O relógio analógico é a única coisa que ilumina no ambiente, nele consta exatamente três horas da manhã. Era para eu estar dormindo profundamente, tendo algum tipo de sonho esquisito, que certamente não iria me lembrar quando acordasse. Mas não, estou aqui, ainda deitada, no breu, olhando para o teto, mesmo não podendo enchergar nada pela escuridão, sentindo cada mínima gota de lágrima que involuntariamente escorre pela lateral do meu rosto, sentindo uma pressão no peito e o nó na garganta se apertar cada vez mais.
Angústia, insatisfação, solidão, insegurança, medo, raiva, dor, tensão, bloqueio, tristeza, vergonha, carência, humilhação, ciúmes, rejeição, melancolia, abandono, apatia, mágoa, ódio, desejo de vingança, confusão, dó, ira, desespero, ressentimento, frustração, vazio, rancor, amargura, esgotamento, repugnância, constrangimento, desorientação, ansiedade, frieza, desprezo, pânico.
Sentimentos esses que invadem minha mente sem pedir licença, como uma chuva de granizo.
Não é primeira vez que isso me acontece, mas como sempre, eu não sei lidar. Um frágil guarda-chuva não pode me proteger, não há onde eu possa me esconder. O que me resta é enfrentar mais uma vez, deixar me atingir, para que depois algo me cure das feridas que ficarão.
Expelir as lágrimas entaladas, para que assim a ardência nos meus olhos possa se aliviar mais rápido e o nó em minha garganta se desfaça de vez, para que eu possa voltar a dormir tranquilamente.
Eu sei que isso tem um fim, sempre tem, mas enquanto não, as horas se passam, meu travesseiro já está encharcado e eu já não consigo mais controlar os soluços automáticos. Mas vai passar, tem que passar, eu preciso ver a porra do arco-íris antes que eu desista e acabe por me matar.
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