1. Spirit Fanfics >
  2. Cinco vezes Choi >
  3. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura

História Cinco vezes Choi - Água mole em pedra dura tanto bate até que fura


Escrita por: ShiroKohta

Notas do Autor


Eu acho que eu e a Nayeon temos uma fixação... ah!
(╥﹏╥)

Capítulo 5 - Água mole em pedra dura tanto bate até que fura


Fanfic / Fanfiction Cinco vezes Choi - Água mole em pedra dura tanto bate até que fura

Youngjae havia acabado de deixar Yugyeom e Bambam na escola quando seu celular tocou. O nome de Mark brilhava na tela, e seu estômago se agitou. Quando havia recebido uma mensagem do amigo dizendo que não iria trabalhar e por consequência não poderia levar os pequenos, achou muito estranho, afinal, Mark não era de faltar trabalho, nem mesmo quando ficava doente por isso não conseguia imaginar que havia acontecido nada diferente de uma tragédia, pensou até mesmo em visitá-lo, mas sabia que não seria uma boa ideia, da mesma forma que sabia que não deveria bombardeá-lo com perguntas, Mark era do tipo de lidava melhor com seus problemas sozinho, e quando ele realmente precisava procurava o Choi.

— Bom dia, meu bebê! — Ditou alegre ganhando uma risadinha do outro lado da linha.

— Bom dia, meu bebê.

— Como você tá? Tudo bem? Quer que eu leve uma sopinha, um cheiro no pescoço, um cafuné?

— Ah como adoraria tudo isso. Mas tá tudo bem, Jae. — A resposta do amigo não foi convincente, não que parecesse que o mais velho estivesse tentando soar confiante.— O quão puto você vai ficar se eu te disser que estou assim por causa de macho?

Youngjae riu, estava decepcionado, mas não surpreso.

— Puta que o pariu, viu.

— O Jinyoung veio aqui ontem…

— Deixa eu adivinhar. — Interrompeu o Tuan. — Você não o mandou para o inferno, e o recebeu de braços abertos, melhor dizendo, de pernas abertas.

Não tinha a intenção de ser ácido, não queria briga com o amigo, ambos eram cabeças quentes e orgulhosos demais para darem o braço a torcer, o silêncio entre eles chegava a durar meses e quem sempre se prejudicava eram as crianças.

— Youngjae. — Seu nome foi dito em tom de aviso.

— Eu estou mentindo?

— Não.

— Tem certeza que não quer companhia?

Não havia mais o que dizer, todos os conselhos que poderia dar já havia dado, todos os avisos. O que restava era observar pelas bordas Mark se afundar ainda mais naquela merda.

— Tenho. — Ouviu um fungado, a voz alheia meio embargada. — Bom trabalho, meu bebê.

Fez o que era pedido silenciosamente e ignorou.

— Eu amo você.

 

Jackson tinha seis anos quando começou a perceber que a família deles era diferente das outras. Não pelo fato de só ter um parente que era a sua mãe, porque a Jéssica que iria se tornar sua melhor amiga por muito tempo era filha de uma mãe solteira. O que diferenciava a família Choi das outras era que na sua casa quem tomava conta de tudo era seu irmão mais velho. Tinham sete anos de diferença, parecia pouco, depois de grande percebeu que era pouco, porém com seis anos Youngjae com treze era o mais perto de um adulto responsável que tinham em casa.

Foi nessa época que Jackson aprendeu que sempre iria ter alguém mais novo para precisar mais de atenção que ele. Com o nascimento do Wonwoo viu que não tinha como continuar sendo o bebê do seu irmão, continuar sendo o chorão da escola, com sete anos de idade Jackson já era aquilo que Youngjae foi um dia. Uma criança com responsabilidades de adulto. Ele nunca se colocava em evidência, não havia espaço para isso, seus irmãos menores eram sempre prioridade, não sentia raiva, entendia bem, só às vezes se sentia escanteado. Mesmo já beirando a adolescência se sentia assim.

