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História Church Boy - I can't do this


Escrita por: m41u_

Capítulo 8 - I can't do this


Fanfic / Fanfiction Church Boy - I can't do this

Kat’s POV

 

Depois de um tempo rodando com Johnson em busca da barraca de tiro ao alvo, checo meu celular e vejo que Nash ainda não disse nada. Ótimo. Ainda estava encarando a tela do celular quando Jack me cutuca. Olho para frente e vejo Shawn atirando em vários desenhos diferentes com uma espingarda de brinquedo. Meu coração dói de pensar que estou prestes a magoá-lo. Não é que eu não ame o Shawn, mas o que eu sinto por ele parece não ser o suficiente para me manter longe de Nash. É algo muito mais amigo que romântico.

Me viro de frente para Johnson, que segura meus ombros.

-Vai ficar tudo bem. - diz, numa tentativa de me acalmar - Só seja honesta com ele.

-Está bem... - respiro fundo.

Ando até Shawn e toco em seu ombro, fazendo com que vire em minha direção. Ele sorri e eu o imito. 

-Oi... - digo, testando seu humor.

-Oi... - ele está mais calado que o normal, mas pelo menos não está cuspindo fogo - Quer dar uma volta?

-Claro... 

Andamos entre as barracas, vendo os pais e alunos chegando e observando tudo. Paramos nas arquibancadas, bem próximo à entrada, onde é um pouco mais afastado e nos sentamos. Shawn procurava uma maneira de me dizer algo e era perceptível que não estava sendo uma tarefa fácil. 

-Eu... - início - Eu preciso te contar uma coisa.

Ele me encara com olhos tristes, fazendo meu estômago dar um nó. 

-O quê? 

-Eu e o Nash... - ele desvia o olhar e eu me embaralho no que estava dizendo - Nós estamos saindo já tem um tempo...

-Eu sei. - comenta - Vi vocês indo embora juntos ontem, mais uma vez. 

Não consigo evitar e me sinto culpada pela expressão chateada e tristonha em seu rosto. Respiro fundo antes de continuar.

-Shawn... Eu preciso que você entenda que o que eu vou te dizer não significa que eu te ame nem um milímetro à menos. Mas, eu preciso ser honesta.... Eu tento ser sempre que possível e sei que você gostaria de saber.

-O que aconteceu? - seu rosto toma uma forma de preocupação.

-E-Eu... - encaro o banco numa tentativa de evitar seu olhar - Eu estou apaixonada pelo Nash...

Minha fala foi seguida por minutos de um silêncio torturante. Eu quero chorar, gritar, sacudi-lo e mandar que diga alguma coisa, mas Shawn só faz me encarar com uma expressão vazia. De repente, ele levanta e sai andando, então sinto meu peito apertar e meus olhos se enchem de lágrimas. 

Levanto e o sigo, numa tentativa de acalmá-lo, então percebo que ele procura por alguém. Ah, não.... Eu espero que o Johnson esteja muito bem entocado com o Nash. Chamo o nome de Shawn, mas ele me ignora. O moreno continua passando por entre as barracas, até que consigo alcançar seu braço e fazê-lo parar. Ele não se vira em minha direção, mas não puxa sua mão de mim. Abraço-o por trás e sinto suas mãos ao redor das minhas. Ele respira fundo, então me olha.

-Por que? - pergunta, triste - Por que eu não sou o suficiente pra você?

-Shawn, não é nada disso! - sinto meus olhos se umedecerem mais uma vez - Você é muito mais que o suficiente, eu amo você!

-Então por que? - ele parece frustrado - Por que você gosta dele?

-Eu não sei! - admito - Eu não faço a menor ideia, é algo completamente fora do meu controle...

Ficamos em silêncio por mais alguns minutos e então ele me puxa pela mão, me levando até a fila da roda gigante. Um tsunami de memórias invade minha mente ao ver esse lugar e sinto dor ao pensar que posso não viver mais nada daquilo com ele novamente. 

Shawn segura minha mão, mas sem me olhar. É como se ele estivesse com medo; eu estou com medo. Nossa vez na roda gigante finalmente chega e sentamos em um dos bancos, logo ela começa a girar. Quando paramos no topo, encaro aquela vista ao meu redor e lembro da primeira vez que estivemos ali, juntos. 

