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História Cinco vezes Choi - Se você já está na chuva é pra se molhar, já dizia um Choi


Escrita por: ShiroKohta

Notas do Autor


Eu fiquei com esse capítulo aberto pra postar desde 21:31 esperando meia noite.
Só pra fingir que tô seguindo um cronograma e postando no fim de semana.
(╥﹏╥)

Capítulo 2 - Se você já está na chuva é pra se molhar, já dizia um Choi


Fanfic / Fanfiction Cinco vezes Choi - Se você já está na chuva é pra se molhar, já dizia um Choi

Demorou três dias para Jaebeom vir falar consigo. Youngjae já tinha até mesmo relaxado, já não pensava que iria perder o emprego, nem drama fazia. Também havia evitado as perguntas e a curiosidade alheia por detalhes sórdidos. Estava bem, seguindo sua vida normalmente, continuava sendo pai de quatro crianças, continuava sendo assistente/escravo do Jinyoung, tudo tranquilo.

Bom, até Jaebeom reaparecer.

Ele deveria ter desconfiado. Quando Hyunjin um dos estagiários passou correndo por si sem nem ao menos lhe cumprimentar como sempre fazia, deveria ter percebido. Principalmente porque logo em seguida Tzuyu também passou apressada com seus olhos arregalados, ainda mais retraída. Não era uma atitude anormal, mas ela só fazia aquilo quando o Jinyoung estava por perto. Porém, escolheu ignorar, voltou a encarar a tela de seu computador, caneta na boca, dígitos ferozes contra o teclado. Até que seu maior pesadelo se tornou realidade.

— Podemos conversar? — Aquela voz rouca e grave lhe trouxe lembranças dela gemendo seu nome bem no pé de seu ouvido, aquela voz que havia lhe dito coisas obscenas na cama, assim como elogios. Foi inevitável não tremer na base.

Levantou o olhar para encontrar Lim Jaebeom o encarando. De terno preto, relógio importado no braço, cabelos bem estilizados e ar aristocrático, o filho de uma mãe, mortalmente bonito. Tirou a caneta da boca, seus olhos foram até a saída, sua mente projetando uma forma de escapar daquela conversa, mas quando voltou a olhar para o homem a sua frente, desistiu. Foda-se, tinha que encarar seus problemas como um adulto que era, se ele queria conversar, teriam uma conversa.

— Agora? — Conseguiu vocalizar, arqueando a sobrancelha de forma petulante, era bom nisso, fingir indiferença quando por dentro estava a ponto de morrer.

— Agora, vamos fazer isso dentro da sala do Jinyoung. Ele não vai se importar se você terminar seu trabalho um pouco mais tarde.

Mas eu vou, seu imbecil, pensou, mas claramente não vocalizou. Não se deu ao trabalho de emitir som algum, levantou de sua cadeira e seguiu para dentro do escritório de seu chefe. Observou Jaebeom fechar a porta e se sentar em uma das poltronas de couro que haviam por ali, indicando a outra para que sentasse, mas preferiu se manter de pé atrás do móvel, usando seu encosto como suporte, assim como escudo. Sentia que se sentasse acabaria perdendo toda a coragem.

Esperou ele falar primeiro. Se encararam por alguns segundos, os olhos escuros lhe fitavam com tamanha intensidade que não conseguiu manter por muito tempo o contato, desviou o olhar focando na janela de vidro do recinto.

— Olha Youngjae eu não me arrependo do que aconteceu, mesmo sabendo que você é meu funcionário. — Jaebeom ditou categórico. Também não se arrependia, em parte, mas não diria isso. — Nosso relacionamento aqui dentro da empresa vai continuar estritamente profissional.

— Okay, isso é bom. — Respondeu. Isso poderia fazer. Isso era o que queria.

— Agora fora da empresa, nós poderíamos…

Jaebeom continuou, mas não o deixou completar o  raciocínio, nunca se prestaria a esse papel.

— Não.

— O quê? — O CEO o encarou surpreso não sabia se por ter sido interrompido, ou por sua negação, provável que os dois.

— Desculpa sr. Lim, mas não. — Falou de maneira resoluta. Não tinha ideia do que Jaebeom pensava de si, mas não era esse tipo de pessoa. Ele não era o primeiro homem daquela empresa a querer levá-lo para cama, também não seria o primeiro, apesar que ele já havia feito isso… Enfim, não aconteceria. — Eu gostaria que nosso relacionamento se mantivesse estritamente profissional dentro e fora da empresa.

Jaebeom soltou uma risada incrédula.

    — Você está falando sério?

— Estou.

— Você está me rejeitando?

— Estou.