A esgrima apareceu na sua vida como uma luz e foi a primeira vez em que Jackson brigou com Youngjae pelo que queria, foi a primeira vez em que não se importou sobre economia, mobilidade e o que fosse. Se sentiu egoísta depois, mas precisava daquilo, de algo só seu. E ele era bom, tanto que nem precisaram pagar pelas aulas, um talento nato, o treinador havia dito. Se sentiu orgulhoso. O sabre na sua mão parecia uma extensão do seu braço, seus pés ágeis moviam seu corpo com leveza e rapidez, Jackson era mortalmente rápido para o adversário e era muito orgulhoso disso. Tinha muito orgulho de todas as medalhas que tinha espalhadas pela parede de seu quarto e na sala de casa também.

— Yah Choi, Você precisa fazer seu pai assinar o formulário! — O professor Lee esbravejou do outro lado do ginásio assim que Jackson saiu do vestiário. O garoto suspirou se aproximando do professor para pegar o tal papel que sempre esquecia de levar pra casa. Uma autorização para liberar Jackson a ter aulas extras de esgrima, com a aproximação do campeonato os treinamentos estavam mais intensos e Jackson teria que ficar mais tempo no ginásio. — Se ele nunca vai aparecer por aqui, pelo menos traga as assinaturas dele!

Sentiu o rosto esquentar. Odiava ser lembrado de que Youngjae nunca tinha tempo de ver seus treinos, que além de algumas pelejas, o mais velho não sabia muito sobre esgrima. Geralmente Jackson pedia para Jinyoung resolver as coisas, o professor Lee não era muito ligado se era realmente o responsável legal das crianças que estava assinando o papel, portanto que levassem o papel assinado. Jackson até entendia o lado do Youngjae, que era por conta do trabalho que ele não podia ser mais presente, que também deveria agradecer a Deus por pelo menos um emprego decente seu pai ter, mas era inevitável não sentir falta da atenção que nunca teve.

— Eu vou, desculpa senhor. — Respondeu e sem esperar uma resposta do homem que já gritava com outro aluno seguiu para fora do ginásio.

Fez uma caminhada curta, em cinco minutos estava na frente da escola do irmão do meio. Também não foi difícil avistar o pequeno elemento brincando no playground que tinha ali com outras crianças de sua idade enquanto eram observados por um dos auxiliares de classe. A mulher em questão assim que o viu chamou o Choi mais novo que com todo seu entusiasmo se despediu dos amigos distribuindo beijos e abraços para por fim pegar a mochila do chão e sair correndo.

— Hyung!! — Jackson sorriu ao ver seu irmão correr em sua direção, a mochila nas costas balançando, seus cabelos longos e pretos estavam soltos batendo em seu rosto. — Hyung, olha o que eu ganhei na competição de soletração.

Jackson foi abraçado e logo em seguida dois pirulitos coloridos estavam sendo empurrados contra seu rosto.

— Uou, Wonwoo-ah! Meus parabéns.

Ditou e puxando o elástico que tinha em seu braço, tratou logo de amarrar o cabelo do irmão. Fez um pequeno rabinho de cavalo com a franja deixando o resto solto.

— Esse é do hyung. — Wonwoo lhe entregou um dos pirulitos e Jackson não se conteve apertando as bochechas do pequeno.

— Muito obrigado, pivete.

Guardou o doce em sua mochila e segurando a do irmão em um braço e a mão do pequeno na sua mão seguiram pelas ruas do bairro comercial até o metrô. Era uma caminhada de dez minutos se fossem rápidos, mas faziam em muito mais, pois Wonwoo não era fã de andar e Jackson sempre estava cansado demais para brigar com ele para andarem rápido.

— Hyung, tô cansado. — Jackson conhecia bem aquele tom de voz, por isso não piscou, muito menos encarou seu irmão continuando a andar segurando firme a mão do garoto.

— Adivinha só Wonu, eu também. — Assim que falou isso Wonwoo se desvencilhou de seu aperto parando no meio da calçada. Bracinhos cruzados sobre o peito e carinha de choro.

— Me dá colo.

— Nem foden— Nem a pau. Eu já estou segurando sua mochila, você pesa.

