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História Chave Tetra - Capítulo 3


Escrita por: katharynnye

Notas do Autor


Obrigada Ley89p2 pelo favorito, esse capítulo é para você....
Gente avisando que tem cenas fortes mas que pular elas não afeta na história...
Espero que gostem....

Capítulo 4 - Capítulo 3



P.V Liz

Depois que a mãe dele me conheceu, eu passava ainda mais tempo na casa dele, a mulher queria que eu morasse lá, mas eu sabia que não era bom, e essa confirmação veio quando ela contou a mim e ao Dante que ele era a EAHP51, a reação dele foi diferente…

LEMBRANÇAS

-Então a senhora tá dizendo que eu também fui feito pela DM?- ele perguntou sem expressão.

-Sim!- ela disse olhando para ele apreensiva.

-Então eu tenho os mesmos genes da Liz?- ele perguntou confuso.

-Não, para você foram usados os meus genes e os do seu pai, para a Liz usamos os genes do Dom e de outras mulheres!- ela respondeu e vi ele concordar sem falar mais nada.

-Filho, não se sinta mau, em ser uma pessoa modificada, o Cícero mesmo passou por várias modificações feitas pela DM, até a chave começar a realizar essas.- O pai dele disse tentando arrancar algum comentário dele.

-Eu não me sinto mau, se eu também fui feito pela DM, isso coloca a mim e a Liz como iguais e eu não poderia me sentir melhor!- ele disse fazendo carinho em meus cabelos, arrancando um sorriso meu.

-Eu entendo que fui feito pela DM, e também entendo que as chaves escondam meu genético, mas o que mais elas fazem?- ele perguntou a mãe.

-Dizem que abrem portais dimensionais!- ela disse com o mesmo sorriso de quem conta uma história com magia para crianças.

FIM DAS LEMBRANÇAS

Depois de muita conversa, chegamos a conclusão de que era melhor que eu não fosse adotada por eles, já que isso iria chamar a atenção das pessoas no trabalho da Jean, então eu continuo indo sempre a casa do Dante, almoço e janto por lá e as vezes durmo por lá também, na mesma cama que ele, o que me dá uma estranha sensação de segurança.

-Acha mesmo que as chaves abrem portais dimensionais?- perguntei a ele.

-Acho que talvez abra, não custa tentar.- ele disse observando a chave.

Olhei para ele e juntos empunhamos cada um a sua chave e a giramos no nada a nossa frente, e nada aconteceu.

-Não deu certo… porquê será?- ele se perguntava com a mão fechada e o dedo indicador prescionado nós lábios lateralmente.

-Tem que ter um motivo…- eu disse olhando para a chave a a analisando.

-Talvez se ela tiver uma fechadura?- ouvi o Dante falar ao longe e o barulho de coisas sendo reviradas, mas não dei atenção, estava concentrada em mexer na chave e descobrir o porquê ela não funcionava, deslizei meus dedos por ela toda até os segredos.

-Porquê você não abre um porTAL?- gritei e ergui a mão rapidamente, quando por alguma razão um dos segredos da chave cortou do meu polegar até a palma da minha mão.

-Liz você tá bem?- o Dante perguntou se aproximando e olhando a minha mão, o corte já estava cicatrizado e nem mesmo sangue tinha nela.

-Liz… o que é aquilo?- ele perguntou apontando para algo a sua frente.

Olhei para onde ele apontava e vários pontos luminosos estavam no local.

-Foi onde o meu sangue caiu?- perguntei notando que pelo ângulo poderia ser onde algumas gotas de sangue tenham ido, a única questão era que os pontos fluavam no ar.

-Pode ser…- ele começou a dizer me olhando.

-Vamos tentar então!- eu disse pegando a chave e cortando outra vez a minha mão, levei ela até os pontos e fiz um grande círculo próximo ao chão, toda vez que a minha mão passava, um rastro luminoso ficava no lugar.

Ao fim quando o círculo estava completo podíamos ver que do outro lado tudo estava negro.

-Que lugar é aquele?- perguntei para o Dante.

-No que pensava quando abriu o portal?- ele perguntou curioso.

-Em nada… tá pensando que se eu pensar em uma dimensão ela aparece?- perguntei entendo o porquê da sua pergunta.

-Acho que sim… mas acredito que agora que já abriu seja necessário mais!- ele disse me olhando.