— Inacreditável. — Jaebeom retrucou, nunca alguém havia lhe rejeitado assim na cara dura. Aquele garoto era realmente peculiar.

— Bom senhor Lim, precisa de mais alguma coisa? Ou eu já posso voltar ao trabalho?

Youngjae perguntou o encarando de forma  desafiadora, apesar de seu tom de voz exacerbar cordialidade, uma falsa cordialidade.

— Não, terminamos por aqui. — Jaebeom murmurou ainda atônito.

— Tenha um ótima dia, senhor.

O Lim foi o primeiro a sair da sala, Youngjae esperou até ter certeza que ele não estava mais por ali para sair também. Andou até sua mesa, sentou em sua cadeira, pressionado as mãos no rosto enquanto tentava acalmar seu coração que batia feito louco, suas mãos que tremiam, ao mesmo tempo que tentava controlar a vontade de chorar. Depois de alguns minutos, suspirou, se recompôs e voltou ao trabalho como se nada tivesse acontecido.

— O pau dele é pequeno? Ele tem uma cara de ser abaixo da média coreana.

Youngjae encarou Nayeon por alguns segundos, nem havia percebido a presença dela por ali. Sinceramente, merecia amigos melhores. Por fim jogou a primeira coisa que tinha em seu alcance na mais velha, que por sinal foi uma borracha.

Queria a morte.

 

 

Suas palavras deram resultado, porque Jaebeom não o procurou mais e Youngjae se viu relaxado no trabalho, afinal, graças ao tamanho da empresa e por terem profissões tão distintas, trabalharem em extremos opostos não corriam o risco de cruzarem caminho. Qualquer coisa relacionada a Jaebeom que precisasse fazer tratava direto com sua secretária e estava grato por isso.

Estava até mesmo grato por Jinyoung que havia escolhido aquela quinta feira para ficar até mais tarde na empresa. Não era fã de ficar depois do horário, mas pelo menos receberia hora extra e dinheiro a mais era sempre bom. Jackson estava precisando de um celular novo que iria comprar e dividir em dez vezes sem juros com a graça de Deus e Yugyeom havia crescido mais que o esperado, as roupas que eram do Bambam não davam mais no caçula, muito pelo contrário, as roupas dele que estavam sobrando para o irmão um ano mais velho. Então, definitivamente dinheiro extra era sempre bom.

    — Eu odeio o meu trabalho. — Jinyoung resmungou pelo que parecia a milésima vez o que fez Youngjae rir baixinho de seu lugar no lado oposto a mesa do mais velho. Pela janela do escritório do Park já não conseguiam mais ver o lado de fora o que significava que já haviam passado das seis. Ao contrário do chefe que que odiava o trabalho, Youngjae até que gostava do seu e o que queria mesmo era ir pra casa, havia deixado os filhos sozinhos e por mais que Jackson sempre tivesse se mostrado um garoto responsável ele só tinha treze anos e Yugyeom e Bambam às vezes cegavam um.

— Eu vou buscar um café. — Ditou se espreguiçando, saindo de sua cadeira, não aguentava mais ler relatório, muito menos digitar os benditos também.

— Me trás uns biscoitos. — Jinyoung pediu antes de cruzar a porta e Youngjae apenas grunhiu em resposta.

Com a mudança de gerência o quadro de pessoal da empresa matriz e suas afiliadas vinha passando por mudanças e todas as decisões caiam na mesa do Park. Há três anos trabalhando ali, Youngjae nunca tivera tanto trabalho quanto estava tendo naquele mês. Como esperado o prédio já estava vazio, haviam algumas luzes acesas, a maioria sendo as dos corredores, de resto tudo estava no absoluto escuro, não demoraria para o vigilante da noite aparecer para avisá-los que deveriam sair, mas tinha a esperança que fosse pra casa antes disso. Enquanto a máquina de café preparava a bebida, Youngjae se encostou na mesa que tinha ali, tirando o celular do bolso para checar as crianças, havia uma mensagem de texto do Jackson dizendo que todos já haviam jantado, mas Bambam ainda estava assistindo o rei leão e não queria tomar banho.

— Tudo bem aí? — Perguntou assim que a ligação conectou.

“Sim, eu consegui fazer o Bamie tomar banho, mas tive que dar outro banho no Yugyeom”

Revirou os olhos, aquela era uma atitude típica de B1 e B2.

— E você tomou banho?

“Que pergunta hyung, é claro que sim!”

— Sei lá Sseun-ah, crianças da sua idade costumam ter aversão a água.

“Hyung, eu não sou criança eu sou adolescente.”