Era uma batalha perdida, e como era, mas Jackson gostava de insistir em uma impossível vitória.

— O hyungie sempre leva o Bamie e o Gyeomie no colo. Isso é injusto! — Wonwoo bateu os pés no chão e uma senhora que passou por eles riu, provavelmente achando a malcriação alheia uma fofura.

— Eles são pequenos. Osso pesa. — Ele ditou empurrando a cabeça do irmão de leve. Porém, suspirou pesado, Youngjae dizia que Jackson não tinha noção de quanto era frustrante não conseguir dizer não para eles às vezes, mas ele sabia bem. — Tá bom, segura essa droga e sobe logo nas minhas costas.

O pequeno tomou a mochila de sua mão colocando rápido nas costas e quando Jackson se posicionou agachado na sua frente subiu nas costas do irmão. Voltaram a caminhar até o metrô, Wonwoo cantarolando baby shark com a cabeça deitada no ombro do mais velho e Jackson carregando trinta quilos nas costas. Nada muito diferente dos outros dias.

— Eu te amo, hyung.

Wonwoo falou baixinho, de forma inesperada interrompendo sua cantoria, o que fez o irmão rir. Jackson não tinha uma fibra rebelde em seu corpo e achava impossível ficar revoltado, por ter que dividir tudo com os mais novos, quando se tinha irmãos tão fofos.

— Eu também te amo, Wonu.
 


 

— Eu percebi que não tenho o número de seu telefone.

Youngjae derrubou no chão duas pastas com documentos para seu chefe assinar, os papéis se espalharam todos pelo piso de linóleo. Levou as mãos ao peito, se virando para encarar a outra pessoa que havia o assustado, o xingamento estava na ponta da língua, mas conseguiu se conter a tempo de proferir.

— Era só pedir ao Jinyoung. — Jaebeom estava parado na porta do escritório do Park, mãos nos bolsos de seu terno azul marinho, pairando ali da forma mais relaxada possível.

— E perder a oportunidade de ver seu rosto bonito? Claro que não.

Youngjae revirou os olhos de forma exagerada. Aquele homem era o cúmulo da breguice, até teria dito aquilo em voz alta, mas se contentou em apenas recolher o que havia derrubado. Jaebeom por outro lado, cortou a distância entre os dois, parando a centímetros do Choi, o encurralando contra a mesa que havia ali. Jaebeom tomou as pastas que Youngjae tinha de volta nas mãos jogando-as na mesa atrás do mais novo, puxou suas mãos envolvendo os braços alheios em sua cintura e quando Youngjae o abraçou levou seus braços para os ombros alheios encostando seus troncos e então bocas.

— Eu estou louco pra te beijar. — Ditou contra os lábios do mais novo e Youngjae não perdeu tempo, perseguiu os lábios alheios com os seus, beijou Lim Jaebeom ávida e languidamente.

Se beijaram até seus corpos reagirem em necessidade de mais contato. Por fim se separaram, Youngjae ficou de olhos cerrados com uma súbita vergonha de encarar o Lim que tinha a testa encostada na sua, ambas as mãos em seu rosto, seus polegares deslizando em uma carícia pelas suas bochechas. Seu coração parecia um trovão, rugindo em seu peito, e o calor… tudo com Jaebeom era tão quente. Por fim, sentiu um beijo sendo deixando em seu nariz, e então perdeu o calor do outro corpo rente ao seu.

Abriu os olhos para encontrar Jaebeom de volta a sua posição anterior, mãos nos bolsos, olhos escuros lhe encarando. Estava morto de vergonha.

Youngjae limpou a garganta sem graça e com as mãos trêmulas deu as costas ao mais velho para organizar a mesa que estava uma bagunça, por ter se encostado nela e derrubado alguns adereços do Park. Tudo isso era muito novo para si, se sentia muito estranho por estar sempre se sentindo envergonhado, em êxtase, sonhador quando se tratava de Lim Jaebeom. Talvez isso fosse como adolescente se sentiam com a perspectiva de um amor… não sabia ao certo porque não teve tempo para isso. Só sabia que estava querendo mais disso.