-Você lembra que... - ele sorri fraco e me viro em sua direção - Você lembra que foi aqui que demos-

-Nosso primeiro beijo? - o interrompo, também sorrindo - Eu não vou esquecer nunca.

-As coisas eram tão mais fáceis. - suspira.

-Eu sei... - aliso seu cabelo com as pontas dos dedos - Parece que quanto mais o tempo passa, mais tudo se complica.

Nos abraçamos apertado e ficamos daquela forma por algum tempo. Respiro fundo, sentindo seu perfume e me sinto feliz por estar com ele. Acho que nunca vou deixar de amá-lo. 

-Você sabe... - ele olha em meus olhos - Sabe que essa coisa que sentimos.... Eu nunca vou parar de sentir isso.

-Nem eu. - sorrio fraco - Vou amar você até o fim dos tempos, Shawn Mendes. Você é um dos meus melhores amigos.

Ele me puxa para um beijo terno e calmo. Tudo nele é familiar, tudo nele é como minha casa, como algo que está ali comigo, no núcleo, e me protege de todo o resto ao redor. Pela primeira vez, alguém mais além dos garotos, está aqui dividindo esse espaço conosco. 

Nossa vez acaba e descemos do brinquedo, de mãos dadas. Avisto Johnson se aproximando de longe e posso ver Nash parado em uma das barracas, concentrado em alguma coisa. É por ele que estou fazendo isso, por que ele vale à pena. Meu nervosismo cresce, com medo de que Shawn visse o mesmo que eu e decidisse ir até lá bater nele. 

-Oi, gente... - Jack nos cumprimenta e respondemos - Kat, preciso falar com você por um segundinho.

-Eu já volto. - digo à Shawn, que assente.

Me afasto um pouco com Johnson, parando em frente à uma das barracas e ele me olha, preocupado. Minha cara deve estar péssima. 

-Você está bem? - questiona, me abraçando e me controlo para não chorar.

-Eu... - respiro fundo - Só é mais difícil do que eu esperava, sabe? .... Eu ainda amo tanto ele, Jack... - um soluço escapa - O amo tanto...

O loiro me abraça apertado e enxuga algumas lágrimas de meu rosto. 

-Eu fico tão assustada, só de pensar em ficarmos longe... - continuo - Shawn é.... Ele é uma parte de mim e eu sou uma parte dele, é como nós dois.

-Eu sei...- continua me abraçando e alisa meu cabelo - Isso não vai ser nem um pouco fácil, mas você tem que fazer uma escolha e abrir mão de um deles.

Me afasto um pouco dele e enxugo minhas lágrimas, respirando fundo. Fecho os olhos e me concentro, tentando me acalmar. 

-Eu já sei o que fazer. - digo.

-Ótimo, você já se recompôs e quero que você continue assim, mas... - ele faz uma cara meio azeda - O Nash viu você e o Shawn se beijando na roda gigante e está duvidando de tudo.

-O quê?! - bufo, irritada - Eu vou virar lésbica, lidar com homens é muito difícil! 

-Boa ideia. - ri - Mas o que vai fazer agora?

Penso por um segundo, tentando encaixar a resolução de todos esses problemas num espaço tão curto de tempo. 

-Preciso que você enrole Shawn por uns cinco minutos, vou falar com o Nash e volto. - concluo e ele concorda – Diga que eu fui comprar uma água, ou algo assim.

Johnson anda até o amigo e inicia uma conversa sobre qualquer coisa. Aproveito a distração e vou até Nash, que arremessava bolinhas de plástico, com raiva, em alvos da barraquinha. Me aproximo discretamente dele e toco seu ombro. Ele se vira para mim com uma expressão que eu nunca tinha visto antes, Nash está magoado. 

Puxo-o pela mão e o levo para uma parte atrás das barracas, onde é menos iluminado e não tem ninguém passando. Ele me encara, de braços cruzados.

-Sei o que você viu... - digo, suspirando - Sei que é difícil, mas eu tenho uma história de muito, muito tempo com o Shawn. Ele é meu melhor amigo, sempre foi, e eu o amo. E, por isso, precisei conversar com ele sobre o que está acontecendo.

