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História Cidade Clareana - S05: Ondas Passadas


Escrita por: Parkeson

Notas do Autor


Desculpa, não consegui postar antes :| Quase nos 50 favoritos, obrigada galera!
Boa leitura♥

Capítulo 17 - S05: Ondas Passadas


Narradora on

Seu sonho foi o pesadelo que sempre a consumiu.

Elizabeth nunca conseguia dormir, graças aos pesadelos; desde pequena, esse sempre foi o problema, e diga adeus aos poucos dias em que não precisou se preocupar com isso. Mas esta noite, foi especial, foi um campo grande e limpo, o gramado estava seco, e em sua mente enquanto dormia, Liza estava sozinha no centro dele, como deveria estar, como sabia que ficaria para o resto da vida, sozinha.

—Ei, Eliza, acorda!—ouviu uma voz longe, sua consciência ainda pesava.—Parkeson, acorda!

Assim que sentiu a coceira no nariz e um torcicolo no pescoço, ela se lembrou de onde estava, no deserto. Colocou-se sentada imediatamente, assustada. Olhou em volta, procurando pela voz, Beth, ele estava bem ao seu lado, agachado, mas seu foco estava distante, vinha da mesma direção pela qual vieram no dia anterior.

—O que foi?—perguntou ela, aflita.—Beth, o que ta acontecendo?

—Eu acordei e você tava dormindo, fui procurar por água nas casas pra não desperdiçar o que pegamos.—respondeu.—Quando voltei, no caso agora, encontrei aquilo lá...

Elizabeth colocou-se de joelhos e olhou na mesma direção que ele. Medo e curiosidade, foi isso o que a abateu. Era como uma multidão, o que seria? Ou melhor, quem seriam?

—A gente tem que levantar e ir agora, seguiram o nosso rastro.

Beth se levantou, pegou sua mochila e a manta, então, tratou de se apressar.

—Anda, temos que sair daqui agora!

—Espera, o que é aquilo?

—Problema. Nós temos que ir ou vamos morrer.—ele foi até a mochila dela e pegou-a, Liza permaneceu exitante.—Olha, confia em mim nisso ta bem, nós temos que ir, ainda mais agora que estamos com peso extra, vamos ir mais de vagar, e se aquela galera alcançar a gente, já era!

Liza não ia decidir aquilo dessa forma, não confiava nele de jeito nenhum, mas ele estava certo, eles precisavam, tinham que sair dali e tinham que retomar a caminhada se quisessem chegar logo em casa. Então, ela se levantou, pegou a manta e a mochila das mãos dele, colocou-a nas costas e começaram a caminhar com o pique afiado.

—Vamos, rápido, antes que sintam o nosso cheiro!

Elizabeth resolveu não questionar.

Iam rápido, cada passo a mais era o um desafio, e mesmo assim, Beth não diminuiu o passo, ele ia à frente dela, tão apressado como quando levantou, e não diminuiu seu caminhar em momento algum.

As horas passavam, o dia passava, os músculos da Parkeson estavam cansados, suas pernas doloridas, mas Beth não diminuiu o ritmo. A pele de ambos já estava ardendo, então, Liza pegou a manta e jogou sobre si mesma, fazendo sombra.

Ah, como eu queria descansar, pensou ela.

O Sol estava quase ao centro, quase acima deles, o que significava que era quase meio-dia, segundo os cálculos de Beth, baseado em sua experiência no deserto.

—Beth, mais devagar!—exclamou Elizabeth, cansada.—Estamos andando à horas, já devem ter perdido o rastro, já bateu uma ventania forte.

Beth parou, virou-se com a respiração afobada para ela e voltou alguns passos.

—Desculpa, boneca.—falou.—Mas a gente tem que sair dessa área arenosa, temos que ir a fundo do deserto se não quisermos ser seguidos por aquela manada.

—Manada de quê?

