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História Cherry Boy - Primavera II


Escrita por: danibby

Notas do Autor


Aqui estamos nós de novo! Boa leitura!

Capítulo 2 - Primavera II


Fanfic / Fanfiction Cherry Boy - Primavera II

A cada dia que passava, menos eu conseguia parar de pensar no garoto de cabelos rosas que eu avistei naquele dia.

O tempo que fiquei sem criar coragem de voltar ao parque foi tortuoso o suficiente para me convencer a achá-lo de novo. Assim que eu me distraía, meus pensamentos sempre iam para ele, lá ficavam e não voltavam mais. Era angustiante não saber nada sobre ele, além da aparência. Nunca quis tanto saber um nome, como soava uma voz ou como era a história de alguém. Ao mesmo tempo que eu queria que tudo se resolvesse só de olhar para ele, também queria ir lá, ocupar um pouco do seu tempo para conhecê-lo melhor.

O garoto da cerejeira — como eu o chamava por não saber seu nome — estava me deixando louco.

"Eu deveria tirar uma foto dele... Mas isso seria tão ruim quanto ficar encarando", pensei.

Minha mente não ficaria quieta até eu tomar o primeiro passo e me aproximar dele. Ou pelo menos descobrir seu nome. Meu amigo, Jongdae, sempre reclamou que eu me conformava com muito pouco. Admito que perdi várias oportunidades de achar a pessoa ideal porque eu mantinha meus sentimentos superficiais e só queria admirar a pessoa de longe. Jongdae dizia que eu perdia por ser "lento" demais; costumei a concordar, já que minha coragem de confrontar os outros era nula, diferente da vontade imensa que eu tinha. Pela minha falta de atitude, o interesse vai embora.

Enquanto eu pensava demais sobre o garoto misterioso da árvore, a aula à minha frente fluía sem mim. O professor ensinava a matéria da prova muito bem, mas um certo alguém não me deixava prestar atenção. Jongdae estava ao meu lado, anotando tudo que o tutor dizia e escrevia no quadro. Às vezes virava-se para mim e perguntava, pelo olhar, se tinha acontecido algo que me fizesse ficar tão distante.

Quando a lição chegou ao fim, meu amigo fez questão de me seguir e perguntar o que eu tinha, porém passei a ignorá-lo. Não teria problema se Jongdae não fosse tão irritante quando era insistente.

— Kyungsoo. Kyungsoo. Kyungsoo — repetia ele, enquanto me cutucava — Me diz o que está acontecendo com você.

A única parte boa de vê-lo curioso era que eu me distraia e segurava para não rir da cara dele. A parte ruim é que Jongdae tinha mania de me seguir até em casa quando eu tentava esconder algo dele. Entramos no meu apartamento e não pude nem trocar de roupa sem ele encher meus ouvidos, implorando que eu contasse. Houve uma hora que não aguentei mais e decidi falar:

— Ontem eu... Acho que eu encontrei a minha cara metade — admiti, fazendo Jongdae paralisar por um momento.

— Finalmente! Pelo amor, diz que você não vai vacilar e que vai falar com ele o mais rápido o possível — pediu Jongdae, abraçando-me apertado para me incentivar.

— Bem... O problema é o mesmo. Eu não sei o que fazer; só o vi uma vez e tenho medo dele não aparecer mais no parque. Espero que ele tenha o hábito de ler livros debaixo daquela cerejeira...

— Cerejeira? Sério, Soo? Imagino o que essa sua mente fértil pensou ao vê-lo lendo debaixo daquela árvore.

— Cala a boca, Jongdae. Pense em alguém, cujo cabelo é rosa, sentado debaixo de uma cerejeira florida em plena primavera. Você sabe o quão especial essa estação é.

Ele começou a olhar para o teto e provavelmente imaginou a tal cena. Fiquei feliz por ele ainda não conhecer o garoto da cerejeira e por já ser "comprometido" com Junmyeon, o tal futuro namorado. Por um momento, fiquei preocupado que ele, o de cabelo rosa, pudesse já estar com alguém.

— Seria um contraste interessante... Você é tão monocromático. Olha só, seus cabelos, olhos e roupas pretas e sua pele alva. Apaixonado pela colorida primavera e o Cherry — comentou Jongdae.

— Cherry...? Ótimo apelido.