— É a mesma merda. — Youngjae resmungou rindo, ele adorava como era fácil tirar o outro Choi do sério. — E o Wonwoo?

“Lendo um livro no quarto. De que horas o hyung chega?”

— Em uma hora eu saio daqui. Deixe as portas trancadas e durma no meu quarto com seus irmãos, tá?. — Jackson grunhiu uma afirmação em resposta. —  Vou desligar agora, amo você.

Ele escutou o mais novo dizer ‘eu amo você’ de volta e desligou o aparelho com um sorriso maior ainda no rosto.

O café ficou pronto, então preparou dois copos descartáveis e pegou um saquinho de biscoitos para levar ao seu chefe. Porém quando se virou deu de cara com que não queria. Algo em sua expressão fez Jaebeom levantar as mãos em sinal de rendição. Youngjae por outro lado ficou congelado no lugar.

— Eu segui o cheiro do café. — O mais velho ditou apontando para a cafeteira. — Você já não deveria ter ido, seu expediente não são só oito horas?

— Jinyoung está fazendo hora extra. E você?

Só quando Jaebeom se moveu para ficar próximo de si que saiu do caminho,  dando a volta na mesa e colocando uma boa distância entre os dois. Tentou não ligar para a expressão chateada que apareceu no rosto alheio, não iria cair naquele papo.

— Muitas reuniões com investidores. Novo CEO, então eles ficam desconfiados. — Jaebeom se serviu do café e mais uma vez tentou encurtar a distância entre os dois. — Youngjae…

— Eu vou voltar ao trabalho. Boa noite, senhor Lim.

Ele nem esperou uma resposta de volta. Pegou o café do Park e saiu correndo dali.

 

 

Youngjae deveria saber que caras como o Sr. Lim não desistam facilmente. Parecia que a negativa os deixava ainda mais excitados. E pensando melhor, deveria ter aceitado a carona oferecida pelo Park. Mesmo Jinyoung morando do outro lado da cidade, havia oferecido lhe levar até o subúrbio, mas como sempre a parte lógica do seu cérebro pensava na mobilidade e acabou rejeitando a oferta. Se tivesse aceitado, talvez não estivesse naquela situação. Estava chovendo como em toda noite nos últimos dias, os resquícios finais do outono. O ônibus estava atrasado, podia apostar que era por causa da bendita chuva, sozinho no ponto de ônibus Youngjae ponderava se ao chegar em casa iria tomar um banho e dormir, ou se comeria alguma coisa. Estava tão focado que não reparou o carro esporte que saiu do estacionamento da empresa e seguia na sua direção até parar ao seu lado.

— Aceita uma carona? — Jaebeom estava atrás do volante. Parecia um dejavu do que havia feito semanas atrás, mas dessa vez Youngjae iria seguir um script diferenciado.

Lançou um olhar rápido na direção do outro, com uma expressão de desinteresse no rosto.

— Não. — Respondeu curto e grosso.

— Certeza? Você mora um pouco longe, certo? Depois do ônibus ainda vai pegar um metrô e outro ônibus, não é?

Isso o fez se virar na direção do carro. Jaebeom estava inclinado sobre o banco do passageiro, uma mão ainda no volante e um resquício de sorriso presunçoso no rosto.

— Eu só quero ir pra casa, nada mais.

Com a sua resposta Jaebeom abriu a porta do carro. Uma parte de si realmente queria subir naquele maldito veículo importado, a outra parte estava lhe dizendo para se manter firme no lugar, não dar espaço para problemas, por que homens como Lim Jaebeom só poderiam vir com problemas.

— Eu só quero te levar para sua casa, Choi. Nada mais.

Porém algo na forma como ele falou seu nome o fez titubear, gostava de como o Choi soava naquela boca. Youngjae acabou entrando no carro, afivelou bem o cinto, os vizinhos iriam falar horrores ao vê-lo chegar naquele veículo, uma porra de um Audi do ano, iriam dizer que estava se prostituindo. O carro do mais velho ganhou as ruas, tentou ao máximo não reparar muito em Jaebeom, mas era difícil. O filho da mãe ficava fodidamente sexy com uma mão no volante, a outra no câmbio. Para piorar ele vestia apenas a camisa social branca, que abraçava a perdição que eram seus ombros de forma provocativa, as mangas enroladas até os cotovelos davam um charme ainda maior. Foda-se, ele estava olhando descaradamente e pelo meio sorriso que despontou nos lábios alheios, Jaebeom sabia que estava sendo observado.

Youngjae limpou a garganta, tentando apaziguar o clima estranho que estava por ali.