Ele finalmente olhou em meus olhos e meu corpo inteiro se arrepia quando faz isso. 

-Você contou a ele sobre nós? - pergunta, surpreso.

-Nash, eu... - olho para baixo e sorrio fraco - Eu vou terminar tudo com ele.... Não quero estar com mais ninguém, além de você.

O moreno arregala os olhos e me puxa, me abraçando e rindo fraco. Relaxo em seus braços, respirando fundo e finalmente me acalmando. Olho para cima, encarando seus olhos.

-Tenho que ir, estou no meio da conversa... - digo, ainda sem soltá-lo - Não devo demorar muito, te mando uma mensagem quando acabar.

-Tudo bem... – sorri, radiante.

Andamos novamente até o corredor das barracas e vejo os garotos ainda conversando perto da roda gigante. Johnson me vê e peço à deus que Shawn não olhe em minha direção. Não tenho sorte. Ele nos encara e sua expressão só piora a cada segundo. As coisas não melhoram quando Nash me puxa para um beijo repentino, que me desconcentra. 

A única coisa que vi foi a mão de Shawn acertando o rosto de Nash, próximo ao meu. Os dois caem no chão, esmurrando um ao outro e me desespero.

-JOHNSON! - berro e vejo Jack chegando ao meu lado. 

-Ligue para os garotos, não vou conseguir segurar o Shawn sozinho. - diz e parte para o meio da briga, tentando segurar o amigo.

Ligo para Cameron com minhas mãos tremendo e digo para que venha nos encontrar correndo, antes que Shawn mate alguém. Algumas pessoas se aglomeram ao redor da confusão e vejo a família de Nash, encarando a situação com expressões horrorizadas. Seus pais estavam chocados e sua irmãzinha, assustada.

Logo os meninos chegam e ajudam a separar a briga de vez. Não penso duas vezes e corro até Nash, analisando seu rosto.

-Você está bem? - pergunto, ainda desesperada, e ele me abraça, me tranquilizando.

-Tá tudo bem... - diz, ofegante – Já tinha um tempo que eu queria fazer isso.

Shawn, por sua vez, berrava e se debatia, tentando escapar dos amigos e vir até nós. Ando até ele, que me encara com raiva.

-POR QUE VOCÊ FEZ ISSO, KAT?! - grita - POR QUE VAI ME TROCAR POR ELE?! EU SEMPRE AMEI VOCÊ!

Todos ao nosso redor nos encaravam, cada vez mais chocados com a situação. Mas que merda. Chamo Johnson, que estava com a roupa toda amarrotada de tanto tentar segurá-lo. 

-Shawn, não vou conversar com você assim... - digo, já chorando novamente ao ver sua expressão - Não posso.

-Vamos embora, cara... - Jack diz, tentando convencê-lo.

-Podem me soltar. - Shawn diz, com uma cara não muito boa, mas que foi o suficiente para que os garotos o largassem.

Ele passa direto por mim e anda até Nash, deixando todos nós na defensiva, mas para em sua frente e dá uma gargalhada. Fico confusa com a situação e não entendo no que ele pode ter achado engraçado.

-Você pode fumar maconha, começar a beber, fugir de casa... - ele começa a dizer para Nash - Pode até invocar o anticristo, se quiser, mas nunca vai conseguir ser o que eu sou pra ela. Você nunca vai dar o que eu dou a ela. Não adianta fugir, ou fingir que você é outra pessoa.... Todos sabemos quem é que vai dar certo no final, por que eu e a Kat estamos conectados, nós somos iguais.

Um silêncio absoluto se instala e sinto meu coração gelar ao ver Nash fechar o punho e acertar o nariz de Shawn com tudo. Seus pais soltam gritos e sua mãe desmaia, chamando sua atenção. Sua irmã começa a chorar alto, logo em seguida e ele se vira para olhá-los. Quando ele se volta para a frente novamente, dá de cara com a mão de Shawn em seu queixo. Os garotos interferem de novo, separando os dois. 