—Cranks em estado terminal.—respondeu, limpando areia da testa.—Eles se agrupam, e quando não têm o que comer, começam a vagar por aí, ficam em grupo sem perceber.

—Cranks em estado terminal não preferem ficar em sombra, em lugares isolados?

—Até alguns anos atrás sim, mas de um tempo pra cá a população de imunes diminuiu por essas áreas, só sobram cranks no deserto, que não duram o suficiente.—disse, pegando sua garrafinha de água, entregou-a para ela, eu não consegui recusar.—Vamos voltar a caminhar.

Quando terminou de beber, sem gastar muito, Liza começou a segui-lo, logo, ela se apressou para ficar ao lado dele. Estava curiosa.

—Me fala mais sobre isso.—pediu, entregando a garrafinha para ele novamente.—Sobre os cranks e essa evolução.

—Os animais evoluem para sobreviver no meio em que vivem, você como bióloga deveria saber.

Beth começou a beber água depois daquela frase. Aquilo a deixou frustrada, mas não menos curiosa, podia até dizer que se sentia como o Thomas.

—Eu sei disso, é óbvio que vocês evoluiriam eventualmente.—esclareceu.—Eu quero saber como isso acontece, quanto tempo dura, como vocês se organizaram depois de tanto tempo.

—Olha, de onde eu venho funciona de um jeito, cada lugar tem as suas manias.—responde ele, guardando a garrafa.—Lá, eu fui treinado pelo Julian, nós conseguimos manter consciência mas varia de crank pra crank, cada um dura o tempo que durar.

—Deixa eu adivinhar, os que trabalham pro Julian recebem um pouco da cura que ele consegue com o mercado negro?

—Pois é, mais ou menos assim.

Foi quando eles se depararam com um monte alto de areia. Seria preciso força para subir, Beth foi na frente, e revirando os olhos, cansada, Elizabeth seguiu-o logo atrás. Nem ela entendia a si mesma, teve energia suficiente para salvar seus amigos e sua Valkíria, mas agora, para trabalhar por sua própria sobrevivência, ela simplesmente não dava a mesma importância.

—Você tem que fazer uns favores antes, pra provar lealdade ao Julian, e se durar até lá, consegue a cura.—Beth prosseguiu.—Se durar, a questão é quanto tempo você aguenta.

Ficaram um pouco em silêncio, pelo menos, Liza se calou até conseguir formular a próxima pergunta.

—Essa gente faz o que faz pra sobreviver, Parkeson.—falou ele, sua voz estava vazia, como se seu conceito o deixasse vazio por dentro.—Todos eles fazem o que acham mais fácil pra sobreviver.

Essa gente?—questionou ela, observadora.—Você é crank como eles, não é? Por que usou esse termo?

Beth engoliu em seco, respirou fundo, enrolando para responder.

À esse ponto, eles já estavam descendo o morro, e quando chegaram lá embaixo, Elizabeth sentiu um alívio pelo caminho à frente ser liso, mas era como o centro do deserto, não haviam sombras, era só o sol e a areia seca.

—A verdade é que eu não sei.—ele voltou a dizer, mas se recusava a encarar a mulher ao seu lado.—Você olha pra mim e tem certeza que eu sou um crank, mas eu nunca precisei da cura, eu nunca tomei em todos esses anos até você me dar, não sei porquê, mas o vírus nunca me afetou, às vezes eu tenho ataques de raiva, mas é só.

Aquilo fez a cientista dentro de Elizabeth refletir, a fez ficar pensativa. Como era possível? O que tem no sangue dele de diferente dos outros? O que há de diferente nesse cara?

—Eu vi muita gente se perder pro vírus desde que trabalho pro Julian, e eu nunca fui um fardo, nunca dei despesas pra ele com a cura, por isso ele me acha uma arma secreta.

O que ele disse a fez soltar uma respiração pesada. Agora sim, Liza tinha a certeza de que ele não era o Newt, ele tem chances de ser imune, o Newt não é imune, isso foi o que mais partiu o coração dela. Apesar de todos os anos sem ele, ela ainda tinha a sensação de tê-lo por perto, ainda tinha esperanças, mas agora, elas foram levadas pelo ralo.