— Você andou me stalkeando? — Perguntou genuinamente curioso. Porque até então nem mesmo havia dito o seu endereço, mas a forma como o outro estava dirigindo pelas ruas, ele sabia exatamente onde estava indo.

— Um chefe tem que conhecer seus funcionários.

Bufou incrédulo.

— Entre quinhentos, Lim? Não seja ridículo.

Arriscou uma olhada no GPS do celular, não se chocou ao ver que sim, estavam indo para seu endereço.

— Eu posso até estar sendo ridículo, mas você também está ao querer negar essa atração palpável entre nós.

Youngjae fez uma careta, os dedos dos pés se encolheram com a escolha absurda de palavras, principalmente em como o outro as proferiu como se fossem nada.

— Eu não vejo nada palpável aqui.

Desviou o olhar para a janela, tentando se distrair com a selva de pedra que era Seoul que passava rápido enquanto cortavam a cidade, mas era difícil não ficar consciente do homem ao seu lado.

— Certeza, Choi? E se eu te beijar agora, o que acontece?

Dessa vez não conteve a risada. Soltou uma bela de gargalhada, voltando a olhar na direção do mais velho que também sorria, porém contido.

— Vai causar um acidente e nos matar.

Atestou o óbvio. Porém, Youngjae deveria ter previsto. Porque Lim Jaebeom era previsível, cresceu ouvindo de sua mãe sobre homens como ele, bem sucedidos que gostavam de aventuras, que gostavam de desafio, e mesmo sem querer estava dando exatamente isso àquele homem, desafio. O maldito parou o carro no acostamento, no meio da droga da rodovia, esperou que levasse uma multa.

Jaebeom se virou em sua direção, tirou o cinto de segurança, apoiou uma mão no encosto em cima da cabeça do Choi.

— Se você chegar perto, eu te bato. — Youngjae ameaçou, porém sem nenhum pingo de intenção na voz. Jaebeom por outro lado simplesmente o obedeceu, não chegou perto, ficou apenas o encarando com seus olhos escuros. E apenas o seu olhar foi necessário para o Choi sentir como se mil aranhas estivessem andando por sua pele lhe fazendo cócegas, se fechasse os olhos conseguiria reprisar com exatidão tudo o que sentiu quando ficou com Jaebeom pela primeira vez.

Queria beijar Jaebeom novamente, não havia mentido quando dissera que ele beijava incrivelmente bem. E Fodia incrivelmente bem também, como dizia Sharika, aqueles quadris não mentiam. E apesar de ter proferido uma ameaça, de ter dito em alto em bom som, que não queria nada com Lim Jaebeom… Youngjae foi o primeiro a cortar a distância entre os dois.

Suas mãos se agarraram ao colarinho da camisa alheia com vigor, as mãos de Jaebeom foram parar em sua cintura, em um aperto firme e enquanto se beijavam possessivamente se viu sendo puxado até estar sentado no colo alheio. Era péssimo, o carro era apertado, mesmo com o ar condicionado ligado estava abafado e ainda assim, estava uma maravilha.

— Caramba, estamos agindo como dois adolescentes hormonais. — Youngjae ditou contra os lábios alheios, arrancando uma risada baixinha do mais velho que prendeu seu lábio inferior entre os dentes, puxando devagar, para por fim soltar e lhe beijar novamente.

— Se for pra te ter gostoso assim em cima de mim, não me importo em ser um adolescente hormonal.

Jaebeom tinha um jeito com as palavras, era um absurdo em cima do outro, um poço de besteira, mas que ainda assim conseguiam mexer consigo. Não tinha outra explicação plausível para isso a não ser o tempo excedido que havia passado na seca. Youngjae o beijou para lhe calar a boca, deixou o CEO lhe tocar nos lugares certos e o tocou nos lugares certos. Uma coisa era certa, iria riscar de sua bucket list sexo em um carro.

 

Quando finalmente chegou em casa. Youngjae desceu do carro com as pernas bambas e o coração batendo à mil. Ficou na frente de sua casa até o carro do Lim sumir de vista, talvez tenha ficado por tempo demais perdido no que tinha acontecido, perdido no gosto e na sensação dos lábios alheios nos seus. Caramba, o maldito beijava bem demais. Ficou perdido também na forma como Jaebeom lhe fez gemer, lhe deu prazer… Quando finalmente entrou em casa, mal conseguiu fechar a porta e logo foi atacado por um corpo pequeno contra suas pernas, bracinhos gordinhos lhe abraçando, tentando escalar seu corpo. Olhou para baixo assustado, achou que iria encontrar todos dormindo, mas Yugyeom estava bem ali.

— O que meu príncipe faz acordado?