— Jaebeom, esse fim de semana você estará ocupado?

Se pegou dizendo antes mesmo que conseguisse colocar os pensamentos em ordem. Entregou seu aparelho celular para o mais velho anotar seu número e recebeu o dele em troca.

— Que eu lembre na minha agenda os dois dias estão livres.

A resposta fez as borboletas em seu estômago baterem as asinhas eufóricas. Voltaram a trocar os aparelhos, Youngjae inconscientemente abraçou o seu contra o peito.

— Você quer assistir uma peleja do Jackson esse sábado? — Encarou Jaebeom e o encontrou tentando conter um sorriso. — Eu irei levar as crianças e de lá nós vamos almoçar dependendo do resultado, ou tomar um sorvete.

Completou, vendo por fim ele desistir de aparentar seriedade e sorrir de orelha a orelha. E o sorriso de Jaebeom, o maldito sorriso era contagiante.

— Eu adoraria. Me diz a hora em que devo buscar vocês.

Negou com a cabeça a oferta de carona.

— Não precisa. Eu te mando o endereço do ginásio de esportes.

— Youngjae, só me diz a hora.

— Nove.

— Às nove estarei lá, vem aqui. — Jaebeom gesticulou o chamando com o indicador da mão direita e se viu contornando a mesa do Park para parar na frente do mais velho. Assim que o fez, o Lim o segurou pelo pescoço e o beijou mais uma vez. — Bom trabalho, Jae.

— Você também, hyung.

Observou Jaebeom sair e quando a porta do escritório se fechou levou as mãos a boca para abafar um grito. Definitivamente estava agindo como um adolescente.

Quando saiu da sala do Jinyoung não esperou encontrar ninguém no setor, já que havia chegado mais cedo que o normal, porém Lim Nayeon lá estava. Tentou ignorar o sorriso malandro que a mais velha tinha no rosto, enquanto o encarava de sua mesa.

— Uau Choi Youngjae. Não sabia que o pau minúsculo dele fez sucesso com você.

— Porque você insiste que ele tem o pau pequeno?

— Ele é bonito, bem sucedido profissionalmente e rico, o defeito dele só pode ser o pau pequeno.

— Desde quando ter pau pequeno é defeito? — Perguntou genuinamente curioso com a suposição incabível.

— Para mim é. — Gargalhou alto.

— Você nem gosta de pau. — Nayeon deu de ombros jogando os cabelos escuros para trás do ombro. — Mas respondendo a você, ele pode ser fodidamente preconceituoso, ser de direita, existem muitas opções, além de um pau pequeno.

Racionalizou. Não queria nem pensar no que poderia descobrir sobre Jaebeom nesse momento em que estavam se conhecendo. Esperava que fossem só coisas boas e nenhuma decepção.

— Eu jamais seria amigo de uma pessoa dessa laia, conheço o Beom-ah desde dos treze ele é um cara legal. E eu não acho que ele tenha um pau pequeno.

Jinyoung se meteu na conversa, anunciando a sua presença indesejável. Youngjae o encarou com sua melhor expressão de desgosto.

— Na verdade é pequeno sim, Park.

— Eu sabia!

Nayeon exclamou jogando as mãos para o alto, em um claro sinal de vitória. Jinyoung se aproximou da mesa do Choi, que lhe entregou sua agenda, não se dando nem ao trabalho de o encarar mais que dois segundos.

— Você tem consciência que ele é um homem adulto e dono de suas ações, certo?

Respirou fundo ao que lhe foi dito baixinho, para não fazer algo que se arrependesse depois. Adorava Jinyoung, porém Mark era o seu irmão mais velho.

— Eu não estou nem aí, Park. Só sei que você tem consciência do estrago que causa, não vejo nenhuma criança na minha frente.

Jinyoung não respondeu, não que Youngjae estivesse esperando qualquer resposta. Era sempre a mesma coisa, em um ciclo sem fim.
 