Respiro fundo, tentando pensar em uma saída para essa situação. Cameron, Aaron e Gilinski arrastam Shawn para longe, então ando até Nash, que estava com seus pais. Ele carrega sua mãe no colo e seu pai parecia estático. Me aproximo dele e toco em seu braço, então ele se vira para mim e noto as lágrimas em seus olhos, fazendo doer meu coração.

-Está tudo bem? - pergunto, baixo.

-Eu... - ele respira fundo - Eu preciso ir pra casa, Kat... Não sei como vou resolver isso.

-Tudo bem... - sorrio fraco - Se precisar de qualquer coisa, fala comigo, está bem?

-Ok. - me inclino até ele e beijo sua bochecha. 

Nash segue até a saída com seu pai, que carregava Skylynn e eu ando até Jack. Ele me encara, tentando analisar meu estado, e parece preocupar-se. Johnson começa a dizer alguma coisa, mas eu estava catatônica, concentrada demais em alternar meu olhar entre Shawn, que berrava e chutava uma lixeira, enquanto Cameron tentava conversar com ele, e Nash indo embora.

O loiro percebe que eu não estava ouvindo e me puxa pela mão, me levando à algum lugar. Chegamos ao carro e sentamos no capô; Jack pede meu celular e manda mensagens para minha mãe, pedindo que fossemos embora. Sinto lágrimas quentes encharcando o meu rosto e, quando percebo, já estou soluçando de tanto chorar.

Logo meus pais chegam ao estacionamento, e me encaram preocupados ao constatarem meu estado. Minha mãe me abraça e eu choro ainda mais. Entramos no carro e meus pais saem em direção à nossa casa, não solto Johnson, nem por um segundo.

-Jack, querido, quer que eu te deixe em casa ou você vai dormir conosco hoje? - minha mãe pergunta e o loiro me olha.

-Quer que eu fique com você? - pergunta e faço que sim com a cabeça - Vou com vocês, Tia.

-Tudo bem.

Ao chegarmos em casa, minha mãe me leva até o sofá da sala e todos sentamos juntos.

-O que houve? - pergunta e sinto meus olhos inundarem novamente.

-Eu... - tento dizer algo, mas não consigo segurar os soluços que não param de vir - Podemos falar disso depois? Eu só quero dormir pra que esse dia acabe...

-Claro, querida. - ela me abraça, beijando minha testa e meu pai faz o mesmo - Boa noite, crianças. Cuide dela, Jack.

-Boa noite, Tia Clair. - ele sorri - Pode deixar. 

Subimos para o quarto e eu tiro a roupa que estava usando, substituindo-a por um blusão confortável, então me jogo na cama. Jack coloca uma calça de pijama sua que estava ali, por um acaso, e então anda até mim, sentando-se ao lado do criado-mudo.

-Sei do que você precisa. - sorri e alisa meu cabelo.

Ele enrola um baseado grande e o acende, passando para mim em seguida. Sorrio com sua atitude e dou alguns tragos, já me sentindo um pouco melhor. Terminamos o beck e assistimos alguns vídeos idiotas, antes de apagarmos de vez.

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Nash's POV

 

Ao entrar em casa com minha mãe nos braços, coloco-a deitada em sua cama e ajudo meu pai a tirar seu casaco e sapatos. Ele vai até ela e coloca a mão em sua testa, em seguida sente sua respiração e constata que está bem. Eu pego Skylynn e à levo ao seu quarto, ninando-a até que durma. Então, volto ao quarto de meus pais.

Meu pai não diz nada e ficamos alguns minutos em silêncio, até que minha mãe começa a despertar. Ela encara tudo ao seu redor, inicialmente confusa, então meu pai segura sua mão e a acalma. 

-Nash, pegue uma água com açúcar para sua mãe. - diz.

Desço até a cozinha e o obedeço, então levo a água para ela. Depois de beber o copo todo, minha mãe se sente melhor. Eu já sei que estou encrencado, mas os olhares que dão um para o outro apenas confirmam isso. 

-Nash... O que foi aquilo que aconteceu hoje? - meu pai pergunta, sério.

-Eu... - respiro fundo, criando coragem para contar - Eu e a Allison terminamos.