Pegou o pequeno nos braços, deixando um beijo em uma de suas bochechas lhe arrancando uma risadinha.

— Não dormiu esperando papai.

Foi a resposta recebida. O garotinho deitou a cabeça em seu ombro, enquanto seguiam para a sala. Encontrou Jackson sentado no sofá, que logo ficou de pé quando lhe viu. O olhar em seu rosto dizia que estava morto de sono, Yugyeom em seus braços também estava, a mão dele em seu cabelo, segurando as madeixas já estava ficando fraca. Youngjae recebeu a criança mais velha em um abraço, deixando um beijo no topo de sua cabeça.

— Desculpa a demora. — O relógio na parede acima da TV indicava meia noite, muito além do que havia planejado chegar em casa. Se não tivesse se distraído com o Lim...

Seguiu para o quarto com as duas crianças a tiracolo e a consciência pesada, não estava agindo como um adulto responsável e sim como um adolescente. Foda-se, Lim Jaebeom.

 

 

Voltar para seu país de origem fora algo que vinha almejando há muito tempo. Trabalhou quase toda a sua juventude, lutou para ganhar a confiança dos mais velhos, para por fim com a idade de trinta e cinco ser feito CEO do império Goh. E agora que havia conseguido o que queria, Jaebeom via que era hora de buscar outras ambições, outros objetivos que não fossem profissionais. Talvez, fosse hora de olhar mais para o coração. A primeira coisa era reatar laços com os amigos, conhecia Jinyoung desde dos treze anos e por muito tempo seguiram o mesmo caminho até que em determinado ponto se afastaram quando foi morar no exterior, com sua volta queria resgatar isso, a amizade de antes, também queria resgatar o relacionamento com os pais, não que estivesse sendo um mau filho, ou coisa do tipo, só que viver em um país diferente deles lhe deixou relaxado, raramente viajava para vê-los, apenas ligava esporadicamente. E acima de tudo isso, talvez, buscasse um relacionamento estável. Muitos de seus colegas de faculdade, amigos de infância estavam casados, tendo os primeiros filhos ou se encaminhando para isso. Jaebeom sempre gostou de crianças, sempre sonhou em querer ter um relacionamento como o de seus pais, talvez fosse a hora pra isso.

A infame sexta feira de sua festa de boas vindas havia lhe trazido um final inesperado para a sua noite. Não tinha ido para aquela boate com a intenção de sair de lá acompanhado, mas o que poderia se fazer quando encontrava alguém tão bom em dar beijos? Tinha que descobrir se ele era bom em outras coisas também, oras! Sabia que ele era amigo do Jinyoung, mas ao sair daquele motel não tinha em mente uma repetição, achou até que nem fosse o ver mais, até descobrir que ele era seu funcionário. Jaebeom tinha uma política de não se envolver com funcionários, nem colegas de profissão, não achava uma atitude decente de um bom profissional e sempre acabava causando desconfortos, o problema ali foi que ele e Youngjae começaram errado, nenhum dos dois sabiam quem eram e nem se deram trabalho de se apresentarem direito focados apenas no prazer carnal. O certo a se fazer era ter deixado para lá. Mas havia algo no outro que lhe atraía. Youngjae era a mistura perfeita de seus gostos e desgostos. Gostava dos fofos, mas não era muito fã dos mais novos, preferia ser o passivo, mas as coisas mudavam de figura quando encontrava um power bottom para lhe dominar. E quanto mais ele lhe repelia, mais se sentia atraído.

Não iria desistir de Choi Youngjae tão fácil.

 

Jaebeom sabia que sua expressão sempre tão séria colocava as pessoas em alerta quanto a sua personalidade, elas geralmente ficavam mais cuidadosas até mesmo tinham medo de lhe dirigir a palavra. Por isso, procurava sempre cumprimentar a todos, também achava que um bom chefe era aquele que conhecia seus funcionários. Era por isso que estava conversando com Chan da recepção sobre seus estudos quando viu Youngjae passar apressado pelos dois em direção aos elevadores. Ele tinha um café expresso em uma mão e na outra uma pilha de pastas. Lim se despediu do funcionário simpático e seguiu o Choi, ficou parado logo atrás do mais novo, as mãos nos bolsos de sua calça social cinza. Quando o elevador chegou no térreo e as portas se abriram fazendo com que o reflexo dos dois fosse pego pelo espelho/parede do veículo, viu Youngjae arregalar os olhos e tentar dar a volta para sair dali, mas para isso teria que passar por ele, sendo mais rápido, Jaebeom entrou no elevador ficando na frente do outro impedindo sua saída.

— Bom dia, Youngjae.