-Tá bom então… o que você acha de uma terra dos sonhos? Aonde tudo o que imaginarmos se realiza e nada pode nos machucar?- perguntei animada.

-Parece legal!- ele disse sorrindo e pegando em minha mão.

Coloquei a mão no portal imaginando como eu queria que fosse, a grama verde, o céu azul com nuvens e o sol brilhante, as árvores de doces, os morangos gigantes, vi a imagem oscilar e o que eu imaginava aparecer, olhei para o Dante sorrindo então, juntos, atravessamos.

-E se quisermos ir embora?- o Dante perguntou.

-Bom uma porta que nos leve direto para o seu quarto era uma boa…- eu disse vendo uma porta toda trabalhada aparecer, com um príncipe em um cavalo branco e um céu estrelado entalhados em pedras brilhantes e coloridas.

-Será que ela abre com a chave?- ele perguntou se aproximando da porta e enfiando a chave na fechadura, ele rodou a chave e então um clic foi ouvido e quando ele abriu a porta a imagem do seu quarto estava nítida.

-Se atravessarmos ela some?- perguntei me aproximando.

-Vamos ver!- ele disse pegando minha mão e voltando para o quarto, a porta fechou mas continuava lá, na parede, um porta linda e dourada com Terra Dos Sonhos escrito em pedrinhas coloridas.

-Legal!- dissemos juntos.

Depois disso a Terra Dos Sonhos passou a ser nosso lugar, descobrimos que por ser um lugar onde os sonhos pudessem ser reais, lá tinha o vale do pesadelo, um vale enorme ao qual nunca nos atrevemos a entrar mas mesmo assim, sempre íamos para lá, alguns dias quando chovia muito e eu não podia ir para a casa dele eu ia para a terra dos sonhos e nos encontrávamos lá, assim como o Dante eu também tinha uma porta com passagem direta para a minha casa, ao contrário da dele na minha se você estivesse na dimensão criada por nós, você veria uma fada ruiva com diversas flores e um belo arco-íris, nós também descobrimos que dava para pegar as coisas daquela dimensão e levar para nossa, e assim arrumamos todo o meu apartamento, era algo bastante infantil e colorido, mas gostávamos assim. Eu queria mostrar para a M a Terra dos sonhos mas ela era algo meu e do Dante então nunca tive coragem para fazer isso.

Quando eu tinha nove anos toda a minha vida mudou, e meu maior pesadelo aconteceu, aos nove anos me quebraram de uma tal maneira que eu nunca me colaria.

Aos nove anos eu entendi que alguns seres humanos são realmente maus e que estes, bom, estes merecem o que acontecer com eles.

-Esse é o resultado Dan!- eu disse terminando a conta e mostrando ao Dante o resultado.

-Claro que não Liz… tá vendo aqui essa variável não permite esse resultado!- o Dan disse me olhando como se fosse óbvio.

-Não me olhe como se eu fosse idiota, eu sei o que tô fazendo e esse resultado que você disse é impossível!- afirmei confiando fielmente no meu resultado.

-Deixa de ser orgulhosa, é claro que eu ganhei!- o Dante disse animado.

-Não vou brigar com você, eu tenho que ir…- murmurei me levantando.

-Vai pela terra dos sonhos!- ele disse me olhando.

-Não… aquele senhor que mora na esquina da rua do teatro deve estar esperando, vou levar comida para ele!- eu disse pegando a marmita que a mãe dele tinha me dado.

-E você? Vai ficar sem comer?- ele perguntou me fazendo sorrir.

-Tem comida lá em casa.- Afirmei depositando um beijo em sua bochecha e saindo pela janela do porão.

-Tem porta aqui sabia?- ele perguntou rindo.

-E você pode ir dormir em um dos quartos lá de cima.- respondi colocando a cabeça para dentro outra vez.

-Até amanhã fada!- ele disse animado.

-Até amanhã meu príncipe!- respondi sorrindo.

Sai de lá sorrindo, era só passar perto do teatro, dar comida ao homem e ir para casa, eu nem mesmo iria demorar.

CENAS FORTES CASO SEJA SENSÍVEL NÃO LEIA.