Espero alguns segundos e analiso suas reações, ambos parecem chocados mas esperavam mais. 

-Mas o que houve? Por que vocês terminaram? Se davam tão bem! - minha mãe começa.

-Ela é uma ótima garota, não vejo sentido nisso. - meu pai completa.

-Nós já não nos dávamos tão bem assim a algum tempo... - digo - Estávamos brigando muito, ela se estressava com tudo e já não estava mais dando certo...

-Tudo bem... - ele aceita, contrariado - Mas o que isso tem a ver com o que houve mais cedo?

-Bem... - penso um pouco - Eu.... Eu comecei a gostar dessa garota e..... Ela estava com aquele cara que me bateu. Eles não namoravam, mas estavam meio que juntos e ela começou a gostar de mim também, então ele não curtiu nem um pouco...

-Nash, você desrespeitou o relacionamento de outra pessoa? - minha mãe reclama - Achei que você entendesse que mesmo que não tenha à ver com você, deve sempre fazer sua parte!

-Mãe, eu não... - não consigo encontrar forma de explicar - Eu não dei em cima dela nem nada do tipo, nós.... Nós ficamos amigos, então começamos a nos dar bem, foi algo involuntário!

-Ainda não quer dizer que está certo, Nash. - meu pai insiste - Mas isso não foi o que mais me interessou... - engulo em seco, com medo do que ele diria - Por que aquele garoto estava falando sobre você usando drogas?

-Pai, ele só estava chateado por que ele ainda gosta da Kat, mas - minha mãe não me deixa concluir.

-Claro, agora fez todo o sentido! - ela diz - Você está andando com Katherine Williams! Aquela garota é uma péssima influência, meu filho! Eu já ouvi várias amigas da Allison comentando sobre os absurdos que essa garota faz!

-Mãe, não é só por que a Kat faz coisas que não concordamos que ela seja uma má pessoa! - me chateio - Vocês não sabem nada sobre ela!

-Mas eu sei que se você se envolve com quem usa drogas e mente e se entrega à promiscuidade, coisas ruins vão acontecer! Aquela garota não presta, Nash. Os pais dela não ligam para ela, você não vê como ela vive?

-Além do mais, pelo que aquele garoto disse, você não teve nenhuma maturidade para negar as drogas que te ofereceram! Qual é a próxima? Vai se viciar?! 

-Vocês são hipócritas! - me irrito e eles se surpreendem com minha reação - Vocês ligam para mim, me levaram à igreja desde que me entendo por gente e isso não me impediu de mentir e fazer o que quero e bem entendo! A diferença é que a Kat não faz questão de manter as aparências pra um bando de mentirosos e assume o que quer fazer com sua vida!

Eles ficam estáticos, me olhando como se fosse um monstro. Percebo tudo o que disse e sinto vontade de engolir minhas palavras novamente. Os olhos de minha mãe se enchem de lágrimas e meu pai me olha com uma expressão decepcionada. O que eu estou fazendo? Brigando com meus pais para provar que tenho razão em mentir e usar drogas? Meu deus, o que eu estou fazendo?!

-M-Me desculpem, eu não - eles desviam o olhar de mim.

-Vá para o seu quarto, Nash. - meu pai ordena.

Os encaro por alguns segundos, tentando pensar numa forma de reverter essa situação, mas opto por obedecê-lo. Ao fechar a porta do meu quarto, me jogo na cama, enfiando a cara em um dos travesseiros. Mas que merda é que eu estou fazendo com a minha vida? Eu acabei de fazer uma coisa horrível com meus pais pra discordar de algo em que eu acreditava até semanas atrás! Minha irmãzinha me viu batendo em um cara e gritando com meus pais. Não consigo deixar de questionar se estou certo ou não; quando estou com Kat, todas essas coisas me parecem tão ínfimas e naturais, mas quando eu paro pra pensar nos meus princípios e no que meus pais me ensinaram, me sinto mal. 

Ouço a porta se abrir e me sento na cama. Meu pai entra e se junta a mim.

-Eu e sua mãe decidimos fazer um teste de drogas em você. - diz, mais calmo e confirmo com a cabeça - E.... Você está proibido de ver Katherine. 

