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História Cinderela Pop - Capítulo Três


Escrita por: Snoopyblack

Capítulo 3 - Capítulo Três


Fanfic / Fanfiction Cinderela Pop - Capítulo Três

Um carro buzinando na rua fez com que eu voltasse para o presente. Estava mergulhada nos meus pensamentos, presa em uma viajem no tempo que parecia nunca terminar. Eu já tinha perdido a conta de quantas vezes havia repassado aquela história na minha cabeça. Minha vida se dividia em antes e depois daquele dia. Era impressionante como tudo havia mudado desde então...

 Nunca mais voltei àquele apartamento. A Valéria, a minha melhor amiga desde infância, buscou o que eu pedi, o que não foi muita coisa, pois não queria nada que meu pai tivesse me dado (o que no fim das contas era quase tudo). Tomei as dores da minha mãe, como se tivesse sido eu a esposa traída. Mas no fundo era assim que eu me sentia. Meu pai não havia sido infiel a ela, apenas. Ele havia jogado fora a nossa família inteira.

 Era de se esperar que a minha mãe ficasse muito abalada, mas depois do choque inicial, de todos os gritos e lágrimas, ela simplesmente levantou a cabeça e  não se permitiu mais ficar triste. Pelo menos não demonstrou. Contratou um advogado para lidar com a papelada do divórcio e mergulhou de cabeça no trabalho ou seja, passou a viajar mais do que nunca. Ela até perguntou se eu gostaria de largar tudo e me aventurar com ela país afora, mas acho que, com o choque, ela esqueceu o principal... Eu precisava me formar no colégio! No segundo ano do ensino médio, não é como se eu pudesse simplesmente tirar um ano de folga e sair por ai´, brincando de caixeiro-viajante, por mais que aquilo fosse tudo que eu quisesse fazer.

 No começo tudo correu bem, na medida do possível. Passei a morar na casa da minha tia Helena, que era para onde a minha mãe também ia aos finais de semana de intervalo entre uma viagem outra. Mas eu acreditava que aquilo seria uma coisa provisória. Imaginei que ela logo se recuperaria e voltaria a viajar apenas de vez em quando, como de costume. Na minha cabeça, era questão de tempo até nos restabelecemos e arrumássemos um novo apartamento... Por isso, quando ela recebeu um convite para trabalhar no Japão durante três anos, foi meio que um choque para mim. Uma coisa era morar com a minha tia por um tempo. Outra completamente diferente era fazer daquele lugar a minha residência fixa.

 Não me entenda mal, eu adoro a minha tia. Ela é a irmã caçula da minha mãe -ou seja, nem é muito velha- , e a casa dela até que é legal. Só que é bem, diferente daquilo com que eu estava costumada. Tipo, o meu antigo apartamento era super clean, minimalista, e só se via branco e metálico por todos os lados. Além disso, era bem mais espaçoso: a gente morava na cobertura. Já a casa da minha tia... Bem, digamos que até hoje encontro cores lá que eu nem sabia que existiam. Ela é desenhista  designer, trabalha com animação digital e é muito bagunceira. Por todos os lados vejo experimentos pela metade, propostas de esculturas, tintas misturadas... Além de bichos, claro. Sim. A minha tia mora com cinco gatos, três cachorros, galinhas, pombos... e já vi ratos. Quando apontei, gritando, ela me disse que não eram ratos e sim camundongos, e os chamou pelo nome. Depois disso, preferi não reclamar de nada, com medo de ferir os sentimentos dela, ou coisa parecida. Afinal, os bichos já moravam lá antes de mim.

 Dessa forma, eu nunca tinha pensado na casa como um lar definitivo, mas a minha mãe ficou tão empolgada com a história do Japão que eu nem tive coragem de mencionar aquilo. Ela merecia ficar feliz de verdade co alguma coisa, depois da decisão com meu pai. Além do mais, onde eu estava morando nem era o maior dos meus problemas... Eu estava acostumada a ficar longe da minha mãe por uma semana, duas, as vezes até três... Só que mais de um ano? Não dava nem para imaginar

 Depois que eu nasci, meus pais não quiseram ter mais filhos. Então a minha mãe sempre foi mais do que apenas "mãe" para mim -ela fazia o papel de irmã também... de amiga. Por isso ela mudar de país me abalou tanto: foi como se, do dia para a noite, eu tivesse perdido tudo. Minha família. Meu lar. Todas as coisas que eu achava que durariam para sempre.