Eu já estava a dois quarteirões do teatro quando a luz de um dos postes falhou e se desligou, já se passava das oito e hoje por mais estranho que fosse não tinha ninguém na rua que era tão movimentada, apressei o passo e então escutei algumas vozes alteradas, eles ainda não tinham virado a esquina mais o meu olfato apurado me permitia sentir o cheiro de álcool que emanava deles, algo mandava eu me esconder e foi o que eu fiz, corri e me escondi em um dos becos escuros que tinha ali, arranquei o meu colar do pescoço e o coloquei no chão próximo a lixeira, assim eles não o veriam, eu não podia abrir um portal, eles poderiam ver e se algum fosse da DM saberiam quem sou, coloquei as mãos na boca para que não me escutassem chorar, eu não gostava de escuro mas a partir daquele dia eu realmente não suportaria a simples ideia de ficar no escuro.

Os homens estavam agora na frente do beco, eram cinco eles riam e conversavam até que um dos homens empurrou o outro em direção ao beco, na minha direção e ele caiu bravo e então quando levantou seus olhos ele se encontraram com os meus.

-Olha só o que temos aqui…- ele disse com um sorriso estranho, se levantando e me pegando pelo braço.

-Ei gente acho que não temos que ir atrás de umas putas, olha só encontrei uma aqui, e essa é novinha.- ele disse me erguendo e mostrando aos amigos.

-Me solta!- Resmunguei tentando me soltar.

-Ei… como é bonita, parece uma boneca, uma bonequinha ruiva.- disse o outro se aproximando mais.

-Sente o cheiro dela, me deixa com tesão.- disse outro cheirando meu pescoço.

-Me deixa ir embora.- pedi a eles que passavam as mãos levemente pelo meu rosto.

-Nós vamos bonequinha, mas antes disso, você vai nos satisfazer.- um deles disse lambendo meu rosto.

-Me solta seu nojento, não encosta em mim!- falei me debatendo, mas o homem que me segurava agarrou os meus dois braços e os ergueu.

-Me empresta o seu cadarço!- ele pediu ao mais baixo deles que sorriu antes de entregar.

-Pronto, assim você não vai conseguir arranhar.- ele disse amarrando minhas mãos fortemente uma nas outras.

-Me deixa ir, por favor!- pedi sentindo lágrimas nos meus olhos, eu já sabia o que eles queriam fazer comigo.

-Cala a boca!- um deles disse dando um tapa na minha cara, senti meu rosto arder.

-Vamos ver o que temos aqui!- um dos que até agora não tinha se manifestado disse rasgando minha roupa até que eu não vestisse nada.

-olha só ela até que é gostosinha.- um outro disse apertando minha coxa com força.

-Como gostosa? Eu tenho nove anos, nem seios eu tenho, eu sou uma criança e vocês são doentes, me deixem ir embora, eu tô implorando, pelo amor de Deus!- supliquei a eles que riram.

-Cala a boca vadia, nós vamos brincar com você, eu até poderia mentir que você vai gostar e que não vai doer, só que eu não vou, queremos te ouvir gritar e não implorar, isso vai ser divertido.- ele disse segurando meu rosto e juntando seus lábios com os meus, eu tentava virar o rosto mas não conseguia, ele segurava fortemente meu queixo e quando e enfiou sua língua na minha boca e eu a mordi e ele me xingou, eu teria arrancado a sua língua se não fosse a mordida que recebi no meu, ainda não desenvolvido seio esquerdo, que me fez gritar e liberar a língua dele.

-Vadia, eu planejava fazer uso dessa boquinha mas ao que parece ela é perigosa, então vamos deixá-la inutilizável.- Disse o homem antes de acertar um soco tão forte no meu rosto que ouvi o barulho da minha mandíbula se quebrando, e nem mesmo o fato dela estar quebrada impediu eles de enfiarem tudo o que eles achavam por bem dentro dela.

A dor na mandíbula nada se comparava a das mordidas e dos arranhões que a sucederam, eles morderam meus braços, meu pescoço, minha mandíbula quebrada, meu rosto, minhas pernas, coxas, barriga, peito, nádegas, e minhas partes íntimas, arrancaram pedaços, das minhas coxas, nádegas e peito, eu engasgava de dor, mas não conseguia gritar, algo sempre estava ocupando a minha boca e a me sufocar, a mandíbula quebrada me impedia de falar no pouco tempo em que minha boca estava livre.

Eu pensei que nada poderia doer mais do eles me arrancarem pedaços, mas tinha sim algo que poderia doer mais, foi quando arrancaram de mim a última coisa que eu tinha e levaram junto a minha dignidade.