Sorriu, observando o mais novo se encolher os olhos castos no chão, sem ousar encará-lo. Adorável.

— Bom dia, Sr. Lim. — O uso da forma de tratamento o fazia querer vomitar. Era uma parede que Youngjae colocava entre os dois, mas isso também só instigava ainda mais o mais velho. Jaebeom daria tudo para ouvi-lo lhe chamar de hyung, ou apenas pelo seu nome.

— Depois que te deixei em casa ontem não consegui parar de pensar em como teria sido muito melhor, como teria sido bom, se tivéssemos passado a noite juntos.

Ouviu um estalar de língua irritada no céu da boca alheia e finalmente o mais novo o encarou. Os olhos castanhos claros exibiam tudo menos cordialidade. Estavam frios.

— Você acha mesmo que eu teria passado a noite com você?

Youngjae perguntou ácido, seu tom de voz poderia derreter até mesmo adamantium.

— Não teria?

— Não seja ridículo.

A porta do elevador abriu e por ela entrou três funcionárias do setor de mídia que ficaram felizes em ver o CEO ali, Youngjae as usou como escudo, deixando-as ficarem entre ele e o Lim. Quando finalmente chegou no seu andar de trabalho, saiu sem nem ao menos olhar para trás.

 

 

O expediente já havia se encerrado, quase todas as crianças haviam ido embora salvo os dois pequenos sentados em suas respectivas cadeiras rabiscando desenhos coloridos em papel ofício. Alguns professores e outros funcionários ainda estavam por ali, e assim como Mark estavam se arrumando para partir. Quando mais novo, Mark nunca pensou muito no que faria quando terminasse o ensino médio, até que fez trabalho voluntário numa creche de seu bairro e descobriu que gostava de lecionar. E por um tempo ser professor havia sido um sonho cultivado por ele e Youngjae, porém teve que seguir o caminho sozinho. Conheceu o mais velho dos Choi quando ambos tinham doze anos, moravam há duas ruas de distância, estudavam na mesma escola, e tinham interesses em comum quando Youngjae estava agindo condizente a sua idade e não como um adulto que era forçado a ser. Foi uma amizade nascida na adversidade, que ao contrário do que muitos esperaram, não acabou com a maior idade, não acabou com a sua formatura no ensino médio e a de Youngjae dois anos depois completamente atrasado, não acabou quando se mudou para o centro só pra ficar mais perto da universidade. Na realidade, só ficou ainda mais estreita. Ainda mais depois do nascimento dos dois caçulas Choi, que cuidava como se fossem seus.

Passos apressados seguindo pelo corredor vazio tirou sua atenção de Yugyeom e Bambam no canto da sala para a porta. Youngjae logo apareceu, ofegante, provavelmente por ter corrido.

— Você chegou. — Sorriu para o amigo, o relógio em seu pulso lhe dizia que ele estava atrasado por cinco minutos para o horário que haviam marcado. O que explicava a correria. — Olha quem chegou meninos.

— Papai!!! — Yugyeom correu se jogando nas pernas do pai, segurando suas mãos ele puxou o mais velho em direção onde seu irmão mais velho permanecia pintando.

Mark resolveu intervir naquilo, porque se Youngjae fosse dar trela para o falatório do Bambam, eles não iriam sair dali nunca. Ficou logo de pé, pegou sua mochila, as mochilas dos pequenos e se dirigiu até onde os três estavam.

— Vamos embora. Yugyeom guarda os lápis, bora.

Apressou os garotos e logos todos estavam seguindo para o estacionamento onde seu carro estava. Iriam passear só os quatro no shopping, Jackson estava na casa de Jessi sua amiga da escola e Wonwoo estava com o pai biológico. Já que não podiam sair para beber, pensou que uma mudança de rotina faria bem a Youngjae que andava estressado.

— Isso aqui foi a mãe de uma das alunas que deu, é um convite para um aniversário. — Entregou o envelope ao Choi que abriu tirando de dentro um convite temático de Frozen. Fez uma careta, odiava com todas as suas forças aquela animação, foram meses para aquilo parar de passar em casa.

Enquanto o carro ganhava as ruas e Mark os dirigia até o shopping mais próximo, Youngjae lhe contou de todo o seu dilema com o novo CEO e motivo de seu estresse. Os pequenos estavam distraídos assistindo alguma animação, — provavelmente Detona Ralph — no tablet dado pelo Tuan, então foi seguro falar, não pegaram todas as palavras +18 ditas pelos dois adultos.

— Eu ainda não consegui entender qual foi o problema de você ter transado com ele duas vezes.

Mark falou por fim depois de escutar com atenção o amigo.

— Ele é meu chefe.

