.

- Se escolhesses melhor as pessoas com quem queres estar, eu não teria que me intrometer. Ambos sabemos que as coisas não ia acabar bem na primeira vez se eu não tivesse aparecido. - As suas mãos escorregam pelo meu rosto e ele vira-me as costas novamente.

- Não iam acabar bem? - Cito ignorando o facto de que se afasta como se não quisesse ouvir-me. - A tua definição de bem está levemente distorcida...

- Sai! - O seu tom sobe repentinamente ao encarar-me, silenciando-me. - Não vejo razão para ter que te ouvir se não posso sequer foder-te depois. Não me faças perder o meu tempo. - Pede venenosamente. - Sai de minha casa.

Faço o que me pede. Não sei exatamente onde encontro forças para simplesmente sair do seu apartamento e entrar no carro mas a verdade é que o faço. Não porque ordenou que o fizesse mas porque ia acabar por dizer e fazer algo do qual, com toda a certeza não me arrependeria mas que não seria correto.

Não existem mais desculpas. Seja o álcool, a pré disposição para a agressividade fisica ou verbal... qualquer que seja o problema dele, não é mais justificável.

Inspiro profundamente, sentindo as minhas mãos tremerem enquanto seguram firmemente o volante da mesma forma que tento segurar e controlar a raiva que estou a sentir.

Paro o carro nos semáforos de um cruzamento e aproveito o sinal vermelho para descarregar a tensão no volante. Bato com as mão repetidamente nele antes de erguer o olhar e observar as ruas completamente vazias.

- Vá lá. - Refilo sentindo que o semáforo está a levar uma eternidade para mudar. - Não tenho a noite toda.

Quero ir para casa, ligar ao Josh para saber como está, beber um copo e tomar um banho para me livrar da sensação de sujidade que se entranhou em mim.

Assim que o semáforo fica verde, recomponho-me e acelero, olhando para a minha esquerda quando outro par de faróis aparece repentinamente a alta velocidade.

E não vai parar.

 



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