 

Youngjae havia conseguido reunir todo mundo a mesa da cozinha para o café da manhã o que era uma grande vitória, ou quase todos já que Yugyeom havia acordado apenas para tomar uma mamadeira e logo voltou a dormir. Por ser dia de peleja, Wonwoo estava empolgado, nem parecia que odiava as manhãs, enquanto Jackson tentava disfarçar, mas era o retrato do nervosismo.

— Hoje nós vamos ter companhia, então eu peço, por favor, se comportem.

Ditou enquanto alimentava Bambam com rodelas de banana com iogurte, ao mesmo tempo em que tentava impedi-lo de usar as mãos para comer e sujar o macacão jeans que usava.

— Quem vai? — Jackson perguntou desistindo de terminar seu café da manhã entregando o resto de seu sanduíche para Wonwoo que apesar de já ter terminado sua comida cobiçava a do mais velho.

— O Jaebeom, lembram dele?

— Hyungie!!!

Wonwoo e Bambam gritaram em uníssono. O caçula até mesmo fez uma dança em sua cadeira alta balançando o corpo para os lados em empolgação.

— Ele é seu namorado? — Youngjae engasgou com ar ao ouvir a pergunta absurda dita por seu mais velho, tossiu tanto que não conseguiu verbalizar uma resposta imediata.

— Que é momolado? — Escutou Bambam perguntar e como amava a inocência dos seus filhos, não resistiu segurando as bochechas do pequeno nas mãos e apertando.

— É namorado, idiota. — Wonwoo rebateu e Youngjae tentou lhe dar um tapa no braço, porém ele foi rápido em se esquivar.

— Não chame seu irmão de idiota.

— Então, ele é seu ficante?

— Jackson!! — Youngjae jogou o pano de prato que estava usando para limpar o Bambam no pré adolescente que desviou rindo. Por fim, desistiu de tudo que estava fazendo, colocou Bambam no chão e começou a recolher os pratos usados. — Sabe de uma coisa, sejam vocês mesmos, tô nem aí só não toquem nesse assunto tá legal? — Eram crianças, não tinha como ele controlar a língua deles, e se Jaebeom queria mesmo se meter naquele meio deveria conhecê-los no ápice de suas essências rebeldes. — O Jaebeom é um amigo do papai, a-m-i-g-o. — Lançou um olhar de advertência para o garoto mais velho que sorriu, ficou tentado a lhe dar uns cascudos, mas antes que o fizesse a campainha tocou.

— Eu vou!!! — Wonwoo saiu correndo com Bambam logo atrás.

Sua cozinha estava o caos, mas preferiu deixar para arrumar depois, ou acabariam se atrasando, e ter Jackson com a ajuda de Wonwoo gritando os quarenta minutos de viagem que iriam se atrasar, era uma experiência terrível. Se aproximou da criança mais velha, o único que permaneceu sentado em seu lugar, e envolveu o garoto em um abraço, um pouco desajeitado.

— Nervoso?

— Um pouquinho, se eu me sair bem posso ir para o time principal.

Ele murmurou com o rosto pressionado contra sua barriga, abafado por seu moletom. Jackson poderia achar o contrário, mas Youngjae sabia o quanto a esgrima era importante, da mesma forma que sentia triste por não poder participar mais ativamente do desenvolvimento dele no esporte.

— Você vai se sair bem. Eu acredito. — Youngjae deixou um beijo no topo da cabeça do irmão.

Bambam escolheu aquele momento para voltar a cozinha, Jaebeom apareceu logo em seguida segurando Wonwoo de ponta cabeça nos braços.

Ele estava vestido da forma mais jovial que Youngjae já havia visto. All star brancos nos pés, jeans azuis rasgados, moletom preto com capuz parecido com o que vestia e um boné de mesma cor escondendo seus cabelos pretos. E até assim o infeliz era bonito.

— Oi. — Youngjae não era tímido, muito menos com Jaebeom, já haviam passado dessa fase, se é que haviam tido isso e ali estava ele todo acanhado.

