História Cine drive in - Parte final - California

Tyler Loyans

Tudo estava tão claro, era uma sensação nova e estranha, meus dedos formigavam. O som estava abafado e sentia um nó na minha barriga, o tempo havia novamente parado e me sentia fora do chão e mais perto das estrelas. Engraçado o rumo que nossa vida toma depois de algumas decisões que tomamos nos impacta de tal maneira que não somos mais os mesmo.

Era assim que eu me sentia: não sendo eu mesmo. Mas me tornando aquilo que queria ser, vivendo meus dias em função dos meus sentimentos e a favor da minha alegria. Por isso, escolhi viver meus dias com o meu amor, olhar o sol nascer pela janela do nosso barco o Rainha de Copas. Fazia exatamente nove meses depois do ocorrido na minha casa, nada se falava mais, meu pai acabou sendo preso e graças a minha mãe que empurrou o cano da arma estou hoje aqui ancorando meu navio.

O sol californiano dava as caras de forma tímida ainda, chegamos por volta das cinco horas e dava para ver os primeiros raios chegando no horizonte. Harlen finalizava seus documentos e enviava os relatórios para seus superiores, ele fazia mapeamento das correntes marítimas e como a poluição afetava todo um ecossistema tendo como base o lixo que se deslocava da costa para mar aberto. Tudo soava complicado mas era uma maneira dele ajudar a evitar muitas mortes de animais marinhos e mostrar as empresas o prejuízo que causam ao oceano.

Hoje era o dia da reunião do clube do lençol, apelido carinhoso dado pela Summer para nosso grupo de cinema. Iriamos nos reunir na mesma praça que eu e o Harlen dividimos o lençol naquele inverno congelante tempos atrás. Me lembro que naquele dia meu coração disparou que mal conseguia prestar atenção no filme, só conseguia pensar que estava perto de mais dele e de que aquilo me fazia tão bem.

Foi uma viagem longa mais chegamos quase inteiros e depois de tudo organizado nos sentamos naquela noite fria. Como se fosse a primeira vez, sentamos na parte de trás da camionete, eu estava morrendo de frio e o Harlen me oferecendo o lençol para dividir. Me apoiei no ombro dele, enquanto assistia o filme preto e branco só agradecia que finalmente havia encontrado o que precisava.