-Deixa a boca dela livre.- um deles disse fazendo o outro obedecer aos resmungos, eu tremi com medo do que ainda estava por vir, eu já não tinha mais lágrimas para chorar.

-Escuta aqui sua puta, vai contar quantas vezes você foi fodida por nós, entendeu? Se não contar vai ser pior para você.- ele disse me dando um tapa na cara e me levantando do chão.

Ele me ergueu e então eu me senti ser invadida por ele e outro amigo aí mesmo tempo, eu gritei desesperada com a dor que me atingiu.

-CONTA!- Ele gritou cravando os dedos em uma das feridas feita pelos amigos dele e arrastando os mesmos me rasgando ainda mais.

-U…Um, Do…dois!- comecei a contar conforme ele queria e a cada investida que ele e o amigo davam sobre o meu multilado.

Quando ele se deu por satisfeito, trocou de lugar com um amigo e o mesmo aconteceu com o outro até que todos estivessem conseguido o que queriam, eu não parei de contar, mas mesmo assim isso não os impediu de me jogarem outra vez no chão e terem a certeza de que me rasgaram, sentir seus órgãos genitais dentro de mim doeu mas não se comparou a quando aquele sádico doente enfiou sua mão e teve a certeza de terminar de me rasgar, acho que ele me torturaria mais se não fosse o seu amigo.

-Cara já deu, vamos embora, ela foi divertida mas gritou de mais, qualquer hora a polícia chega aqui e nós temos que estar longe!- ele disse atraindo a atenção do homem.

Ele então se levantou e me ergueu pelo cabelo, como se eu fosse uma boneca.

-Quantas vezes foram?- ele me perguntou com ódio nós olhos.

-Oitenta e cinco!- respondi sem conseguir falar direito.

-Boa vadia, agora eu te deixar para morrer no lugar onde você tem que ficar, seu monte de lixo!- ele disse me jogando atrás de uma lixeira ao fim do beco, ele então chutou meu estômago algumas vezes e pisou sobre o meu rosto até que desmaiasse.

Pouco antes dos meu olhos se fecharem eu me lembrei do porque deveria matar todos os seres humanos, mesmo que o meu único desejo fosse morrer ali e agora, mas então…

-Liz? Liz você é a melhor coisa da minha vida!- o rosto claro e luminoso do Dan dizia olhando para mim com seus olhos brilhantes e o sorriso que me fazia esquecer meus problemas, eu não podia morrer, tinha que viver por ele.

-Dante!- sussurei mas ele não ouviria, assim como ninguém escutou os gritos da minha alma se quebrando,e a imagem do Dante foi a última coisa que vi, antes de ser tomada pela escuridão e levada para longe dele.

FIM DAS CENAS FORTES.

P.V Dante

-LIZ?- acordei assustado.

-Que pesadelo horrível!- murmurei olhando no relógio a hora.

Oito e meia, a Liz ainda está em casa, se fosse um dia normal eu esperaria até ela vir mas devido ao meu recente pesadelo eu preferi ir até a casa dela.

Passei pela porta que dava até a terra dos sonhos e de lá fui para a sua casa.

-Fada, tive um pesadelo horroroso com você hoje!- comentei entrando na casa dela.

Estava tudo no seu devido lugar como ela sempre deixava.

-Liz?- chamei por ela, procurei por todo o loft e não a encontrei, e foi então que eu percebi que ela não tinha dormido em casa, o pedaço de bolo ainda estava sobre a mesa e a Liz nunca deixava bolo pelos cantos.

Voltei para casa aflito e corri até o quarto do Cícero, batendo na porta do mesmo violentamente.

-CIS… CÍCERO, ABRE ESSA PORTA!- eu gritava do outro lado.

-Ele tá dormindo.- a Raquel, namorada dele disse assim que abriu a porta, ela era bonita, cabelos castanhos e cacheados, pele cor de oliva e heterocromia, um olho azul e o outro amarelo.

-A Liz despareceu!- eu disse sem saber o que fazer.

-Como assim? Procurou ela? A garota deve estar dormindo.- ela disse tranquila, nada nunca abalava a calmaria dela.

-Ela não voltou para casa ontem a noite, acho que ela se machucou.- eu disse querendo chorar.

-Pensei que ela também se curasse, como você.- A Quel disse me olhando.

-Por favor Quel, acorda o meu irmão e vamos atrás dela, por favor!- pedi com lágrimas escorrendo pelos meus olhos.