— Bom dia. — Ele sorriu colocando Wonwoo no chão. — E aí, Sseunie. — Jackson por sua vez ficou de pé em um piscar de olhos indo abraçar o Lim, que retribuiu tão empolgado quanto. Suas entranhas vibraram ao ver suas crianças interagindo tão bem com Jaebeom, realmente esperava não se arrepender do que estava fazendo. — Prontos para ir?

— Sim. Eu só preciso pegar o B2 e as bolsas.

Youngjae murmurou terminado de arrumar a mesa jogando quase tudo na pia e torcendo para Jaebeom está entretido demais com os pequenos para notar que não tinha controle algum sobre a limpeza de sua casa que parecia uma zona de guerra.

— B2?

— Eu sou B1!! Gyeomie é B2. — Escutou Bambam anunciar e quando se virou na direção deles para sair do recinto encontrou Jaebeom sentado em uma das cadeiras com o pequeno no colo e Wonwoo entre suas pernas mostrando algo em seu celular. Ele tentava dividir a atenção entre as duas crianças e parecia estar se saindo bem.

Seguiu para seu quarto, encontrou Jackson no caminho arrastando pelo corredor para a sala suas duas mochilas e a bolsa com as coisas de seus irmãos. No seu quarto Yugyeom dormia na sua cama, amparado por dois travesseiros um em cada lado de seu corpo. Já fazia dias em que ele estava mais quieto que o normal, Youngjae já esperava que o surto de resfriado fosse atacar a sua casa e não se espantou que a primeira vítima fosse o caçula que já exibia um corpo mole. Se não fosse dia de competição nem arriscaria sair com ele, porém não tinha com quem deixá-lo e não podia faltar uma luta tão importante para Jackson. O segurou nos braços, o pequeno vestia roupas idênticas a do Bambam, salvo o moletom por dentro do macacão jeans que era amarelo enquanto seu irmão usava um rosa. Quando voltou para a sala encontrou o lugar vazio, a porta da frente estava aberta e conseguia ouvir as vozes de suas crianças faladeiras enquanto Jaebeom as coordenava para dentro do carro.

Ao sair se deparou com um modelo de carro diferente, um SUV branco, parado no seu meio fio. Tinha esquecido completamente de perguntar ao Lim como ele iria lhes dar carona se dirigia um carro só com dois lugares, mas havia esquecido. Jaebeom terminava de amarrar Bambam em uma cadeirinha, se aproximou no momento em que ele havia terminado.

— Ele tá bem? — Jaebeom perguntou, tirando o pequeno de seus braços para colocá-lo na cadeira ao lado da do irmão, Yugyeom nem ao menos pareceu sentir a mudança, continuando imperturbável.

— Ele anda adoentado. Você mudou de carro.

— Sim. Aquele não ia caber todos nós mesmo, então comprei esse. — Se controlou para não revirar os olhos, porém estalou a língua no céu da boca, a praticidade da vida de uma pessoa rica era outra história. — Eu gosto de andar na lei.

— Falou o cara que estacionou em local proibido só pra foder.

Falou baixo, não esperava que ele ouvisse, porém foi o que aconteceu. Jaebeom riu finalmente terminado de arrumar as crianças no carro, ele fechou a porta, e pelo vidro Youngjae conseguia ver Jackson e Wonwoo nos bancos de trás, o mais velho escutava música nos fones, enquanto o outro mexia no celular. Os bebês nos bancos do meio.

— Uah, Choi Youngjae. Que boquinha suja na frente das crianças.

Finalmente sentiu o toque do mais velho em seu corpo. Jaebeom parou na sua frente, ele o puxou até estarem perto o bastante para lhe deixar um beijo nas bochechas.

— Elas não estão prestando atenção. — Murmurou contra a boca alheia antes de ser beijado, um leve roçar de lábios.

Jaebeom se afastou sorrindo.

— Eu acho que o carro tá precisando de um batismo, adoraria repetir a dose.

— Ah é? — Sorriu dissimulado, os dedos agarrando a barra do casaco alheio. Jaebeom voltou a seu espaço, lhe dando outro selinho que não durou muito.