 

 Minha mãe, antes da grande viagem, me fez prometer que tudo ficaria igual, na medida do possível. Estaríamos distantes uma da outra apenas fisicamente, mas ela fazia questão de continuar conversando comigo todos os dias para que a distancia geográfica não se tornasse também uma distancia emocional. Eu concordei, claro. Porem,naquela época não antevimos um pequeno detalhe... o fuso horário. O relógio do Japão esta 12 horas a frente do nosso. Quando aqui são 9h, lá são 21h. A minha mãe trabalha pesquisando antigas ruína sem um sitio arqueológico que não tem cobertura de nenhuma operadora de celular, muito menos de internet. e é lá mesmo que ela mora, em uma espécie de acampamento. O único local por perto que tem qualquer vestígio de civilização é a vila onde ela janta, sempre entre a 21h e 22h. Ou seja, exatamente no horário em que eu estou na escola, embora 12 horas atrás no fuso. Por isso, o que eu fazia todos os dias, assim que o sinal do recreio batia, era ligar para ela pelo Skype do meu celular. Então conversávamos por meia hora ate as aulas recomeçassem. Não tanto quanto eu gostaria, mas era tempo o suficiente para matar a saudade. Porem, agora, com a proibição de uso de celulares na escola, eu teria que falar com ela apenas aos finais de semana. E isso era muito pouco...

 Isso me fez lembrar o motivo de eu estar com telefone na mão. Eu teria que falar com meu pai. Se havia alguém no mundo que poderia convencer a diretora mudar de opinião abrir uma exceção para mim, definitivamente essa pessoa era ele. O meu pai era muito influente. Sua empresa tinha patrocinado a construção do ginásio de esportes e do laboratório de ciências da escola. Com certeza a direção não negaria uma simples solicitação dele. O único problema era o mesmo fato de que eu teria que falar com ele. E pra fazer um pedido por cima!

 O telefone começou a tocar na minha mão. Atendi no primeiro toque; não importava quem fosse, eu desligaria rapidamente, pois era melhor não adiar o inevitável. Se eu tinha que falar com meu pai, era melhor fazer isso logo, para me livrar o quanto antes. Mas, ao atender, pensei que eu não precisava ter me preocupado. Destino talvez? Simples coincidência? O fato e que a voz que falou comigo era a mesma que eu evitara por mais de um ano. A que definitivamente eu ainda não estava preparada para ouvir. A que, sempre que eu escutava, fazia questão de colocar o telefone no gancho. Mas daquela vez eu não desliguei.

-Pai?

-Alicia? -ele falou, meio assustado.- Filha, por favor, não desligue!

Fiquei muda por alguns segundos. ;eu não ia desligar, mas também não sabia como começar o assunto. Era incrível como eu me sentia tão mais distante dele- que morava na mesma cidade que eu- do que da minha mãe, que estava do outro lado do mundo.

-Alicia, ainda está aí?

Suspirei antes de responder.

-Sim. Estou. Foi bom você ter ligado. Eu precisava mesmo falar com você.

-Jura, minha filha? - Dessa vez além de surpreso, ele pareceu também aliviado e feliz. -Você vai voltar pra casa? Esperei tanto por esse momento!

-Não é nada disso! - interrompi depressa.

Sou mesmo uma banana! Apesar de tudo o que ele fez, senti certa pena da empolgação que ele demonstrou ao pensar que eu tinha mudado de idéia. Resolvi dizer logo o que eu queria.

-Eu não vou voltar. Só queria falar com você porque estou com um problema no colégio. Não tem nada haver com as minhas notas. É que... Bem, a diretora proibiu o uso de celulares, mas é o único horário em que eu posso falar com a minha mãe... Claro que não faço isso durante as aulas, nunca fiz, mas e que a gente conversa todos os dias na hora do recreio. Se a diretora quiser pode até guardar meu telefone no restante do tempo mas é que realmente eu preciso falar com a minha mãe, e essa é a única hora que eu posso, por causa do fuso...

Ele limpou a garganta e falou:

-Bom, não vejo motivo para que não permitam isso. Não é como se você quisesse o celular para brincar no Twitter ou no Facebook.