Eu e Jongdae passamos o resto da tarde falando sobre Cherry. Esse nome ainda soava estranho, mas era bem mais versátil que garoto da cerejeira. Meu amigo sempre tentava me fazer sonhar alto, mas eu preferia ficar quieto. Não criar muitas expectativas era complicado, entretanto.

 Antes de meu amigo ir embora, ele anunciou:

— Amanhã nós vamos para o parque e eu não ligo se você vai me matar antes de chegar. Eu vou te ajudar a conversar com ele, só aguarde... — e deu um sorriso malicioso antes que eu fechasse a porta.

{ }

Acordei no dia seguinte com os assobios dos passarinhos e milhares de borboletas dentro de mim. Ansiedade. Por que eu estava ansioso? Eu tinha chance de encontrar Cherry e talvez conseguir conversar com ele, que seria um avanço imenso em comparação com minhas antigas experiências. Antes de conseguir levantar da cama, até pensei em desistir e ficar só no método de observação da pessoa atrativa, mas Jongdae não me deixaria em paz.

— Kyungsoo, levanta daí. Hoje sua vida vai mudar e você vai me agradecer muito depois.

Fiz o que ele pediu e fui me arrumar. Tentei apagar a cara de sono ao fazer a higiene matinal. Eram oito horas da manhã e Jongdae já estava preocupado que Cherry pudesse ter ido embora do parque.

Como meu amigo tinha dito, eu usava bastante roupas pretas. Assim que apareci com meu traje tipicamente escuro, ele me obrigou a mudar por algo mais colorido. Resultado: lá estava eu com uma blusa amarela (a única blusa colorida) bem chamativa, mas ainda com bermuda preta e tênis cinza. Não podia faltar, claro, o meu boné. Se tudo desse errado, eu poderia esconder meu rosto.

Já no parque, esperamos um pouco na entrada para ver se o garoto de cabelos rosas apareceria, entretanto não tivemos nenhum sinal. Logo, fomos para a árvore de cerejeira e esperamos.

O tempo passava tão lentamente por causa da ansiedade que comecei a ficar preocupado. E se ele não aparecesse nunca mais? Eu odiaria aceitar que minha lentidão me atrapalhou a conhecer alguém extremamente maravilhoso. Definitivamente, Jongdae não poderia estar certo.

Ficamos pelo menos uma hora deitados na grama, aguardando a esperada aparição de Cherry. Eu queria tanto ver seu rosto de novo, concentrado no livro. Eu queria saber o que se passava nele, que o fazia sentir tamanha emoção. Era bobo, mas queria também fazê-lo sentir algo.

Creio que teríamos ficado lá até o pôr-do-sol se o garoto da cerejeira não tivesse aparecido quase perto do horário de almoço.

O parque já estava menos cheio e o sol estava mais forte, valorizando ainda mais a sombra da árvore. O garoto chegou com uma mochila marrom nas costas. Ele vestia uma blusa branca simples e calça jeans azul-claro, com tênis branco. O cabelo rosa estava levemente bagunçado, o que dava um ar de atrapalhado bem diferente do que eu tinha visto antes. Ele sentou debaixo da árvore e pegou seu livro. Observei seu ritual antes de começar: ele olhava ao seu redor e depois para cima, respirava fundo, fechava os olhos e segundos depois abria o livro e começava a ler.

Cutuquei Jongdae, que acabou dormindo do meu lado.

— J-Jongdae, ele chegou — sussurrei, esperando que o silêncio repentino do parque não o fizesse ouvir.

Meu amigo logo se ajeitou e encarou-o também. Soltou um comentário, dizendo que eu tinha bom gosto. Eu não discordo, claro, mas do que adianta ter bom gosto e não ter atitude? Esperei que Jongdae voltasse a seus sentidos para que ele voltasse a executar o plano. Antes que eu percebesse, ele me puxou e fez com que voltássemos metade do caminho feito, passando perto de um parquinho para crianças. Foi direto para um conhecido nosso (talvez mais que um conhecido para Jongdae), Junmyeon, que estava cuidando de seus sobrinhos. Os dois pareciam estar combinando algo, mas eu não queria saber o que era. Tudo que esperava deles dois era alguma loucura e eu nunca estive errado sobre isso.