— Não diretamente, não é como se vocês se vissem todos os dias, além do mais eu sei o que você está pensando e foda-se o que o povo acha.

Youngjae riu.

— Você acredita que a velha Cho do outro lado da rua foi perguntar ao Jackson se eu arranjei um namorado rico?

— Como aquela velha sabe que ele é rico?

— Ele dirige um Audi, Mark. E mesmo se ele dirigisse uma lata velha como você, ela ainda perguntaria isso ao Sseun-ah, você sabe que aquele povo meio que espera que eu seja uma versão masculina da minha mãe.

— Primeiramente, respeite meu mobi. — Mark resmungou, fazendo um carinho exagerado no painel do seu Fiat Mobi vermelho. — Segundamente, você não é uma fração do que a sua mãe foi e nem vai ser.

Repetiu o que sempre vinha dizendo durante os dez anos que se conheciam.

— Eu sei. Mas sabe como é, ninguém espera muito do filho de uma “puta”.

Usou aspas na última palavra. Aquele era o rótulo que todos haviam imposto em sua mãe. Sempre odiou aquilo. Youngjae suspirou pesado olhando perdido pela janela. Já haviam passado três anos da morte de sua mãe, três anos que viviam dignamente, que tentava ao máximo dar uma vida saudável em todos os aspectos a seus irmãos, porém ninguém parecia ver isso. Falar do passado era muito mais interessante.

— Não vamos mais tocar nesse assunto, tá legal? Mas te dando um conselho de amigo, deixa as coisas rolarem com esse CEO aí, enquanto tudo estiver acontecendo fora do trabalho, não tem nada demais.

Mark deu de ombros, haviam chegado ao destino e o mais velho terminava de alinhar o carro na vaga que havia escolhido.

— Se conselho fosse bom vendia-se, Mark. — Resmungou irritado saindo carro. Mark seguiu o exemplo do amigo, abriu a porta traseira do lado direito e tirou Yugyeom de dentro o colocando no chão ao seu lado. Esperou que o Choi mais velho terminasse de tirar Bambam do carro e trancou o veículo.

Seguiram juntos lado a lado, os dois pequenos andavam logo a frente de mãos dadas. Estava impressionado em como Youngjae havia conseguido um sugar daddy sem nem ao menos fazer esforço pra isso. Não havia dúvidas que certas pessoas nasciam com a bunda virada pra lua.

— Você nunca mais me contou como andam as coisas com a professora de espanhol.

Youngjae falou lhe arrancando um grunhido.

— O nome dela é Leslie, e não tem o que contar, só saímos uma vez, nos vemos na escola às vezes e ainda trocamos mensagens. —  Gostava muito da Leslie, era uma garota especial, boa amiga, só tinha um defeito, não era quem queria que fosse. — O Jinyoung voltou a me importunar.

— Você deveria abrir uma ordem de restrição contra ele.

— Como se fosse fácil.

— É fácil, Mark. O problema é que você é apaixonado por aquele imbecil. E ele não dá um foda-se para você desde a faculdade, ele só gosta de saber que pode te foder, literalmente.

Aquelas eram verdades dolorosas demais para serem ditas tão bruscamente. Sabia que Youngjae tinha razão… porém, razão era uma coisa que não tinha.

— Podemos não falar do Jinyoung?

— Não. Nós temos que falar do Jinyoung. Mas depois porque acabei de perder o Bambam de vista. Yah Choi Bambam!!

Mark riu vendo o amigo correr atrás do garotinho que já havia cruzado metade do estacionamento. Se virou para Yugyeom que como sempre esperava paciente alguém segurar a sua mão e assim o mais velho fez, para então começarem a caminhar juntos em direção ao outros dois Choi.

Invejava Youngjae. Seu amigo talvez pensasse que sua vida não fosse digna de tal sentimento, porém Mark daria qualquer coisa para não ser tão sozinho. Queria ter uma casa movimentada, mesmo que com choro de criança.