 Era exatamente o que eu tinha pensado... Ele era tão parecido comigo! Por que tinha que ter feito aquilo? Eu realmente gostava de termos as mesmas opiniões. Quero dizer, na época em que conversávamos...

-Alicia-continuou ele-, vou falar sobre isso com a diretora. Mas eu estou ligando por causa de um assunto importante.

Mais importante para quem?

-Sexta-feira é o aniversário de suas irmãs - ele começou a explicar.

-Elas não são minhas irmãs! -interrompi.- Eu não tenho irmã nenhuma, como você deve se lembrar.

Ele pareceu meio impaciente, me ignorou e continuou a explicação.

-A festa de 15 anos da Gisele e da Grasiele é na próxima sexta-feira, como você deve saber, pois enviei o convite a mais de um mês. Bem, o caso e que eu gostaria muito que você fosse. Todos os meus amigos estarão lá e sei que, se você não for, muita gente vai comentar... Mas não é só por isso. Se você for, acho que isso poder marcar um recomeço, uma trégua para nos. Eu quero muito que você aceite a sua nova família. E sei que sua madrasta e suas irmãs iam gostar que isso acontecesse também...

 Eu já ia dizer que não estava interessada e que, pela ultima vez, elas não são minhas irmãs, mas que diferença ia fazer? Ele que desse o titulo que ele quisesse! Eu só queria desligar depressa; afinal, já tinha pedido o que precisava. Mas ouvir meu pai chamar aquelas garotas assim mais uma vez me deixou com vontade de colocar o telefone no gancho e não falar com ele nunca mais!

 O fato é que, depois da traição, imaginei que meu pai fosse correr atrás da minha mãe pelo resto da vida, chorar, implorar, e nunca mais olhar na cara daquela outra mulher. E ele fez isso, tipo, por uns dois dias. Mas, quando viu que a minha mãe não estava mesmo disposta a perdoá-lo, ele simplesmente convidou aquela bruxa para morar com ele! Pior... Não foi só ela, mas também as suas duas filhas gêmeas, adolescentes! Para morarem com ele no meu apartamento! Tudo bem que eu não ia lá desde aquele dia fadítico, mas ainda assim... Eu havia crescido ali! Tinha sido naquele lugar que meus pais haviam vivido lindos  anos, até aquela piriguete estragar tudo! E agora o meu pai praticamente estava casado com ela,apenas esperando os papéis  do divórcio para formalizar legalmente o enlace. Mas o pior nem era isso... Ele estava tratando as garotas como se também fossem filhas dele. E, como se não bastasse,ainda as havia matriculado na minha escola. Eu tinha que olhar para as caras delas todos os dias, o que inevitavelmente me fazia lembrar de que, por causa da mãe delas, a minha vida tinha mudado tanto.

-E se eu não for? -perguntei só por perguntar. Eu não iria aquela festa nem se fosse a ultima do mundo. Além do mais, mesmo que quisesse, não poderia. Eu já tinha outro compromisso para aquela noite.

 Ele ficou calado por um tempo e, quando falou de novo, estava com a voz bem mais seca:

-Se você não for, eu me recuso a resolver o seu probleminha... Não vou conversar com a sua diretora. Pense bem, Alicia. Não custa nada você ir a festa e ficar lá por um tempo! Você já tem 17 anos, esta na hora de crescer um pouco. Não pode continuar a me culpar eternamente... Eu já pedi desculpas, e você sabe que eu me arrependi! Mas eu segui em frente, a sua mãe também, e acho que passou da hora de você fazer o mesmo. Estou cansado dessa situação. Portanto, ou você vai à festa, ou fica sem celular na escola. A escolha é sua.

 Fiquei calada, mais uma vez fiquei com vontade de desliga na cara dele, mas eu conhecia o meu pai o suficiente para saber que ele estava falando sério.

 Ele percebeu que tinha me pegado, pois, antes de desligar, foi tudo que disse:

-Nada de jeans e tênis. Parece que festas de 15 anos temáticas estão na moda, e o tema que suas irmãs escolheram foi "Baile da corte". Acho que ficaram meio impressionadas co aquele casamento daquele príncipe da Inglaterra, não falam de outra coisa há meses. Mas o fato é que eu quero você vestida de donzela e não de moleque. Compre o que precisar e mande a conta para o meu escritório.

 E, em seguida desligou.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
Até o próximo capítulo!
E é noiixx :3


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