-Ei não precisa chorar cunhadinho, vamos encontrar sua namorada.- ela disse secando as minha lágrimas e sorrindo, algo raro dela.

-Cis… levanta, temos que encontrar a ruivinha!- ela disse jogando em cima do Cícero um almofada.

-Como assim? Cadê a ruiva?- ele perguntou confuso enquanto despertava.

-Até explicamos no caminho, vamos…- ela disse apressando o Cícero.

Não demorou para que saíssemos de casa atrás dela, era a primeira vez que eu saia de casa e eu não queria observar nada, só queria encontrá-la.

-Dan acho que ela não está por aqui, estamos procurando a uma hora e não achamos.- a Raquel disse com a voz triste.

-Podemos perguntar só para aqueles caras?- perguntei apontando para um grupo de cinco homens sentados em um escada.

-Tá bom, mas só mais esse.- Ela disse me fazendo sorrir.

-Com licença, vocês viram essa garota?- o Cícero perguntou a eles mostrando uma foto da Liz.

Eu pude ouvir o coração deles bater mais rápido e pelo modo como a Raquel e o Cícero olhavam para eles eu não fui o único, assim como o forte cheiro de sangue que emanava deles.

-Não, agora some daqui e vai irritar outro.- ele disse grosso.

Olhei para o homem e o analisei, suas roupas escuras estavam amarrotadas e sujas, desci os olhos até o seu tênis, tinha algo vermelho nele, me abaixei e passei o dedo por ele.

-Raquel?- chamei por ela que pegou a gota e colocou sobre o seu próprio pulso em um estranho escâner, depois de pouco tempo, ela os olhou irritada.

-Cadê ela?- perguntou irritada a eles.

Os homens nada disseram, só começaram a correr e quando íamos atrás deles a Raquel nos segurou.

-O que você tá fazendo? Tá deixando eles escaparem!- eu disse irritado.

-Temos que encontrar a Liz antes, deixe que eles tenham um falsa sensação de segurança, depois vamos a polícia, depois que tivermos encontrar ela.- disse me olhando com carinho.

-Vamos encontrá-la!- eu disse concordando com a cabeça.

Voltamos a procurar por ela, agora não pergunta amos a ninguém só olhavamos em lugares escondidos, eu olhei para o chão e uma mancha nesse me atraiu a atenção.

-Olha gente!- eu os chamei e mostrei a marca no chão.

-É sangue… vem ela deve estar aqui perto!- o Cícero disse andando apressado na nossa frente.

Corremos até ele e quando passamos em frente a um um beco, lá tinha uma poça de sangue enorme, adentramos mais nele, era possível se ver pequenos e alguns grandes, pedaços de carne ainda com pele, aquilo fez meu coração apertar, passei na frente dos dois e andei até uma lixeira no fundo do beco.

Nada do que eu fizer vai apagar aquela imagem da minha mente, nada vai me fazer esquecer da imagem dela sua pele que parecia creme de tão clara e suave, sem nenhuma sarda ou pinta, a transformando em uma verdadeira boneca, estava agora completamente marcada, com arranhões pelo corpo todo, completamente deformada por mordidas e socos, observei melhor ela e entendi que aqueles pedaços no chão eram dela, tinham arrancado fora os mamilos, a carne das coxas, até da sua boca tinham arrancado pedaços, ela tinha rasgo enorme deixando a mostra algumas costelas, o rasgo que tomava conta de todo o seu peito, era como se tivessem a rasgado até se encontrar lá.

-DAN… DANTE!- escutei a Raquel gritar e então fui tirado parcialmente do meu istopor.

-Preciso que abra um portal para a minha casa…- ela me pediu algo mas eu não conseguia entender, vi o Cícero tirar a sua camisa e cobrir a Liz com ela, para então a pegar gentilmente no colo e olhar para mim confuso.

-Dante… olha para mim… Dante!- a Raquel atraiu outra vez minha atenção, dessa vez eu a ouvia falar.

-Tá me escutando? Tem que ser forte agora, ela precisa de você, ela tá respirando, mas pra ela viver você tem que abrir um portal!- a Raquel disse decidida.

-Eu nunca abri um portal, é a Liz quem os abre, mas…- parei de falar procurando por uma pedra, encontrei uma e a esfreguei contra a parede criando o contorno de uma porta, fiz o maior que eu pude, desenhei a fechadura e então me virei para ela.

