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História Cinderela às Avessas - Outra jóia brilha no céu para a Gata Borralheira


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 30 - Outra jóia brilha no céu para a Gata Borralheira


Sentada em sua mesa, Creuzodete observava a estrela também não acreditando no que via. Como era possível ela aparecer duas vezes para a mesma pessoa num espaço tão curto de tempo? Ela nunca tinha visto coisa igual em toda sua vida. Se uma vez já era raro, duas beirava o impossível.

- Por essa eu não esperava! Como será que ela vai fazer agora? Qual será seu pedido?

Com a aparição da estrela, tudo podia acontecer. Será que Carmem ia pedir para voltar a sua antiga vida? Era bem provável que sim porque durante todo o tempo era o desejo do coração dela. Bem... estava aí sua chance.

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“É isso aí, não tem erro! Vou pedir pra tudo voltar ao normal e acabou meu sofrimento! Vamos, Carmem, concentra. Você só tem uma chance!” ela respirou fundo algumas vezes e se preparou para fazer seu pedido quando Rafael perguntou.

- E você, Cascuda? O que desejaria? –

A moça pensou um pouco e respondeu.

- Que tudo dê certo pra todos nessa noite e as coisas se resolvam da melhor forma possível.

Carmem ouviu esse desejo e sentiu o coração apertar. Eles também tinham seus problemas. “Não, não posso fazer isso! Essa estrela custou a aparecer e eu só posso fazer um pedido!” por alguns segundos, ela se sentiu em total conflito. Ajudá-los ou ajudar a si mesma? Talvez, ficando rica de novo, ela poderia fazer algo por eles. O importante era voltar para sua antiga vida e para seus pais.

“E se eles não me reconhecerem? E se tudo mudar? Ah, não! Aí não vai dar pra ajudar ninguém. Só que eu também preciso de ajuda! O que faço?”

Ela olhou mais uma vez para os amigos. Cassandra e Rafael tentavam começar uma vida juntos e estavam enfrentando muitos obstáculos. Apesar de terem grande talento, ninguém lhes dava uma chance. Marlene também passava por dificuldades e ia sofrer mais ainda quando perdesse aquele emprego. Se pudesse trabalhar em um bom restaurante e ter seu trabalho reconhecido, ia poder ganhar mais e dar uma vida melhor as suas filhas.

Sim... eles mereciam que tudo desse certo, pois eram boas pessoas e não justo que continuassem vivendo daquele jeito.

- Você ainda não falou o seu desejo, Carmem. – Cascuda disse lhe tirando dos pensamentos. – O que pediria?
- Eu... er... deixa eu ver... – por um instante, ela pensou em pedir para que tudo voltasse ao normal, mas não conseguiu. O pedido simplesmente não saía e ela entendeu que não era isso o que seu coração desejava.

Ela voltou a olhar para a estrela que ainda brilhava de forma insistente. Que estranho, será que ninguém mais percebia? Bem... isso não importava. Ela sabia o que pedir porque seu coração já tinha decidido. Não dava mais para mudar

- Eu desejo... que seus desejos se realizem. – ela falou olhando para o céu e sentiu uma paz muito grande. A decisão certa foi tomada. A estrela brilhou fortemente e depois sumiu.
- Awww! – Cascuda falou lhe dando um abraço.

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Em outro ponto da festa, um jovem tomava seu quinto coquetel. Ou seria o sexto?

- Ô cara, manera aí! – seu colega falou ao ver que ele estava passando da conta. – A gente ainda tem que fazer um show, esqueceu?
- Ah, qualé! Só um pouquinho pra animar! Essa festa de riquinho é chata demais! Nem tem garotas pra gente pegar! Pelo menos o goró é de primeira!
- Isso é verdade! – O baterista concordou também entediado com tudo aquilo. Eles estavam acostumados a grandes baladas e festas em boates. Isso sim era diversão.

O vocalista da banda pegou outra taça e ficou olhando ao redor a procura de alguma garota bonita para ajudar a passar o tempo. Uma garçonete lhe chamou a atenção. Ela parecia mais jovem do que as outras e era bem bonitinha apesar dos dentes.

- Aê, vou ali dar um rolé e já volto!

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- Pronto, ele capotou legal! – Cebola falou satisfeito por seu plano ter dado certo. Bastou colocar um calmante na bebida do sujeito e pronto. Ele ia dormir feito pedra a noite inteira.

Mônica chegou logo em seguida e arrastou o corpo do rapaz até um lugar bem escondido atrás do palco e Cascão o cobriu com uma lona para que ninguém visse.

Cebola foi cuidar do serviço e se encarregou de copiar a apresentação para o laptop que o rapaz usava para controlar a música e demais efeitos. Quando Carmem subisse ao palco, aquela apresentação ia ser mostrada a todos.

- Agora que tá tudo encaminhado aqui, vou procurar as meninas. Se cuida, viu?
- Pode deixar.

Ela lhe deu um beijo no rosto e foi procurar as amigas. Um sujeito entrou em seu caminho.

- Oi, coisa linda! Quer dar uma voltinha comigo?
- Agora não dá, tô trabalhando. – Mônica falou irritada com o atrevimento daquele rapaz. Estava meio escuro e ela não conseguiu ver seu rosto direito.
- Deixa disso, já tem muita gente trabalhando! Anda, me dá uma beijoca! Prometo que vai gostar!

