História Cherry Flavoured (Dazai X Chuuya) - Negação

Por mais que Chuuya ainda continuava a se achar patético, ouviu Dazai e sorriu cínico, até porque independente de qual fosse a situação, ele ainda era Chuuya Nakahara.

— Pensei que curtisse garotos também, mas aparentemente é só mais um dos sem graça daqui. E "não daríamos certo?" Dazai? Por favor. Acredito que deveria até me desculpar, minha intenção não era o deixar pensar que quero algo sério com você. Mas eu já entendi que você não é do tipo que curte diversão. – E Chuuya, travava ali, uma guerra de quem feria mais o ego de quem.

— Você é engraçado, Chuuya. – Falou Dazai acariciando o rosto do ruivo e o virando para si. — Só não supera o quão idiota você é. Mas não ache que isso é uma crítica, longe disso. Na verdade, isso é até normal para quem nunca nem beijou na vida.

Chuuya corou, desviando o olhar de Dazai.

— E quando eu digo que não daríamos certo, não é com a intenção de ferir seu ego inflado, e sim um aviso. Pelo menos eu tenho a consciência de quem eu sou e o que aconteceria caso nos envolvessemos tão profundamente.

Um silêncio ali se instalou após a última frase de Dazai, como se os dois pensassem nos possíveis outros argumentos que ali seriam necessários.

— Você é bem exclusivista, né?

Dazai franziu o cenho com a fala do ruivo.

— Não faz essa cara, ou quer dizer que você ainda não se tocou que pra você a única coisa que importa é o que você quer? – Questionou Nakahara pressionando o indicador no peito de Osamu.

Dazai passou a língua entre os lábios e então ficou calado por segundos.

— Se quer tanto que eu te beije, apenas diga, Chuuya. – Falou Dazai tomando os lábios do ruivo com certa força, mas ainda assim, de forma delicada. E achou incrível o fato de se encaixarem tão bem.

Osamu colou mais seu corpo no de Chuuya, sentindo o garoto apertar sua camiseta entre os dedos, mas não o afastando, como Dazai julgou que faria. O mais alto aproveitou também para inserir sua língua na boca de Nakahara, podendo sentir mais ainda de seu gosto.

Chuuya podia sentir suas pernas fraquejarem a cada ação de Dazai, ele só não sabia se era por raiva ou por tesão. Mas a combinação dos dois parecia a melhor resposta.

Apesar do ruivo não se sentir 100% confortável em estar de tal forma com Osamu, ele aproveitava o beijo, afinal era seu primeiro. E ele muito menos se importava com as consequências daquele ato.

Dazai realmente achava Chuuya um verdadeiro idiota, sua personalidade o irritava e a forma como ele agia o repudiava. Por mais que Dazai soubesse que aquilo era somente para esconder suas dores ainda o incomodava.

Mas, se tinha algo em Chuuya que era bom, eram seus lábios. E isso Osamu jamais poderia negar.

Mas, antes que as coisas ali chegassem num nível onde nenhum dos dois suportasse mais, Dazai cessou o ato deixando selares suaves nos lábios do mais baixo; e então se afastou completamente de Chuuya, o fitando.

— Não me olha assim.

— Eu acabei de te beijar e não quer que eu te olhe? – Perguntou Dazai sorrindo.

— Sim. – Respondeu Chuuya simplista, corando.

— Bem, eu vou indo. E ah! Depois me passa a marca do seu hidratante labial, o gosto é ótimo. – Disse o garoto que logo saiu fechando a porta do banheiro.

Chuuya se sentou na bancada de mármore e passou as mãos no rosto, traçando um caminho até seu cabelo. Estava confuso.

Nakahara não sabia como agir em situações do tipo e isso ele deixava bem aparente.

Milhões de possibilidades haviam passado pela cabeça de Chuuya após aquele beijo, desde a mais óbvia até a mais extraordinária que com certeza já mais aconteceria. De fato a mais óbvia de todas era que Dazai, muito provavelmente, fingiria como se aquilo não tivesse acontecido e que não passava de um beijo. E ele realmente pensava assim. Chuuya também se questionou se talvez Osamu o ignorasse por completo e passase a o tratar com desdém, bem, mais do que já tratava. Mas, de todas as mil e umas possibilidades, a que mais o atormentava era a que Dazai contasse aquilo para todos, ou usasse aquele beijo a seu favor, e, consequentemente, contra Chuuya.

O ruivo podia sentir sua cabeça a mil, tanto porque ainda estava extasiado devido ao beijo, e porque seus pensamentos pareciam estar contra si. E a única coisa que Chuuya desejava, era chegar logo em sua casa, não sabia ao certo quanto tempo aguentaria até surtar de vez.

Já Dazai estava tranquilo, bem, pelo menos tentava. E realmente, não havia passado de um beijo que Dazai somente dera para ver se, assim, Chuuya o deixava de vez. Era óbvio e previsível, não? Osamu o beijaria, Chuuya ficaria confuso e desconfortável, logo cortaria relações com Dazai. Era o plano perfeito.
Osamu somente não imaginava que o beijo seria bom, isso em sua cabeça estava longe de acontecer, mas de resto nada o importava.

O único defeito de isso tudo era o lado de Dazai que achava aquilo errado, por conta se Oda. O homem com certeza odiaria tais atitudes, e pensar dessa maneira entristecia e preocupava o moreno. Mas já estava feito.

Osamu não tardou a sair da academia, carregava a tela que Chuuya pintara em mãos e caminhava tranquilamente, ainda pensativo sobre os lábios dos de olhos azuis.

Nakahara ainda meio atônito, se retirou do banheiro e voltou ao ateliê, precisava pegar suas coisas e ir embora logo dali. Mas, por incrível que parecesse, o lugar já estava completamente organizado e as roupas de Chuuya dobradas em cima do banco onde Dazai se sentara. Nakahara sorriu terno, imaginando que Osamu era o culpado daquilo.

Se fosse possível, para ambos, encontrar somente uma única palavra para descrever tudo o que estava ocorrendo, e que sentiam que ainda aconteceria entre os dois, escolheriam a palavra desastre. Isso porque, a partir do momento em que nenhum dos dois se entende, ou até mesmo sabe conviver consigo mesmo, por que diabos duas pessoas quebradas dariam certo juntas? Não, aquilo jamais seria possível. Nem mesmo em outra vida.

Dazai e Chuuya eram demais um pro outro, e nenhum dos dois estudantes estava devidamente preparado para encarar tão nova situação.

E, por mais que Dazai pensasse que ele era o único com tal pensamento, Chuuya já estava bem a frente dele.