Voltamos para perto da árvore de cerejeira com Junmyeon e seus dois sobrinhos, Jaehee e Jinki, atrás de nós. Assim que estávamos passando na frente do nosso alvo, Jaehee puxou levemente minha blusa para que eu agachasse para falar com ela e assim fiz. Nesse mesmo momento, Jinki pegou meu boné e saiu correndo em volta da árvore de cerejeira. Corri atrás dele por impulso, mas o menino era tão rápido que não alcancei.

Jaehee entrou no meio e ambos começaram a brincar de bobinho — jogaram o boné para cima para que eu tentasse pegar, mas eu era muito inútil para conseguir. Na minha melhor oportunidade de realizar tal feito, tropecei em uma pedra e caí de cara no chão. Bem, eu tinha conseguido pegar o boné e posicionei-o em frente ao meu rosto, tentando esconder a vermelhidão do mesmo. Eu estava criando coragem para levantar e me recuperar da queda quando escutei uma risada grave e incrivelmente boa de se ouvir. Senti alguém tocar meu ombro, virei meu rosto e levantei para ver quem era... E lá estava Cherry, com um sorriso brincalhão, mas ao mesmo tempo preocupado.

— Você está bem? A queda foi feia — disse ele, fazendo com que eu quisesse me esconder do mundo.

— T-To bem sim. Foi nada comparado com que o que estou passando agora...

— Como assim? — ele perguntou para mim, confuso. Eu não respondi e mudei de assunto.

— Qual seu nome?

— Jongin e o seu?

— Kyungsoo... Prazer em te conhecer — eu disse, segurando para não tremer a voz e estendi a mão, mas logo me arrependi, pois estava um pouco suja de terra.

Ficamos um bom tempo processando a situação, calados. Jongdae e Junmyeon ficaram observando tudo, segurando as crianças. Um tempo depois, Jongin se levantou e foi até sua mochila, de onde tirou um lenço e um pouco de álcool em gel. Ele inesperadamente pegou minhas mãos e limpou-as. As mãos dele estavam quentes, talvez pela ansiedade, e eu desejava que o contato não acabasse.

— Pronto! Agora podemos nos cumprimentar direito — disse ele, repetindo meu ato de estender a mão e assim nossas palmas se juntaram em um aperto.

— Desculpa pelo trabalho...? Atrapalhei sua leitura — ri, meio sem graça.

— Tudo bem, nada interessante estava acontecendo! Só a descrição imensa sobre uma cafeteria...

Fiquei impressionado com o quanto Jongin era amigável. Eu tinha somente caído em sua frente e começamos a conversar sobre o livro que ele estava lendo. Era "Após o anoitecer" do autor Haruki Murakami e fiquei satisfeito por já ter lido. Jongin me contou que ficou impressionado com as conexões que o autor fez entre os personagens e pelos acontecimentos de uma única madrugada. Também disse que ficava angustiado com a miséria dos personagens, pois todos se juntavam por acontecimentos ruins. Estabeleci uma relação disso com o que acabara de acontecer: eu cai à sua frente e ele se propôs a me ajudar, porém a ajuda foi um pouco além e já encontramos algo em comum. Apesar de não ser um problema tão sério, fiquei feliz que aconteceu.

Queria não aumentar muito minhas expectativas, mas era impossível quando Jongin sorria com tudo que eu falava. Ele me dava a mesma sensação de escutar pássaros cantando e ver as cores da natureza de manhã. Ele me dava a mesma sensação da primavera e eu adorava isso. Aquele era meu primeiro contato com o garoto da cerejeira e ele parecia alguém ótimo.

Dizem que a primeira impressão é a que fica. Talvez eu tivesse manchado minha imagem assim que tive aquela queda na frente do Jongin, mas eu não me arrependia. Afinal, consegui cumprir meu objetivo de interagir com ele pelo menos uma vez.

Quando ele foi embora, prometi a mim mesmo que não o deixaria sumir da minha vida nunca mais. Foi a promessa mais certa que eu já fiz.


Notas Finais


Kyungsoo finalmente criou coragem (graças ao Jongdae e ajudinha dos sobrinhos do Junmyeon) ^^ próximo capítulo vou aprofundar mais o relacionamento dos dois. Planos pra suchen, talvez hehe.
Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo~ não se esqueçam de favoritar e/ou comentar, ajuda muito! Tchau!


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