— Pai, a gente vai se atrasar! — Jackson gritou, a cabeça pra fora de uma das janelas.

— Eu sei!!! — Youngjae gritou de volta.

Ambos os adultos suspiraram se afastando, o Lim seguiu para o lado do motorista, enquanto Youngjae foi trancar a porta da casa.
 


 

Jaebeom nunca havia feito uma viagem de carro tão barulhenta e animada. Nunca havia tido tantas vozes infantis juntas falando uma por cima da outra sobre assuntos totalmente distintos e exigindo que estivesse prestando a atenção em todos. Não tinha ideia de como Youngjae conseguia lidar com tudo aquilo diariamente, e o achava o máximo por isso. Nos dez primeiros minutos de viagem, ele havia conseguido apartar três brigas e acalentar Yugyeom de volta ao sono de seu lugar no banco da frente e se não era coisa de super herói, Jaebeom não sabia o que era.

— Jaebeom hyung! — Escutou Jackson lhe chamar por cima da voz fina de Bambam que cantava uma música que não conseguiu identificar, Youngjae já havia o mandado calar a boca, a qual ele obedecia por dois minutos e começava tudo novamente. — Hoje eu vou competir com o sabre e a Jéssica vai tá lá vou apresentar o hyung a ela.

— Isso é ótimo, Sseunie. — Respondeu ao garoto. Haviam conversado na última vez que se viram e ele havia lhe confidenciado que estava com medo de ter que competir primeiro com o florete, Jackson era um atleta rápido e eficaz tanto com o florete, espada ou sabre, porém seus resultados eram muito melhores com o último.

Quando finalmente chegaram ao ginásio os dois garotos mais velhos se despediram dos adultos se dirigindo para a área destinadas aos atletas. Não entendeu muito bem o porquê de Wonwoo ir junto, porém não questionou parecia ser uma situação corriqueira. Focou em ajudar Youngjae com os outros dois.

— Nós vamos sentar na primeira fileira da arquibancada, não é o melhor lugar para ver, mas é o mais fácil para se locomover com as crianças.

Youngjae ditou apontando na direção das arquibancadas com o queixo, enquanto tentava manter controle do Bambam que torcia a mão tentando se desvencilhar do aperto do pai, ao mesmo tempo que segurava Yugyeom adormecido no colo.

— O Wonwoo geralmente fica com o Jackson quando o treinador Lee não o expulsa… Yah Choi Bambam!!

Bambam conseguiu soltar da mão do pai e saiu correndo em direção ao playground que havia do lado de fora do ginásio, sem nem ao menos olhar para trás.

— Segura pra mim e vai escolhendo um lugar que eu vou pegar o B1.

Jaebeom não se viu tendo outra opção senão tirar Yugyeom dos braços do Choi, apoiando o garotinho com cuidado em seu ombro. Ficou por ali, parado no meio do caminho observando Youngjae travar uma batalha com o filho, tentando convencê-lo a segui-los para dentro. Quando viu Youngjae  tentar se espremer no pequeno escorregador para pegar Bambam que havia se refugiado em cima, partiu para dentro do ginásio.

Dentro estava uma confusão de pessoas amontoadas, crianças correndo, gritos de apoio para os garotos que estavam no tatame se aquecendo. Jaebeom caminhou para onde Youngjae havia indicado mais cedo, encontrando um lugar perfeito na primeira fileira de cadeiras da arquibancada bem atrás dos juízes e ainda tinha uma visão privilegiada de onde Jackson e Wonwoo estavam. Sentou-se colocando a bolsa de bebê na cadeira ao seu lado, e quando afastou Yugyeom de seu corpo para deitá-lo em suas pernas encontrou os olhos pequeninos e sonolentos o encarando, por breves segundos, Jaebeom prendeu a respiração, o pequeno crispou os lábios em um biquinho, pronto para chorar, porém o mais velho foi rápido em colocá-lo de volta com a cabeça apoiada em seu peito. O Lim balançou Yugyeom lentamente, deslizando as mãos por suas costas em círculos. Suspirou aliviado quando o choro não veio e ganhou apenas um garotinho lhe encarando enquanto chupava o dedão.