O rapaz estava visivelmente alcoolizado e ela não estava com a menor paciência para aturar um bêbado chato pegando no seu pé.

- Dá licença que eu tenho coisa pra fazer.
- Blé, vai mesmo sua dentuça! Você nem é tão bonita assim!
- Como é que é? Grrrr! Vou te mostrar uma coisa agora mesmo!

Sem pensar no que estava fazendo, Mônica desferiu um grande soco na cara dele, atirando-o para longe. Ao se dar conta da burrice que tinha feito, ela olhou para os lados muito apavorada. Felizmente não tinha ninguém ali perto para ver seu pequeno ato de violência e ela resolveu escondê-lo no meio dos arbustos. Assim ele não ia dar nenhum trabalho.

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- Atenção senhoras e senhores! O jantar será servido e espero que apreciem! – Afonso falou ao microfone, convidando todos a se servirem no buffê.

Os convidados entraram na mansão, indo ao salão de festa onde o Buffet estava arrumado. Marlene observava de longe os garçons serviam os convidados colocando comida em seus pratos. Todos elogiavam o cheiro delicioso da comida e ela também viu, com grande satisfação, as expressões de puro deleite dos convidados ao provarem seu jantar.

- Hum... que delicioso!
- Está divino!
- Esse filé é o mais saboroso que eu comi!
- Adorei esse prato!
- Parece comida de restaurante fino!

Que coisa chata... tantas pessoas elogiando sua comida e ela não podia sequer levar os créditos. Mas quando ela estava voltando para a cozinha, ouviu a voz da Cassandra falando.

- Lá está ela. Marlene, espera um pouco!

Junto da colega, estava um homem de meia idade vestido elegantemente que ainda segurava um prato cheio de comida.

- Então foi você quem fez essa comida deliciosa? – ele perguntou após outra garfada.
- Foi sim. – ela falou meio encabulada. Será que aquele homem ia acreditar?
- Incrível! Está no nível de muitos restaurantes famosos que eu já freqüentei! Onde você trabalha?
- Sou cozinheira dos Aguiar.
- Sério mesmo? Como pode isso? Uma pessoa com seu talento?
- Er... bem...

Ele tirou um cartão do bolso e falou.

- Eu estou construindo um novo restaurante nessa cidade e ainda não tenho um bom chef de cozinha. Me procure amanhã por volta das dez horas nesse endereço. Acho que você já tem um novo emprego!

O homem saiu dali beliscando a comida no prato deixando Marlene em choque. Aquilo tinha mesmo acontecido? De verdade?

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- Pronto, acabei a maquiagem! – rebeca falou contemplando o resultado do seu serviço. Carmem tinha vestido uma roupa nova. Simples, porém bonita. E seu rosto foi maquiado discretamente.

- Você já sabe todo seu discurso, não sabe?
- Sim senhora, está tudo bem decorado e não vou errar.
- Acho bom mesmo! Você vai falar depois do show. Faça tudo direito e prepare-se para sua carreira de modelo famosa!

Carmem deu um sorriso, imaginando que aqueles dois arrogantes não faziam a menor idéia do tombo que estavam prestes a levar.

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- Onde está o Marcos? Onde ele se meteu? – o empresário bradava andando de um lado para outro arrancando o pouco cabelo que ainda tinha.
- Sei lá, ele sumiu!
- Aposto que encheu a cara e desmaiou por aí!
- Esse idiota vai estragar nosso show!

Todos procuravam pelo Marcos, vocalista da banda. Ele não era encontrado em lugar nenhum. E sem ele, não haveria show.

- Como isso foi acontecer? – Afonso falou também apavorado. Eles eram o ponto alto da sua festa. Se o show fosse cancelado, as doações poderiam ser comprometidas.
- Não se preocupe, Sr. Aguiar. Nós o encontraremos!

Cebola também estava preocupado. A notícia de que o vocalista da banda sumiu tinha se espalhado e ele temia que seu plano fosse comprometido.

- Eles acharam o sujeito? – ele perguntou para a Mônica que tinha ido atrás do palco para lhe levar um prato de salgados e um copo de refrigerante.
- Que eu saiba não. Que coisa, onde ele se enfiou? – ela perguntou meio nervosa e Cebola percebeu.
- O que foi? Você tá esquisita.
- Er... tipo assim... teve um engraçadinho que encheu a cara e ficou falando besteiras. Dei uma bifa nele que desmaiou na mesma hora.
- Como é? Deixa eu ver isso direito!

Eles foram até o esconderijo da Mônica e Cebola quase caiu para trás ao ver quem era o tal engraçadinho.

- Não acredito que você bateu no vocalista da Super Zoom!
- Então era ele? Ai não! O gatinho do Marcos me paquerou e eu bati nele?
- Droga, agora você estragou meu plano, vai atrapalhar tudo e... e... peraí! Ele deu de cima de você?
- Er... sim... – ela respondeu meio sem jeito.

O rosto dele ficou vermelho e saiu fumaça das suas orelhas.

- Então foi bem feito você ter acertado a cara dele, onde já se viu? Cara mais abusado esse! Nem sei por que vocês gostam tanto desses babacas e...
- Tá, tá, Cebola! Vamos sair daqui antes que alguém nos pegue!
- Como vai ficar o show? Isso pode ser um problema!
 



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