 

 

Youngjae por outro lado sentia inveja do Mark. Não havia como negar que às vezes de perguntava se seria sempre assim. Se em algum momento sua vida iria parar de girar em torno das crianças e um pouco mais ao redor de seu próprio eixo.  Não que estivesse reclamando, longe disso, adorava momentos como esse em que estava deitado em sua cama, com Yugyeom deitado em seu peito, Bambam ao seu lado atravessado no colchão, os pezinhos pressionando contra suas costelas e Wonwoo do seu outro lado babando em seu travesseiro. Não se via fazendo outra coisa senão isso, mas às vezes se pegava pensando como seria poder dividir tudo isso com alguém, como seria ter outra pessoa para dividir os problemas, as felicidades. Alguém para conversar, namorar. Mas toda vez que se permitia ter algo nesse nível, toda vez que estava disposto a deixar alguém entrar em sua vida e na de seus filhos, esse alguém sempre corria. Afinal, quem gostaria de ter a responsabilidade de quatro crianças que não eram suas? Nunca teve tempo para se apaixonar, gostaria de sentir tal coisa, gostaria de saber como era amar, principalmente ser amado como homem. E nesse quesito tinha inveja do Jinyoung por ter alguém como Mark disposto a ter tudo isso com ele, porém morria de pena de seu amigo, por amar alguém tão filho da puta quanto o Park. Suspirou pesado deslizado uma das mãos pelos cabelos cheinhos do seu caçula. Queria tanto que a vida fosse um pouco mais fácil para todos eles.

 

 

A forma como haviam chegado naquela situação era ridícula. Fora uma troca sutil de olhares no elevador lotado, um toque leve em suas costas… só isso foi necessário para Youngjae se ver ficando no elevador quando todos desceram no andar do restaurante da empresa. Só isso foi necessário para Youngjae seguir o Lim para o estacionamento.  Simplesmente patético. Youngjae também teve muitas oportunidades para desistir daquilo, teve quando entrou no carro alheio no estacionamento da empresa, quando Jaebeom dirigiu até o motel, quando entraram no quarto. Sabia que se pedisse para pararem, Jaebeom iria parar, ele havia lhe dado todos os indícios de que Youngjae estava no comando. Na cama não foi diferente, Jaebeom atuou perfeitamente como seu boneco, Youngjae era o ventrículo ali, ditou todas as regras, onde ele poderia tocar, como deveria.

Youngjae soltou um gemido estrangulado quando Jaebeom atingiu bem em cheio sua próstata, suas pernas estavam cansadas e já havia deitado metade do peso de seu corpo em cima do mais velho enquanto rebolava em seu colo desesperado por seu prazer, a mão em seu pau apertou contra a glande ao mesmo tempo em que o pau em sua bunda atingiu mais uma vez seu ponto sensível com força total. Seu corpo todo convulsionou para frente o fazendo perder controle de seus membros e caindo em cima do mais velho. Só isso foi necessário para Jaebeom inverter as suas posições, ele continuou a lhe penetrar, os movimentos ferozes procurando o próprio orgasmo e Youngjae foi mais do que generoso em lhe ajudar. Com um gemido rouco de seu nome contra seu ouvido Jaebeom gozou, lhe beijando a boca, traçando com a língua seus lábios de forma doce.

Jaebeom suspirou contente, deixou uma trilha de beijos no rosto do mais novo, porém assim que rolou para o lado saindo de cima do Choi, Youngjae se sentou lançando as pernas para fora da cama indo em direção ao banheiro. Se sentiu um pouco frio, meio abandonado, mas assim como o Choi deveria se levantar e se preparar para voltar ao trabalho, cogitou na ideia de entrar no banheiro e fazer companhia ao mais novo, porém desistiu, esperou Youngjae sair e quando esse o fez, toalha enrolada na cintura e corpo que Jaebeom aprendeu a venerar orvalhado, ficou morto de vontade de jogá-lo na cama e fodê-lo novamente.

Porém, arriscou usar as palavras, aquela era a terceira vez que transavam, já deveria ter um padrão ali, certo?

— Você vai me dar uma chance? — Jaebeom perguntou observando o mais novo terminar de vestir suas calças. Youngjae balançou a cabeça em negativa, não era o tipo de resposta que estava esperando. — Nem para uma conversa que não transite entre assuntos amenos e coisas que gostamos? Eu adoraria saber mais sobre a sua vida.

Youngjae parou o que fazia deixando metade dos botões de sua camisa social abertos. A expressão fechada e séria de volta ao seu rosto. A forma que ele se portava nem parecia que há pouco havia deixado Jaebeom lhe foder.

— Nossos universos não são compatíveis, Jaebeom.

Essa não era uma conversa que queria ter, não quando estava completamente nu em um quarto de motel com Youngjae o encarando com indiferença. Não estava em seu script, achou que estavam na mesma página, que depois daquele momento compartilhado segundos atrás, o Choi iria lhe ver com outros olhos.

— Eu estou pouco me fodendo para o universo, Youngjae. Eu só quero te conhecer melhor.

— Infelizmente esse é o único limite que você pode conhecer, Sr. Lim. O limite de secretário do Jinyoung, auxiliar do RH, seu subordinado e o limite de seu parceiro para fodas casuais. Só isso.

 


Notas Finais




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