— Quer água? — Se viu perguntando ao pequeno que apenas balançou a cabeça em negativa.

Das quatro crianças Yugyeom era o único que não falava muito consigo, na verdade ele não falava muito com ninguém, todo mundo parecia saber o que ele queria só com gestos e olhares.

— Quero o papai. — Ele ditou baixinho, choroso.

— Ele foi buscar o Bamie, ele volta logo.

O garotinho voltou a deitar a cabeça em seu peito. Jaebeom não tinha experiência alguma com crianças, o que sabia era do que havia lido na internet e das vezes em que passou algumas horinhas na companhia de amigos que já tinham filhos. Geralmente crianças o odiavam, porém os filhos de Youngjae eram diferentes, talvez aquele lance de destino que tanto não acreditava fosse até real.

— Voltei! — Youngjae apareceu com Bambam pendurado nas costas. Ele estava desgrenhado, pela aparência a luta com o garotinho de cinco anos havia sido acirrada. — O Wonwoo ainda não voltou?

— Não, mas eu acho que ele ainda não nos viu aqui.

Jaebeom estava intrigado. Bambam nem estava chorando, nenhum sinal de malcriação. Ele foi posto no espaço ao lado do mais velho e quando percebeu que Jaebeom o encarava sorriu.

— Voltei também! — Ele ditou e se inclinou por cima do corpo do Lim até estar praticamente deitado em cima do irmão caçula, as mãozinhas nas bochechas de Yugyeom que não pareceu nenhum pouco incomodado. — Voltei Gyeomie.

— Wonwoo-ah!!! Jackson!! Choi Wonwoo!!! — Youngjae gritou alto com sua voz potente, até ter a atenção dos dois garotos que acenaram para eles, Wonwoo pulava ao redor do irmão mais velho, enquanto Jackson parecia tenso. — Eu acho que ele vai ficar por lá mesmo.

Ele se sentou ao seu lado, Jaebeom se viu mais uma vez encarando o mais novo com admiração absoluta.

— Como você consegue?

— O que?

— Lidar com todos eles sozinho, como você conseguiu fazer isso? — Apontou com o queixo para Bambam sentado entre os dois quietinho enquanto chupava um pirulito dado pelo pai, nem parecia a mesma criança rebelde de uns minutos atrás.

— Prática. Mas eu não costumo sair sozinho com todos eles, geralmente para as competições do Sseunie o Mark ou a Nayeon me fazem companhia. Mas isso é tudo questão de prática. — Youngjae respondeu com um sorriso no rosto. — Pensando em desistir? Ainda dá tempo.

— Você não vai se livrar de mim tão fácil, Choi.

Ditou usando uma de suas mãos para beliscar uma bochecha do mais novo, Jaebeom ficou tentado a cortar a distância entre eles e beijá-lo ali mesmo.

— O treinador Lee me expulsou! Ele disse que eu falo demais!! — Wonwoo apareceu tirando seus pensamentos da boca do Youngjae, observou o garoto se sentar no colo do pai, os bracinhos cruzados no peito, bico nos lábios — Papai, eu falo demais?

— Pra caramba! — Youngjae ditou rindo da expressão enfezada do filho.

— Hyungie, eu falo demais?

— Só um pouquinho.

— Nããão! — Jaebeom riu escondendo o rosto nos cabelos cheinhos do Yugyeom.
 


 

Mais tarde quando estavam só os dois, na parte de trás da casa dos Choi, em um fim de noite, sentados em um sofá velho,  as crianças dormindo, conversando sobre assuntos tão aleatórios, mas que mostravam um pouco do que realmente eram, Jaebeom chegou a conclusão que queria mais daquilo em sua vida se Youngjae permitisse. Tinha consciência de que não seriam só flores, que teriam muitas barreiras para enfrentar, mas que queria fazer tudo isso juntos e iria respeitar o tempo que fosse, iria fazer o que Youngjae quisesse, se no fim significasse que fossem ficar juntos os seis.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...