Liza tentou ignorar seu incômodo e tristeza, continuou seguindo-o, precisava tirar aquilo da cabeça.

—E por que exatamente você trabalha pra ele?—voltou a questionar.—Se tem chances de ser imune, não precisava ficar lá com aqueles contrabandistas que têm chance pequena de serem aceitos na cidade, podia ter fugido você mesmo e ido até a Capital...

Beth diminuiu o passo para fitar seu rosto, deixando-a surpresa.

—Quantas perguntas, Parkeson, isso é você tentando não lidar com seu silêncio ou quer saber mais sobre mim?—arqueou as sobrancelhas, exibindo o charme que não tinha poder sobre ele. Eliza franziu o cenho, não precisou dizer mais nada. Beth entendeu o recado.—Se você realmente quer saber, é porque eu não tinha mais razões pra querer sobreviver, chegou num ponto em que não faz diferença.

Mesmo que aquilo a deixasse tensa e preocupada, tinha algo ali, algo que ela não podia deixar de notar.

—Por isso você bebe, sai com qualquer uma e depois some com outra sem olhar pra trás?—falou, sentindo-o ainda mais silencioso e pensativo.—Pra compensar esse vazio?

Ele a encarou, parecia zangado. Respirou fundo, soltando novamente a respiração. Sua cara estava fechada, e foi como se ela tivesse tocado em ponto delicado.

—Chega de perguntas.

Dito isso, ele voltou a caminhar, sem opções, ela o seguiu e não pararam mais, nem se quer trocaram mais palavras.

O Sol agora, já estava mais à frente da cabeça deles, Beth calculou mais ou menos três horas da tarde. Continuaram caminhando por mais duas horas, foi mais ou menos por aí que chegaram mais ao fundo do deserto, já podiam enxergar as montanhas que levariam para o litoral, chegando no litoral, só seria preciso encontrar a direção certa para chegar no Sul.

—Beth, acho melhor irmos pela praia.—falou Liza.—Pode ser mais rápido.

—Ta, você é quem sabe.—respondeu ele, sem mais delongas.—A única coisa que eu quero achar é um carro, assim vamos mais rápido de verdade.

—Não tem cidades por essa região se eu não estou enganada.

—Estamos fundo do deserto, você nem sabia o que era uma manada de cranks.—falou, arqueando as sobrancelhas, aquilo a deixou irritada.—Acho que a Parkeson perdeu os seus feitiches.

Liza parou de andar na mesma hora, encarando-o furiosa.

—Qual o seu problema!?—exclamou.—Ficou nervosinho por que eu perguntei aquilo? É difícil lidar com a verdade pra você?—nada de resposta, ele só continuou caminhando.—Tá, se eu fui muito longe, então me desculpa beleza, agora se quer ganhar respeito, para de se fazer de criança e me fala o que tá te incomodando por que eu não tenho bola de cristal!

Quando terminou de gritar aquilo, Beth parou de andar, virou-se e olhava para ela sem expressão alguma, apenas olhava para ela.

—O quê!?—voltou a gritar.—Vai me dizer algora que não está nervoso!?

—Se você continuar gritando, em breve vai ter outra manada atrás da gente.—retrucou.

—Ah, me poupe, Beth!—voltou ela a gritar.—Estamos no fundo do deserto, não tem ninguém aqui!

—Tá, foi mal, mas vamos continuar, eu não sei você mas eu não quero morrer de frio aqui e já vai anoitecer.

Foi um dia conturbado e com emoções nada positivas, mas se tinha uma coisa que ambos queriam, era sair dali, independente de qualquer ciscustância ou pendência entre eles ou não. Então, continuaram caminhando em silêncio.


Notas Finais


Tem informações muito importantes nesse capítulo!♥
Até a próxima!


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