-Para onde vamos?- perguntei.

-Para o laboratório da minha casa!- ela disse e eu confirmei escrevendo na porta o destino.

Peguei a minha chave e então pedi a Deus para que desse certo, e enfiei ela na fechadura recém desenhada, uma forte luz apareceu e então o barulho de uma porta destrancando, empurrei a grande porta e vi um lugar limpo, como uma sala de cirurgia.

-Uau aqui é quase um centro cirúrgico!- afirmei olhando em em volta.

-Minha mãe construiu para poder me refazer!- a Raquel disse ligando as luzes.

A Raquel sofreu um acidente aos 17 anos, o pai morreu e ela quebrou o pescoço, a sua mãe era uma general do exército e usou toda a sua influência para salvar a filha, transferiu a consciência da mesma para uma máquina e então criou um corpo sintético para ela, absolutamente perfeito, como um humano, mas que só podia ser operado por uma consciência, então ela transferiu a consciência da filha para o corpo, é bem parecido com o que eles estão fazendo com o Cis mas com ele está sendo gradativamente.

-Cis põem ela na maca!- a Raquel disse enquanto ia lavar as mãos, o Cícero fez o que ela pediu mas antes que ele se afastasse um grito foi ouvido, sofrido e triste.

-O que fez com ela?- perguntei preocupado me aproximando.

-Nada! Acho que ela está entrando em estado de choque.- Ele disse saindo de perto da maçã e indo lavar as mãos.

-Pode também ter sido o toque, devido ao que ela passou, é natural que rejeite o toque masculino.- a Raquel disse, fazendo meu coração se apertar, e se ela me rejeitasse?

Me aproximei mais dela que não parava de gritar e começava a se debater e peguei em sua mão.

-Não chora, eu tô aqui!- eu disse vendo lágrimas descerem pelos olhos dela.

-Dante…- ouvi ela dizer com a voz fraca, cessando com os gritos e os movimentos.

-Sou eu minha fada, eu tô aqui com você, não vou sair daqui, o Cis e a Quel vão cuidar de você, você vai ficar bem, eu prometo!- disse fazendo carinho nos cabelos dela e cantando baixinho uma de suas músicas preferidas.

-Ela parou de mexer…- comecei a falar temeroso.

-Ela reconhece o seu toque, acalmou ela só isso, continua aí, ela vai precisar de você.- O Cis disse voltando com uma coberta fina e branca, concordei voltando a cantar para ela.

Ele retirou a camisa dela e a cobriu com a coberta, a Raquel então voltou e se sentou na ponta da maçã, de frente para as pernas da Liz, separando as duas e as colocando em apoios.

-Cis, você cuida dos machucados da cintura para cima e eu desses aqui.- ela disse com os olhos tristes, vi uma lágrima solitária descer do seu rosto e ela limpou rapidamente, como se nada tivesse acontecido.

Naquele momento percebi que tinham a machucado muito mais do que eu pensava, Raquel nunca chorava e o fato dela ter feito isso significava que tinha um motivo.

-Eu não entendo porque ela não tá curando!- o Cícero disse olhando para o rasgo no peito que ele tinha acabado de limpar.

-Tenta o spray!- a Raquel disse concentrada em algo.

Vi ele pegar um spray prata e aplicar no machucado, mas nada adiantou.

-Não deu certo!- ele disse irritado.

-Não dá pra salvar ela se ela não se curar, mas, algo a mantém viva mesmo sem se curar, no estado em que ela está já deveria estar morta.- a Raquel murmurou.

-Talvez não seja algo, e sim alguém!- o Cícero disse me olhando.

Ele se levantou e pegou uma seringa e então veio até mim pegando o meu braço e o apertando.

-O que vai fazer?- perguntei confuso vendo ele enfiar a agulha em mim e puxar o meu sangue.

-Vamos tentar salvar a ruivinha.- ele disse pegando a seringa e aplicando no peito dela o meu sangue.

Vi quando a pele que tinha sido descolada foi atraída para a outra, assim como no lugar perto do peito que não tinha pele, essa nasceu, e em cinco minutos toda a área do peito dela estava como deve ser.

-Deu certo… mas, vamos precisar de mais sangue!- ele disse procurando pelo local até voltar com um suporte e o equipamento necessário para a transfusão de sangue.

-Tirem tudo se precisar!- eu disse decidido vendo meu irmão sorrir.