-O quê?! - reclamo - Vocês vão me proibir de ver pessoas, agora?

-Já que você mostrou que não tem responsabilidade para decidir isso sozinho, sim, nós vamos. - conclui.

-EU NÃO VOU PARAR DE VER A KAT! - me estresso e ele me encara - Vocês não têm esse direito!

-VOCÊ VAI FAZER O QUE EU TE DISSER PARA FAZER, GAROTO! - berra, me assustando. Nunca tinha visto meu pai chateado dessa forma - VOCÊ NÃO PERCEBE O QUE ESTÁ FAZENDO COM SUA VIDA?! - sinto suas palavras pesarem em minha consciência - USANDO DROGAS, MENTINDO PARA NÓS! NÃO VÊ QUE ESSE É O CAMINHO ERRADO?! VOCÊ DEVERIA ESTAR ESTUDANDO NOSSOS VALORES, RECORRENDO AOS SEUS AMIGOS DA IGREJA E NOS PEDINDO DESCULPAS PELA LOUCURA QUE FEZ! AQUELA CENA HOJE FOI UMA VERGONHA PARA TODA A NOSSA FAMÍLIA! 

Ele respira fundo, numa tentativa de se acalmar e sinto lágrimas molhando meu rosto. Ele está certo.

-Eu não admito mais nenhuma dessas besteiras vindas de você! - aponta o dedo para mim - Você vai parar de falar com aquela garota, ela é uma má influência! 

Nego com a cabeça, sentindo meu peito doer ao ouvi-lo dizer aquelas coisas. 

-Perceba o que ela está fazendo com você, meu filho... - ele se senta na cama e coloca a mão em meu ombro, num gesto carinhoso - Você acha que uma garota desse tipo realmente vai querer ficar com alguém como você? Vocês são muito diferentes, Nash.... Se ela cansou de seu namorado, que pelo que ouvi, era exatamente como ela, imagine você, que não faz quase nada igual.... Ela só usa as pessoas pra se divertir.

Meu pai me fez despertar para algo que não tinha pensado antes. Se, realmente, nem eu ou Kat conseguimos entender os motivos pelos quais gostamos um do outro, será que realmente existem motivos? E se sim, o quão verdadeiros eles são? É mais provável que sua atração seja física e momentânea, como ela faz com a maioria desses caras e, enquanto isso, eu estou desmantelando minha vida pra estar com ela. Eu fui tão burro, meu deus. 

-Você está certo, pai... - concluo - Me desculpe. 

-Todos erramos, filho... O importante é que você aprenda com seu erro e não o repita. 

-Mas como posso fazer isso? - questiono, perdido - Eu penso nela e quero estar perto dela sempre... E o pior é que sei que ela virá atrás de mim, como posso resistir à isso?

-Bem... - pensa - Não será uma tarefa fácil..., mas você tem de se lembrar SEMPRE dessa conversa que tivemos, para que possa se agarrar em seus valores. Evite interagir com ela o máximo o possível, mesmo que tenha que ser rude, priorize esse afastamento de vocês. 

-Tudo bem... - suspiro - Obrigada, pai.

-Por nada, filho... - conclui e anda até a porta - Fico feliz que tenha escolhido fazer a coisa certa, me mostra que você tem suas crenças sólidas, mesmo que tenha errado.

Ele sai do quarto, fechando a porta atrás de si. Respiro fundo e solto meu peso na cama. Amanhã será o dia mais difícil da minha vida. Resolvo parar de pensar sobre isso e tomo um banho para me deitar. No entanto, quando me deito para dormir, não consigo pregar o olho, com a sensação de que há algo muito errado.

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Kat's POV

 

Sou despertada por Cameron, que me balança levemente. O despertador tocou e eu não ouvi. Ainda estava meio abraçada com o moreno, que me encarava, tentando analisar meu estado.

-Bom dia, doçura. - murmuro, beijando sua bochecha. 

-Bom dia, querida. - responde, da mesma forma. 

Entro no chuveiro e peço à Cam que enrole um baseado. Ao sair, vou até o closet e me visto com um cropped verde escuro e uma calça jeans bem clara. Nos pés, coloco um par de All Stars amarelo-mostarda e complemento tudo com minhas correntinhas e pulseiras de sempre. 