-Vamos fazer uma transfusão direta, assim que o último corte sumir nós paramos.- ele disse colocando uma agulha ligada a uma mangueira no meu braço, me sangue fluiu rapidamente enchendo toda a mangueira.

-Terminou a limpeza amor?- ele perguntou antes de ligar a mangueira a um acesso que ele tinha colocado na veia dela.

-Só mais um segundo… e… terminei!- ela disse se afastando da Liz, suas luvas estavam ensanguentadas.

O Cícero, então conectou a mangueira no acesso e eu vi quando cada um dos machucados a vista foram se cicatrizando, até voltarem a pele alva dela outra vez, como se nada tivesse acontecido.

Um barulho alto foi ouvido, sua mandíbula que antes estava quebrada, tinha voltado para o lugar, seus lábios que estavam brancos e faltando um pedaço de regeneraram e voltaram a sua tonalidade vermelha e então visivelmente ela estava perfeita.

-Aqui terminou e aí amor?- O Cis perguntou e eu ouvi a Raquel suspirar.

-Ainda vai demorar!- ela disse pesarosa.

-Ela vai voltar ao que era?- perguntei vendo a Quel me encarar.

-Ela vai ficar bem, mas não vai voltar a ser virgem!- ela disse direta.

-Porquê não?- perguntei sem entender.

-É um rito de passagem e o corpo subentende que ela já passou por isso.- A Raquel disse decidida.

-Entendi…- eu disse voltando a acariciar os cabelos dela e a cantar em seu ouvido.

-Pode ir Cis, eu fico com eles e assim que a ruivinha estiver bem, eu os deixo em casa e vou para aula.- a Quel disse depois de olhar no relógio.

-Não vai achar ruim se eu for?- o Cis perguntou me olhando.

-Claro que não, obrigado!- agradeci a ele.

-Ei… qualquer coisa pela minha cunhadinha!- ele disse bagunçando meus cabelos e beijando a testa da Liz, antes de se despedir da Raquel com um beijo.

-Ah, já ia me esquecendo… achei isso no beco!- o Cis disse antes de sair voltando e me entregando o colar da Liz, ela provavelmente o tirou para que ninguém o encontrasse, o que explicava porquê não abriu um portal e fugiu, ela jamais exporia a chave ou qualquer segredo que guardasse, olhei para ele agradecido e ele me retribuiu com um sorriso.

-Dan…- a Raquel me chamou depois que ele saiu.

-Oi?- perguntei a olhando.

-Aqui terminou…- ela disse olhando para a Liz e então arrumando as pernas dela sobre a cama.

Ela andou até mim e retirou o acesso e depois fez o mesmo com a Liz.

-E para onde vamos?- Ela me perguntou sorrindo, algo que ela também não fazia.

-Vamos para casa dela!- eu disse indo até a porta e escrevendo nisso destino com uma caneta que vi lá perto.

Assim que entramos na casa da Liz a Raquel sorriu.

-É a cara de vocês dois!- ela disse com a voz embargada.

-Decoramos juntos!- afirmei vendo ela concordar.

-Eu vou dar um banho nela, onde fica o banheiro? E você arruma a roupa para mim?- ela perguntou se encaminhando para o banheiro depois que eu apontei onde o mesmo ficava.

Fui até o guarda roupa e peguei um pijama de mangas longas, de um desenho que gostávamos, era meu, mas também era o preferido dela, peguei também a primeira calcinha que vi e fechei a gaveta envergonhado.

Depois de arrumar a roupa dela eu peguei roupas de cama limpas e troquei as dela, eu sabia do amor que ela tinha por lençóis limpos, na verdade ela tinha uma paixão por limpeza em geral, ela sempre foi muito organizada.

-Dan… traz a roupa aqui fazendo favor?- a Quel pediu depois de um tempo.

Levei a roupa até ela que trocou a Liz e então a deitou sobre a cama, a cobrindo em seguida.

-Ela vai mesmo ficar bem?- perguntei preocupado.

-Vai sim Dan… mas não vai ser fácil, você vai ter que ficar do lado dela!- a Quel disse atraindo minha atenção.

-Como assim?- perguntei confuso, ela suspirou e pegou minha mão, me arrastando até o sofá e me fazendo sentar lá.

-Olha Dan, abusaram dela… e quando ela acordar não vai estar bem, e ela vai demorar para voltar ao normal, se voltar, mas você vai ter que ficar do lado dela, ela só tem você!- a Raquel disse me olhando.

-Eu vou cuida dela Quel, juro que vou!- respondi a olhando.

-Eu sei que vai, mas, não é pra sentir pena dela, ela não vai querer isso, você tem que estar lá para quando ela quiser chorar, mas também tem que entender que para ela superar, você nunca vai poder ficar falando disso, cada pessoa tem seu modo de superar, mas com alguém sentindo dó ninguém vai!- ela disse me fazendo concordar.

-Não vai ser fácil Dan… toque no assunto se ela tocar… se não… só esteja sempre lá para ela e uma coisa eu te digo, vai ser a maior prova de amor que você pode dar a ela!- a Raquel disse sorrindo e então se levantou.

-Como que eu saio desse lugar?- ela perguntou como se nada tivesse acontecido.

-Pela janela!- respondi mostrando a janela para ela.

-E aqui é seguro? ninguém entra?- perguntou preocupada.

-É sim, é protegido pela chave, ninguém entra.- respondi a vendo concordar e se despedir de mim e da Liz com um beijo na bochecha.

Depois que ela saiu eu fui até a cama, a Liz dormia toda encolhida em posição fetal, subi na cama e me puis a observa-la, como poderiam machucar alguém tão doce e gentil.

Eu já a observava a algum tempo quando ela começou a se contorcer na cama e a gritar, deitei de frente para ela e a abracei, aproximei meu rosto de seus ouvidos e comecei a cantar enquanto fazia carinho em seus cabelos, ela voltou a relaxar e a dormir.

-Eu juro para você Liz, eu vou matar eles, eles vão pagar pelo que fizeram com você.- eu disse fazendo carinho nela.

A Liz dormiu por dois dias seguidos, eu já estava entrando em desespero quando vi ela se mexer e então ela abriu seus amarelos, ela olhou para tudo e se sentou passando a mão pelo seu corpo.

-Não foi um pesadelo né?- ela perguntou com a voz embargada.

-…- antes que eu pudesse formular o que falar ela abaixou a cabeça chateada e disse.

-Não precisa falar comigo, entendo se estiver com nojo de mim.- ela disse triste esfregando os braços com força.

-Ei… eu nunca teria nojo de você.- eu disse chegando perto dela e a abraçando apertado.

-Então porque não disse nada?- ela perguntou enterrando a cabeça em meu pescoço.

-Porquê eu tô me sentindo um inútil, falhei em te proteger, deixei que machucassem a razão da minha vida, tive medo de te perder, eu não suportaria ficar sem você Liz!- eu disse sem conseguir segurar as lágrimas e a abraçando mais, como se minha vida dependesse daquilo.

-Eu tô aqui Dan, eu tô bem!- ela disse retribuindo meu abraço.

-Eu prometo pra você Liz, eu vou pegar eles, um por um, eles vão pagar por tudo o que fizeram com você!- eu disse decidido.

-Eu quero estar lá!- ela disse com um sorriso sádico e triste.

Eu fui buscar comida para ela e quando voltei ela estava lá parada olhando para o nada.

-Você tá bem?- perguntei me aproximando dela e notando as lágrimas em seus olhos.

-Eu escutei a voz de um homem na rua e…- ela voltou a chorar copiosamente.

-Era um deles?- perguntei olhando pela janela.

-Não, mas eu me lembrei de…- Ela voltou a chorar e se deitou na cama, fui até ela e me deitei também, passei um dos braços por baixo dela e o outro por cima, a abraçando protetoramente, ela se agarrou nas minhas roupas e continuou a chorar, até finalmente adormecer em meus braços vê sem nunca me soltar.

Aos nove anos uma coisa horrível aconteceu e mudou a mim e a ela para sempre, nos mudou por dentro, eu não sabia na época, mas aquele acontecimento fez de nós o que somos.

Me tornou o monstro sem sentimentos ou piedade que eu sou e a tornou a assassina fria e eficaz que ela era.

Mas acima disso nos tornou capazes de qualquer coisa para manter um ao outro seguro.

Na época eu ainda a via somente, como minha melhor amiga, mas eu já sabia sem ela o mundo não tinha cor ou gosto, ela era e é a razão te toda a minha existência.


Notas Finais


Wow... Esse ficou enorme...
E aí o que acharam?
Espero que tenham gostado...
Até a próxima...
🗝️💙❤️


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