Quando volto ao quarto, Cameron já está pronto e terminando de fechar o baseado. Ele me entrega um e percebo que tinha enrolado dois. Agradeço mentalmente por isso e os acendemos.

-Você está bem? - pergunta, tragando a fumaça.

-Sim... - faço o mesmo - Acho que o mais difícil será vê-lo e saber que está chateado comigo, mas não poder fazer nada.

-Você sabe que vai passar... - comenta - Shawn não vai ficar bravo para sempre.

-Espero que não. 

Terminamos nossos baseados e descemos para tomar café da manhã. Numa tentativa de me animar, minha mãe fez panquecas de Nutella com morango e castanhas, meu café da manhã favorito. Comemos e então voltamos ao quarto para pegar nossas coisas. Aproveito para abastecer minha caixinha e então descemos para a garagem. 

Saio em direção à escola, enquanto Cameron acende mais um baseado no banco do carona. Vamos chegar na aula delirando. Cantamos, rimos e fumamos por todo o percurso. Ao chegarmos no colégio, vamos juntos até nosso corredor e paramos em meu armário. Olho ao redor e vejo Shawn longe, sentado em uma das escadas. Nossos olhares se cruzam e os mantemos por alguns segundos, até que ele desvia. 

Suspiro e tento lembrar do que Cam disse. Ele não vai ficar bravo para sempre. Volto a analisar o corredor e finalmente enxergo quem queria ver. Nash parou em seu armário, na outra ponta do corredor. 

-Vou lá falar com ele... - digo ao moreno.

-Tudo bem, estou na sala com os garotos. - diz.

Ando até Nash e encosto em seu ombro, então ele se vira para mim. Eu tinha um sorriso no rosto, até que vejo sua expressão. Tem alguma coisa errada. 

-Oi... - digo, estranhando sua atitude - O que houve?

-Nada. - responde, secamente.

-Tem certeza? - insisto.

-Absoluta. – força um sorriso.

-Como foi com seus pais, ontem?

-Ficou tudo bem.

-Está bem... - aceito - O que vai fazer depois da aula, hoje?

-Eu... - percebo que ele evita olhar em meus olhos - Eu vou estar ocupado, tenho algumas coisas pra resolver.

-Ok... - suspiro, tristonha - Já que não quer conversar, eu vou.... Vou encontrar os garotos. Tchau.

Me afasto dele e me sinto mal pela forma como me tratou. Será que ele está chateado comigo pela briga de ontem? A culpa foi de Shawn, isso não faria sentido.... Entro na sala e avisto Jack, Cameron, Aaron e Gilinski no fundo da sala. Solto meus livros e estojo na mesa à frente da de Cameron e me sento, afundando a cabeça entre os braços. 

-Wow, wow, wow... - Cameron diz, alisando meu cabelo - Por que está triste? Em quem devemos bater?

-Em mim! - bufo, levantando a cabeça.

-O que houve? - Johnson questiona, se aproximando com os outros dois. 

-Shawn não fala comigo e Nash está muito estranho... - conto - Fui conversar com ele agora há pouco e ele agiu de uma forma muito esquisita.

-Como assim? - Aaron pergunta.

-Ele sempre foi tão educado e atencioso e hoje ele estava.... Distante e frio. Como se estivesse chateado comigo por alguma coisa.

-Kat, sua vida amorosa parece uma novela mexicana. - Gilinski conclui e todos concordamos.

Aaron analisa a sala e então vira-se para nós.

-Sabe o que eu acho? - olhamos para ele - Você tem uma semana só resolvendo problemas, vamos nos distrair! 

-O que tem em mente? - Cameron se interessa.

-Vamos sair daqui e passar o dia na praia! - sugere - O professor não chegou ainda, ou seja, temos tempo de fugir.

-Eu topo. - Johnson se pronuncia.

-Eu também. - digo, junto com Gilinski.

-Vamos lá. - Cameron completa. 

Nash entra na sala e os garotos o encaram, deixando o menino envergonhado. Acho graça da superproteção deles e pego meus livros.

-Vamos embora daqui. – digo, evitando encará-lo. 



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